Puxado pelos EUA, mundo registra recorde diário de mortes por covid-19 


Americanos registram mais de 2 mil óbitos em 24 horas, aproximadamente um quinto do total de 12.785 relatados em todo o planeta; Brasil, Índia, México e países europeus também pressionam números para cima 

Por Paulo Beraldo

O mundo registrou na quarta-feira, 25, o maior número de mortes pela covid-19 em um dia. Foram 12.785 óbitos – mais de 2 mil apenas nos EUA. Brasil, México e países europeus, como Reino Unido, Itália e França, também pressionam os números para o alto. O recorde anterior era de 20 de novembro, com 11.840 mortes. Até agora, a doença já matou 1,4 milhão de pessoas no mundo – só em novembro, foram 200 mil.

Ontem foi o dia em que os americanos registraram o maior número de mortes desde maio – mais de 2 mil óbitos. A Califórnia estabeleceu um novo recorde diário de contaminações: 18,3 mil. Os EUA, com cerca de 4% da população mundial, vêm relatando um quarto dos novos casos e aproximadamente um quinto das mortes em todo o mundo. 

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Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que a tendência é de aumento ainda maior nas mortes caso os governos não adotem medidas para controlar o avanço das transmissões. Epidemiologistas também alertam para a responsabilidade individual no momento em que as festas de Natal e ano-novo se aproximam. 

Criança em Nova York faz teste para covid: preocupação com aumento de casos durante inverno americano e após feriado de Ação de Graças Foto: Justin Lane/EFE

“A tendência é de muito crescimento se não houver mudança na maneira como os governos e as pessoas estão lidando com a pandemia”, disse a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute. Ela alertou que, embora as pesquisas sobre as vacinas estejam cada vez mais avançadas, ainda falta tempo para que de fato haja uma imunização. 

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“Há tempo para mudanças e são situações que podem ser completamente evitadas. Com uma vacina chegando, é extremamente desnecessário fazer planos para festas de ano-novo, ir a aglomerações ou shows. É preciso fazer todo o possível para atrasar a transmissão agora”, afirma Denise, que trabalhou por mais de 20 anos no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

Para o médico Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, há um outro agravante. “A pandemia está muito mais difusa, não tem apenas em um lugar só. Antes, o pico se concentrava em alguns países da Europa e em Nova York”, afirmou. “Agora, está em todo o território dos EUA, do México, do Brasil, em muitos países da América do Sul e em várias regiões da Europa.” 

Um exemplo do que disse Bittencourt é uma análise do número de mortes per capita. Neste caso, a Bélgica seria o país mais afetado, com 1,3 mil óbitos para cada milhão de habitantes. Atrás vem o Peru, com 1,1 mil mortos por milhão – o que mostra como o vírus se globalizou. 

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Para Bittencourt, políticos e imprensa não têm dado mais visibilidade ao tema como no começo da pandemia, o que fez com que muita gente tenha a sensação de que a doença é menos grave do que já foi. 

Cenário

Fátima Marinho, conselheira da organização global de saúde Vital Strategies, afirmou que as estimativas indicam que haverá 2,75 milhões de mortes até março do ano que vem – o que significa o dobro do registrado até agora. 

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“São estimativas com base no cenário que temos hoje. Pode ser pior, mas melhor não será, porque as medidas já estão tardando a serem implementadas”, disse. “A tendência é preocupante, porque a situação já estava mal resolvida. A segunda onda já está no horizonte e é visível: é apenas uma questão de tempo e ela vai acelerar com as festas de fim de ano, com maior circulação de pessoas pelo Brasil.”

Na sexta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanomm Ghebreyesus, afirmou que foram notificados mais casos de infecção pelo coronavírus nas últimas quatro semanas do que nos seis meses iniciais da pandemia.

Tedros destacou a preocupação, especialmente no Hemisfério Norte, na Europa e nos EUA, com o grande número de pessoas internadas nas UTIs de hospitais. Em razão do frio do inverno, que faz com que as pessoas fiquem mais tempo em ambientes fechados, ele admitiu o temor de um colapso nas redes nacionais de saúde. A situação pode ficar ainda mais grave nos Estados Unidos, que hoje celebram o feriado de Ação de Graças, quando tradicionalmente muitas famílias se reúnem dentro de casa. 

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Em uma entrevista a uma rádio, o ministro da Saúde da Espanha declarou que o país tem uma boa tradição de vacinação e que a obrigatoriedade poderia ser até ‘contraproducente’.

Na Europa, que já vive uma nova onda de contaminações, alguns países – como França e Reino Unido – já fazem planos para uma nova reabertura. Ontem, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os primeiros cidadãos europeus poderão ser vacinados antes do fim de dezembro. 

“Até o momento, a Comissão Europeia firmou contratos com seis companhias para compra de vacinas. Os primeiros cidadãos europeus poderão já estar vacinados antes do fim de dezembro. Finalmente, há uma luz no fim do túnel”, afirmou Ursula, que pediu que os governos dos 27 países da União Europeia se prepararem para receber as vacinas e colocá-las à disposição da população. / COM AGÊNCIAS

O mundo registrou na quarta-feira, 25, o maior número de mortes pela covid-19 em um dia. Foram 12.785 óbitos – mais de 2 mil apenas nos EUA. Brasil, México e países europeus, como Reino Unido, Itália e França, também pressionam os números para o alto. O recorde anterior era de 20 de novembro, com 11.840 mortes. Até agora, a doença já matou 1,4 milhão de pessoas no mundo – só em novembro, foram 200 mil.

Ontem foi o dia em que os americanos registraram o maior número de mortes desde maio – mais de 2 mil óbitos. A Califórnia estabeleceu um novo recorde diário de contaminações: 18,3 mil. Os EUA, com cerca de 4% da população mundial, vêm relatando um quarto dos novos casos e aproximadamente um quinto das mortes em todo o mundo. 

Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que a tendência é de aumento ainda maior nas mortes caso os governos não adotem medidas para controlar o avanço das transmissões. Epidemiologistas também alertam para a responsabilidade individual no momento em que as festas de Natal e ano-novo se aproximam. 

Criança em Nova York faz teste para covid: preocupação com aumento de casos durante inverno americano e após feriado de Ação de Graças Foto: Justin Lane/EFE

“A tendência é de muito crescimento se não houver mudança na maneira como os governos e as pessoas estão lidando com a pandemia”, disse a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute. Ela alertou que, embora as pesquisas sobre as vacinas estejam cada vez mais avançadas, ainda falta tempo para que de fato haja uma imunização. 

“Há tempo para mudanças e são situações que podem ser completamente evitadas. Com uma vacina chegando, é extremamente desnecessário fazer planos para festas de ano-novo, ir a aglomerações ou shows. É preciso fazer todo o possível para atrasar a transmissão agora”, afirma Denise, que trabalhou por mais de 20 anos no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

Para o médico Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, há um outro agravante. “A pandemia está muito mais difusa, não tem apenas em um lugar só. Antes, o pico se concentrava em alguns países da Europa e em Nova York”, afirmou. “Agora, está em todo o território dos EUA, do México, do Brasil, em muitos países da América do Sul e em várias regiões da Europa.” 

Um exemplo do que disse Bittencourt é uma análise do número de mortes per capita. Neste caso, a Bélgica seria o país mais afetado, com 1,3 mil óbitos para cada milhão de habitantes. Atrás vem o Peru, com 1,1 mil mortos por milhão – o que mostra como o vírus se globalizou. 

Para Bittencourt, políticos e imprensa não têm dado mais visibilidade ao tema como no começo da pandemia, o que fez com que muita gente tenha a sensação de que a doença é menos grave do que já foi. 

Cenário

Fátima Marinho, conselheira da organização global de saúde Vital Strategies, afirmou que as estimativas indicam que haverá 2,75 milhões de mortes até março do ano que vem – o que significa o dobro do registrado até agora. 

“São estimativas com base no cenário que temos hoje. Pode ser pior, mas melhor não será, porque as medidas já estão tardando a serem implementadas”, disse. “A tendência é preocupante, porque a situação já estava mal resolvida. A segunda onda já está no horizonte e é visível: é apenas uma questão de tempo e ela vai acelerar com as festas de fim de ano, com maior circulação de pessoas pelo Brasil.”

Na sexta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanomm Ghebreyesus, afirmou que foram notificados mais casos de infecção pelo coronavírus nas últimas quatro semanas do que nos seis meses iniciais da pandemia.

Tedros destacou a preocupação, especialmente no Hemisfério Norte, na Europa e nos EUA, com o grande número de pessoas internadas nas UTIs de hospitais. Em razão do frio do inverno, que faz com que as pessoas fiquem mais tempo em ambientes fechados, ele admitiu o temor de um colapso nas redes nacionais de saúde. A situação pode ficar ainda mais grave nos Estados Unidos, que hoje celebram o feriado de Ação de Graças, quando tradicionalmente muitas famílias se reúnem dentro de casa. 

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Na Europa, que já vive uma nova onda de contaminações, alguns países – como França e Reino Unido – já fazem planos para uma nova reabertura. Ontem, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os primeiros cidadãos europeus poderão ser vacinados antes do fim de dezembro. 

“Até o momento, a Comissão Europeia firmou contratos com seis companhias para compra de vacinas. Os primeiros cidadãos europeus poderão já estar vacinados antes do fim de dezembro. Finalmente, há uma luz no fim do túnel”, afirmou Ursula, que pediu que os governos dos 27 países da União Europeia se prepararem para receber as vacinas e colocá-las à disposição da população. / COM AGÊNCIAS

O mundo registrou na quarta-feira, 25, o maior número de mortes pela covid-19 em um dia. Foram 12.785 óbitos – mais de 2 mil apenas nos EUA. Brasil, México e países europeus, como Reino Unido, Itália e França, também pressionam os números para o alto. O recorde anterior era de 20 de novembro, com 11.840 mortes. Até agora, a doença já matou 1,4 milhão de pessoas no mundo – só em novembro, foram 200 mil.

Ontem foi o dia em que os americanos registraram o maior número de mortes desde maio – mais de 2 mil óbitos. A Califórnia estabeleceu um novo recorde diário de contaminações: 18,3 mil. Os EUA, com cerca de 4% da população mundial, vêm relatando um quarto dos novos casos e aproximadamente um quinto das mortes em todo o mundo. 

Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que a tendência é de aumento ainda maior nas mortes caso os governos não adotem medidas para controlar o avanço das transmissões. Epidemiologistas também alertam para a responsabilidade individual no momento em que as festas de Natal e ano-novo se aproximam. 

Criança em Nova York faz teste para covid: preocupação com aumento de casos durante inverno americano e após feriado de Ação de Graças Foto: Justin Lane/EFE

“A tendência é de muito crescimento se não houver mudança na maneira como os governos e as pessoas estão lidando com a pandemia”, disse a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute. Ela alertou que, embora as pesquisas sobre as vacinas estejam cada vez mais avançadas, ainda falta tempo para que de fato haja uma imunização. 

“Há tempo para mudanças e são situações que podem ser completamente evitadas. Com uma vacina chegando, é extremamente desnecessário fazer planos para festas de ano-novo, ir a aglomerações ou shows. É preciso fazer todo o possível para atrasar a transmissão agora”, afirma Denise, que trabalhou por mais de 20 anos no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

Para o médico Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, há um outro agravante. “A pandemia está muito mais difusa, não tem apenas em um lugar só. Antes, o pico se concentrava em alguns países da Europa e em Nova York”, afirmou. “Agora, está em todo o território dos EUA, do México, do Brasil, em muitos países da América do Sul e em várias regiões da Europa.” 

Um exemplo do que disse Bittencourt é uma análise do número de mortes per capita. Neste caso, a Bélgica seria o país mais afetado, com 1,3 mil óbitos para cada milhão de habitantes. Atrás vem o Peru, com 1,1 mil mortos por milhão – o que mostra como o vírus se globalizou. 

Para Bittencourt, políticos e imprensa não têm dado mais visibilidade ao tema como no começo da pandemia, o que fez com que muita gente tenha a sensação de que a doença é menos grave do que já foi. 

Cenário

Fátima Marinho, conselheira da organização global de saúde Vital Strategies, afirmou que as estimativas indicam que haverá 2,75 milhões de mortes até março do ano que vem – o que significa o dobro do registrado até agora. 

“São estimativas com base no cenário que temos hoje. Pode ser pior, mas melhor não será, porque as medidas já estão tardando a serem implementadas”, disse. “A tendência é preocupante, porque a situação já estava mal resolvida. A segunda onda já está no horizonte e é visível: é apenas uma questão de tempo e ela vai acelerar com as festas de fim de ano, com maior circulação de pessoas pelo Brasil.”

Na sexta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanomm Ghebreyesus, afirmou que foram notificados mais casos de infecção pelo coronavírus nas últimas quatro semanas do que nos seis meses iniciais da pandemia.

Tedros destacou a preocupação, especialmente no Hemisfério Norte, na Europa e nos EUA, com o grande número de pessoas internadas nas UTIs de hospitais. Em razão do frio do inverno, que faz com que as pessoas fiquem mais tempo em ambientes fechados, ele admitiu o temor de um colapso nas redes nacionais de saúde. A situação pode ficar ainda mais grave nos Estados Unidos, que hoje celebram o feriado de Ação de Graças, quando tradicionalmente muitas famílias se reúnem dentro de casa. 

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Em uma entrevista a uma rádio, o ministro da Saúde da Espanha declarou que o país tem uma boa tradição de vacinação e que a obrigatoriedade poderia ser até ‘contraproducente’.

Na Europa, que já vive uma nova onda de contaminações, alguns países – como França e Reino Unido – já fazem planos para uma nova reabertura. Ontem, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que os primeiros cidadãos europeus poderão ser vacinados antes do fim de dezembro. 

“Até o momento, a Comissão Europeia firmou contratos com seis companhias para compra de vacinas. Os primeiros cidadãos europeus poderão já estar vacinados antes do fim de dezembro. Finalmente, há uma luz no fim do túnel”, afirmou Ursula, que pediu que os governos dos 27 países da União Europeia se prepararem para receber as vacinas e colocá-las à disposição da população. / COM AGÊNCIAS

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