Queda no consumo é ‘calcanhar de Aquiles’ de Milei para controlar inflação na Argentina


Argentina tem a taxa de inflação anual mais alta do mundo, mas viu desaceleração em janeiro graças a uma política recessiva que tem vida curta e pode trazer outros problemas para o libertário

Por Carolina Marins

A desaceleração da inflação em janeiro na Argentina foi comemorada pelo governo de Javier Milei. Depois de uma alta de 25% em dezembro, quando o libertário desvalorizou fortemente o dólar, retirou subsídios da economia e descongelou preços em vários setores, os preços avançaram 20% em janeiro. O dado é positivo, já que projeções para o fim do ano falavam em números acima dos 30%.

Mas junto à freada na escalada de preços, no entanto, veio também um choque recessivo que derrubou o consumo. Com o dinheiro valendo pouco e os preços cada vez maiores, os argentinos estão comprando menos coisas, o que coloca em dúvida se o remédio contra a inflação proposto pelo libertário é sustentável a médio prazo.

Os salários desvalorizaram em 14% em termos reais em dezembro, a maior queda desde 2003, após a saída da convertibilidade (quando o peso estava pareado ao dólar durante o governo de Carlos Menem). Os dados de janeiro ainda serão publicados.

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Com isso, o consumo no varejo despencou 28,5% no primeiro mês do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came). No setor do comércio se fala que janeiro foi um mês perdido. Ainda segundo o relatório, os argentinos deixaram de comprar artigos essenciais, como produtos de farmácia e alimentos.

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante entrevista em sua visita à Itália em 12 de fevereiro Foto: Mediaset/EFE

Aumento da pobreza

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Os números são reflexo direto da desvalorização cambial que Milei promoveu em dezembro. Com o peso perdendo mais de 50% do seu valor e sem reajuste salarial, os argentinos não tiveram outra opção a não ser consumir menos.

O próprio governo reconheceu os impactos de suas medidas quando enviou um informe ao FMI (Fundo Monetário Internacional) apontando que a pobreza já podia estar rondando acima dos 50% depois da desvalorização, uma taxa que não se registra há duas décadas.

“Tudo isso leva a um ajuste brutal em termos reais. O que nos faz perguntar o quanto isso é sustentável. ”, observa o professor de Economia na Universidade de Buenos Aires (UBA) Fabio Rodriguez. “Como se espera que o aposentado aceite infinitamente que lhe tirem 30% ou 25% de sua renda? O mesmo vale para os assalariados e até para as províncias agora com o problema do subsídio ao transporte. Há uma série de aspectos que estão muito perto de não se sustentarem ou levar a um levante popular”

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Há ainda um risco no horizonte que pode jogar por terra esse princípio de controle nos preços. Após a desvalorização de dezembro, Milei segue controlando o valor da moeda americana. Como o peso segue se desvalorizando por causa da inflação e o câmbio não acompanha essa perda, em breve, a moeda americana vai valer o mesmo que antes de dezembro e uma nova desvalorização teria de ser considerada. E, assim, a inflação voltaria a aumentar.

“O problema que se tem quando o dólar barateia muito é que, por um lado, os exportadores não vendem seus dólares, e aumentam as importações. Tudo isso leva a aumentar a pressão no mercado cambiário e é aí que poderemos ver uma nova desvalorização”, explica o economista Juan Manuel Telechea.

Para acalmar os mais agitados, o ministro da Economia Luis “Toto” Caputo foi a público dizer que não está prevista uma nova desvalorização. “No geral quando se tem que sair a esclarecer isso é porque evidentemente a possibilidade existe.”

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Humor das ruas

Outra questão que o faz correr contra o tempo é o humor do argentino. Ainda que o presidente tenha pedido paciência, terá de apresentar melhoras que se reflitam no dia a dia em breve, de preferência em dois ou três meses, segundo economistas, época que se espera colher os frutos da colheita. Caso contrário, a pressão social começará a subir, especialmente em um contexto em que sua taxa de aprovação já começou a cair.

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“A sociedade argentina mostrou nas urnas que queria uma mudança, por isso votou em Milei, mas depois que se aumenta o preço da gasolina - que triplicou de um mês a outro -, quando não se aumentam os salários frente aos preços e eles são consumidos pela inflação, isso faz a tolerância social desaparecer rapidamente”, pontua o economista e diretor do Instituto de Trabalho e Economia da Fundação German Abdala, Juan Manuel Telechea.

“Creio que isso, junto com a derrota política recente, são os dois principais desafios que tem esse governo. Fazer com que a sociedade o acompanhe, mas para acompanhá-lo há de mostrar alguma melhora econômica, porque senão, em um par de meses, as reclamações vão ser fortes”, completa.

A desaceleração da inflação em janeiro na Argentina foi comemorada pelo governo de Javier Milei. Depois de uma alta de 25% em dezembro, quando o libertário desvalorizou fortemente o dólar, retirou subsídios da economia e descongelou preços em vários setores, os preços avançaram 20% em janeiro. O dado é positivo, já que projeções para o fim do ano falavam em números acima dos 30%.

Mas junto à freada na escalada de preços, no entanto, veio também um choque recessivo que derrubou o consumo. Com o dinheiro valendo pouco e os preços cada vez maiores, os argentinos estão comprando menos coisas, o que coloca em dúvida se o remédio contra a inflação proposto pelo libertário é sustentável a médio prazo.

Os salários desvalorizaram em 14% em termos reais em dezembro, a maior queda desde 2003, após a saída da convertibilidade (quando o peso estava pareado ao dólar durante o governo de Carlos Menem). Os dados de janeiro ainda serão publicados.

Com isso, o consumo no varejo despencou 28,5% no primeiro mês do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came). No setor do comércio se fala que janeiro foi um mês perdido. Ainda segundo o relatório, os argentinos deixaram de comprar artigos essenciais, como produtos de farmácia e alimentos.

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante entrevista em sua visita à Itália em 12 de fevereiro Foto: Mediaset/EFE

Aumento da pobreza

Os números são reflexo direto da desvalorização cambial que Milei promoveu em dezembro. Com o peso perdendo mais de 50% do seu valor e sem reajuste salarial, os argentinos não tiveram outra opção a não ser consumir menos.

O próprio governo reconheceu os impactos de suas medidas quando enviou um informe ao FMI (Fundo Monetário Internacional) apontando que a pobreza já podia estar rondando acima dos 50% depois da desvalorização, uma taxa que não se registra há duas décadas.

“Tudo isso leva a um ajuste brutal em termos reais. O que nos faz perguntar o quanto isso é sustentável. ”, observa o professor de Economia na Universidade de Buenos Aires (UBA) Fabio Rodriguez. “Como se espera que o aposentado aceite infinitamente que lhe tirem 30% ou 25% de sua renda? O mesmo vale para os assalariados e até para as províncias agora com o problema do subsídio ao transporte. Há uma série de aspectos que estão muito perto de não se sustentarem ou levar a um levante popular”

Há ainda um risco no horizonte que pode jogar por terra esse princípio de controle nos preços. Após a desvalorização de dezembro, Milei segue controlando o valor da moeda americana. Como o peso segue se desvalorizando por causa da inflação e o câmbio não acompanha essa perda, em breve, a moeda americana vai valer o mesmo que antes de dezembro e uma nova desvalorização teria de ser considerada. E, assim, a inflação voltaria a aumentar.

“O problema que se tem quando o dólar barateia muito é que, por um lado, os exportadores não vendem seus dólares, e aumentam as importações. Tudo isso leva a aumentar a pressão no mercado cambiário e é aí que poderemos ver uma nova desvalorização”, explica o economista Juan Manuel Telechea.

Para acalmar os mais agitados, o ministro da Economia Luis “Toto” Caputo foi a público dizer que não está prevista uma nova desvalorização. “No geral quando se tem que sair a esclarecer isso é porque evidentemente a possibilidade existe.”

Humor das ruas

Outra questão que o faz correr contra o tempo é o humor do argentino. Ainda que o presidente tenha pedido paciência, terá de apresentar melhoras que se reflitam no dia a dia em breve, de preferência em dois ou três meses, segundo economistas, época que se espera colher os frutos da colheita. Caso contrário, a pressão social começará a subir, especialmente em um contexto em que sua taxa de aprovação já começou a cair.

“A sociedade argentina mostrou nas urnas que queria uma mudança, por isso votou em Milei, mas depois que se aumenta o preço da gasolina - que triplicou de um mês a outro -, quando não se aumentam os salários frente aos preços e eles são consumidos pela inflação, isso faz a tolerância social desaparecer rapidamente”, pontua o economista e diretor do Instituto de Trabalho e Economia da Fundação German Abdala, Juan Manuel Telechea.

“Creio que isso, junto com a derrota política recente, são os dois principais desafios que tem esse governo. Fazer com que a sociedade o acompanhe, mas para acompanhá-lo há de mostrar alguma melhora econômica, porque senão, em um par de meses, as reclamações vão ser fortes”, completa.

A desaceleração da inflação em janeiro na Argentina foi comemorada pelo governo de Javier Milei. Depois de uma alta de 25% em dezembro, quando o libertário desvalorizou fortemente o dólar, retirou subsídios da economia e descongelou preços em vários setores, os preços avançaram 20% em janeiro. O dado é positivo, já que projeções para o fim do ano falavam em números acima dos 30%.

Mas junto à freada na escalada de preços, no entanto, veio também um choque recessivo que derrubou o consumo. Com o dinheiro valendo pouco e os preços cada vez maiores, os argentinos estão comprando menos coisas, o que coloca em dúvida se o remédio contra a inflação proposto pelo libertário é sustentável a médio prazo.

Os salários desvalorizaram em 14% em termos reais em dezembro, a maior queda desde 2003, após a saída da convertibilidade (quando o peso estava pareado ao dólar durante o governo de Carlos Menem). Os dados de janeiro ainda serão publicados.

Com isso, o consumo no varejo despencou 28,5% no primeiro mês do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came). No setor do comércio se fala que janeiro foi um mês perdido. Ainda segundo o relatório, os argentinos deixaram de comprar artigos essenciais, como produtos de farmácia e alimentos.

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante entrevista em sua visita à Itália em 12 de fevereiro Foto: Mediaset/EFE

Aumento da pobreza

Os números são reflexo direto da desvalorização cambial que Milei promoveu em dezembro. Com o peso perdendo mais de 50% do seu valor e sem reajuste salarial, os argentinos não tiveram outra opção a não ser consumir menos.

O próprio governo reconheceu os impactos de suas medidas quando enviou um informe ao FMI (Fundo Monetário Internacional) apontando que a pobreza já podia estar rondando acima dos 50% depois da desvalorização, uma taxa que não se registra há duas décadas.

“Tudo isso leva a um ajuste brutal em termos reais. O que nos faz perguntar o quanto isso é sustentável. ”, observa o professor de Economia na Universidade de Buenos Aires (UBA) Fabio Rodriguez. “Como se espera que o aposentado aceite infinitamente que lhe tirem 30% ou 25% de sua renda? O mesmo vale para os assalariados e até para as províncias agora com o problema do subsídio ao transporte. Há uma série de aspectos que estão muito perto de não se sustentarem ou levar a um levante popular”

Há ainda um risco no horizonte que pode jogar por terra esse princípio de controle nos preços. Após a desvalorização de dezembro, Milei segue controlando o valor da moeda americana. Como o peso segue se desvalorizando por causa da inflação e o câmbio não acompanha essa perda, em breve, a moeda americana vai valer o mesmo que antes de dezembro e uma nova desvalorização teria de ser considerada. E, assim, a inflação voltaria a aumentar.

“O problema que se tem quando o dólar barateia muito é que, por um lado, os exportadores não vendem seus dólares, e aumentam as importações. Tudo isso leva a aumentar a pressão no mercado cambiário e é aí que poderemos ver uma nova desvalorização”, explica o economista Juan Manuel Telechea.

Para acalmar os mais agitados, o ministro da Economia Luis “Toto” Caputo foi a público dizer que não está prevista uma nova desvalorização. “No geral quando se tem que sair a esclarecer isso é porque evidentemente a possibilidade existe.”

Humor das ruas

Outra questão que o faz correr contra o tempo é o humor do argentino. Ainda que o presidente tenha pedido paciência, terá de apresentar melhoras que se reflitam no dia a dia em breve, de preferência em dois ou três meses, segundo economistas, época que se espera colher os frutos da colheita. Caso contrário, a pressão social começará a subir, especialmente em um contexto em que sua taxa de aprovação já começou a cair.

“A sociedade argentina mostrou nas urnas que queria uma mudança, por isso votou em Milei, mas depois que se aumenta o preço da gasolina - que triplicou de um mês a outro -, quando não se aumentam os salários frente aos preços e eles são consumidos pela inflação, isso faz a tolerância social desaparecer rapidamente”, pontua o economista e diretor do Instituto de Trabalho e Economia da Fundação German Abdala, Juan Manuel Telechea.

“Creio que isso, junto com a derrota política recente, são os dois principais desafios que tem esse governo. Fazer com que a sociedade o acompanhe, mas para acompanhá-lo há de mostrar alguma melhora econômica, porque senão, em um par de meses, as reclamações vão ser fortes”, completa.

A desaceleração da inflação em janeiro na Argentina foi comemorada pelo governo de Javier Milei. Depois de uma alta de 25% em dezembro, quando o libertário desvalorizou fortemente o dólar, retirou subsídios da economia e descongelou preços em vários setores, os preços avançaram 20% em janeiro. O dado é positivo, já que projeções para o fim do ano falavam em números acima dos 30%.

Mas junto à freada na escalada de preços, no entanto, veio também um choque recessivo que derrubou o consumo. Com o dinheiro valendo pouco e os preços cada vez maiores, os argentinos estão comprando menos coisas, o que coloca em dúvida se o remédio contra a inflação proposto pelo libertário é sustentável a médio prazo.

Os salários desvalorizaram em 14% em termos reais em dezembro, a maior queda desde 2003, após a saída da convertibilidade (quando o peso estava pareado ao dólar durante o governo de Carlos Menem). Os dados de janeiro ainda serão publicados.

Com isso, o consumo no varejo despencou 28,5% no primeiro mês do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came). No setor do comércio se fala que janeiro foi um mês perdido. Ainda segundo o relatório, os argentinos deixaram de comprar artigos essenciais, como produtos de farmácia e alimentos.

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante entrevista em sua visita à Itália em 12 de fevereiro Foto: Mediaset/EFE

Aumento da pobreza

Os números são reflexo direto da desvalorização cambial que Milei promoveu em dezembro. Com o peso perdendo mais de 50% do seu valor e sem reajuste salarial, os argentinos não tiveram outra opção a não ser consumir menos.

O próprio governo reconheceu os impactos de suas medidas quando enviou um informe ao FMI (Fundo Monetário Internacional) apontando que a pobreza já podia estar rondando acima dos 50% depois da desvalorização, uma taxa que não se registra há duas décadas.

“Tudo isso leva a um ajuste brutal em termos reais. O que nos faz perguntar o quanto isso é sustentável. ”, observa o professor de Economia na Universidade de Buenos Aires (UBA) Fabio Rodriguez. “Como se espera que o aposentado aceite infinitamente que lhe tirem 30% ou 25% de sua renda? O mesmo vale para os assalariados e até para as províncias agora com o problema do subsídio ao transporte. Há uma série de aspectos que estão muito perto de não se sustentarem ou levar a um levante popular”

Há ainda um risco no horizonte que pode jogar por terra esse princípio de controle nos preços. Após a desvalorização de dezembro, Milei segue controlando o valor da moeda americana. Como o peso segue se desvalorizando por causa da inflação e o câmbio não acompanha essa perda, em breve, a moeda americana vai valer o mesmo que antes de dezembro e uma nova desvalorização teria de ser considerada. E, assim, a inflação voltaria a aumentar.

“O problema que se tem quando o dólar barateia muito é que, por um lado, os exportadores não vendem seus dólares, e aumentam as importações. Tudo isso leva a aumentar a pressão no mercado cambiário e é aí que poderemos ver uma nova desvalorização”, explica o economista Juan Manuel Telechea.

Para acalmar os mais agitados, o ministro da Economia Luis “Toto” Caputo foi a público dizer que não está prevista uma nova desvalorização. “No geral quando se tem que sair a esclarecer isso é porque evidentemente a possibilidade existe.”

Humor das ruas

Outra questão que o faz correr contra o tempo é o humor do argentino. Ainda que o presidente tenha pedido paciência, terá de apresentar melhoras que se reflitam no dia a dia em breve, de preferência em dois ou três meses, segundo economistas, época que se espera colher os frutos da colheita. Caso contrário, a pressão social começará a subir, especialmente em um contexto em que sua taxa de aprovação já começou a cair.

“A sociedade argentina mostrou nas urnas que queria uma mudança, por isso votou em Milei, mas depois que se aumenta o preço da gasolina - que triplicou de um mês a outro -, quando não se aumentam os salários frente aos preços e eles são consumidos pela inflação, isso faz a tolerância social desaparecer rapidamente”, pontua o economista e diretor do Instituto de Trabalho e Economia da Fundação German Abdala, Juan Manuel Telechea.

“Creio que isso, junto com a derrota política recente, são os dois principais desafios que tem esse governo. Fazer com que a sociedade o acompanhe, mas para acompanhá-lo há de mostrar alguma melhora econômica, porque senão, em um par de meses, as reclamações vão ser fortes”, completa.

A desaceleração da inflação em janeiro na Argentina foi comemorada pelo governo de Javier Milei. Depois de uma alta de 25% em dezembro, quando o libertário desvalorizou fortemente o dólar, retirou subsídios da economia e descongelou preços em vários setores, os preços avançaram 20% em janeiro. O dado é positivo, já que projeções para o fim do ano falavam em números acima dos 30%.

Mas junto à freada na escalada de preços, no entanto, veio também um choque recessivo que derrubou o consumo. Com o dinheiro valendo pouco e os preços cada vez maiores, os argentinos estão comprando menos coisas, o que coloca em dúvida se o remédio contra a inflação proposto pelo libertário é sustentável a médio prazo.

Os salários desvalorizaram em 14% em termos reais em dezembro, a maior queda desde 2003, após a saída da convertibilidade (quando o peso estava pareado ao dólar durante o governo de Carlos Menem). Os dados de janeiro ainda serão publicados.

Com isso, o consumo no varejo despencou 28,5% no primeiro mês do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (Came). No setor do comércio se fala que janeiro foi um mês perdido. Ainda segundo o relatório, os argentinos deixaram de comprar artigos essenciais, como produtos de farmácia e alimentos.

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante entrevista em sua visita à Itália em 12 de fevereiro Foto: Mediaset/EFE

Aumento da pobreza

Os números são reflexo direto da desvalorização cambial que Milei promoveu em dezembro. Com o peso perdendo mais de 50% do seu valor e sem reajuste salarial, os argentinos não tiveram outra opção a não ser consumir menos.

O próprio governo reconheceu os impactos de suas medidas quando enviou um informe ao FMI (Fundo Monetário Internacional) apontando que a pobreza já podia estar rondando acima dos 50% depois da desvalorização, uma taxa que não se registra há duas décadas.

“Tudo isso leva a um ajuste brutal em termos reais. O que nos faz perguntar o quanto isso é sustentável. ”, observa o professor de Economia na Universidade de Buenos Aires (UBA) Fabio Rodriguez. “Como se espera que o aposentado aceite infinitamente que lhe tirem 30% ou 25% de sua renda? O mesmo vale para os assalariados e até para as províncias agora com o problema do subsídio ao transporte. Há uma série de aspectos que estão muito perto de não se sustentarem ou levar a um levante popular”

Há ainda um risco no horizonte que pode jogar por terra esse princípio de controle nos preços. Após a desvalorização de dezembro, Milei segue controlando o valor da moeda americana. Como o peso segue se desvalorizando por causa da inflação e o câmbio não acompanha essa perda, em breve, a moeda americana vai valer o mesmo que antes de dezembro e uma nova desvalorização teria de ser considerada. E, assim, a inflação voltaria a aumentar.

“O problema que se tem quando o dólar barateia muito é que, por um lado, os exportadores não vendem seus dólares, e aumentam as importações. Tudo isso leva a aumentar a pressão no mercado cambiário e é aí que poderemos ver uma nova desvalorização”, explica o economista Juan Manuel Telechea.

Para acalmar os mais agitados, o ministro da Economia Luis “Toto” Caputo foi a público dizer que não está prevista uma nova desvalorização. “No geral quando se tem que sair a esclarecer isso é porque evidentemente a possibilidade existe.”

Humor das ruas

Outra questão que o faz correr contra o tempo é o humor do argentino. Ainda que o presidente tenha pedido paciência, terá de apresentar melhoras que se reflitam no dia a dia em breve, de preferência em dois ou três meses, segundo economistas, época que se espera colher os frutos da colheita. Caso contrário, a pressão social começará a subir, especialmente em um contexto em que sua taxa de aprovação já começou a cair.

“A sociedade argentina mostrou nas urnas que queria uma mudança, por isso votou em Milei, mas depois que se aumenta o preço da gasolina - que triplicou de um mês a outro -, quando não se aumentam os salários frente aos preços e eles são consumidos pela inflação, isso faz a tolerância social desaparecer rapidamente”, pontua o economista e diretor do Instituto de Trabalho e Economia da Fundação German Abdala, Juan Manuel Telechea.

“Creio que isso, junto com a derrota política recente, são os dois principais desafios que tem esse governo. Fazer com que a sociedade o acompanhe, mas para acompanhá-lo há de mostrar alguma melhora econômica, porque senão, em um par de meses, as reclamações vão ser fortes”, completa.

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