Rei Charles III é vaiado por manifestantes antimonarquia durante viagem ao País de Gales


Protesto mais visível desde que o monarca chegou ao trono ocorre no mesmo dia em que fila do velório da rainha Elizabeth II precisou ser fechada após atingir oito quilômetros de extensão em Londres

Por Redação
Atualização:

CARDIFF - O rei Charles III foi vaiado por manifestantes antimonarquia durante viagem ao País de Gales nesta sexta-feira, 16, na última parte de seu primeiro giro pelo Reino Unido após assumir o trono britânico. Os protestos contrários à continuidade da família real britânica no poder foram a primeira - ou pelo menos a mais visível - manifestação contra o monarca desde a morte da rainha Elizabeth II na Escócia, na semana passada.

Protestos contra a monarquia eram esperados durante a visita de Charles III, e o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford, já havia anunciado que manifestações políticas de oposição estariam autorizadas. Além das vaias, alguns ativistas ergueram faixas e cartazes pedindo a abolição da monarquia e com dizeres como “Cidadão, não súdito” e “Democracia agora”.

“Espero que Gales seja independente. Certamente afetaria nossa economia porque dependemos da economia do Reino Unido, mas acredito com força na independência”, disse Zahra Ameri, de 22 anos, funcionária de uma loja de chá.

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Galeses protestam durante a passagem do rei Charles III e da rainha consorte Camila Parker Bowles em Cardiff. Foto: Jacob King/PA via AP

As críticas em Cardiff são mais simbólicas pelo fato de Charles III ter ostentado por anos o título de príncipe de Gales, antes de ascender ao trono, em um país em que viveu parte de sua juventude. O antigo título de Charles, agora passado para seu filho mais velho, William, é um fator contestado por parte dos galeses, que esperam sua abolição.

“Há opiniões divergentes. Muitas pessoas não aceitam o título de príncipe de Gales porque acreditam que deveria pertencer a um galês”, disse Maria Sarnacki, prefeita de Caernarfon, em entrevista a France-Presse.

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O título foi utilizado originalmente por príncipes nativos, mas o último, Llywelyn ap Gruffudd, foi executado em 1282 durante a conquista de Gales pelo rei Edward I da Inglaterra. Quase 750 anos depois, a região tem autonomia política e registra um distanciamento da coroa britânica - que Charles III, menos popular que sua mãe, terá que se esforçar para superar.

Apesar das manifestações contrárias, Charles e Camilla foram saudados pela maior parte das pessoas que lotaram as ruas de Cardiff para recebê-los.

Charles III recebe cartão de criança enquanto cumprimenta os súditos em Cardiff. Foto: Chris Jackson/ AFP
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Assim como aconteceu em vários momentos desde o início de suas viagens à Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte após se tornar rei, gritos de “Deus salve o rei” foram ouvidos na entrada dos dois compromissos de Charles em Gales - uma cerimônia religiosa em homenagem à Elizabeth II na catedral de Llandaff e uma visita oficial ao parlamento galês, o Senedd.

Na saída da catedral, o rei e a rainha consorte pararam para cumprimentar multidões de simpatizantes, incluindo crianças em idade escolar que agitavam bandeiras do País de Gales e do Reino Unido. No Parlamento, Charles agradeceu em galês às demonstrações de carinho e pêsames a ele e à mãe. “Diolch o galon ichi am eich geiriau caredig (Obrigado de coração por suas palavras amorosas)”, disse.

Volta a Londres e vigília dos príncipes

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Finalizada a agenda oficial no país vizinho, Charles III voltou a Londres, onde era esperado pela princesa Anne e pelos príncipes Andrew e Edward para a vigília dos príncipes, o principal evento do velório da rainha nesta sexta. Cumprindo a tradição iniciada em 1936, quando os quatro filhos de George V velaram o caixão do pai, todos os filhos de Elizabeth II comparecem ao evento iniciado às 19h30 (15h30 em Brasília).

Vestidos com seus uniformes militares completos, Charles, Anne, Andrew e Edward tiveram que permanecer em silêncio e com a cabeça baixa durante os 15 minutos de homenagem.

Charles III participa de vigília durante o velório da mãe, Elizabeth II, em Londres. Foto: Hannah Mckay/ Reuters
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Passados oito dias desde a morte da rainha, os súditos ingleses não diminuíram o interesse em prestar suas últimas homenagens à monarca mais longeva da história do Reino Unido. Na manhã desta sexta, o governo britânico teve que suspender a entrada de mais pessoas na fila do velório de Elizabeth II, que alcançou oito quilômetro de extensão, com uma espera estimada de 14 horas para se ver o caixão que repousa na sede do Parlamento britânico.

Britânicos comuns e personalidades, como o ex-capitão da seleção inglesa de futebol, David Beckham, esperaram na fila nesta sexta, que se estendia do Parlamento ao Southwark Park, no sul de Londres. “Todos podemos ver, com o amor que foi demonstrado, o quão especial ela é e o quão especial ela era e o legado que ela deixa. É um dia triste, mas é um dia para lembrarmos do incrível legado que ela deixou”, disse Beckham à emissora britânica ITV. Estima-se que o ex-jogador tenha ficado dez horas na fila antes de se curvar diante do caixão da rainha.

O ex-jogador David Beckham esperou por cerca de 10 horas na fila para prestar uma última homenagem à rainha Elizabeth II. Foto: Henry Nicholls/ REUTERS
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O anúncio da suspensão da fila - que foi reaberta durante a tarde - foi feito horas após um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente próxima, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de segurança que investiga o incidente descartou uma motivação terrorista.

Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida está posto para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da China à minoria uigur na região de Xinjiang.

Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico, mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber os convidados”.

Espera-se que uma delegação chinesa compareça ao funeral da rainha na segunda-feira, que será na igreja da Abadia de Westminster e não no Parlamento. Os organizadores do funeral não publicaram uma lista de convidados e não ficou claro quem da China poderia comparecer/ AFP e AP

CARDIFF - O rei Charles III foi vaiado por manifestantes antimonarquia durante viagem ao País de Gales nesta sexta-feira, 16, na última parte de seu primeiro giro pelo Reino Unido após assumir o trono britânico. Os protestos contrários à continuidade da família real britânica no poder foram a primeira - ou pelo menos a mais visível - manifestação contra o monarca desde a morte da rainha Elizabeth II na Escócia, na semana passada.

Protestos contra a monarquia eram esperados durante a visita de Charles III, e o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford, já havia anunciado que manifestações políticas de oposição estariam autorizadas. Além das vaias, alguns ativistas ergueram faixas e cartazes pedindo a abolição da monarquia e com dizeres como “Cidadão, não súdito” e “Democracia agora”.

“Espero que Gales seja independente. Certamente afetaria nossa economia porque dependemos da economia do Reino Unido, mas acredito com força na independência”, disse Zahra Ameri, de 22 anos, funcionária de uma loja de chá.

Galeses protestam durante a passagem do rei Charles III e da rainha consorte Camila Parker Bowles em Cardiff. Foto: Jacob King/PA via AP

As críticas em Cardiff são mais simbólicas pelo fato de Charles III ter ostentado por anos o título de príncipe de Gales, antes de ascender ao trono, em um país em que viveu parte de sua juventude. O antigo título de Charles, agora passado para seu filho mais velho, William, é um fator contestado por parte dos galeses, que esperam sua abolição.

“Há opiniões divergentes. Muitas pessoas não aceitam o título de príncipe de Gales porque acreditam que deveria pertencer a um galês”, disse Maria Sarnacki, prefeita de Caernarfon, em entrevista a France-Presse.

O título foi utilizado originalmente por príncipes nativos, mas o último, Llywelyn ap Gruffudd, foi executado em 1282 durante a conquista de Gales pelo rei Edward I da Inglaterra. Quase 750 anos depois, a região tem autonomia política e registra um distanciamento da coroa britânica - que Charles III, menos popular que sua mãe, terá que se esforçar para superar.

Apesar das manifestações contrárias, Charles e Camilla foram saudados pela maior parte das pessoas que lotaram as ruas de Cardiff para recebê-los.

Charles III recebe cartão de criança enquanto cumprimenta os súditos em Cardiff. Foto: Chris Jackson/ AFP

Assim como aconteceu em vários momentos desde o início de suas viagens à Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte após se tornar rei, gritos de “Deus salve o rei” foram ouvidos na entrada dos dois compromissos de Charles em Gales - uma cerimônia religiosa em homenagem à Elizabeth II na catedral de Llandaff e uma visita oficial ao parlamento galês, o Senedd.

Na saída da catedral, o rei e a rainha consorte pararam para cumprimentar multidões de simpatizantes, incluindo crianças em idade escolar que agitavam bandeiras do País de Gales e do Reino Unido. No Parlamento, Charles agradeceu em galês às demonstrações de carinho e pêsames a ele e à mãe. “Diolch o galon ichi am eich geiriau caredig (Obrigado de coração por suas palavras amorosas)”, disse.

Volta a Londres e vigília dos príncipes

Finalizada a agenda oficial no país vizinho, Charles III voltou a Londres, onde era esperado pela princesa Anne e pelos príncipes Andrew e Edward para a vigília dos príncipes, o principal evento do velório da rainha nesta sexta. Cumprindo a tradição iniciada em 1936, quando os quatro filhos de George V velaram o caixão do pai, todos os filhos de Elizabeth II comparecem ao evento iniciado às 19h30 (15h30 em Brasília).

Vestidos com seus uniformes militares completos, Charles, Anne, Andrew e Edward tiveram que permanecer em silêncio e com a cabeça baixa durante os 15 minutos de homenagem.

Charles III participa de vigília durante o velório da mãe, Elizabeth II, em Londres. Foto: Hannah Mckay/ Reuters

Passados oito dias desde a morte da rainha, os súditos ingleses não diminuíram o interesse em prestar suas últimas homenagens à monarca mais longeva da história do Reino Unido. Na manhã desta sexta, o governo britânico teve que suspender a entrada de mais pessoas na fila do velório de Elizabeth II, que alcançou oito quilômetro de extensão, com uma espera estimada de 14 horas para se ver o caixão que repousa na sede do Parlamento britânico.

Britânicos comuns e personalidades, como o ex-capitão da seleção inglesa de futebol, David Beckham, esperaram na fila nesta sexta, que se estendia do Parlamento ao Southwark Park, no sul de Londres. “Todos podemos ver, com o amor que foi demonstrado, o quão especial ela é e o quão especial ela era e o legado que ela deixa. É um dia triste, mas é um dia para lembrarmos do incrível legado que ela deixou”, disse Beckham à emissora britânica ITV. Estima-se que o ex-jogador tenha ficado dez horas na fila antes de se curvar diante do caixão da rainha.

O ex-jogador David Beckham esperou por cerca de 10 horas na fila para prestar uma última homenagem à rainha Elizabeth II. Foto: Henry Nicholls/ REUTERS

O anúncio da suspensão da fila - que foi reaberta durante a tarde - foi feito horas após um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente próxima, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de segurança que investiga o incidente descartou uma motivação terrorista.

Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida está posto para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da China à minoria uigur na região de Xinjiang.

Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico, mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber os convidados”.

Espera-se que uma delegação chinesa compareça ao funeral da rainha na segunda-feira, que será na igreja da Abadia de Westminster e não no Parlamento. Os organizadores do funeral não publicaram uma lista de convidados e não ficou claro quem da China poderia comparecer/ AFP e AP

CARDIFF - O rei Charles III foi vaiado por manifestantes antimonarquia durante viagem ao País de Gales nesta sexta-feira, 16, na última parte de seu primeiro giro pelo Reino Unido após assumir o trono britânico. Os protestos contrários à continuidade da família real britânica no poder foram a primeira - ou pelo menos a mais visível - manifestação contra o monarca desde a morte da rainha Elizabeth II na Escócia, na semana passada.

Protestos contra a monarquia eram esperados durante a visita de Charles III, e o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford, já havia anunciado que manifestações políticas de oposição estariam autorizadas. Além das vaias, alguns ativistas ergueram faixas e cartazes pedindo a abolição da monarquia e com dizeres como “Cidadão, não súdito” e “Democracia agora”.

“Espero que Gales seja independente. Certamente afetaria nossa economia porque dependemos da economia do Reino Unido, mas acredito com força na independência”, disse Zahra Ameri, de 22 anos, funcionária de uma loja de chá.

Galeses protestam durante a passagem do rei Charles III e da rainha consorte Camila Parker Bowles em Cardiff. Foto: Jacob King/PA via AP

As críticas em Cardiff são mais simbólicas pelo fato de Charles III ter ostentado por anos o título de príncipe de Gales, antes de ascender ao trono, em um país em que viveu parte de sua juventude. O antigo título de Charles, agora passado para seu filho mais velho, William, é um fator contestado por parte dos galeses, que esperam sua abolição.

“Há opiniões divergentes. Muitas pessoas não aceitam o título de príncipe de Gales porque acreditam que deveria pertencer a um galês”, disse Maria Sarnacki, prefeita de Caernarfon, em entrevista a France-Presse.

O título foi utilizado originalmente por príncipes nativos, mas o último, Llywelyn ap Gruffudd, foi executado em 1282 durante a conquista de Gales pelo rei Edward I da Inglaterra. Quase 750 anos depois, a região tem autonomia política e registra um distanciamento da coroa britânica - que Charles III, menos popular que sua mãe, terá que se esforçar para superar.

Apesar das manifestações contrárias, Charles e Camilla foram saudados pela maior parte das pessoas que lotaram as ruas de Cardiff para recebê-los.

Charles III recebe cartão de criança enquanto cumprimenta os súditos em Cardiff. Foto: Chris Jackson/ AFP

Assim como aconteceu em vários momentos desde o início de suas viagens à Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte após se tornar rei, gritos de “Deus salve o rei” foram ouvidos na entrada dos dois compromissos de Charles em Gales - uma cerimônia religiosa em homenagem à Elizabeth II na catedral de Llandaff e uma visita oficial ao parlamento galês, o Senedd.

Na saída da catedral, o rei e a rainha consorte pararam para cumprimentar multidões de simpatizantes, incluindo crianças em idade escolar que agitavam bandeiras do País de Gales e do Reino Unido. No Parlamento, Charles agradeceu em galês às demonstrações de carinho e pêsames a ele e à mãe. “Diolch o galon ichi am eich geiriau caredig (Obrigado de coração por suas palavras amorosas)”, disse.

Volta a Londres e vigília dos príncipes

Finalizada a agenda oficial no país vizinho, Charles III voltou a Londres, onde era esperado pela princesa Anne e pelos príncipes Andrew e Edward para a vigília dos príncipes, o principal evento do velório da rainha nesta sexta. Cumprindo a tradição iniciada em 1936, quando os quatro filhos de George V velaram o caixão do pai, todos os filhos de Elizabeth II comparecem ao evento iniciado às 19h30 (15h30 em Brasília).

Vestidos com seus uniformes militares completos, Charles, Anne, Andrew e Edward tiveram que permanecer em silêncio e com a cabeça baixa durante os 15 minutos de homenagem.

Charles III participa de vigília durante o velório da mãe, Elizabeth II, em Londres. Foto: Hannah Mckay/ Reuters

Passados oito dias desde a morte da rainha, os súditos ingleses não diminuíram o interesse em prestar suas últimas homenagens à monarca mais longeva da história do Reino Unido. Na manhã desta sexta, o governo britânico teve que suspender a entrada de mais pessoas na fila do velório de Elizabeth II, que alcançou oito quilômetro de extensão, com uma espera estimada de 14 horas para se ver o caixão que repousa na sede do Parlamento britânico.

Britânicos comuns e personalidades, como o ex-capitão da seleção inglesa de futebol, David Beckham, esperaram na fila nesta sexta, que se estendia do Parlamento ao Southwark Park, no sul de Londres. “Todos podemos ver, com o amor que foi demonstrado, o quão especial ela é e o quão especial ela era e o legado que ela deixa. É um dia triste, mas é um dia para lembrarmos do incrível legado que ela deixou”, disse Beckham à emissora britânica ITV. Estima-se que o ex-jogador tenha ficado dez horas na fila antes de se curvar diante do caixão da rainha.

O ex-jogador David Beckham esperou por cerca de 10 horas na fila para prestar uma última homenagem à rainha Elizabeth II. Foto: Henry Nicholls/ REUTERS

O anúncio da suspensão da fila - que foi reaberta durante a tarde - foi feito horas após um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente próxima, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de segurança que investiga o incidente descartou uma motivação terrorista.

Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida está posto para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da China à minoria uigur na região de Xinjiang.

Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico, mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber os convidados”.

Espera-se que uma delegação chinesa compareça ao funeral da rainha na segunda-feira, que será na igreja da Abadia de Westminster e não no Parlamento. Os organizadores do funeral não publicaram uma lista de convidados e não ficou claro quem da China poderia comparecer/ AFP e AP

CARDIFF - O rei Charles III foi vaiado por manifestantes antimonarquia durante viagem ao País de Gales nesta sexta-feira, 16, na última parte de seu primeiro giro pelo Reino Unido após assumir o trono britânico. Os protestos contrários à continuidade da família real britânica no poder foram a primeira - ou pelo menos a mais visível - manifestação contra o monarca desde a morte da rainha Elizabeth II na Escócia, na semana passada.

Protestos contra a monarquia eram esperados durante a visita de Charles III, e o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford, já havia anunciado que manifestações políticas de oposição estariam autorizadas. Além das vaias, alguns ativistas ergueram faixas e cartazes pedindo a abolição da monarquia e com dizeres como “Cidadão, não súdito” e “Democracia agora”.

“Espero que Gales seja independente. Certamente afetaria nossa economia porque dependemos da economia do Reino Unido, mas acredito com força na independência”, disse Zahra Ameri, de 22 anos, funcionária de uma loja de chá.

Galeses protestam durante a passagem do rei Charles III e da rainha consorte Camila Parker Bowles em Cardiff. Foto: Jacob King/PA via AP

As críticas em Cardiff são mais simbólicas pelo fato de Charles III ter ostentado por anos o título de príncipe de Gales, antes de ascender ao trono, em um país em que viveu parte de sua juventude. O antigo título de Charles, agora passado para seu filho mais velho, William, é um fator contestado por parte dos galeses, que esperam sua abolição.

“Há opiniões divergentes. Muitas pessoas não aceitam o título de príncipe de Gales porque acreditam que deveria pertencer a um galês”, disse Maria Sarnacki, prefeita de Caernarfon, em entrevista a France-Presse.

O título foi utilizado originalmente por príncipes nativos, mas o último, Llywelyn ap Gruffudd, foi executado em 1282 durante a conquista de Gales pelo rei Edward I da Inglaterra. Quase 750 anos depois, a região tem autonomia política e registra um distanciamento da coroa britânica - que Charles III, menos popular que sua mãe, terá que se esforçar para superar.

Apesar das manifestações contrárias, Charles e Camilla foram saudados pela maior parte das pessoas que lotaram as ruas de Cardiff para recebê-los.

Charles III recebe cartão de criança enquanto cumprimenta os súditos em Cardiff. Foto: Chris Jackson/ AFP

Assim como aconteceu em vários momentos desde o início de suas viagens à Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte após se tornar rei, gritos de “Deus salve o rei” foram ouvidos na entrada dos dois compromissos de Charles em Gales - uma cerimônia religiosa em homenagem à Elizabeth II na catedral de Llandaff e uma visita oficial ao parlamento galês, o Senedd.

Na saída da catedral, o rei e a rainha consorte pararam para cumprimentar multidões de simpatizantes, incluindo crianças em idade escolar que agitavam bandeiras do País de Gales e do Reino Unido. No Parlamento, Charles agradeceu em galês às demonstrações de carinho e pêsames a ele e à mãe. “Diolch o galon ichi am eich geiriau caredig (Obrigado de coração por suas palavras amorosas)”, disse.

Volta a Londres e vigília dos príncipes

Finalizada a agenda oficial no país vizinho, Charles III voltou a Londres, onde era esperado pela princesa Anne e pelos príncipes Andrew e Edward para a vigília dos príncipes, o principal evento do velório da rainha nesta sexta. Cumprindo a tradição iniciada em 1936, quando os quatro filhos de George V velaram o caixão do pai, todos os filhos de Elizabeth II comparecem ao evento iniciado às 19h30 (15h30 em Brasília).

Vestidos com seus uniformes militares completos, Charles, Anne, Andrew e Edward tiveram que permanecer em silêncio e com a cabeça baixa durante os 15 minutos de homenagem.

Charles III participa de vigília durante o velório da mãe, Elizabeth II, em Londres. Foto: Hannah Mckay/ Reuters

Passados oito dias desde a morte da rainha, os súditos ingleses não diminuíram o interesse em prestar suas últimas homenagens à monarca mais longeva da história do Reino Unido. Na manhã desta sexta, o governo britânico teve que suspender a entrada de mais pessoas na fila do velório de Elizabeth II, que alcançou oito quilômetro de extensão, com uma espera estimada de 14 horas para se ver o caixão que repousa na sede do Parlamento britânico.

Britânicos comuns e personalidades, como o ex-capitão da seleção inglesa de futebol, David Beckham, esperaram na fila nesta sexta, que se estendia do Parlamento ao Southwark Park, no sul de Londres. “Todos podemos ver, com o amor que foi demonstrado, o quão especial ela é e o quão especial ela era e o legado que ela deixa. É um dia triste, mas é um dia para lembrarmos do incrível legado que ela deixou”, disse Beckham à emissora britânica ITV. Estima-se que o ex-jogador tenha ficado dez horas na fila antes de se curvar diante do caixão da rainha.

O ex-jogador David Beckham esperou por cerca de 10 horas na fila para prestar uma última homenagem à rainha Elizabeth II. Foto: Henry Nicholls/ REUTERS

O anúncio da suspensão da fila - que foi reaberta durante a tarde - foi feito horas após um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente próxima, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de segurança que investiga o incidente descartou uma motivação terrorista.

Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida está posto para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da China à minoria uigur na região de Xinjiang.

Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico, mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber os convidados”.

Espera-se que uma delegação chinesa compareça ao funeral da rainha na segunda-feira, que será na igreja da Abadia de Westminster e não no Parlamento. Os organizadores do funeral não publicaram uma lista de convidados e não ficou claro quem da China poderia comparecer/ AFP e AP

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