WASHINGTON - O Congresso dos Estados Unidos terá, a partir de janeiro, a sua primeira integrante abertamente apoiadora do movimento QAnon, que promove teorias conspiratórias na internet, e a sua primeira ativista do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), indicam projeções da imprensa americana.
Com a liderança para uma vaga na Câmara dos Representantes pela Geórgia, a republicana Marjorie Taylor Greene pode se tornar a primeira legisladora americana que diz acreditar no QAnon, grupo taxado pelo FBI como uma potencial ameaça terrorista no país.
Os seguidores desse movimento, que surgiu nas redes sociais, acreditam que o mundo é dirigido por uma organização de pedófilos satânicos que, entre outras coisas, conspiram para derrotar o atual presidente do país, Donald Trump, candidato à reeleição. O próprio Trump evita contestar as teorias da conspiração do grupo, tendo afirmado que o importante é que ele próprio é “muito querido” pelos seguidores do movimento.
A vitória de Taylor Greene é esperada porque competiu sem rivais em um dos distritos mais conservadores do país. Mas, ainda assim, é notável que ela seja a única entre os seguidores do QAnon com chances de chegar ao Congresso. A possível congressista foi criticada no passado por publicar vídeos em que parecia argumentar que muçulmanos não deveriam poder trabalhar em órgãos do governo americano, e por comparar o movimento Black Lives Matter ao grupo supremacista branco Ku Klux Klan.
Enquanto isso, a democrata Cori Bush pode ser a primeira ativista ligada ao movimento Black Lives Matter a chegar ao Congresso, depois de um ano marcado pelos protestos encabeçados pelo grupo contra o racismo e a violência policial no país.
Bush, que é enfermeira, também pode fazer história ao se tornar a primeira mulher negra a representar o Missouri no Congresso. Ela faz parte da ala mais à esquerda do partido democrata, sendo aliada da congressista Alexandria Ocasio-Cortez.
Marcos
As duas congressistas fazem parte de um recorde de 318 mulheres que se candidataram neste ano a uma cadeira na Câmara de Representantes ou no Senado, das quais 117 eram não-brancas.
Em Nova York, o democrata Ritchie Torres também pode fazer história caso se eleja. Ele pode ser o primeiro membro do Congresso negro, com raízes latinas e gay. Ele dedicou a indicação da vitória a sua comunidade, centrada no Bronx. “O Bronx é o meu lugar. Ele me fez quem sou e é por ele que lutarei no Congresso. Agradeço, do fundo do meu coração, a todos os meus eleitores pela confiança que depositaram em mim”, afirmou.
Mondaire Jones, candidato democrata do mesmo Estado, pode se juntar a Torres nos marcos conquistados pelo candidato e ambos se tornarem os primeiros congressistas negros abertamente homossexuais. Porém, ainda se aguarda a contagem total dos votos, já que ele se encontra em uma disputa acirrada com a candidata republicana Maureen McArdle Shulman.
No Texas, a possível vitória do republicano Ronny Jackson para a Câmara dos Representantes chama a atenção porque o político foi o médico oficial de Trump no começo de seu mandato. O presidente logo o nomeou secretário dos veteranos. / EFE