Quem é Santiago Peña, o novo presidente do Paraguai


Candidato derrotou o opositor Efraín Alegre e manteve o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por 70 anos

Por Redação
Atualização:

ASSUNÇÃO - O candidato governista Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai, consolidando o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por quase 70 anos. Segundo a Justiça eleitoral, com 93% das urnas apuradas, ele obteve 43% dos votos e derrotou o liberal Efraín Alegre, o principal opositor, que teve 27,5%.

“Os eleitores depositaram sua confiança em nossas mãos para que amanhã possamos ser melhores e seremos melhores. Somos todos moralmente obrigados a desempenhar um papel no lugar que nos toca. Só assim poderemos enfrentar com sucesso a pobreza, a corrupção e a impunidade”, disse Peña logo após a confirmação de sua vitória.

“Convoco a unidade e o consenso para alcançar nosso destino de bem-estar coletivo e prosperidade sem exclusões. Chegou a hora de postergar nossas diferenças para priorizar as causas comuns que nos unem como nação”, acrescentou o presidente eleito em discurso para dezenas de apoiadores de seu partido em Assunção.

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Aos 44 anos, o presidente eleitoé considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento social descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação.

Sua única experiência eleitoral foi em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez. Defende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre 1.000 e 3.000 mortos e desaparecidos.

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Aliança com ex-presidente

Para atacá-lo, seus adversários o chamam de “o secretário de Cartes”. Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes.

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Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”

Em plena campanha eleitoral, Cartes - atual presidente do Partido Colorado- foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor.

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O ex-presidente paraguaio, Horacio Cartes, participa de um comício do candidato Santiago Peña  Foto: Raúl Martínez/EFE

Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse o especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes.

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Santiago Peña ao lado de Horacio Cartes e de sua mulher Leticia Ocampos Foto: Raúl Martínez/ EFE

O acordo de Itaipu

O eleito será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

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Assinado em 1973, o tratado já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.

De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

Ao Estadão, ainda durante a campanha, Peña disse que ser um visionário sobre o papel da usina para os próximos 50 anos de relação entre Paraguai e Brasil. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

Desafios no cargo

Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.

O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China. A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte.

Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do Paraguai enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado. /AFP e AP

ASSUNÇÃO - O candidato governista Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai, consolidando o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por quase 70 anos. Segundo a Justiça eleitoral, com 93% das urnas apuradas, ele obteve 43% dos votos e derrotou o liberal Efraín Alegre, o principal opositor, que teve 27,5%.

“Os eleitores depositaram sua confiança em nossas mãos para que amanhã possamos ser melhores e seremos melhores. Somos todos moralmente obrigados a desempenhar um papel no lugar que nos toca. Só assim poderemos enfrentar com sucesso a pobreza, a corrupção e a impunidade”, disse Peña logo após a confirmação de sua vitória.

“Convoco a unidade e o consenso para alcançar nosso destino de bem-estar coletivo e prosperidade sem exclusões. Chegou a hora de postergar nossas diferenças para priorizar as causas comuns que nos unem como nação”, acrescentou o presidente eleito em discurso para dezenas de apoiadores de seu partido em Assunção.

Aos 44 anos, o presidente eleitoé considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento social descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação.

Sua única experiência eleitoral foi em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez. Defende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre 1.000 e 3.000 mortos e desaparecidos.

Aliança com ex-presidente

Para atacá-lo, seus adversários o chamam de “o secretário de Cartes”. Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes.

Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”

Em plena campanha eleitoral, Cartes - atual presidente do Partido Colorado- foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor.

O ex-presidente paraguaio, Horacio Cartes, participa de um comício do candidato Santiago Peña  Foto: Raúl Martínez/EFE

Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse o especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes.

Santiago Peña ao lado de Horacio Cartes e de sua mulher Leticia Ocampos Foto: Raúl Martínez/ EFE

O acordo de Itaipu

O eleito será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

Assinado em 1973, o tratado já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.

De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

Ao Estadão, ainda durante a campanha, Peña disse que ser um visionário sobre o papel da usina para os próximos 50 anos de relação entre Paraguai e Brasil. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

Desafios no cargo

Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.

O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China. A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte.

Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do Paraguai enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado. /AFP e AP

ASSUNÇÃO - O candidato governista Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai, consolidando o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por quase 70 anos. Segundo a Justiça eleitoral, com 93% das urnas apuradas, ele obteve 43% dos votos e derrotou o liberal Efraín Alegre, o principal opositor, que teve 27,5%.

“Os eleitores depositaram sua confiança em nossas mãos para que amanhã possamos ser melhores e seremos melhores. Somos todos moralmente obrigados a desempenhar um papel no lugar que nos toca. Só assim poderemos enfrentar com sucesso a pobreza, a corrupção e a impunidade”, disse Peña logo após a confirmação de sua vitória.

“Convoco a unidade e o consenso para alcançar nosso destino de bem-estar coletivo e prosperidade sem exclusões. Chegou a hora de postergar nossas diferenças para priorizar as causas comuns que nos unem como nação”, acrescentou o presidente eleito em discurso para dezenas de apoiadores de seu partido em Assunção.

Aos 44 anos, o presidente eleitoé considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento social descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação.

Sua única experiência eleitoral foi em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez. Defende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre 1.000 e 3.000 mortos e desaparecidos.

Aliança com ex-presidente

Para atacá-lo, seus adversários o chamam de “o secretário de Cartes”. Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes.

Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”

Em plena campanha eleitoral, Cartes - atual presidente do Partido Colorado- foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor.

O ex-presidente paraguaio, Horacio Cartes, participa de um comício do candidato Santiago Peña  Foto: Raúl Martínez/EFE

Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse o especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes.

Santiago Peña ao lado de Horacio Cartes e de sua mulher Leticia Ocampos Foto: Raúl Martínez/ EFE

O acordo de Itaipu

O eleito será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

Assinado em 1973, o tratado já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.

De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

Ao Estadão, ainda durante a campanha, Peña disse que ser um visionário sobre o papel da usina para os próximos 50 anos de relação entre Paraguai e Brasil. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

Desafios no cargo

Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.

O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China. A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte.

Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do Paraguai enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado. /AFP e AP

ASSUNÇÃO - O candidato governista Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai, consolidando o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por quase 70 anos. Segundo a Justiça eleitoral, com 93% das urnas apuradas, ele obteve 43% dos votos e derrotou o liberal Efraín Alegre, o principal opositor, que teve 27,5%.

“Os eleitores depositaram sua confiança em nossas mãos para que amanhã possamos ser melhores e seremos melhores. Somos todos moralmente obrigados a desempenhar um papel no lugar que nos toca. Só assim poderemos enfrentar com sucesso a pobreza, a corrupção e a impunidade”, disse Peña logo após a confirmação de sua vitória.

“Convoco a unidade e o consenso para alcançar nosso destino de bem-estar coletivo e prosperidade sem exclusões. Chegou a hora de postergar nossas diferenças para priorizar as causas comuns que nos unem como nação”, acrescentou o presidente eleito em discurso para dezenas de apoiadores de seu partido em Assunção.

Aos 44 anos, o presidente eleitoé considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento social descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação.

Sua única experiência eleitoral foi em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez. Defende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre 1.000 e 3.000 mortos e desaparecidos.

Aliança com ex-presidente

Para atacá-lo, seus adversários o chamam de “o secretário de Cartes”. Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes.

Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”

Em plena campanha eleitoral, Cartes - atual presidente do Partido Colorado- foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor.

O ex-presidente paraguaio, Horacio Cartes, participa de um comício do candidato Santiago Peña  Foto: Raúl Martínez/EFE

Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse o especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes.

Santiago Peña ao lado de Horacio Cartes e de sua mulher Leticia Ocampos Foto: Raúl Martínez/ EFE

O acordo de Itaipu

O eleito será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

Assinado em 1973, o tratado já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.

De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

Ao Estadão, ainda durante a campanha, Peña disse que ser um visionário sobre o papel da usina para os próximos 50 anos de relação entre Paraguai e Brasil. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

Desafios no cargo

Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.

O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China. A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte.

Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do Paraguai enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado. /AFP e AP

ASSUNÇÃO - O candidato governista Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai, consolidando o poder nas mãos do Partido Colorado, que governa o país ininterruptamente por quase 70 anos. Segundo a Justiça eleitoral, com 93% das urnas apuradas, ele obteve 43% dos votos e derrotou o liberal Efraín Alegre, o principal opositor, que teve 27,5%.

“Os eleitores depositaram sua confiança em nossas mãos para que amanhã possamos ser melhores e seremos melhores. Somos todos moralmente obrigados a desempenhar um papel no lugar que nos toca. Só assim poderemos enfrentar com sucesso a pobreza, a corrupção e a impunidade”, disse Peña logo após a confirmação de sua vitória.

“Convoco a unidade e o consenso para alcançar nosso destino de bem-estar coletivo e prosperidade sem exclusões. Chegou a hora de postergar nossas diferenças para priorizar as causas comuns que nos unem como nação”, acrescentou o presidente eleito em discurso para dezenas de apoiadores de seu partido em Assunção.

Aos 44 anos, o presidente eleitoé considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento social descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação.

Sua única experiência eleitoral foi em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez. Defende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre 1.000 e 3.000 mortos e desaparecidos.

Aliança com ex-presidente

Para atacá-lo, seus adversários o chamam de “o secretário de Cartes”. Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes.

Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”

Em plena campanha eleitoral, Cartes - atual presidente do Partido Colorado- foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor.

O ex-presidente paraguaio, Horacio Cartes, participa de um comício do candidato Santiago Peña  Foto: Raúl Martínez/EFE

Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse o especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes.

Santiago Peña ao lado de Horacio Cartes e de sua mulher Leticia Ocampos Foto: Raúl Martínez/ EFE

O acordo de Itaipu

O eleito será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

Assinado em 1973, o tratado já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.

De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

Ao Estadão, ainda durante a campanha, Peña disse que ser um visionário sobre o papel da usina para os próximos 50 anos de relação entre Paraguai e Brasil. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

Desafios no cargo

Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.

O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China. A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte.

Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do Paraguai enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado. /AFP e AP

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