Morte de ex-ditador do Iêmen deixa Irã e Arábia Saudita perto de conflito


Ali Abdullah Saleh foi morto em ataque de rebeldes houthis, que recebem armas e treinamento do governo iraniano; assassinato do principal líder político iemenita deixa país mais distante de uma resolução de curto prazo para a guerra civil

Atualização:

SANAA - Os rebeldes iemenitas houthis mataram nesta segunda-fira, dia 4, o ex-ditador Ali Abdullah Saleh, de 75 anos, na capital do Iêmen, Sanaa, após um ataque ao complexo de casas que ele vivia com a família. O assassinato deve tornar ainda mais volátil o já tumultuado cenário da guerra no Iêmen e aumentar a tensão entre os dois arquirrivais regionais, Irã e Arábia Saudita, que apoiam lados opostos no conflito.

Rebeldes do Iêmen dizem ter lançado novo ataque com míssil contra Arábia Saudita

A morte de Saleh parece ser mais um capítulo na rivalidade crescente entre Arábia Saudita e Irã. O conflito no Iêmen é mais um palco da guerra indireta entre as duas potências do Oriente Médio que disputam a hegemonia regional. 

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Imagem divulgada pelos rebeldes houthis mostra o que seria o corpo do ex-presidente Ali Abdullah Saleh Foto: AFP PHOTO / HO / HUTHI REBELS

A ferrenha rivalidade entre Riad e Teerã aumentou nos últimos anos. A expansão do regime dos aiatolás no Irã levou a Arábia Saudita a usar seu poder para impedir o domínio regional do rival. Por décadas, essa rivalidade inflamou a violência em regiões já atormentadas pela guerra e criou novas zonas de conflito no Oriente Médio. 

Desde a ascensão de Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro do trono saudita, com sua ambição de tornar a Arábia Saudita a potência hegemônica no Oriente Médio, Riad intensificou o patrocínio a Estados sunitas com populações xiitas, caso do Bahrein e do Iêmen, e apoiou milícias sunitas que lutam contra regimes apoiados pelo Irã, como no caso da Síria. 

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Irã e Coreia armaram rebeldes xiitas do Iêmen

No Iêmen, o Irã apoia com armas e treinamento os houthis. Nos últimos meses, os rebeldes já dispararam dois mísseis balísticos contra a Arábia Saudita – ambos foram interceptados pelo sistema antimíssil saudita. Já a Arábia Saudita apoia os sunitas do Iêmen e usa seu poderio militar e aéreo para bombardear e atacar territórios dominados pelos xiitas. 

Rebeldes houthis patrulham a capital Sanaa, onde desde a semana passada o grupo enfrenta combatentes leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh Foto: REUTERS/Khaled Abdullah
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DITADOR. O Ministério do Interior iemenita, que é controlado pelos rebeldes houthis, e outros líderes políticos locais confirmaram nesta segunda-feira, dia 4, a morte do ex-ditador. Um vídeo na internet mostra o corpo de Saleh, sangrando, envolto em um cobertor, cercado por milicianos. 

Saleh era uma das principais figuras políticas do Iêmen e sua morte reduz ainda mais as esperanças de uma resolução do conflito no curto prazo. Conhecido por sua perspicácia política, Saleh governou o Iêmen por quase 30 anos graças a sua habilidade em costurar alianças com os diversos líderes tribais que dominam o país. Ele costumava se vangloriar de ser capaz de “dançar nas cabeças das serpentes”.

Saleh mudou de lado algumas vezes nos últimos dois anos, conquistando a antipatia das principais facções que disputam o poder no Iêmen. Como presidente, Saleh tinha sido um aliado íntimo da Arábia Saudita e dos EUA, que o consideravam um parceiro na luta contra a Al-Qaeda e um baluarte contra a influência do Irã e de seus aliados, os houthis.

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Depois de ele deixar o cargo, em 2012, forçado pelos países do Golfo a renunciar depois dos protestos que tomaram conta do Iêmen na esteira da Primavera Árabe, Saleh forjou uma aliança com os houthis para tentar voltar a ter relevância política. 

+ Herdeiro saudita acelera processo para ocupar trono

Em 2015, forças leais a Saleh ajudaram os rebeldes a conquistar o controle da capital e de grande parte do país. Em retaliação, a Arábia Saudita, apoiada pelos Emirados Árabes Unidos e com a ajuda de Washington, lançou uma campanha aérea e um bloqueio contra o grupo rebelde. Pelo menos 10 mil pessoas foram mortas, a maioria civis. 

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No sábado, Saleh trocou de lado mais uma vez. Em um discurso televisivo, culpou a “idiotice” dos xiitas houthis pelos anos de guerra no Iêmen. Ele disse que estava pronto para escrever uma “nova página” em seu relacionamento com a coalizão saudita se suas forças deixassem de atacar o Iêmen.

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O Unicef alertou que mais de 11 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente no Iêmen. O país enfrenta a guerra e a fome.

O coordenador da ONU no Iêmen, Jamie McGoldrick, pediu na segunda-feira, dia 4, um cessar-fogo humanitário de um dia no Iêmen para que mulheres e crianças possam buscar comida e água. “Milhares de iemenitas estão trancados em casa para se proteger dos tiroteios, é muito triste, pois não há o que fazer”, afirmou McGoldrick. / AFP, REUTERS e NYT

SANAA - Os rebeldes iemenitas houthis mataram nesta segunda-fira, dia 4, o ex-ditador Ali Abdullah Saleh, de 75 anos, na capital do Iêmen, Sanaa, após um ataque ao complexo de casas que ele vivia com a família. O assassinato deve tornar ainda mais volátil o já tumultuado cenário da guerra no Iêmen e aumentar a tensão entre os dois arquirrivais regionais, Irã e Arábia Saudita, que apoiam lados opostos no conflito.

Rebeldes do Iêmen dizem ter lançado novo ataque com míssil contra Arábia Saudita

A morte de Saleh parece ser mais um capítulo na rivalidade crescente entre Arábia Saudita e Irã. O conflito no Iêmen é mais um palco da guerra indireta entre as duas potências do Oriente Médio que disputam a hegemonia regional. 

Imagem divulgada pelos rebeldes houthis mostra o que seria o corpo do ex-presidente Ali Abdullah Saleh Foto: AFP PHOTO / HO / HUTHI REBELS

A ferrenha rivalidade entre Riad e Teerã aumentou nos últimos anos. A expansão do regime dos aiatolás no Irã levou a Arábia Saudita a usar seu poder para impedir o domínio regional do rival. Por décadas, essa rivalidade inflamou a violência em regiões já atormentadas pela guerra e criou novas zonas de conflito no Oriente Médio. 

Desde a ascensão de Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro do trono saudita, com sua ambição de tornar a Arábia Saudita a potência hegemônica no Oriente Médio, Riad intensificou o patrocínio a Estados sunitas com populações xiitas, caso do Bahrein e do Iêmen, e apoiou milícias sunitas que lutam contra regimes apoiados pelo Irã, como no caso da Síria. 

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No Iêmen, o Irã apoia com armas e treinamento os houthis. Nos últimos meses, os rebeldes já dispararam dois mísseis balísticos contra a Arábia Saudita – ambos foram interceptados pelo sistema antimíssil saudita. Já a Arábia Saudita apoia os sunitas do Iêmen e usa seu poderio militar e aéreo para bombardear e atacar territórios dominados pelos xiitas. 

Rebeldes houthis patrulham a capital Sanaa, onde desde a semana passada o grupo enfrenta combatentes leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh Foto: REUTERS/Khaled Abdullah

DITADOR. O Ministério do Interior iemenita, que é controlado pelos rebeldes houthis, e outros líderes políticos locais confirmaram nesta segunda-feira, dia 4, a morte do ex-ditador. Um vídeo na internet mostra o corpo de Saleh, sangrando, envolto em um cobertor, cercado por milicianos. 

Saleh era uma das principais figuras políticas do Iêmen e sua morte reduz ainda mais as esperanças de uma resolução do conflito no curto prazo. Conhecido por sua perspicácia política, Saleh governou o Iêmen por quase 30 anos graças a sua habilidade em costurar alianças com os diversos líderes tribais que dominam o país. Ele costumava se vangloriar de ser capaz de “dançar nas cabeças das serpentes”.

Saleh mudou de lado algumas vezes nos últimos dois anos, conquistando a antipatia das principais facções que disputam o poder no Iêmen. Como presidente, Saleh tinha sido um aliado íntimo da Arábia Saudita e dos EUA, que o consideravam um parceiro na luta contra a Al-Qaeda e um baluarte contra a influência do Irã e de seus aliados, os houthis.

Depois de ele deixar o cargo, em 2012, forçado pelos países do Golfo a renunciar depois dos protestos que tomaram conta do Iêmen na esteira da Primavera Árabe, Saleh forjou uma aliança com os houthis para tentar voltar a ter relevância política. 

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Em 2015, forças leais a Saleh ajudaram os rebeldes a conquistar o controle da capital e de grande parte do país. Em retaliação, a Arábia Saudita, apoiada pelos Emirados Árabes Unidos e com a ajuda de Washington, lançou uma campanha aérea e um bloqueio contra o grupo rebelde. Pelo menos 10 mil pessoas foram mortas, a maioria civis. 

No sábado, Saleh trocou de lado mais uma vez. Em um discurso televisivo, culpou a “idiotice” dos xiitas houthis pelos anos de guerra no Iêmen. Ele disse que estava pronto para escrever uma “nova página” em seu relacionamento com a coalizão saudita se suas forças deixassem de atacar o Iêmen.

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O Unicef alertou que mais de 11 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente no Iêmen. O país enfrenta a guerra e a fome.

O coordenador da ONU no Iêmen, Jamie McGoldrick, pediu na segunda-feira, dia 4, um cessar-fogo humanitário de um dia no Iêmen para que mulheres e crianças possam buscar comida e água. “Milhares de iemenitas estão trancados em casa para se proteger dos tiroteios, é muito triste, pois não há o que fazer”, afirmou McGoldrick. / AFP, REUTERS e NYT

SANAA - Os rebeldes iemenitas houthis mataram nesta segunda-fira, dia 4, o ex-ditador Ali Abdullah Saleh, de 75 anos, na capital do Iêmen, Sanaa, após um ataque ao complexo de casas que ele vivia com a família. O assassinato deve tornar ainda mais volátil o já tumultuado cenário da guerra no Iêmen e aumentar a tensão entre os dois arquirrivais regionais, Irã e Arábia Saudita, que apoiam lados opostos no conflito.

Rebeldes do Iêmen dizem ter lançado novo ataque com míssil contra Arábia Saudita

A morte de Saleh parece ser mais um capítulo na rivalidade crescente entre Arábia Saudita e Irã. O conflito no Iêmen é mais um palco da guerra indireta entre as duas potências do Oriente Médio que disputam a hegemonia regional. 

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A ferrenha rivalidade entre Riad e Teerã aumentou nos últimos anos. A expansão do regime dos aiatolás no Irã levou a Arábia Saudita a usar seu poder para impedir o domínio regional do rival. Por décadas, essa rivalidade inflamou a violência em regiões já atormentadas pela guerra e criou novas zonas de conflito no Oriente Médio. 

Desde a ascensão de Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro do trono saudita, com sua ambição de tornar a Arábia Saudita a potência hegemônica no Oriente Médio, Riad intensificou o patrocínio a Estados sunitas com populações xiitas, caso do Bahrein e do Iêmen, e apoiou milícias sunitas que lutam contra regimes apoiados pelo Irã, como no caso da Síria. 

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No Iêmen, o Irã apoia com armas e treinamento os houthis. Nos últimos meses, os rebeldes já dispararam dois mísseis balísticos contra a Arábia Saudita – ambos foram interceptados pelo sistema antimíssil saudita. Já a Arábia Saudita apoia os sunitas do Iêmen e usa seu poderio militar e aéreo para bombardear e atacar territórios dominados pelos xiitas. 

Rebeldes houthis patrulham a capital Sanaa, onde desde a semana passada o grupo enfrenta combatentes leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh Foto: REUTERS/Khaled Abdullah

DITADOR. O Ministério do Interior iemenita, que é controlado pelos rebeldes houthis, e outros líderes políticos locais confirmaram nesta segunda-feira, dia 4, a morte do ex-ditador. Um vídeo na internet mostra o corpo de Saleh, sangrando, envolto em um cobertor, cercado por milicianos. 

Saleh era uma das principais figuras políticas do Iêmen e sua morte reduz ainda mais as esperanças de uma resolução do conflito no curto prazo. Conhecido por sua perspicácia política, Saleh governou o Iêmen por quase 30 anos graças a sua habilidade em costurar alianças com os diversos líderes tribais que dominam o país. Ele costumava se vangloriar de ser capaz de “dançar nas cabeças das serpentes”.

Saleh mudou de lado algumas vezes nos últimos dois anos, conquistando a antipatia das principais facções que disputam o poder no Iêmen. Como presidente, Saleh tinha sido um aliado íntimo da Arábia Saudita e dos EUA, que o consideravam um parceiro na luta contra a Al-Qaeda e um baluarte contra a influência do Irã e de seus aliados, os houthis.

Depois de ele deixar o cargo, em 2012, forçado pelos países do Golfo a renunciar depois dos protestos que tomaram conta do Iêmen na esteira da Primavera Árabe, Saleh forjou uma aliança com os houthis para tentar voltar a ter relevância política. 

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Em 2015, forças leais a Saleh ajudaram os rebeldes a conquistar o controle da capital e de grande parte do país. Em retaliação, a Arábia Saudita, apoiada pelos Emirados Árabes Unidos e com a ajuda de Washington, lançou uma campanha aérea e um bloqueio contra o grupo rebelde. Pelo menos 10 mil pessoas foram mortas, a maioria civis. 

No sábado, Saleh trocou de lado mais uma vez. Em um discurso televisivo, culpou a “idiotice” dos xiitas houthis pelos anos de guerra no Iêmen. Ele disse que estava pronto para escrever uma “nova página” em seu relacionamento com a coalizão saudita se suas forças deixassem de atacar o Iêmen.

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O Unicef alertou que mais de 11 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente no Iêmen. O país enfrenta a guerra e a fome.

O coordenador da ONU no Iêmen, Jamie McGoldrick, pediu na segunda-feira, dia 4, um cessar-fogo humanitário de um dia no Iêmen para que mulheres e crianças possam buscar comida e água. “Milhares de iemenitas estão trancados em casa para se proteger dos tiroteios, é muito triste, pois não há o que fazer”, afirmou McGoldrick. / AFP, REUTERS e NYT

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