Republicanos do Senado começam a reconhecer vitória de Biden e aumentam pressão sobre Trump


Segundo Mitch McConnell e deputados da alta cúpula republicana, decisão do colégio eleitoral atesta triunfo democrata; grupo pretende barrar certificação em janeiro

Por Redação

WASHINGTON — Seis semanas após a eleição americana, o líder da maioria no Senado e parlamentar republicano mais influente, Mitch McConnell, reconheceu a vitória de Joe Biden e afirmou não haver dúvidas de que o democrata será o próximo presidente dos Estados Unidos. O anúncio veio após o colégio eleitoral confirmar a derrota de Donald Trump, que, mesmo cada vez mais sem esteio, continua a insistir nas alegações de fraude sem embasamento. 

Há semanas, o senador e seus aliados mais próximos se recusavam a cumprimentar o presidente eleito, silêncio que dava volume à retórica falsa capitaneada pelo atual governo e ajudava a minar a credibilidade do sistema eleitoral americano. A declaração de McConnell nesta terça, na prática, põe fim a qualquer resquício de incerteza sobre quem tomará posse em 20 de janeiro e aumenta a pressão para que Trump reconheça sua derrota.

O líder da maioria republicana no Senado americano, Mitch McConnell, concede entrevista no Capitólio Foto: Stefani Reynolds/EFE
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“Muitos de nós esperávamos que a eleição presidencial tivesse um resultado diferente, mas o nosso sistema de governo tem processos que determinarão quem tomará posse em 20 de janeiro”, disse ao plenário do Senado. “O colégio eleitoral falou. Então, hoje, eu parabenizo o presidente eleito Joe Biden”.

Mais tarde, antes de viajar para a Geórgia, onde participará da campanha para as eleições extraordinárias do Senado em 5 de janeiro, Biden disse ter conversado com McConnell e que os dois concordaram em se encontrar em breve.

“Embora a gente esteja em desacordo sobre um monte de coisas,há temas em que podemos trabalhar juntos”, disse o presidente eleito. “Concordamos em nos encontrar sem dermora”.

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McConnell também falou sobre o simbolismo da escolha de Kamala Harris para a Vice-Presidência, primeira mulher, pessoa negra e de ascendência asiática a ocupar o cargo:

“Além das nossas diferenças, todos os americanos devem se orgulhar de que o nosso país terá uma vice-presidente mulher pela primeira vez”, afirmou ele, que até então só tinha feito uma breve referência à "nova gestão", mas sem reconhecer Biden como presidente eleito.

McConnell, no entanto, não fez qualquer comentário sobre a atitude de Trump, que continua a insistir em sua retórica enganosa, indo ao Twitter minutos após a fala do senador para dizer que há "tremendas evidências" de fraude. Pelo contrário, McConnell agradeceu ao presidente por seu serviço ao povo americano, fazendo elogios efusivos e listando suas conquistas.

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Coro republicano

O líder do Senado se junta ao coro de aliados que se pronunciaram após a decisão do Colégio Eleitoral, como Lindsey Graham, da Carolina do Sul; John Cornyn, do Texas; e Chuck Grassley, de Iowa. Graham disse que vê apenas um caminho “muito, muito estreito” para Trump e afirmou que já falou com Biden e com alguns de seus indicados para o alto escalão da próxima Casa Branca.

Já Grassley, o republicano com maior longevidade na Casa, foi direto ao responder a uma pergunta sobre se reconhece ou não Biden como presidente eleito. “Eu não tenho [que reconhecer], a Constituição é que tem. Eu sigo a Constituição.”

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Um pequeno grupo de parlamentares republicanos — figuras há tempos críticas a Trump, como os senadores Mitt Romney, de Utah, e Susan Collins, do Maine — já havia parabenizado o democrata logo depois da eleição. Um deputado do Michigan, Paul Mitchell, que está se aposentando, abandonou o Partido Republicano na segunda-feira em protesto contra a resistência de seus colegas que insistiam em não reconhecer a vitória de Biden.

A posição majoritária, no entanto, foi endossar ou permanecer em silêncio sobre as acusações de irregularidades e a ofensiva jurídica de Trump, cuja enxurrada de processos foi majoritariamente fracassada, não revertendo ou anulando sequer um voto popular. A Suprema Corte, sozinha, deu dois veredictos contrários às manobras da campanha republicana.

Preocupações

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Segundo aliados, McConnell demorou para reconhecer o triunfo de Biden por medo de que uma fissura interna prejudicasse as chances do partido nas eleições que acontecerão na Geórgia no dia 5 e determinarão quem controlará o Senado pelos próximos anos. Outra preocupação é que isso custe o avanço da agenda legislativa nos meses que restam.

Cabe ver como Trump e seus eleitores responderão ao posicionamento dos manda-chuvas do partido que o presidente tem nas mãos desde 2016. A realidade alternativa construída por sua retórica — e fortalecida pelo endosso promovido por McConnell e seus aliados — é significativa: uma pesquisa divulgada pela Fox News na última sexta indica que 77% dos eleitores de Trump acreditam que a eleição foi roubada. Dada a popularidade do presidente entre seus apoiadores, a tendência é que continuem a acreditar nele a curto prazo.

Na Câmara, muitos republicanos também continuam a endossá-lo, com 60% dos parlamentares do partido na Casa assinando na semana passada um documento legal em apoio ao processo levado pelo secretário de Justiça do Texas à Suprema Corte para anular o resultado da eleição em quatro estados. O tribunal se recusou sequer a examinar o caso.

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Após a fala de McConnell, Trump compartilhou também uma reportagem de um site conservador sobre um deputado do Alabama, Mo Brooks, que planeja desafiar o resultado da eleição quando o Congresso se reunir para ratificá-lo, em 6 de janeiro. O sucesso da medida já era improvável, já que demandaria o aval do Senado e da Câmara, sob controle democrata, mas torna-se ainda mais difícil com o posicionamento da alta cúpula republicana. /The New York Times

WASHINGTON — Seis semanas após a eleição americana, o líder da maioria no Senado e parlamentar republicano mais influente, Mitch McConnell, reconheceu a vitória de Joe Biden e afirmou não haver dúvidas de que o democrata será o próximo presidente dos Estados Unidos. O anúncio veio após o colégio eleitoral confirmar a derrota de Donald Trump, que, mesmo cada vez mais sem esteio, continua a insistir nas alegações de fraude sem embasamento. 

Há semanas, o senador e seus aliados mais próximos se recusavam a cumprimentar o presidente eleito, silêncio que dava volume à retórica falsa capitaneada pelo atual governo e ajudava a minar a credibilidade do sistema eleitoral americano. A declaração de McConnell nesta terça, na prática, põe fim a qualquer resquício de incerteza sobre quem tomará posse em 20 de janeiro e aumenta a pressão para que Trump reconheça sua derrota.

O líder da maioria republicana no Senado americano, Mitch McConnell, concede entrevista no Capitólio Foto: Stefani Reynolds/EFE

“Muitos de nós esperávamos que a eleição presidencial tivesse um resultado diferente, mas o nosso sistema de governo tem processos que determinarão quem tomará posse em 20 de janeiro”, disse ao plenário do Senado. “O colégio eleitoral falou. Então, hoje, eu parabenizo o presidente eleito Joe Biden”.

Mais tarde, antes de viajar para a Geórgia, onde participará da campanha para as eleições extraordinárias do Senado em 5 de janeiro, Biden disse ter conversado com McConnell e que os dois concordaram em se encontrar em breve.

“Embora a gente esteja em desacordo sobre um monte de coisas,há temas em que podemos trabalhar juntos”, disse o presidente eleito. “Concordamos em nos encontrar sem dermora”.

McConnell também falou sobre o simbolismo da escolha de Kamala Harris para a Vice-Presidência, primeira mulher, pessoa negra e de ascendência asiática a ocupar o cargo:

“Além das nossas diferenças, todos os americanos devem se orgulhar de que o nosso país terá uma vice-presidente mulher pela primeira vez”, afirmou ele, que até então só tinha feito uma breve referência à "nova gestão", mas sem reconhecer Biden como presidente eleito.

McConnell, no entanto, não fez qualquer comentário sobre a atitude de Trump, que continua a insistir em sua retórica enganosa, indo ao Twitter minutos após a fala do senador para dizer que há "tremendas evidências" de fraude. Pelo contrário, McConnell agradeceu ao presidente por seu serviço ao povo americano, fazendo elogios efusivos e listando suas conquistas.

Coro republicano

O líder do Senado se junta ao coro de aliados que se pronunciaram após a decisão do Colégio Eleitoral, como Lindsey Graham, da Carolina do Sul; John Cornyn, do Texas; e Chuck Grassley, de Iowa. Graham disse que vê apenas um caminho “muito, muito estreito” para Trump e afirmou que já falou com Biden e com alguns de seus indicados para o alto escalão da próxima Casa Branca.

Já Grassley, o republicano com maior longevidade na Casa, foi direto ao responder a uma pergunta sobre se reconhece ou não Biden como presidente eleito. “Eu não tenho [que reconhecer], a Constituição é que tem. Eu sigo a Constituição.”

Um pequeno grupo de parlamentares republicanos — figuras há tempos críticas a Trump, como os senadores Mitt Romney, de Utah, e Susan Collins, do Maine — já havia parabenizado o democrata logo depois da eleição. Um deputado do Michigan, Paul Mitchell, que está se aposentando, abandonou o Partido Republicano na segunda-feira em protesto contra a resistência de seus colegas que insistiam em não reconhecer a vitória de Biden.

A posição majoritária, no entanto, foi endossar ou permanecer em silêncio sobre as acusações de irregularidades e a ofensiva jurídica de Trump, cuja enxurrada de processos foi majoritariamente fracassada, não revertendo ou anulando sequer um voto popular. A Suprema Corte, sozinha, deu dois veredictos contrários às manobras da campanha republicana.

Preocupações

Segundo aliados, McConnell demorou para reconhecer o triunfo de Biden por medo de que uma fissura interna prejudicasse as chances do partido nas eleições que acontecerão na Geórgia no dia 5 e determinarão quem controlará o Senado pelos próximos anos. Outra preocupação é que isso custe o avanço da agenda legislativa nos meses que restam.

Cabe ver como Trump e seus eleitores responderão ao posicionamento dos manda-chuvas do partido que o presidente tem nas mãos desde 2016. A realidade alternativa construída por sua retórica — e fortalecida pelo endosso promovido por McConnell e seus aliados — é significativa: uma pesquisa divulgada pela Fox News na última sexta indica que 77% dos eleitores de Trump acreditam que a eleição foi roubada. Dada a popularidade do presidente entre seus apoiadores, a tendência é que continuem a acreditar nele a curto prazo.

Na Câmara, muitos republicanos também continuam a endossá-lo, com 60% dos parlamentares do partido na Casa assinando na semana passada um documento legal em apoio ao processo levado pelo secretário de Justiça do Texas à Suprema Corte para anular o resultado da eleição em quatro estados. O tribunal se recusou sequer a examinar o caso.

Após a fala de McConnell, Trump compartilhou também uma reportagem de um site conservador sobre um deputado do Alabama, Mo Brooks, que planeja desafiar o resultado da eleição quando o Congresso se reunir para ratificá-lo, em 6 de janeiro. O sucesso da medida já era improvável, já que demandaria o aval do Senado e da Câmara, sob controle democrata, mas torna-se ainda mais difícil com o posicionamento da alta cúpula republicana. /The New York Times

WASHINGTON — Seis semanas após a eleição americana, o líder da maioria no Senado e parlamentar republicano mais influente, Mitch McConnell, reconheceu a vitória de Joe Biden e afirmou não haver dúvidas de que o democrata será o próximo presidente dos Estados Unidos. O anúncio veio após o colégio eleitoral confirmar a derrota de Donald Trump, que, mesmo cada vez mais sem esteio, continua a insistir nas alegações de fraude sem embasamento. 

Há semanas, o senador e seus aliados mais próximos se recusavam a cumprimentar o presidente eleito, silêncio que dava volume à retórica falsa capitaneada pelo atual governo e ajudava a minar a credibilidade do sistema eleitoral americano. A declaração de McConnell nesta terça, na prática, põe fim a qualquer resquício de incerteza sobre quem tomará posse em 20 de janeiro e aumenta a pressão para que Trump reconheça sua derrota.

O líder da maioria republicana no Senado americano, Mitch McConnell, concede entrevista no Capitólio Foto: Stefani Reynolds/EFE

“Muitos de nós esperávamos que a eleição presidencial tivesse um resultado diferente, mas o nosso sistema de governo tem processos que determinarão quem tomará posse em 20 de janeiro”, disse ao plenário do Senado. “O colégio eleitoral falou. Então, hoje, eu parabenizo o presidente eleito Joe Biden”.

Mais tarde, antes de viajar para a Geórgia, onde participará da campanha para as eleições extraordinárias do Senado em 5 de janeiro, Biden disse ter conversado com McConnell e que os dois concordaram em se encontrar em breve.

“Embora a gente esteja em desacordo sobre um monte de coisas,há temas em que podemos trabalhar juntos”, disse o presidente eleito. “Concordamos em nos encontrar sem dermora”.

McConnell também falou sobre o simbolismo da escolha de Kamala Harris para a Vice-Presidência, primeira mulher, pessoa negra e de ascendência asiática a ocupar o cargo:

“Além das nossas diferenças, todos os americanos devem se orgulhar de que o nosso país terá uma vice-presidente mulher pela primeira vez”, afirmou ele, que até então só tinha feito uma breve referência à "nova gestão", mas sem reconhecer Biden como presidente eleito.

McConnell, no entanto, não fez qualquer comentário sobre a atitude de Trump, que continua a insistir em sua retórica enganosa, indo ao Twitter minutos após a fala do senador para dizer que há "tremendas evidências" de fraude. Pelo contrário, McConnell agradeceu ao presidente por seu serviço ao povo americano, fazendo elogios efusivos e listando suas conquistas.

Coro republicano

O líder do Senado se junta ao coro de aliados que se pronunciaram após a decisão do Colégio Eleitoral, como Lindsey Graham, da Carolina do Sul; John Cornyn, do Texas; e Chuck Grassley, de Iowa. Graham disse que vê apenas um caminho “muito, muito estreito” para Trump e afirmou que já falou com Biden e com alguns de seus indicados para o alto escalão da próxima Casa Branca.

Já Grassley, o republicano com maior longevidade na Casa, foi direto ao responder a uma pergunta sobre se reconhece ou não Biden como presidente eleito. “Eu não tenho [que reconhecer], a Constituição é que tem. Eu sigo a Constituição.”

Um pequeno grupo de parlamentares republicanos — figuras há tempos críticas a Trump, como os senadores Mitt Romney, de Utah, e Susan Collins, do Maine — já havia parabenizado o democrata logo depois da eleição. Um deputado do Michigan, Paul Mitchell, que está se aposentando, abandonou o Partido Republicano na segunda-feira em protesto contra a resistência de seus colegas que insistiam em não reconhecer a vitória de Biden.

A posição majoritária, no entanto, foi endossar ou permanecer em silêncio sobre as acusações de irregularidades e a ofensiva jurídica de Trump, cuja enxurrada de processos foi majoritariamente fracassada, não revertendo ou anulando sequer um voto popular. A Suprema Corte, sozinha, deu dois veredictos contrários às manobras da campanha republicana.

Preocupações

Segundo aliados, McConnell demorou para reconhecer o triunfo de Biden por medo de que uma fissura interna prejudicasse as chances do partido nas eleições que acontecerão na Geórgia no dia 5 e determinarão quem controlará o Senado pelos próximos anos. Outra preocupação é que isso custe o avanço da agenda legislativa nos meses que restam.

Cabe ver como Trump e seus eleitores responderão ao posicionamento dos manda-chuvas do partido que o presidente tem nas mãos desde 2016. A realidade alternativa construída por sua retórica — e fortalecida pelo endosso promovido por McConnell e seus aliados — é significativa: uma pesquisa divulgada pela Fox News na última sexta indica que 77% dos eleitores de Trump acreditam que a eleição foi roubada. Dada a popularidade do presidente entre seus apoiadores, a tendência é que continuem a acreditar nele a curto prazo.

Na Câmara, muitos republicanos também continuam a endossá-lo, com 60% dos parlamentares do partido na Casa assinando na semana passada um documento legal em apoio ao processo levado pelo secretário de Justiça do Texas à Suprema Corte para anular o resultado da eleição em quatro estados. O tribunal se recusou sequer a examinar o caso.

Após a fala de McConnell, Trump compartilhou também uma reportagem de um site conservador sobre um deputado do Alabama, Mo Brooks, que planeja desafiar o resultado da eleição quando o Congresso se reunir para ratificá-lo, em 6 de janeiro. O sucesso da medida já era improvável, já que demandaria o aval do Senado e da Câmara, sob controle democrata, mas torna-se ainda mais difícil com o posicionamento da alta cúpula republicana. /The New York Times

WASHINGTON — Seis semanas após a eleição americana, o líder da maioria no Senado e parlamentar republicano mais influente, Mitch McConnell, reconheceu a vitória de Joe Biden e afirmou não haver dúvidas de que o democrata será o próximo presidente dos Estados Unidos. O anúncio veio após o colégio eleitoral confirmar a derrota de Donald Trump, que, mesmo cada vez mais sem esteio, continua a insistir nas alegações de fraude sem embasamento. 

Há semanas, o senador e seus aliados mais próximos se recusavam a cumprimentar o presidente eleito, silêncio que dava volume à retórica falsa capitaneada pelo atual governo e ajudava a minar a credibilidade do sistema eleitoral americano. A declaração de McConnell nesta terça, na prática, põe fim a qualquer resquício de incerteza sobre quem tomará posse em 20 de janeiro e aumenta a pressão para que Trump reconheça sua derrota.

O líder da maioria republicana no Senado americano, Mitch McConnell, concede entrevista no Capitólio Foto: Stefani Reynolds/EFE

“Muitos de nós esperávamos que a eleição presidencial tivesse um resultado diferente, mas o nosso sistema de governo tem processos que determinarão quem tomará posse em 20 de janeiro”, disse ao plenário do Senado. “O colégio eleitoral falou. Então, hoje, eu parabenizo o presidente eleito Joe Biden”.

Mais tarde, antes de viajar para a Geórgia, onde participará da campanha para as eleições extraordinárias do Senado em 5 de janeiro, Biden disse ter conversado com McConnell e que os dois concordaram em se encontrar em breve.

“Embora a gente esteja em desacordo sobre um monte de coisas,há temas em que podemos trabalhar juntos”, disse o presidente eleito. “Concordamos em nos encontrar sem dermora”.

McConnell também falou sobre o simbolismo da escolha de Kamala Harris para a Vice-Presidência, primeira mulher, pessoa negra e de ascendência asiática a ocupar o cargo:

“Além das nossas diferenças, todos os americanos devem se orgulhar de que o nosso país terá uma vice-presidente mulher pela primeira vez”, afirmou ele, que até então só tinha feito uma breve referência à "nova gestão", mas sem reconhecer Biden como presidente eleito.

McConnell, no entanto, não fez qualquer comentário sobre a atitude de Trump, que continua a insistir em sua retórica enganosa, indo ao Twitter minutos após a fala do senador para dizer que há "tremendas evidências" de fraude. Pelo contrário, McConnell agradeceu ao presidente por seu serviço ao povo americano, fazendo elogios efusivos e listando suas conquistas.

Coro republicano

O líder do Senado se junta ao coro de aliados que se pronunciaram após a decisão do Colégio Eleitoral, como Lindsey Graham, da Carolina do Sul; John Cornyn, do Texas; e Chuck Grassley, de Iowa. Graham disse que vê apenas um caminho “muito, muito estreito” para Trump e afirmou que já falou com Biden e com alguns de seus indicados para o alto escalão da próxima Casa Branca.

Já Grassley, o republicano com maior longevidade na Casa, foi direto ao responder a uma pergunta sobre se reconhece ou não Biden como presidente eleito. “Eu não tenho [que reconhecer], a Constituição é que tem. Eu sigo a Constituição.”

Um pequeno grupo de parlamentares republicanos — figuras há tempos críticas a Trump, como os senadores Mitt Romney, de Utah, e Susan Collins, do Maine — já havia parabenizado o democrata logo depois da eleição. Um deputado do Michigan, Paul Mitchell, que está se aposentando, abandonou o Partido Republicano na segunda-feira em protesto contra a resistência de seus colegas que insistiam em não reconhecer a vitória de Biden.

A posição majoritária, no entanto, foi endossar ou permanecer em silêncio sobre as acusações de irregularidades e a ofensiva jurídica de Trump, cuja enxurrada de processos foi majoritariamente fracassada, não revertendo ou anulando sequer um voto popular. A Suprema Corte, sozinha, deu dois veredictos contrários às manobras da campanha republicana.

Preocupações

Segundo aliados, McConnell demorou para reconhecer o triunfo de Biden por medo de que uma fissura interna prejudicasse as chances do partido nas eleições que acontecerão na Geórgia no dia 5 e determinarão quem controlará o Senado pelos próximos anos. Outra preocupação é que isso custe o avanço da agenda legislativa nos meses que restam.

Cabe ver como Trump e seus eleitores responderão ao posicionamento dos manda-chuvas do partido que o presidente tem nas mãos desde 2016. A realidade alternativa construída por sua retórica — e fortalecida pelo endosso promovido por McConnell e seus aliados — é significativa: uma pesquisa divulgada pela Fox News na última sexta indica que 77% dos eleitores de Trump acreditam que a eleição foi roubada. Dada a popularidade do presidente entre seus apoiadores, a tendência é que continuem a acreditar nele a curto prazo.

Na Câmara, muitos republicanos também continuam a endossá-lo, com 60% dos parlamentares do partido na Casa assinando na semana passada um documento legal em apoio ao processo levado pelo secretário de Justiça do Texas à Suprema Corte para anular o resultado da eleição em quatro estados. O tribunal se recusou sequer a examinar o caso.

Após a fala de McConnell, Trump compartilhou também uma reportagem de um site conservador sobre um deputado do Alabama, Mo Brooks, que planeja desafiar o resultado da eleição quando o Congresso se reunir para ratificá-lo, em 6 de janeiro. O sucesso da medida já era improvável, já que demandaria o aval do Senado e da Câmara, sob controle democrata, mas torna-se ainda mais difícil com o posicionamento da alta cúpula republicana. /The New York Times

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