Quatro regiões ocupadas por tropas de Putin na Ucrânia farão referendos para se juntarem à Rússia


Quatro regiões controladas por Moscou planejam fazer referendos de anexação ainda nesta semana em meio ao avanço ucraniano no nordeste e sul

Por Redação
Atualização:

KIEV - Em meio a uma contraofensiva bem sucedida da Ucrânia que já retomou territórios importantes das tropas russas, quatro regiões controladas por Moscou no leste e no sul anunciaram nesta terça-feira, 20, sua intenção de realizar referendos de anexação à Rússia. As duas regiões separatistas do Donbas, Donetsk e Luhansk, junto com Kherson e Zaporizhzia pretendem conduzir as votações ainda nesta semana em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas. Espera-se que o Kremlin divulgue um discurso pré-gravado do presidente russo, Vladimir Putin, na manhã desta quarta-feira, 21.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território, tornando uma agressão ucraniana - especialmente utilizando armas doadas pelo Ocidente - muito mais grave e propícia a retaliações. Os esforços podem preparar o terreno para Moscou intensificar a guerra contra as forças ucranianas que lutam com sucesso para recuperar essas áreas, principalmente em Luhansk.

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Os anúncios de referendos ocorrem depois que um aliado próximo do presidente russo disse que o votação era necessária, já que Moscou perde terreno na guerra que começou há quase sete meses. O ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse que dobrar as regiões para dentro da própria Rússia tornaria as fronteiras redesenhadas irreversíveis e permitiria a Moscou usar qualquer meio para defendê-las.

Veículos passam por placas de publicidade, incluindo painéis exibindo slogans pró-Rússia, em uma rua durante o conflito Rússia-Ucrânia em Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

“Invadir o território russo é um crime que permite que você use todas as forças de autodefesa. É por isso que esses referendos são tão temidos em Kiev e no Ocidente”, disse Medvedev em um post no Telegram, onde acrescentou que tal ato não poderia ser revertido constitucionalmente por futuros líderes da Rússia.

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Em anúncios anteriores de referendos em regiões como Melitopol, o Ocidente e a Ucrânia afirmaram que não reconheceriam a anexação. Mas é improvável que os países ocidentais permitam o uso de seus equipamentos militares para atacar uma região que a Rússia considera sua. Uma das condições para que os aliados da Otan enviassem armamentos pesados para Kiev era o de não utilizar contra territórios russos - já que Moscou poderia considerar isso um ato de agressão da Otan e envolver os países na guerra.

“Os referendo mudariam completamente o vetor de desenvolvimento da Rússia por décadas. E não apenas do nosso país. A transformação geopolítica do mundo seria irreversível uma vez que os novos territórios fossem incorporados à Rússia”, escreveu o ex-presidente e atual vice presidente do Conselho de Segurança russo.

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Representantes russos das quatro regiões anunciaram os planos para realizar os referendos ao longo de quatro dias a partir desta sexta-feira, 23.

Pressa

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Os apelos das autoridades das repúblicas populares de Luhansk e Donetsk vieram no momento em que as forças ucranianas continuam a ampliar seus ganhos nos últimos dias, já tendo expulsado as tropas russas da maior parte da região nordeste de Kharkiv.

O acesso à linha de frente por jornalistas é restrito. Mas houve relatos de que tropas ucranianas invadiram a cidade de Lisichansk, na região de Luhansk, e também de combates ao redor da cidade de Sloviansk, na região de Donetsk - indicações de que a Rússia estava em risco iminente de perder território que já havia controlado anteriormente no leste.

As duas regiões do Donbas, controladas por forças separatistas pró-Rússia desde 2014, foram utilizadas por Putin como justificativa para invadir a Ucrânia em fevereiro, com objetivo de “desnazificar” e proteger o povo de língua russa na região. Antes de lançar sua invasão, o presidente Vladimir Putin reconheceu formalmente a independência das duas áreas.

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Uma foto tirada durante uma visita a Berdiansk organizada pelos militares russos mostra moradores na fila para registro de cidadania russa e solicitação de passaporte, perto de uma faixa com os dizeres 'Somos um só povo', em Berdiansk, região de Zaporizhzhia Foto: Yuri KOochetkov/EPA/EFE

Em um comunicado publicado no site da “câmara pública” da República Popular de Luhansk, a vice-chefe da câmara, Lina Vokalova, pediu um referendo público para aprovar a anexação e disse que a votação “cumpriria nosso sonho de voltar para casa – para o Federação Russa.”

Uma mensagem semelhante veio das autoridades pró-Kremlin em Donetsk. “É hora de apagar a fronteira inexistente entre nossos países, como há muito foi apagada em nossos corações, e realizar um referendo sobre a questão da RPD se tornar parte da Rússia”, disse o chefe da câmara pública de Donetsk, Aleksander Kofman.

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Em Moscou, alguns propagandistas pró-guerra que vêm pressionando para que a Rússia revide com mais força na Ucrânia aplaudiram os pedidos de anexação.

“Hoje um referendo, amanhã – reconhecimento como parte da Federação Russa”, escreveu Margarita Simonian, editora-chefe da rede de televisão RT. “Depois de amanhã – os ataques no território da Rússia se tornam uma guerra completa entre a Ucrânia e a Otan com a Rússia, desatando as mãos da Rússia em todos os aspectos.”

Um homem caminha pelas ruínas de um prédio destruído por bombardeios recentes durante o conflito Rússia-Ucrânia na cidade de Kadiivka (Stakhanov) na região de Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

O presidente da Duma (Câmara baixa da Rússia), Viacheslav Volodin, endossou os planos de referendos, dizendo durante uma sessão que “se durante uma votação direta eles disserem que querem se tornar parte da Rússia, nós os apoiaremos.”

Autoridades apoiadas pelo Kremlin em todos os territórios ocupados anunciaram repetidamente planos para referendos, apenas para vê-los não se concretizarem, pois foram recebidos com pouco apoio público e os combates tornaram impossível realizar uma votação. Forças especiais ucranianas que trabalham com guerrilheiros locais têm como alvo representantes responsáveis pela realização de planos de referendo.

‘Pânico russo’

O agendamento das votações desta semana ocorreu depois que as forças ucranianas derrotaram os russos do nordeste nas últimas semanas e estão na ofensiva no leste e no sul. A Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados, está lutando para recrutar novos soldados e enfrenta uma reação crescente, mesmo de alguns aliados, por sua invasão prolongada.

A Ucrânia disse que as medidas sinalizam o desespero da Rússia, e os aliados de Kiev disseram que tais votações seriam ilegais. Os Estados Unidos alertaram em julho que a Rússia estava tomando medidas para anexar partes ocupadas da Ucrânia “em violação direta da soberania da Ucrânia”.

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Exército russo anunciou que enviou reforços à região ucraniana de Kharkiv, em resposta a um aparentemente bem-sucedido avanço das forças de Kiev na fronteira

Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia, disse que falar sobre anexação era pouco mais do que um “sedativo” para o público russo, enquanto Moscou tentava entender suas perdas no campo de batalha. Qualquer chamado referendo, acrescentou ele, não impediria “Himars e as forças armadas de destruir ocupantes em nossa terra”, referindo-se a um sistema de mísseis fornecido pelos americanos que ajudou os ucranianos a atacar as forças russas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, rejeitou os planos de “referendos falsos” e disse: “A Rússia tem sido e continua sendo um agressor que ocupa ilegalmente partes de terras ucranianas. A Ucrânia tem todo o direito de libertar seus territórios e continuará liberando-os, independentemente do que a Rússia tenha a dizer.”

O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank com sede em Washington, disse que o pedido dos líderes russos para que Moscou anexasse os territórios refletia pânico. A tentativa de anexar áreas onde as forças russas estão lutando para impedir as ofensivas ucranianas pode forçar o Kremlin a exigir que a Ucrânia deixe o chamado território russo – e colocar Moscou na “posição humilhante de ser incapaz de cumprir essa exigência”, disse o grupo.

Em 2014, forças russas invadiram a Crimeia e Putin a anexou depois que autoridades recém-instaladas organizaram às pressas um referendo de secessão que teria garantido o apoio de 97% dos eleitores, gerando acusações internacionais de fraude./AP, NYT e W.POST

KIEV - Em meio a uma contraofensiva bem sucedida da Ucrânia que já retomou territórios importantes das tropas russas, quatro regiões controladas por Moscou no leste e no sul anunciaram nesta terça-feira, 20, sua intenção de realizar referendos de anexação à Rússia. As duas regiões separatistas do Donbas, Donetsk e Luhansk, junto com Kherson e Zaporizhzia pretendem conduzir as votações ainda nesta semana em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas. Espera-se que o Kremlin divulgue um discurso pré-gravado do presidente russo, Vladimir Putin, na manhã desta quarta-feira, 21.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território, tornando uma agressão ucraniana - especialmente utilizando armas doadas pelo Ocidente - muito mais grave e propícia a retaliações. Os esforços podem preparar o terreno para Moscou intensificar a guerra contra as forças ucranianas que lutam com sucesso para recuperar essas áreas, principalmente em Luhansk.

Os anúncios de referendos ocorrem depois que um aliado próximo do presidente russo disse que o votação era necessária, já que Moscou perde terreno na guerra que começou há quase sete meses. O ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse que dobrar as regiões para dentro da própria Rússia tornaria as fronteiras redesenhadas irreversíveis e permitiria a Moscou usar qualquer meio para defendê-las.

Veículos passam por placas de publicidade, incluindo painéis exibindo slogans pró-Rússia, em uma rua durante o conflito Rússia-Ucrânia em Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

“Invadir o território russo é um crime que permite que você use todas as forças de autodefesa. É por isso que esses referendos são tão temidos em Kiev e no Ocidente”, disse Medvedev em um post no Telegram, onde acrescentou que tal ato não poderia ser revertido constitucionalmente por futuros líderes da Rússia.

Em anúncios anteriores de referendos em regiões como Melitopol, o Ocidente e a Ucrânia afirmaram que não reconheceriam a anexação. Mas é improvável que os países ocidentais permitam o uso de seus equipamentos militares para atacar uma região que a Rússia considera sua. Uma das condições para que os aliados da Otan enviassem armamentos pesados para Kiev era o de não utilizar contra territórios russos - já que Moscou poderia considerar isso um ato de agressão da Otan e envolver os países na guerra.

“Os referendo mudariam completamente o vetor de desenvolvimento da Rússia por décadas. E não apenas do nosso país. A transformação geopolítica do mundo seria irreversível uma vez que os novos territórios fossem incorporados à Rússia”, escreveu o ex-presidente e atual vice presidente do Conselho de Segurança russo.

Representantes russos das quatro regiões anunciaram os planos para realizar os referendos ao longo de quatro dias a partir desta sexta-feira, 23.

Pressa

Os apelos das autoridades das repúblicas populares de Luhansk e Donetsk vieram no momento em que as forças ucranianas continuam a ampliar seus ganhos nos últimos dias, já tendo expulsado as tropas russas da maior parte da região nordeste de Kharkiv.

O acesso à linha de frente por jornalistas é restrito. Mas houve relatos de que tropas ucranianas invadiram a cidade de Lisichansk, na região de Luhansk, e também de combates ao redor da cidade de Sloviansk, na região de Donetsk - indicações de que a Rússia estava em risco iminente de perder território que já havia controlado anteriormente no leste.

As duas regiões do Donbas, controladas por forças separatistas pró-Rússia desde 2014, foram utilizadas por Putin como justificativa para invadir a Ucrânia em fevereiro, com objetivo de “desnazificar” e proteger o povo de língua russa na região. Antes de lançar sua invasão, o presidente Vladimir Putin reconheceu formalmente a independência das duas áreas.

Uma foto tirada durante uma visita a Berdiansk organizada pelos militares russos mostra moradores na fila para registro de cidadania russa e solicitação de passaporte, perto de uma faixa com os dizeres 'Somos um só povo', em Berdiansk, região de Zaporizhzhia Foto: Yuri KOochetkov/EPA/EFE

Em um comunicado publicado no site da “câmara pública” da República Popular de Luhansk, a vice-chefe da câmara, Lina Vokalova, pediu um referendo público para aprovar a anexação e disse que a votação “cumpriria nosso sonho de voltar para casa – para o Federação Russa.”

Uma mensagem semelhante veio das autoridades pró-Kremlin em Donetsk. “É hora de apagar a fronteira inexistente entre nossos países, como há muito foi apagada em nossos corações, e realizar um referendo sobre a questão da RPD se tornar parte da Rússia”, disse o chefe da câmara pública de Donetsk, Aleksander Kofman.

Em Moscou, alguns propagandistas pró-guerra que vêm pressionando para que a Rússia revide com mais força na Ucrânia aplaudiram os pedidos de anexação.

“Hoje um referendo, amanhã – reconhecimento como parte da Federação Russa”, escreveu Margarita Simonian, editora-chefe da rede de televisão RT. “Depois de amanhã – os ataques no território da Rússia se tornam uma guerra completa entre a Ucrânia e a Otan com a Rússia, desatando as mãos da Rússia em todos os aspectos.”

Um homem caminha pelas ruínas de um prédio destruído por bombardeios recentes durante o conflito Rússia-Ucrânia na cidade de Kadiivka (Stakhanov) na região de Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

O presidente da Duma (Câmara baixa da Rússia), Viacheslav Volodin, endossou os planos de referendos, dizendo durante uma sessão que “se durante uma votação direta eles disserem que querem se tornar parte da Rússia, nós os apoiaremos.”

Autoridades apoiadas pelo Kremlin em todos os territórios ocupados anunciaram repetidamente planos para referendos, apenas para vê-los não se concretizarem, pois foram recebidos com pouco apoio público e os combates tornaram impossível realizar uma votação. Forças especiais ucranianas que trabalham com guerrilheiros locais têm como alvo representantes responsáveis pela realização de planos de referendo.

‘Pânico russo’

O agendamento das votações desta semana ocorreu depois que as forças ucranianas derrotaram os russos do nordeste nas últimas semanas e estão na ofensiva no leste e no sul. A Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados, está lutando para recrutar novos soldados e enfrenta uma reação crescente, mesmo de alguns aliados, por sua invasão prolongada.

A Ucrânia disse que as medidas sinalizam o desespero da Rússia, e os aliados de Kiev disseram que tais votações seriam ilegais. Os Estados Unidos alertaram em julho que a Rússia estava tomando medidas para anexar partes ocupadas da Ucrânia “em violação direta da soberania da Ucrânia”.

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Exército russo anunciou que enviou reforços à região ucraniana de Kharkiv, em resposta a um aparentemente bem-sucedido avanço das forças de Kiev na fronteira

Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia, disse que falar sobre anexação era pouco mais do que um “sedativo” para o público russo, enquanto Moscou tentava entender suas perdas no campo de batalha. Qualquer chamado referendo, acrescentou ele, não impediria “Himars e as forças armadas de destruir ocupantes em nossa terra”, referindo-se a um sistema de mísseis fornecido pelos americanos que ajudou os ucranianos a atacar as forças russas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, rejeitou os planos de “referendos falsos” e disse: “A Rússia tem sido e continua sendo um agressor que ocupa ilegalmente partes de terras ucranianas. A Ucrânia tem todo o direito de libertar seus territórios e continuará liberando-os, independentemente do que a Rússia tenha a dizer.”

O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank com sede em Washington, disse que o pedido dos líderes russos para que Moscou anexasse os territórios refletia pânico. A tentativa de anexar áreas onde as forças russas estão lutando para impedir as ofensivas ucranianas pode forçar o Kremlin a exigir que a Ucrânia deixe o chamado território russo – e colocar Moscou na “posição humilhante de ser incapaz de cumprir essa exigência”, disse o grupo.

Em 2014, forças russas invadiram a Crimeia e Putin a anexou depois que autoridades recém-instaladas organizaram às pressas um referendo de secessão que teria garantido o apoio de 97% dos eleitores, gerando acusações internacionais de fraude./AP, NYT e W.POST

KIEV - Em meio a uma contraofensiva bem sucedida da Ucrânia que já retomou territórios importantes das tropas russas, quatro regiões controladas por Moscou no leste e no sul anunciaram nesta terça-feira, 20, sua intenção de realizar referendos de anexação à Rússia. As duas regiões separatistas do Donbas, Donetsk e Luhansk, junto com Kherson e Zaporizhzia pretendem conduzir as votações ainda nesta semana em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas. Espera-se que o Kremlin divulgue um discurso pré-gravado do presidente russo, Vladimir Putin, na manhã desta quarta-feira, 21.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território, tornando uma agressão ucraniana - especialmente utilizando armas doadas pelo Ocidente - muito mais grave e propícia a retaliações. Os esforços podem preparar o terreno para Moscou intensificar a guerra contra as forças ucranianas que lutam com sucesso para recuperar essas áreas, principalmente em Luhansk.

Os anúncios de referendos ocorrem depois que um aliado próximo do presidente russo disse que o votação era necessária, já que Moscou perde terreno na guerra que começou há quase sete meses. O ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse que dobrar as regiões para dentro da própria Rússia tornaria as fronteiras redesenhadas irreversíveis e permitiria a Moscou usar qualquer meio para defendê-las.

Veículos passam por placas de publicidade, incluindo painéis exibindo slogans pró-Rússia, em uma rua durante o conflito Rússia-Ucrânia em Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

“Invadir o território russo é um crime que permite que você use todas as forças de autodefesa. É por isso que esses referendos são tão temidos em Kiev e no Ocidente”, disse Medvedev em um post no Telegram, onde acrescentou que tal ato não poderia ser revertido constitucionalmente por futuros líderes da Rússia.

Em anúncios anteriores de referendos em regiões como Melitopol, o Ocidente e a Ucrânia afirmaram que não reconheceriam a anexação. Mas é improvável que os países ocidentais permitam o uso de seus equipamentos militares para atacar uma região que a Rússia considera sua. Uma das condições para que os aliados da Otan enviassem armamentos pesados para Kiev era o de não utilizar contra territórios russos - já que Moscou poderia considerar isso um ato de agressão da Otan e envolver os países na guerra.

“Os referendo mudariam completamente o vetor de desenvolvimento da Rússia por décadas. E não apenas do nosso país. A transformação geopolítica do mundo seria irreversível uma vez que os novos territórios fossem incorporados à Rússia”, escreveu o ex-presidente e atual vice presidente do Conselho de Segurança russo.

Representantes russos das quatro regiões anunciaram os planos para realizar os referendos ao longo de quatro dias a partir desta sexta-feira, 23.

Pressa

Os apelos das autoridades das repúblicas populares de Luhansk e Donetsk vieram no momento em que as forças ucranianas continuam a ampliar seus ganhos nos últimos dias, já tendo expulsado as tropas russas da maior parte da região nordeste de Kharkiv.

O acesso à linha de frente por jornalistas é restrito. Mas houve relatos de que tropas ucranianas invadiram a cidade de Lisichansk, na região de Luhansk, e também de combates ao redor da cidade de Sloviansk, na região de Donetsk - indicações de que a Rússia estava em risco iminente de perder território que já havia controlado anteriormente no leste.

As duas regiões do Donbas, controladas por forças separatistas pró-Rússia desde 2014, foram utilizadas por Putin como justificativa para invadir a Ucrânia em fevereiro, com objetivo de “desnazificar” e proteger o povo de língua russa na região. Antes de lançar sua invasão, o presidente Vladimir Putin reconheceu formalmente a independência das duas áreas.

Uma foto tirada durante uma visita a Berdiansk organizada pelos militares russos mostra moradores na fila para registro de cidadania russa e solicitação de passaporte, perto de uma faixa com os dizeres 'Somos um só povo', em Berdiansk, região de Zaporizhzhia Foto: Yuri KOochetkov/EPA/EFE

Em um comunicado publicado no site da “câmara pública” da República Popular de Luhansk, a vice-chefe da câmara, Lina Vokalova, pediu um referendo público para aprovar a anexação e disse que a votação “cumpriria nosso sonho de voltar para casa – para o Federação Russa.”

Uma mensagem semelhante veio das autoridades pró-Kremlin em Donetsk. “É hora de apagar a fronteira inexistente entre nossos países, como há muito foi apagada em nossos corações, e realizar um referendo sobre a questão da RPD se tornar parte da Rússia”, disse o chefe da câmara pública de Donetsk, Aleksander Kofman.

Em Moscou, alguns propagandistas pró-guerra que vêm pressionando para que a Rússia revide com mais força na Ucrânia aplaudiram os pedidos de anexação.

“Hoje um referendo, amanhã – reconhecimento como parte da Federação Russa”, escreveu Margarita Simonian, editora-chefe da rede de televisão RT. “Depois de amanhã – os ataques no território da Rússia se tornam uma guerra completa entre a Ucrânia e a Otan com a Rússia, desatando as mãos da Rússia em todos os aspectos.”

Um homem caminha pelas ruínas de um prédio destruído por bombardeios recentes durante o conflito Rússia-Ucrânia na cidade de Kadiivka (Stakhanov) na região de Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

O presidente da Duma (Câmara baixa da Rússia), Viacheslav Volodin, endossou os planos de referendos, dizendo durante uma sessão que “se durante uma votação direta eles disserem que querem se tornar parte da Rússia, nós os apoiaremos.”

Autoridades apoiadas pelo Kremlin em todos os territórios ocupados anunciaram repetidamente planos para referendos, apenas para vê-los não se concretizarem, pois foram recebidos com pouco apoio público e os combates tornaram impossível realizar uma votação. Forças especiais ucranianas que trabalham com guerrilheiros locais têm como alvo representantes responsáveis pela realização de planos de referendo.

‘Pânico russo’

O agendamento das votações desta semana ocorreu depois que as forças ucranianas derrotaram os russos do nordeste nas últimas semanas e estão na ofensiva no leste e no sul. A Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados, está lutando para recrutar novos soldados e enfrenta uma reação crescente, mesmo de alguns aliados, por sua invasão prolongada.

A Ucrânia disse que as medidas sinalizam o desespero da Rússia, e os aliados de Kiev disseram que tais votações seriam ilegais. Os Estados Unidos alertaram em julho que a Rússia estava tomando medidas para anexar partes ocupadas da Ucrânia “em violação direta da soberania da Ucrânia”.

Seu navegador não suporta esse video.

Exército russo anunciou que enviou reforços à região ucraniana de Kharkiv, em resposta a um aparentemente bem-sucedido avanço das forças de Kiev na fronteira

Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia, disse que falar sobre anexação era pouco mais do que um “sedativo” para o público russo, enquanto Moscou tentava entender suas perdas no campo de batalha. Qualquer chamado referendo, acrescentou ele, não impediria “Himars e as forças armadas de destruir ocupantes em nossa terra”, referindo-se a um sistema de mísseis fornecido pelos americanos que ajudou os ucranianos a atacar as forças russas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, rejeitou os planos de “referendos falsos” e disse: “A Rússia tem sido e continua sendo um agressor que ocupa ilegalmente partes de terras ucranianas. A Ucrânia tem todo o direito de libertar seus territórios e continuará liberando-os, independentemente do que a Rússia tenha a dizer.”

O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank com sede em Washington, disse que o pedido dos líderes russos para que Moscou anexasse os territórios refletia pânico. A tentativa de anexar áreas onde as forças russas estão lutando para impedir as ofensivas ucranianas pode forçar o Kremlin a exigir que a Ucrânia deixe o chamado território russo – e colocar Moscou na “posição humilhante de ser incapaz de cumprir essa exigência”, disse o grupo.

Em 2014, forças russas invadiram a Crimeia e Putin a anexou depois que autoridades recém-instaladas organizaram às pressas um referendo de secessão que teria garantido o apoio de 97% dos eleitores, gerando acusações internacionais de fraude./AP, NYT e W.POST

KIEV - Em meio a uma contraofensiva bem sucedida da Ucrânia que já retomou territórios importantes das tropas russas, quatro regiões controladas por Moscou no leste e no sul anunciaram nesta terça-feira, 20, sua intenção de realizar referendos de anexação à Rússia. As duas regiões separatistas do Donbas, Donetsk e Luhansk, junto com Kherson e Zaporizhzia pretendem conduzir as votações ainda nesta semana em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas. Espera-se que o Kremlin divulgue um discurso pré-gravado do presidente russo, Vladimir Putin, na manhã desta quarta-feira, 21.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território, tornando uma agressão ucraniana - especialmente utilizando armas doadas pelo Ocidente - muito mais grave e propícia a retaliações. Os esforços podem preparar o terreno para Moscou intensificar a guerra contra as forças ucranianas que lutam com sucesso para recuperar essas áreas, principalmente em Luhansk.

Os anúncios de referendos ocorrem depois que um aliado próximo do presidente russo disse que o votação era necessária, já que Moscou perde terreno na guerra que começou há quase sete meses. O ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse que dobrar as regiões para dentro da própria Rússia tornaria as fronteiras redesenhadas irreversíveis e permitiria a Moscou usar qualquer meio para defendê-las.

Veículos passam por placas de publicidade, incluindo painéis exibindo slogans pró-Rússia, em uma rua durante o conflito Rússia-Ucrânia em Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

“Invadir o território russo é um crime que permite que você use todas as forças de autodefesa. É por isso que esses referendos são tão temidos em Kiev e no Ocidente”, disse Medvedev em um post no Telegram, onde acrescentou que tal ato não poderia ser revertido constitucionalmente por futuros líderes da Rússia.

Em anúncios anteriores de referendos em regiões como Melitopol, o Ocidente e a Ucrânia afirmaram que não reconheceriam a anexação. Mas é improvável que os países ocidentais permitam o uso de seus equipamentos militares para atacar uma região que a Rússia considera sua. Uma das condições para que os aliados da Otan enviassem armamentos pesados para Kiev era o de não utilizar contra territórios russos - já que Moscou poderia considerar isso um ato de agressão da Otan e envolver os países na guerra.

“Os referendo mudariam completamente o vetor de desenvolvimento da Rússia por décadas. E não apenas do nosso país. A transformação geopolítica do mundo seria irreversível uma vez que os novos territórios fossem incorporados à Rússia”, escreveu o ex-presidente e atual vice presidente do Conselho de Segurança russo.

Representantes russos das quatro regiões anunciaram os planos para realizar os referendos ao longo de quatro dias a partir desta sexta-feira, 23.

Pressa

Os apelos das autoridades das repúblicas populares de Luhansk e Donetsk vieram no momento em que as forças ucranianas continuam a ampliar seus ganhos nos últimos dias, já tendo expulsado as tropas russas da maior parte da região nordeste de Kharkiv.

O acesso à linha de frente por jornalistas é restrito. Mas houve relatos de que tropas ucranianas invadiram a cidade de Lisichansk, na região de Luhansk, e também de combates ao redor da cidade de Sloviansk, na região de Donetsk - indicações de que a Rússia estava em risco iminente de perder território que já havia controlado anteriormente no leste.

As duas regiões do Donbas, controladas por forças separatistas pró-Rússia desde 2014, foram utilizadas por Putin como justificativa para invadir a Ucrânia em fevereiro, com objetivo de “desnazificar” e proteger o povo de língua russa na região. Antes de lançar sua invasão, o presidente Vladimir Putin reconheceu formalmente a independência das duas áreas.

Uma foto tirada durante uma visita a Berdiansk organizada pelos militares russos mostra moradores na fila para registro de cidadania russa e solicitação de passaporte, perto de uma faixa com os dizeres 'Somos um só povo', em Berdiansk, região de Zaporizhzhia Foto: Yuri KOochetkov/EPA/EFE

Em um comunicado publicado no site da “câmara pública” da República Popular de Luhansk, a vice-chefe da câmara, Lina Vokalova, pediu um referendo público para aprovar a anexação e disse que a votação “cumpriria nosso sonho de voltar para casa – para o Federação Russa.”

Uma mensagem semelhante veio das autoridades pró-Kremlin em Donetsk. “É hora de apagar a fronteira inexistente entre nossos países, como há muito foi apagada em nossos corações, e realizar um referendo sobre a questão da RPD se tornar parte da Rússia”, disse o chefe da câmara pública de Donetsk, Aleksander Kofman.

Em Moscou, alguns propagandistas pró-guerra que vêm pressionando para que a Rússia revide com mais força na Ucrânia aplaudiram os pedidos de anexação.

“Hoje um referendo, amanhã – reconhecimento como parte da Federação Russa”, escreveu Margarita Simonian, editora-chefe da rede de televisão RT. “Depois de amanhã – os ataques no território da Rússia se tornam uma guerra completa entre a Ucrânia e a Otan com a Rússia, desatando as mãos da Rússia em todos os aspectos.”

Um homem caminha pelas ruínas de um prédio destruído por bombardeios recentes durante o conflito Rússia-Ucrânia na cidade de Kadiivka (Stakhanov) na região de Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

O presidente da Duma (Câmara baixa da Rússia), Viacheslav Volodin, endossou os planos de referendos, dizendo durante uma sessão que “se durante uma votação direta eles disserem que querem se tornar parte da Rússia, nós os apoiaremos.”

Autoridades apoiadas pelo Kremlin em todos os territórios ocupados anunciaram repetidamente planos para referendos, apenas para vê-los não se concretizarem, pois foram recebidos com pouco apoio público e os combates tornaram impossível realizar uma votação. Forças especiais ucranianas que trabalham com guerrilheiros locais têm como alvo representantes responsáveis pela realização de planos de referendo.

‘Pânico russo’

O agendamento das votações desta semana ocorreu depois que as forças ucranianas derrotaram os russos do nordeste nas últimas semanas e estão na ofensiva no leste e no sul. A Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados, está lutando para recrutar novos soldados e enfrenta uma reação crescente, mesmo de alguns aliados, por sua invasão prolongada.

A Ucrânia disse que as medidas sinalizam o desespero da Rússia, e os aliados de Kiev disseram que tais votações seriam ilegais. Os Estados Unidos alertaram em julho que a Rússia estava tomando medidas para anexar partes ocupadas da Ucrânia “em violação direta da soberania da Ucrânia”.

Seu navegador não suporta esse video.

Exército russo anunciou que enviou reforços à região ucraniana de Kharkiv, em resposta a um aparentemente bem-sucedido avanço das forças de Kiev na fronteira

Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia, disse que falar sobre anexação era pouco mais do que um “sedativo” para o público russo, enquanto Moscou tentava entender suas perdas no campo de batalha. Qualquer chamado referendo, acrescentou ele, não impediria “Himars e as forças armadas de destruir ocupantes em nossa terra”, referindo-se a um sistema de mísseis fornecido pelos americanos que ajudou os ucranianos a atacar as forças russas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, rejeitou os planos de “referendos falsos” e disse: “A Rússia tem sido e continua sendo um agressor que ocupa ilegalmente partes de terras ucranianas. A Ucrânia tem todo o direito de libertar seus territórios e continuará liberando-os, independentemente do que a Rússia tenha a dizer.”

O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank com sede em Washington, disse que o pedido dos líderes russos para que Moscou anexasse os territórios refletia pânico. A tentativa de anexar áreas onde as forças russas estão lutando para impedir as ofensivas ucranianas pode forçar o Kremlin a exigir que a Ucrânia deixe o chamado território russo – e colocar Moscou na “posição humilhante de ser incapaz de cumprir essa exigência”, disse o grupo.

Em 2014, forças russas invadiram a Crimeia e Putin a anexou depois que autoridades recém-instaladas organizaram às pressas um referendo de secessão que teria garantido o apoio de 97% dos eleitores, gerando acusações internacionais de fraude./AP, NYT e W.POST

KIEV - Em meio a uma contraofensiva bem sucedida da Ucrânia que já retomou territórios importantes das tropas russas, quatro regiões controladas por Moscou no leste e no sul anunciaram nesta terça-feira, 20, sua intenção de realizar referendos de anexação à Rússia. As duas regiões separatistas do Donbas, Donetsk e Luhansk, junto com Kherson e Zaporizhzia pretendem conduzir as votações ainda nesta semana em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas. Espera-se que o Kremlin divulgue um discurso pré-gravado do presidente russo, Vladimir Putin, na manhã desta quarta-feira, 21.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território, tornando uma agressão ucraniana - especialmente utilizando armas doadas pelo Ocidente - muito mais grave e propícia a retaliações. Os esforços podem preparar o terreno para Moscou intensificar a guerra contra as forças ucranianas que lutam com sucesso para recuperar essas áreas, principalmente em Luhansk.

Os anúncios de referendos ocorrem depois que um aliado próximo do presidente russo disse que o votação era necessária, já que Moscou perde terreno na guerra que começou há quase sete meses. O ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse que dobrar as regiões para dentro da própria Rússia tornaria as fronteiras redesenhadas irreversíveis e permitiria a Moscou usar qualquer meio para defendê-las.

Veículos passam por placas de publicidade, incluindo painéis exibindo slogans pró-Rússia, em uma rua durante o conflito Rússia-Ucrânia em Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

“Invadir o território russo é um crime que permite que você use todas as forças de autodefesa. É por isso que esses referendos são tão temidos em Kiev e no Ocidente”, disse Medvedev em um post no Telegram, onde acrescentou que tal ato não poderia ser revertido constitucionalmente por futuros líderes da Rússia.

Em anúncios anteriores de referendos em regiões como Melitopol, o Ocidente e a Ucrânia afirmaram que não reconheceriam a anexação. Mas é improvável que os países ocidentais permitam o uso de seus equipamentos militares para atacar uma região que a Rússia considera sua. Uma das condições para que os aliados da Otan enviassem armamentos pesados para Kiev era o de não utilizar contra territórios russos - já que Moscou poderia considerar isso um ato de agressão da Otan e envolver os países na guerra.

“Os referendo mudariam completamente o vetor de desenvolvimento da Rússia por décadas. E não apenas do nosso país. A transformação geopolítica do mundo seria irreversível uma vez que os novos territórios fossem incorporados à Rússia”, escreveu o ex-presidente e atual vice presidente do Conselho de Segurança russo.

Representantes russos das quatro regiões anunciaram os planos para realizar os referendos ao longo de quatro dias a partir desta sexta-feira, 23.

Pressa

Os apelos das autoridades das repúblicas populares de Luhansk e Donetsk vieram no momento em que as forças ucranianas continuam a ampliar seus ganhos nos últimos dias, já tendo expulsado as tropas russas da maior parte da região nordeste de Kharkiv.

O acesso à linha de frente por jornalistas é restrito. Mas houve relatos de que tropas ucranianas invadiram a cidade de Lisichansk, na região de Luhansk, e também de combates ao redor da cidade de Sloviansk, na região de Donetsk - indicações de que a Rússia estava em risco iminente de perder território que já havia controlado anteriormente no leste.

As duas regiões do Donbas, controladas por forças separatistas pró-Rússia desde 2014, foram utilizadas por Putin como justificativa para invadir a Ucrânia em fevereiro, com objetivo de “desnazificar” e proteger o povo de língua russa na região. Antes de lançar sua invasão, o presidente Vladimir Putin reconheceu formalmente a independência das duas áreas.

Uma foto tirada durante uma visita a Berdiansk organizada pelos militares russos mostra moradores na fila para registro de cidadania russa e solicitação de passaporte, perto de uma faixa com os dizeres 'Somos um só povo', em Berdiansk, região de Zaporizhzhia Foto: Yuri KOochetkov/EPA/EFE

Em um comunicado publicado no site da “câmara pública” da República Popular de Luhansk, a vice-chefe da câmara, Lina Vokalova, pediu um referendo público para aprovar a anexação e disse que a votação “cumpriria nosso sonho de voltar para casa – para o Federação Russa.”

Uma mensagem semelhante veio das autoridades pró-Kremlin em Donetsk. “É hora de apagar a fronteira inexistente entre nossos países, como há muito foi apagada em nossos corações, e realizar um referendo sobre a questão da RPD se tornar parte da Rússia”, disse o chefe da câmara pública de Donetsk, Aleksander Kofman.

Em Moscou, alguns propagandistas pró-guerra que vêm pressionando para que a Rússia revide com mais força na Ucrânia aplaudiram os pedidos de anexação.

“Hoje um referendo, amanhã – reconhecimento como parte da Federação Russa”, escreveu Margarita Simonian, editora-chefe da rede de televisão RT. “Depois de amanhã – os ataques no território da Rússia se tornam uma guerra completa entre a Ucrânia e a Otan com a Rússia, desatando as mãos da Rússia em todos os aspectos.”

Um homem caminha pelas ruínas de um prédio destruído por bombardeios recentes durante o conflito Rússia-Ucrânia na cidade de Kadiivka (Stakhanov) na região de Luhansk  Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

O presidente da Duma (Câmara baixa da Rússia), Viacheslav Volodin, endossou os planos de referendos, dizendo durante uma sessão que “se durante uma votação direta eles disserem que querem se tornar parte da Rússia, nós os apoiaremos.”

Autoridades apoiadas pelo Kremlin em todos os territórios ocupados anunciaram repetidamente planos para referendos, apenas para vê-los não se concretizarem, pois foram recebidos com pouco apoio público e os combates tornaram impossível realizar uma votação. Forças especiais ucranianas que trabalham com guerrilheiros locais têm como alvo representantes responsáveis pela realização de planos de referendo.

‘Pânico russo’

O agendamento das votações desta semana ocorreu depois que as forças ucranianas derrotaram os russos do nordeste nas últimas semanas e estão na ofensiva no leste e no sul. A Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados, está lutando para recrutar novos soldados e enfrenta uma reação crescente, mesmo de alguns aliados, por sua invasão prolongada.

A Ucrânia disse que as medidas sinalizam o desespero da Rússia, e os aliados de Kiev disseram que tais votações seriam ilegais. Os Estados Unidos alertaram em julho que a Rússia estava tomando medidas para anexar partes ocupadas da Ucrânia “em violação direta da soberania da Ucrânia”.

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Exército russo anunciou que enviou reforços à região ucraniana de Kharkiv, em resposta a um aparentemente bem-sucedido avanço das forças de Kiev na fronteira

Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia, disse que falar sobre anexação era pouco mais do que um “sedativo” para o público russo, enquanto Moscou tentava entender suas perdas no campo de batalha. Qualquer chamado referendo, acrescentou ele, não impediria “Himars e as forças armadas de destruir ocupantes em nossa terra”, referindo-se a um sistema de mísseis fornecido pelos americanos que ajudou os ucranianos a atacar as forças russas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, rejeitou os planos de “referendos falsos” e disse: “A Rússia tem sido e continua sendo um agressor que ocupa ilegalmente partes de terras ucranianas. A Ucrânia tem todo o direito de libertar seus territórios e continuará liberando-os, independentemente do que a Rússia tenha a dizer.”

O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank com sede em Washington, disse que o pedido dos líderes russos para que Moscou anexasse os territórios refletia pânico. A tentativa de anexar áreas onde as forças russas estão lutando para impedir as ofensivas ucranianas pode forçar o Kremlin a exigir que a Ucrânia deixe o chamado território russo – e colocar Moscou na “posição humilhante de ser incapaz de cumprir essa exigência”, disse o grupo.

Em 2014, forças russas invadiram a Crimeia e Putin a anexou depois que autoridades recém-instaladas organizaram às pressas um referendo de secessão que teria garantido o apoio de 97% dos eleitores, gerando acusações internacionais de fraude./AP, NYT e W.POST

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