O Exército israelense anunciou nesta sexta-feira, 24, a morte do brasileiro Michel Nisenbaum, assassinado no sul de Israel e que teve o corpo levado para a Faixa de Gaza. O corpo de Nisenbaum retornou a Israel após uma operação das Forças de Defesa de Israel (FDI) que também recuperou os restos mortais do franco-mexicano Orión Hernández Radoux e do israelense Hanan Yablonka.
O brasileiro natural de Niterói tinha 59 anos e deixa duas filhas e seis netos. Nisenbaum trabalhava como guia turístico em Israel, mas também exerceu funções variadas como motorista, entregador e prestador de serviços de informática.
Nisenbaum se mudou para Israel com apenas 12 anos e formou família no país do Oriente Médio. Na manhã do dia 7 de outubro do ano passado, o brasileiro saiu de sua casa em Sderot, cidade próxima a fronteira com o enclave palestino, para buscar a sua neta de 4 anos que estava em uma base militar no sul de Israel.
Contudo, o brasileiro não chegou ao local e não atendeu mais o telefone. Após diversas ligações de sua filha, Hen Mahluf, um terrorista do Hamas atendeu o celular e passou a falar em árabe, depois gritou a palavra Hamas e desligou.
Desde então os familiares do brasileiro não sabiam mais nada sobre o seu paradeiro. Seu carro foi encontrado incinerado em uma estrada no sul de Israel e o computador do brasileiro estava em Gaza. Ele era considerado como um dos reféns israelenses que estavam vivos. Mais de 100 sequestrados israelenses continuam no enclave palestino.
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O brasileiro Michel Nisenbaum foi morto por terroristas do Hamas no dia 7 de outubro do ano passado; tropas de Israel recuperaram seu corpo nesta sexta-feira
Governo brasileiro
O Itamaraty reconheceu o desaparecimento do brasileiro no dia 21 de outubro, segundo nota enviada ao Estadão. A chancelaria brasileira apontou que a família de Nisenbaum comunicou o ocorrido para a embaixada do Brasil em Tel-Aviv antes de o governo israelense reconhecer que o brasileiro estava entre os sequestrados.
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Mayer, só se encontrou com Mary Shohat, irmã de Michel Nisenbaum, no dia 30 de novembro, após as autoridades israelenses informarem a situação do brasileiro para a embaixada.
No mesmo dia, Lula reconheceu que um brasileiro estava entre os sequestrados do grupo terrorista Hamas durante uma visita ao Catar, país que tem contribuído nas negociações para a libertação de reféns por ter relações próximas com o grupo terrorista Hamas. O presidente brasileiro apontou que agradeceu o Catar pela ajuda na liberação dos brasileiros-palestinos que estavam na Faixa de Gaza. “Estamos trabalhando também na liberação de um refém, que ainda pode ser liberado por esses dias”.
Saiba mais
Família
A filha de Nisenbaum, Hen Mahluf, e a irmã do brasileiro, Mary Shohat, participaram de uma viagem ao lado de outros familiares de reféns sul-americanos em dezembro do ano passado. As famílias viajaram a Buenos Aires, onde se encontraram com o ex-presidente argentino Alberto Fernandez e com o atual presidente do país, Javier Milei, para Montevidéu, onde aconteceu um encontro com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou e por Brasília e São Paulo.
Em Brasília, os familiares do brasileiro se encontraram com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, após intermediação do senador Jaques Wagner, que é judeu. Já na capital paulista, as famílias dos reféns participaram de eventos com autoridades e de uma coletiva de imprensa no clube Hebraica.
Em entrevista ao Estadão, Mary Shohat afirmou que esperava que a visita fizesse alguma diferença para a libertação do irmão. Shohat também compartilhou informações sobre a vida de Nisenbaum e o seu processo de imigração para Israel.
“Eu nasci em Porto Alegre e o Michel nasceu em Niterói, nós somos meio irmãos. Eu vim para Israel com 16 anos, quase 17, sozinha. Gostei muito do país e decidi me mudar. Assim que eu cheguei em Israel, recebi uma carta da nossa família no Brasil que o Michel, que na época tinha 12 anos, estava envolvido com um grupo de delinquentes em Porto Alegre, que era onde ele morava e então eu voltei ao Brasil, conversei com a nossa família e decidimos que ele iria para Israel morar comigo”, afirmou a irmã de Nisenbaum.
Shohat apontou que seu último contato com o irmão havia sido no dia 5 de outubro, dois dias antes do ataque terrorista do Hamas, quando os dois tomaram café ao lado da mãe, de 87 anos.