“Um cristão, um conservador e um republicano, nesta ordem”. É assim que Mike Pence, vice-presidente americano desde 2017, costuma se definir.
Antes de ser o vice de Donald Trump, Pence foi governador de Indiana e deputado federal por 12 anos.
Depois de perder as duas primeiras eleições que disputou, em 1988 e 1990, Pence construiu uma carreira como apresentador de rádio e televisão. Eleito para o Congresso em 2000, Pence deu o passo decisivo em sua carreira política quando disputou e venceu as eleições para governador de Indiana.
À frente do governo do estado, seguiu uma pauta de costumes: aumentou as restrições para mulheres e médicos na prática do aborto e sancionou a Lei Estadual 101, também conhecida como “lei de Objeções Religiosas de Indiana”, considerada discriminatória contra a comunidade LGBTQIA+.
Conservador e apoiador do movimento Tea Party, uma ala mais radical do Partido Republicano, Pence abandonou o projeto de se reeleger para o cargo que ocupava em 2016 para se candidatar a vice-presidente na chapa de Donald Trump.
Em 2020, ganhou mais notoriedade ao ser designado por Donald Trump para ser o responsável oficial do governo para comandar a política de combate ao coronavírus.
Quem é e de onde veio Mike Pence, vice de Trump
Nascido em 1959 na cidade de Columbus, Indiana, Pence estudou Direito na Universidade de Indiana e é casado há 31 anos com Karen Pence, com quem tem três filhos. Ele é o 50º governador do estado, foi eleito em 2012 e assumiu o posto em 2013 com a promessa de cortar os impostos e impulsionar a geração de empregos no estado.
Embora tenha apoiado Ted Cruz durante as prévias, Pence nunca escondeu a sua admiração por Trump, como lembrou o jornal The New York Times (NYT). Antes de manifestar o seu apoio a Cruz, notou a publicação, o governador primeiro se manifestou sobre o empresário, cumprimentando-o por “dar voz às frustrações de milhões de trabalhadores americanos”.
Ainda assim, já criticou alguns dos posicionamentos mais polêmicos já ditos pelo empresário, principalmente quando o tema é política migratória. “Banir muçulmanos de entrarem nos Estados Unidos é ofensivo e inconstitucional”, disse ele em uma mensagem no Twitter.
Segundo o NYT, Pence é visto em Washington como um político robusto e previsível, mas capaz de carregar as bandeiras mais representativas da cultura conservadora. Como seu colega de chapa, coleciona frases e posicionamentos polêmicos.
Nos idos de 1998, quando o mundo já falava sobre as consequências malignas do cigarro para a saúde, Pence chamou os estudos de “histeria” e disse que “cigarros não matam”. Ainda de acordo com o NYT, ele se descreve como “cristão, conservador e republicano, nessa ordem. ”
Até 2007, explica o site Vox, ele não era visto como um republicano de carteirinha, mas isso mudou quando ele declarou guerra aos movimentos pró-aborto e chamou a atenção de seus colegas de partido ao tentar cortar o financiamento do governo à Planned Parenthood, organização que presta serviços em saúde reprodutiva em vários países.
No que diz respeito às liberdades civis, tentou aprovar uma lei que permitiria aos estabelecimentos de Indiana negar serviço aos membros da comunidade LGBT. Acabou derrotado pelo lobby de grupos defensores desses direitos civis e grandes corporações.
Pence é, também, um negador das mudanças climáticas, assim como seu colega de chapa Trump. O governador já disse publicamente não acreditar que as ações do homem impactaram negativamente no meio ambiente e é também um defensor do criacionismo, teoria que prevê que a vida é uma criação divina.
Escolha de Mike Pence para vice de Trump agradou republicanos
Sua indicação, em 2016, agradou líderes do partido no congresso americano e ajudou a criar uma base legislativa sólida para Trump. Nomes como Paul Ryan e David McIntosh defenderam sua nomeação na ocasião. “Será um excelente vice-presidente”, declarou McIntosh.
Antes de se tornar governador de Indiana em 2013, Pence passou seis mandatos no Congresso, onde participou de reuniões que tratavam de relações exteriores e tecnologia. Normalmente era bem quisto e respeitado por seus colegas.
Com o tempo, ele diminuiu suas tendências populistas e adentrou em um dos mais altos escalões do partido. Em 2008, seus colegas o elegeram o número 3 do Partido Republicano – líder da Conferência Republicana -, cuja tarefa era modelar a mensagem do partido após ser derrotado nas eleições de 2008. Mesmo após deixar o Capitólio, Pence parece ter mantido alguns contatos. Recentemente, Paul Ryan disse que o vice de Trump é um “amigo pessoal”.
Pence é visto como um potencial candidato à presidência dos Estados Unidos. Em 2010, ativistas conservadores de uma convenção política votaram em Pence como primeira escolha para um candidato às eleições de 2012.
Quatro anos depois, o ex-presidente da Câmara dos Representantes Newt Gingrich também estava na disputa e ficou em quarto lugar. O nome de Pence foi citado em 2008 como candidato possível, mas ele decidiu ficar em Indiana e disputar o cargo de governador.
Um fato curioso sobre Pence é que ele cresceu como um democrata. Fã de John F. Kennedy, Pence disse em uma entrevista em 2010: “Pode ser porque eu cresci em uma grande família católica irlandesa como ele. Pode ser também porque meus avós ficaram muito orgulhosos do primeiro presidente católico irlandês”. /AFP, NYT e REUTERS