A rainha Elizabeth II foi colocada sob supervisão médica nesta quinta-feira, 8, após seus médicos particulares se mostrarem “preocupados com a saúde de Sua Majestade”, informou o Palácio de Buckingham. De acordo com o anúncio da Casa Real, Elizabeth está “confortável” no Castelo de Balmoral, na Escócia, onde costuma passar o verão.
“Após uma avaliação mais aprofundada nesta manhã, os médicos da rainha estão preocupados com a saúde de Sua Majestade e recomendaram que ela permaneça sob supervisão médica”, diz o aviso divulgado pela Casa Real.
De acordo com a imprensa britânica, a família real foi informada da situação de saúde da rainha e alguns parentes mais próximos viajam às pressas para a Escócia para acompanhá-la.
O herdeiro da coroa, o príncipe Charles, de 73 anos, e o filho dele, William, de 40 anos, viajaram a Balmoral, que fica 800 km ao norte de Londres. O príncipe Harry e sua mulher Meghan também viajaram à Escócia.
A historiadora Anna Whitelock, professora de história da monarquia na Universidade de Londres, afirmou à rede BBC que o anúncio desta quinta é preocupante e indica que “o fim não está tão distante”.
Mudança de tom
Segundo jornalistas que cobrem a família real, o anúncio desta quinta é um contraste com os últimos comunicados do Palácio de Buckingham, que diziam muito pouco sobre o estado de saúde da monarca. “O fato de o Palácio sentir a necessidade de divulgar um comunicado e o fato de a família estar viajando dizem tudo”, afirmou o correspondente da BBC Nicholas Witchell.
O estado de saúde da monarca de 96 anos é motivo de preocupação constante entre autoridades britânicas desde outubro do ano passado, quando foi revelado que ela passou uma noite hospitalizada para ser submetida a “exames” médicos que nunca foram detalhados. Desde então, ela reduziu consideravelmente sua agenda, com aparições em público cada vez mais raras e sendo observada caminhando com dificuldade, com o auxílio de uma bengala.
Mas, nos últimos meses, as ausências da rainha em eventos públicos têm chamado mais atenção. Na quarta-feira, 7, por exemplo, Elizabeth cancelou uma reunião com seu Conselho Privado após ter sido instruída a descansar.
“Há uma deterioração da saúde da rainha gradual nos últimos meses. Claramente, nas últimas 24 horas a 48 horas, os médicos ficaram muito mais preocupados”, explicou a BBC.
A recém-empossada primeira-ministra, Liz Truss, que esteve com a rainha em Balmoral na terça-feira, 6, afirmou que todo o Reino Unido está “profundamente preocupado” com as notícias sobre a saúde de Elizabeth.
“Meus pensamentos - e os pensamentos das pessoas em todo nosso Reino Unido - estão com Sua Majestade e a família dela neste momento”, escreveu, em publicação no Twitter.
Pela primeira vez em seu longo reinado, Elizabeth II decidiu permanecer em Balmoral e não retornar a Londres, onde geralmente acontece a transição de poder no governo, devido a seus problemas de saúde.
Uma foto do encontro divulgada pelo Palácio de Buckingham, que mostra a rainha cumprimentando Liz Truss, provocou inquietação porque, segundo analistas, a mão da monarca parecia muito arroxeada.
O cardeal Vincent Nichols, arcebispo de Westminster e líder da Igreja Católica na Inglaterra e no País de Gales, afirmou estar “muito preocupado” com as notícias e ofereceu preces à rainha e aos parentes da monarca.
Ausência em eventos
Elizabeth II praticamente não compareceu às celebrações do Jubileu de Platina, período em que apareceu apenas duas vezes, brevemente, na sacada do Palácio de Buckingham para saudar as dezenas de milhares de pessoas reunidas no local.
Porém, algumas semanas depois ela participou em vários atos públicos na Escócia, ao aparecer sorridente e com uma bengala em um desfile das Forças Armadas em Edimburgo no fim de junho. / AP e AFP