Putin reconhece preocupações da China sobre guerra na Ucrânia em encontro com Xi Jinping


China e Rússia reafirmaram laços durante encontro no Usbequistão, mas encontro deixou claro que há diferenças importantes no caminho da ‘parceria sem limites’ entre Pequim e Moscou

Por Redação

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu as preocupações da China sobre a guerra na Ucrânia durante o encontro com o líder chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira, 15, no Usbequistão, na primeira admissão pública do Kremlin de que Moscou e Pequim têm visões distintas sobre o conflito no Leste Europeu.

“Nós entendemos seus questionamentos e suas preocupações sobre esse assunto (a guerra na Ucrânia), e durante a reunião de hoje é claro que esclareceremos tudo isso em detalhes, embora já tenhamos conversado sobre isso anteriormente”, disse Putin em seu discurso de abertura.

O primeiro encontro entre os líderes das duas principais potências nucleares não-alinhadas ao Ocidente desde fevereiro - quando Putin e Xi anunciaram o começo de uma “parceria sem limites” entre Moscou e Pequim - foi pensado para aprofundar as relações entre os dois países e realizado à margem da reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OSC, na sigla em inglês), que reúne China, Rússia e países da Ásia Central, na cidade de Samarkand.

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Putin e Xi se reuniram à margem do encontro da SCO em Samarkand, no Usbequistão. Foto: Alexandr Demyanchuk/ Sputnik/ Kremlin via AP

Apesar do reconhecimento das diferenças, as lideranças russa e chinesa trocaram afagos retóricos durante o encontro. Putin agradeceu pela “posição equilibrada” dos “amigos chineses” sobre a situação na Ucrânia, condenou as “provocações” dos EUA sobre Taiwan - emulando o discurso de Pequim sobre a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha asiática - e afirmou aderir ao princípio de uma única China.

“Os países defendem conjuntamente a formação de uma ordem mundial justa, democrática e multipolar baseada no direito internacional e no papel central das Nações Unidas”, afirmou um comunicado do Kremlin divulgado após o encontro, em que afirma que ambos pretendem injetar “estabilidade global e regional”.

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Em resposta, Xi prometeu que a China vai apoiar os interesses centrais da Rússia enquanto os dois países testam os limites de sua amizade. “Diante das grandiosas mudanças do nosso tempo em nível global, nunca antes vistos em toda a história, estamos dispostos com os colegas russos a servir de exemplo como potências mundiais responsáveis e exercer um papel de liderança”, disse o líder do país.

A formalidade no discurso, no entanto, chamou a atenção de analistas que observaram o encontro entre os presidentes em fevereiro, apontando certo recuo quanto ao tom utilizado por Pequim.

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“A leitura chinesa sugere muita cooperação substantiva, mas o tom é bastante distante e sem emoção”, disse Yun Sun, diretor do programa sobre China no Stimson Center. “A leitura russa é mais entusiasmada”, acrescentou.

A retórica adotada pode estar associada ao momento delicado enfrentado por Xi e Putin. As tropas russas sofreram perdas impressionantes no campo de batalha na Ucrânia. Enquanto isso, Pequim se vê cada vez mais em desacordo com os países ocidentais por causa de Taiwan e dos abusos dos direitos humanos em Xinjiang.

Os presidentes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, ao lado do presidente da Mongólia, Ukhnaa Khurelsukh. Foto: Alexandr Demyanchuk/ Sputnik/ Kremlin via EFE
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Em meio ao cenário, o encontro tem, para Putin, o peso de uma mensagem para os EUA e o Ocidente de que o seu Kremlin continua vivo enquanto ator global, com amigos que compartilham suas visões autoritárias e determinação de criar uma nova ordem mundial. Para Xi, sua primeira viagem ao exterior em quase três anos marca seu ressurgimento diplomático antes de um congresso do partido em outubro, quando ele espera garantir um terceiro mandato que quebra precedentes.

No entanto, é improvável que Xi ofereça apoio mais concreto a Putin. Fazer isso pode arriscar um retrocesso com o Ocidente que exacerbaria uma lista crescente de desafios domésticos, incluindo uma economia em desaceleração, crise imobiliária e descontentamento público com políticas rígidas contra a covid-19.

A China provavelmente continuará com sua abordagem, que alguns analistas chamaram de “Beijing Straddle”, de apoio diplomático à Rússia em uma parceria destinada a combater uma ordem internacional liderada por Washington, ao mesmo tempo em que cumpre as sanções ocidentais.

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Até o momento, Pequim manteve um equilíbrio delicado em sua retórica sobre a guerra, pedindo paz e endossando as queixas russas de que a Otan era a culpada por causa da expansão da aliança. Ao mesmo tempo, manteve relações comerciais normais com Moscou, sem o envio de armas e ajuda financeira - exportando mercadorias e importando petróleo e gás - o que representou um aumento de 31% no comercio bilateral nos primeiros oito meses de 2022, segundo a alfândega chinesa./ AP e WPOST

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu as preocupações da China sobre a guerra na Ucrânia durante o encontro com o líder chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira, 15, no Usbequistão, na primeira admissão pública do Kremlin de que Moscou e Pequim têm visões distintas sobre o conflito no Leste Europeu.

“Nós entendemos seus questionamentos e suas preocupações sobre esse assunto (a guerra na Ucrânia), e durante a reunião de hoje é claro que esclareceremos tudo isso em detalhes, embora já tenhamos conversado sobre isso anteriormente”, disse Putin em seu discurso de abertura.

O primeiro encontro entre os líderes das duas principais potências nucleares não-alinhadas ao Ocidente desde fevereiro - quando Putin e Xi anunciaram o começo de uma “parceria sem limites” entre Moscou e Pequim - foi pensado para aprofundar as relações entre os dois países e realizado à margem da reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OSC, na sigla em inglês), que reúne China, Rússia e países da Ásia Central, na cidade de Samarkand.

Putin e Xi se reuniram à margem do encontro da SCO em Samarkand, no Usbequistão. Foto: Alexandr Demyanchuk/ Sputnik/ Kremlin via AP

Apesar do reconhecimento das diferenças, as lideranças russa e chinesa trocaram afagos retóricos durante o encontro. Putin agradeceu pela “posição equilibrada” dos “amigos chineses” sobre a situação na Ucrânia, condenou as “provocações” dos EUA sobre Taiwan - emulando o discurso de Pequim sobre a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha asiática - e afirmou aderir ao princípio de uma única China.

“Os países defendem conjuntamente a formação de uma ordem mundial justa, democrática e multipolar baseada no direito internacional e no papel central das Nações Unidas”, afirmou um comunicado do Kremlin divulgado após o encontro, em que afirma que ambos pretendem injetar “estabilidade global e regional”.

Em resposta, Xi prometeu que a China vai apoiar os interesses centrais da Rússia enquanto os dois países testam os limites de sua amizade. “Diante das grandiosas mudanças do nosso tempo em nível global, nunca antes vistos em toda a história, estamos dispostos com os colegas russos a servir de exemplo como potências mundiais responsáveis e exercer um papel de liderança”, disse o líder do país.

A formalidade no discurso, no entanto, chamou a atenção de analistas que observaram o encontro entre os presidentes em fevereiro, apontando certo recuo quanto ao tom utilizado por Pequim.

“A leitura chinesa sugere muita cooperação substantiva, mas o tom é bastante distante e sem emoção”, disse Yun Sun, diretor do programa sobre China no Stimson Center. “A leitura russa é mais entusiasmada”, acrescentou.

A retórica adotada pode estar associada ao momento delicado enfrentado por Xi e Putin. As tropas russas sofreram perdas impressionantes no campo de batalha na Ucrânia. Enquanto isso, Pequim se vê cada vez mais em desacordo com os países ocidentais por causa de Taiwan e dos abusos dos direitos humanos em Xinjiang.

Os presidentes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, ao lado do presidente da Mongólia, Ukhnaa Khurelsukh. Foto: Alexandr Demyanchuk/ Sputnik/ Kremlin via EFE

Em meio ao cenário, o encontro tem, para Putin, o peso de uma mensagem para os EUA e o Ocidente de que o seu Kremlin continua vivo enquanto ator global, com amigos que compartilham suas visões autoritárias e determinação de criar uma nova ordem mundial. Para Xi, sua primeira viagem ao exterior em quase três anos marca seu ressurgimento diplomático antes de um congresso do partido em outubro, quando ele espera garantir um terceiro mandato que quebra precedentes.

No entanto, é improvável que Xi ofereça apoio mais concreto a Putin. Fazer isso pode arriscar um retrocesso com o Ocidente que exacerbaria uma lista crescente de desafios domésticos, incluindo uma economia em desaceleração, crise imobiliária e descontentamento público com políticas rígidas contra a covid-19.

A China provavelmente continuará com sua abordagem, que alguns analistas chamaram de “Beijing Straddle”, de apoio diplomático à Rússia em uma parceria destinada a combater uma ordem internacional liderada por Washington, ao mesmo tempo em que cumpre as sanções ocidentais.

Até o momento, Pequim manteve um equilíbrio delicado em sua retórica sobre a guerra, pedindo paz e endossando as queixas russas de que a Otan era a culpada por causa da expansão da aliança. Ao mesmo tempo, manteve relações comerciais normais com Moscou, sem o envio de armas e ajuda financeira - exportando mercadorias e importando petróleo e gás - o que representou um aumento de 31% no comercio bilateral nos primeiros oito meses de 2022, segundo a alfândega chinesa./ AP e WPOST

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu as preocupações da China sobre a guerra na Ucrânia durante o encontro com o líder chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira, 15, no Usbequistão, na primeira admissão pública do Kremlin de que Moscou e Pequim têm visões distintas sobre o conflito no Leste Europeu.

“Nós entendemos seus questionamentos e suas preocupações sobre esse assunto (a guerra na Ucrânia), e durante a reunião de hoje é claro que esclareceremos tudo isso em detalhes, embora já tenhamos conversado sobre isso anteriormente”, disse Putin em seu discurso de abertura.

O primeiro encontro entre os líderes das duas principais potências nucleares não-alinhadas ao Ocidente desde fevereiro - quando Putin e Xi anunciaram o começo de uma “parceria sem limites” entre Moscou e Pequim - foi pensado para aprofundar as relações entre os dois países e realizado à margem da reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OSC, na sigla em inglês), que reúne China, Rússia e países da Ásia Central, na cidade de Samarkand.

Putin e Xi se reuniram à margem do encontro da SCO em Samarkand, no Usbequistão. Foto: Alexandr Demyanchuk/ Sputnik/ Kremlin via AP

Apesar do reconhecimento das diferenças, as lideranças russa e chinesa trocaram afagos retóricos durante o encontro. Putin agradeceu pela “posição equilibrada” dos “amigos chineses” sobre a situação na Ucrânia, condenou as “provocações” dos EUA sobre Taiwan - emulando o discurso de Pequim sobre a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha asiática - e afirmou aderir ao princípio de uma única China.

“Os países defendem conjuntamente a formação de uma ordem mundial justa, democrática e multipolar baseada no direito internacional e no papel central das Nações Unidas”, afirmou um comunicado do Kremlin divulgado após o encontro, em que afirma que ambos pretendem injetar “estabilidade global e regional”.

Em resposta, Xi prometeu que a China vai apoiar os interesses centrais da Rússia enquanto os dois países testam os limites de sua amizade. “Diante das grandiosas mudanças do nosso tempo em nível global, nunca antes vistos em toda a história, estamos dispostos com os colegas russos a servir de exemplo como potências mundiais responsáveis e exercer um papel de liderança”, disse o líder do país.

A formalidade no discurso, no entanto, chamou a atenção de analistas que observaram o encontro entre os presidentes em fevereiro, apontando certo recuo quanto ao tom utilizado por Pequim.

“A leitura chinesa sugere muita cooperação substantiva, mas o tom é bastante distante e sem emoção”, disse Yun Sun, diretor do programa sobre China no Stimson Center. “A leitura russa é mais entusiasmada”, acrescentou.

A retórica adotada pode estar associada ao momento delicado enfrentado por Xi e Putin. As tropas russas sofreram perdas impressionantes no campo de batalha na Ucrânia. Enquanto isso, Pequim se vê cada vez mais em desacordo com os países ocidentais por causa de Taiwan e dos abusos dos direitos humanos em Xinjiang.

Os presidentes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, ao lado do presidente da Mongólia, Ukhnaa Khurelsukh. Foto: Alexandr Demyanchuk/ Sputnik/ Kremlin via EFE

Em meio ao cenário, o encontro tem, para Putin, o peso de uma mensagem para os EUA e o Ocidente de que o seu Kremlin continua vivo enquanto ator global, com amigos que compartilham suas visões autoritárias e determinação de criar uma nova ordem mundial. Para Xi, sua primeira viagem ao exterior em quase três anos marca seu ressurgimento diplomático antes de um congresso do partido em outubro, quando ele espera garantir um terceiro mandato que quebra precedentes.

No entanto, é improvável que Xi ofereça apoio mais concreto a Putin. Fazer isso pode arriscar um retrocesso com o Ocidente que exacerbaria uma lista crescente de desafios domésticos, incluindo uma economia em desaceleração, crise imobiliária e descontentamento público com políticas rígidas contra a covid-19.

A China provavelmente continuará com sua abordagem, que alguns analistas chamaram de “Beijing Straddle”, de apoio diplomático à Rússia em uma parceria destinada a combater uma ordem internacional liderada por Washington, ao mesmo tempo em que cumpre as sanções ocidentais.

Até o momento, Pequim manteve um equilíbrio delicado em sua retórica sobre a guerra, pedindo paz e endossando as queixas russas de que a Otan era a culpada por causa da expansão da aliança. Ao mesmo tempo, manteve relações comerciais normais com Moscou, sem o envio de armas e ajuda financeira - exportando mercadorias e importando petróleo e gás - o que representou um aumento de 31% no comercio bilateral nos primeiros oito meses de 2022, segundo a alfândega chinesa./ AP e WPOST

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