COPENHAGUE - O Reino Unido prometeu ajudar a Suécia e a Finlândia contra possíveis ameaças da Rússia em dois acordos assinados nesta quarta-feira, 11, pelo primeiro-ministro britânico Boris Johnson com a primeira-ministra sueca Magdalena Andersson e com o presidente finlandês Sauli Niinistro. A promessa inclui o aumento do envio de tropas britânicas e armamentos para o norte da Europa.
Tanto a Suécia quanto a Finlândia analisam se irão aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após a invasão russa na Ucrânia e temem retaliações do presidente Vladimir Putin. A Finlândia compartilha uma fronteira terrestre de 1.340 quilômetros com a Rússia e a Suécia está na região do Mar Báltico.
Segundo o comunicado divulgado pelo premiê britânico, o acordo “fortificará as defesas do norte da Europa, diante de ameaças renovadas”. “É um símbolo da garantia eterna entre nossas nações”, acrescentou.
“Este não é um acordo paliativo de curto prazo, mas um compromisso de longo prazo para reforçar os laços militares e a estabilidade global e fortalecer as defesas da Europa para as próximas gerações”, continuou.
Na coletiva de imprensa ao lado de Andersson, Johnson afirmou que em um caso de desastre ou de um ataque militar, haverá auxílio do Reino Unido no que os países solicitarem. Ele não respondeu se isso inclui armas nucleares.
O acordo de garantia de segurança vai aumentar a cooperação em defesa e segurança entre o Reino Unido e os dois países com o aumento de compartilhamento de informações de inteligência, mais treinamento militar conjunto e reforço da segurança no Norte da Europa.
Antes, as forças militares do Reino Unido já estavam presente nas áreas do Mar Báltico com a Força Expedicionária Conjunta, formada por 10 nações do norte da Europa: Reino Unido, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Estônia, Islândia, Letônia, Lituânia, Holanda e Noruega.
Além disso, não é a primeira cooperação militar entre a Suécia, a Finlândia e o Reino Unido. Em 2017, os dois países nórdicos se juntaram à força militar de reação rápida liderada pelos britânicos, projetada para ser mais flexível e responder ataques de forma mais ágil do que a maior aliança da Otan.
A primeira-ministra sueca disse que a guerra acabou por “unificar” as nações europeias. “Putin pensou que poderia causar divisão, mas conseguiu o oposto. Estamos aqui hoje mais unidos do que nunca”, afirmou. “Em tempos de crise, a cooperação se torna ainda mais importante. Isso se aplica também às nossas parcerias internacionais de defesa. As parcerias da Suécia com o Reino Unido e com a Otan foram cruciais durante esses tempos de exceção”, declarou.
O Kremlin alertou para “repercussões militares e políticas” se a Suécia e a Finlândia decidirem aderir à Otan. O temor de Andersson é que as tropas de Putin aumentem a presença militar na região, caso haja o pedido de adesão.
Quando uma nação entra com o pedido de entrada na Otan, é necessário aguardar que todos os 30 países-membros da aliança ratifiquem o documento. Por causa disso, a Suécia e a Finlândia buscavam a garantia de apoio em caso do pedido ser enviado para não ficarem desprotegidos durante o processo de ratificação.
No entanto, analistas dizem que uma ação militar contra os países nórdicos parece improvável, dado o quanto as forças russas estão concentradas na Ucrânia. Muitas das tropas que estavam estacionadas perto da fronteira com a Finlândia, por exemplo, foram enviadas à Ucrânia e tiveram perdas significativas.
Espera-se que os dois países nórdicos anunciem suas posições sobre a adesão à Otan nos próximos dias. “Se a Finlândia der esse passo histórico, é para a segurança de nossos próprios cidadãos”, disse a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin em entrevista coletiva após conversas com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida em Tóquio nesta quarta-feira. “A adesão à Otan fortalecerá toda a comunidade internacional que defende valores comuns”, acrescentou.
Johnson se encontrou com Andersson em Harpsund, o retiro de campo dos primeiros-ministros suecos, localizado a cerca de 90 quilômetros a sudoeste de Estocolmo. As reuniões continuaram com Niinistro no Palácio Presidencial, em Helsique. O presidente finlandês tem um papel significativo nas decisões de política externa e de segurança da Finlândia. /ASSOCIATED PRESS