Republicanos expulsam de comissão da Câmara democrata muçulmana que acusaram de antissemitismo


Democratas proeminentes, incluindo muitos judeus, ficaram do lado de Ilhan Omar para defendê-la e acusar os adversários políticos de hipocrisia

Por Karoun Demirjian
Atualização:

WASHINGTON - A maioria tênue republicana da Câmara dos EUA destituiu nesta quinta-feira, 2, a deputada muçulmana Ilhan Omar, de Minnesota, da Comissão de Relações Exteriores devido a comentários anteriores dela sobre Israel que foram condenados como antissemitas. Ao mesmo tempo que agiu para atender demandas de seus membros da direita radical, o Partido Republicano puniu uma democrata que vem demonizando há anos.

A votação - de 218 votos a favor e 211 contra - estabeleceu um embate partidário que vem piorando desde 2021, quando a Câmara, então controlada pelos democratas, destituiu os deputados Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Paul Gosar, do Arizona, de suas atribuições na comissão por postagens nas redes sociais nas quais endossavam a violência contra os democratas.

Na época, o agora presidente da Câmara, Kevin McCarthy, prometeu que iria remover Omar no momento em que seu partido obtivesse a maioria, assim como outros democratas que os republicanos consideravam inadequados para servir nas comissões.

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Deputada Ilhan Omar conversa com a imprensa após decisão do Partido Republicano que a tirou da Comissão de Relações Exteriores  Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

Na semana passada, ele removeu unilateralmente os deputados Adam Schiff e Eric Swalwell, ambos da Califórnia, da Comissão Permanente de Inteligência, para qual os membros são indicados e, portanto, não estão sujeitos a votação.

A decisão de McCarthy de forçar a remoção de Omar, uma medida à qual alguns de seus seguidores resistiram, nos primeiros dias de sua nova maioria, demonstrou sua determinação de cair nas boas graças da base republicana de extrema direita, que tem feito de Omar, nascida na Somália, um alvo para alguns de seus ataques mais violentos.

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O ex-presidente Donald Trump disse em 2019 que Omar e três outras mulheres negras progressistas deveriam “voltar” para seus países, embora ela fosse a única que não nasceu nos EUA.

A votação nesta quinta-feira também foi uma tentativa de McCarthy de bajular grupos pró-Israel e eleitores evangélicos e criar uma barreira entre os democratas, muitos dos quais condenaram as declarações de Omar sobre Israel.

Críticas

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Em 2019, Omar atraiu críticas de democratas e republicanos por tuitar que certos grupos pró-Israel eram “tudo sobre os Benjamins, baby”, parecendo se referir a notas de cem dólares no que foi visto como um comentário antissemita abordando judeus e dinheiro. Mais tarde, ela se desculpou.

Dois anos depois, Omar aparentemente equiparou as “atrocidades” cometidas pelos militares dos EUA àquelas cometidas por grupos como o Taleban, que voltou a tomar o poder no Afeganistão, e o Hamas, que controla o território palestino Faixa de Gaza. Ela disse mais tarde que não pretendia compará-los.

No entanto, durante um debate duro no plenário da Câmara nesta quinta-feira, democratas proeminentes, incluindo muitos membros judeus, ficaram ao lado dos amigos mais próximos de Omar no Congresso para defendê-la em discursos apaixonados e às vezes emocionantes.

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Eles acusaram os republicanos de hipocrisia, xenofobia e racismo por atacá-la, sem dizer nada sobre comentários antissemitas de membros de seu próprio partido, alguns dos quais se associaram a negadores do Holocausto.

Kevin McCarthy havia prometido expulsar llhan Omar assim que seu Partido Republicano assumisse a maioria na Câmara Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

“Um flagrante padrão duplo está sendo aplicado aqui”, disse o deputado Gregory Meeks, de Nova York, o democrata mais graduado na Comissão de Relações Exteriores. “Algo simplesmente não bate. E qual a diferença entre a deputada Omar e esses membros? Poderia ser a aparência dela? Poderia ser suas práticas religiosas?”

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A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, democrata de Nova York, foi mais direta sobre a expulsão de Omar, que é negra e uma das primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso. “Trata-se de atingir mulheres de cor nos Estados Unidos da América”, disse Ocasio-Cortez durante comentários breves, mas acalorados.

Os republicanos estavam comparativamente sóbrios ao defenderem a remoção de Omar. “Indivíduos que têm opiniões tão odiosas devem ser justamente banidos desse tipo de comissão”, disse o deputado Mike Lawler, de Nova York. “Palavras importam. A retórica importa. Isso causa danos e, portanto, a deputada está sendo responsabilizada por suas palavras e ações”.

Ainda assim, o processo de reunir votos para derrubar Omar destacou os desafios que McCarthy enfrenta enquanto tenta cumprir sua agenda prometida com uma maioria estreita que já provou ser indisciplinada.

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George Santos

O esforço foi interrompido e quase interrompido pela inquietação de alguns republicanos que temiam por ser vistos como hipócritas depois de protestarem contra as remoções de Greene e Gosar de comissões e sobre o precedente estabelecido pela expulsão de um legislador por suas opiniões e declarações, particularmente por um partido que condena rotineiramente a “cultura do cancelamento”.

A expulsão de Omar encerrou um mês de abertura na Câmara que foi definido por manobras políticas e mensagens muito mais do que empreendimentos políticos sérios. Durante uma luta histórica para reivindicar o posto de presidente da Câmara, McCarthy forneceu uma série de concessões a seus detratores de extrema direita para ganhar seus votos e passou as semanas desde então pagando essas dívidas, incluindo colocando membros ultraconservadores em comissões poderosas.

O palco estava montado esta semana para a expulsão de Omar, quando o deputado George Santos, de Nova York - o republicano, de origem brasileira, em apuros que admitiu ter deturpado seu passado e está enfrentando várias investigações por fraude e violações de financiamento de campanha - anunciou que se afastaria temporariamente das comissões da Câmara de Pequenas Empresas e Ciência, Espaço e Tecnologia, para os quais foi nomeado no mês passado. Santos se tornou um pára-raios para acusações de duplo padrão, já que os democratas desprezaram McCarthy por protegê-lo enquanto visavam Omar, Schiff e Swalwell.

WASHINGTON - A maioria tênue republicana da Câmara dos EUA destituiu nesta quinta-feira, 2, a deputada muçulmana Ilhan Omar, de Minnesota, da Comissão de Relações Exteriores devido a comentários anteriores dela sobre Israel que foram condenados como antissemitas. Ao mesmo tempo que agiu para atender demandas de seus membros da direita radical, o Partido Republicano puniu uma democrata que vem demonizando há anos.

A votação - de 218 votos a favor e 211 contra - estabeleceu um embate partidário que vem piorando desde 2021, quando a Câmara, então controlada pelos democratas, destituiu os deputados Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Paul Gosar, do Arizona, de suas atribuições na comissão por postagens nas redes sociais nas quais endossavam a violência contra os democratas.

Na época, o agora presidente da Câmara, Kevin McCarthy, prometeu que iria remover Omar no momento em que seu partido obtivesse a maioria, assim como outros democratas que os republicanos consideravam inadequados para servir nas comissões.

Deputada Ilhan Omar conversa com a imprensa após decisão do Partido Republicano que a tirou da Comissão de Relações Exteriores  Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

Na semana passada, ele removeu unilateralmente os deputados Adam Schiff e Eric Swalwell, ambos da Califórnia, da Comissão Permanente de Inteligência, para qual os membros são indicados e, portanto, não estão sujeitos a votação.

A decisão de McCarthy de forçar a remoção de Omar, uma medida à qual alguns de seus seguidores resistiram, nos primeiros dias de sua nova maioria, demonstrou sua determinação de cair nas boas graças da base republicana de extrema direita, que tem feito de Omar, nascida na Somália, um alvo para alguns de seus ataques mais violentos.

O ex-presidente Donald Trump disse em 2019 que Omar e três outras mulheres negras progressistas deveriam “voltar” para seus países, embora ela fosse a única que não nasceu nos EUA.

A votação nesta quinta-feira também foi uma tentativa de McCarthy de bajular grupos pró-Israel e eleitores evangélicos e criar uma barreira entre os democratas, muitos dos quais condenaram as declarações de Omar sobre Israel.

Críticas

Em 2019, Omar atraiu críticas de democratas e republicanos por tuitar que certos grupos pró-Israel eram “tudo sobre os Benjamins, baby”, parecendo se referir a notas de cem dólares no que foi visto como um comentário antissemita abordando judeus e dinheiro. Mais tarde, ela se desculpou.

Dois anos depois, Omar aparentemente equiparou as “atrocidades” cometidas pelos militares dos EUA àquelas cometidas por grupos como o Taleban, que voltou a tomar o poder no Afeganistão, e o Hamas, que controla o território palestino Faixa de Gaza. Ela disse mais tarde que não pretendia compará-los.

No entanto, durante um debate duro no plenário da Câmara nesta quinta-feira, democratas proeminentes, incluindo muitos membros judeus, ficaram ao lado dos amigos mais próximos de Omar no Congresso para defendê-la em discursos apaixonados e às vezes emocionantes.

Eles acusaram os republicanos de hipocrisia, xenofobia e racismo por atacá-la, sem dizer nada sobre comentários antissemitas de membros de seu próprio partido, alguns dos quais se associaram a negadores do Holocausto.

Kevin McCarthy havia prometido expulsar llhan Omar assim que seu Partido Republicano assumisse a maioria na Câmara Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

“Um flagrante padrão duplo está sendo aplicado aqui”, disse o deputado Gregory Meeks, de Nova York, o democrata mais graduado na Comissão de Relações Exteriores. “Algo simplesmente não bate. E qual a diferença entre a deputada Omar e esses membros? Poderia ser a aparência dela? Poderia ser suas práticas religiosas?”

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, democrata de Nova York, foi mais direta sobre a expulsão de Omar, que é negra e uma das primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso. “Trata-se de atingir mulheres de cor nos Estados Unidos da América”, disse Ocasio-Cortez durante comentários breves, mas acalorados.

Os republicanos estavam comparativamente sóbrios ao defenderem a remoção de Omar. “Indivíduos que têm opiniões tão odiosas devem ser justamente banidos desse tipo de comissão”, disse o deputado Mike Lawler, de Nova York. “Palavras importam. A retórica importa. Isso causa danos e, portanto, a deputada está sendo responsabilizada por suas palavras e ações”.

Ainda assim, o processo de reunir votos para derrubar Omar destacou os desafios que McCarthy enfrenta enquanto tenta cumprir sua agenda prometida com uma maioria estreita que já provou ser indisciplinada.

George Santos

O esforço foi interrompido e quase interrompido pela inquietação de alguns republicanos que temiam por ser vistos como hipócritas depois de protestarem contra as remoções de Greene e Gosar de comissões e sobre o precedente estabelecido pela expulsão de um legislador por suas opiniões e declarações, particularmente por um partido que condena rotineiramente a “cultura do cancelamento”.

A expulsão de Omar encerrou um mês de abertura na Câmara que foi definido por manobras políticas e mensagens muito mais do que empreendimentos políticos sérios. Durante uma luta histórica para reivindicar o posto de presidente da Câmara, McCarthy forneceu uma série de concessões a seus detratores de extrema direita para ganhar seus votos e passou as semanas desde então pagando essas dívidas, incluindo colocando membros ultraconservadores em comissões poderosas.

O palco estava montado esta semana para a expulsão de Omar, quando o deputado George Santos, de Nova York - o republicano, de origem brasileira, em apuros que admitiu ter deturpado seu passado e está enfrentando várias investigações por fraude e violações de financiamento de campanha - anunciou que se afastaria temporariamente das comissões da Câmara de Pequenas Empresas e Ciência, Espaço e Tecnologia, para os quais foi nomeado no mês passado. Santos se tornou um pára-raios para acusações de duplo padrão, já que os democratas desprezaram McCarthy por protegê-lo enquanto visavam Omar, Schiff e Swalwell.

WASHINGTON - A maioria tênue republicana da Câmara dos EUA destituiu nesta quinta-feira, 2, a deputada muçulmana Ilhan Omar, de Minnesota, da Comissão de Relações Exteriores devido a comentários anteriores dela sobre Israel que foram condenados como antissemitas. Ao mesmo tempo que agiu para atender demandas de seus membros da direita radical, o Partido Republicano puniu uma democrata que vem demonizando há anos.

A votação - de 218 votos a favor e 211 contra - estabeleceu um embate partidário que vem piorando desde 2021, quando a Câmara, então controlada pelos democratas, destituiu os deputados Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Paul Gosar, do Arizona, de suas atribuições na comissão por postagens nas redes sociais nas quais endossavam a violência contra os democratas.

Na época, o agora presidente da Câmara, Kevin McCarthy, prometeu que iria remover Omar no momento em que seu partido obtivesse a maioria, assim como outros democratas que os republicanos consideravam inadequados para servir nas comissões.

Deputada Ilhan Omar conversa com a imprensa após decisão do Partido Republicano que a tirou da Comissão de Relações Exteriores  Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

Na semana passada, ele removeu unilateralmente os deputados Adam Schiff e Eric Swalwell, ambos da Califórnia, da Comissão Permanente de Inteligência, para qual os membros são indicados e, portanto, não estão sujeitos a votação.

A decisão de McCarthy de forçar a remoção de Omar, uma medida à qual alguns de seus seguidores resistiram, nos primeiros dias de sua nova maioria, demonstrou sua determinação de cair nas boas graças da base republicana de extrema direita, que tem feito de Omar, nascida na Somália, um alvo para alguns de seus ataques mais violentos.

O ex-presidente Donald Trump disse em 2019 que Omar e três outras mulheres negras progressistas deveriam “voltar” para seus países, embora ela fosse a única que não nasceu nos EUA.

A votação nesta quinta-feira também foi uma tentativa de McCarthy de bajular grupos pró-Israel e eleitores evangélicos e criar uma barreira entre os democratas, muitos dos quais condenaram as declarações de Omar sobre Israel.

Críticas

Em 2019, Omar atraiu críticas de democratas e republicanos por tuitar que certos grupos pró-Israel eram “tudo sobre os Benjamins, baby”, parecendo se referir a notas de cem dólares no que foi visto como um comentário antissemita abordando judeus e dinheiro. Mais tarde, ela se desculpou.

Dois anos depois, Omar aparentemente equiparou as “atrocidades” cometidas pelos militares dos EUA àquelas cometidas por grupos como o Taleban, que voltou a tomar o poder no Afeganistão, e o Hamas, que controla o território palestino Faixa de Gaza. Ela disse mais tarde que não pretendia compará-los.

No entanto, durante um debate duro no plenário da Câmara nesta quinta-feira, democratas proeminentes, incluindo muitos membros judeus, ficaram ao lado dos amigos mais próximos de Omar no Congresso para defendê-la em discursos apaixonados e às vezes emocionantes.

Eles acusaram os republicanos de hipocrisia, xenofobia e racismo por atacá-la, sem dizer nada sobre comentários antissemitas de membros de seu próprio partido, alguns dos quais se associaram a negadores do Holocausto.

Kevin McCarthy havia prometido expulsar llhan Omar assim que seu Partido Republicano assumisse a maioria na Câmara Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

“Um flagrante padrão duplo está sendo aplicado aqui”, disse o deputado Gregory Meeks, de Nova York, o democrata mais graduado na Comissão de Relações Exteriores. “Algo simplesmente não bate. E qual a diferença entre a deputada Omar e esses membros? Poderia ser a aparência dela? Poderia ser suas práticas religiosas?”

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, democrata de Nova York, foi mais direta sobre a expulsão de Omar, que é negra e uma das primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso. “Trata-se de atingir mulheres de cor nos Estados Unidos da América”, disse Ocasio-Cortez durante comentários breves, mas acalorados.

Os republicanos estavam comparativamente sóbrios ao defenderem a remoção de Omar. “Indivíduos que têm opiniões tão odiosas devem ser justamente banidos desse tipo de comissão”, disse o deputado Mike Lawler, de Nova York. “Palavras importam. A retórica importa. Isso causa danos e, portanto, a deputada está sendo responsabilizada por suas palavras e ações”.

Ainda assim, o processo de reunir votos para derrubar Omar destacou os desafios que McCarthy enfrenta enquanto tenta cumprir sua agenda prometida com uma maioria estreita que já provou ser indisciplinada.

George Santos

O esforço foi interrompido e quase interrompido pela inquietação de alguns republicanos que temiam por ser vistos como hipócritas depois de protestarem contra as remoções de Greene e Gosar de comissões e sobre o precedente estabelecido pela expulsão de um legislador por suas opiniões e declarações, particularmente por um partido que condena rotineiramente a “cultura do cancelamento”.

A expulsão de Omar encerrou um mês de abertura na Câmara que foi definido por manobras políticas e mensagens muito mais do que empreendimentos políticos sérios. Durante uma luta histórica para reivindicar o posto de presidente da Câmara, McCarthy forneceu uma série de concessões a seus detratores de extrema direita para ganhar seus votos e passou as semanas desde então pagando essas dívidas, incluindo colocando membros ultraconservadores em comissões poderosas.

O palco estava montado esta semana para a expulsão de Omar, quando o deputado George Santos, de Nova York - o republicano, de origem brasileira, em apuros que admitiu ter deturpado seu passado e está enfrentando várias investigações por fraude e violações de financiamento de campanha - anunciou que se afastaria temporariamente das comissões da Câmara de Pequenas Empresas e Ciência, Espaço e Tecnologia, para os quais foi nomeado no mês passado. Santos se tornou um pára-raios para acusações de duplo padrão, já que os democratas desprezaram McCarthy por protegê-lo enquanto visavam Omar, Schiff e Swalwell.

WASHINGTON - A maioria tênue republicana da Câmara dos EUA destituiu nesta quinta-feira, 2, a deputada muçulmana Ilhan Omar, de Minnesota, da Comissão de Relações Exteriores devido a comentários anteriores dela sobre Israel que foram condenados como antissemitas. Ao mesmo tempo que agiu para atender demandas de seus membros da direita radical, o Partido Republicano puniu uma democrata que vem demonizando há anos.

A votação - de 218 votos a favor e 211 contra - estabeleceu um embate partidário que vem piorando desde 2021, quando a Câmara, então controlada pelos democratas, destituiu os deputados Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Paul Gosar, do Arizona, de suas atribuições na comissão por postagens nas redes sociais nas quais endossavam a violência contra os democratas.

Na época, o agora presidente da Câmara, Kevin McCarthy, prometeu que iria remover Omar no momento em que seu partido obtivesse a maioria, assim como outros democratas que os republicanos consideravam inadequados para servir nas comissões.

Deputada Ilhan Omar conversa com a imprensa após decisão do Partido Republicano que a tirou da Comissão de Relações Exteriores  Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

Na semana passada, ele removeu unilateralmente os deputados Adam Schiff e Eric Swalwell, ambos da Califórnia, da Comissão Permanente de Inteligência, para qual os membros são indicados e, portanto, não estão sujeitos a votação.

A decisão de McCarthy de forçar a remoção de Omar, uma medida à qual alguns de seus seguidores resistiram, nos primeiros dias de sua nova maioria, demonstrou sua determinação de cair nas boas graças da base republicana de extrema direita, que tem feito de Omar, nascida na Somália, um alvo para alguns de seus ataques mais violentos.

O ex-presidente Donald Trump disse em 2019 que Omar e três outras mulheres negras progressistas deveriam “voltar” para seus países, embora ela fosse a única que não nasceu nos EUA.

A votação nesta quinta-feira também foi uma tentativa de McCarthy de bajular grupos pró-Israel e eleitores evangélicos e criar uma barreira entre os democratas, muitos dos quais condenaram as declarações de Omar sobre Israel.

Críticas

Em 2019, Omar atraiu críticas de democratas e republicanos por tuitar que certos grupos pró-Israel eram “tudo sobre os Benjamins, baby”, parecendo se referir a notas de cem dólares no que foi visto como um comentário antissemita abordando judeus e dinheiro. Mais tarde, ela se desculpou.

Dois anos depois, Omar aparentemente equiparou as “atrocidades” cometidas pelos militares dos EUA àquelas cometidas por grupos como o Taleban, que voltou a tomar o poder no Afeganistão, e o Hamas, que controla o território palestino Faixa de Gaza. Ela disse mais tarde que não pretendia compará-los.

No entanto, durante um debate duro no plenário da Câmara nesta quinta-feira, democratas proeminentes, incluindo muitos membros judeus, ficaram ao lado dos amigos mais próximos de Omar no Congresso para defendê-la em discursos apaixonados e às vezes emocionantes.

Eles acusaram os republicanos de hipocrisia, xenofobia e racismo por atacá-la, sem dizer nada sobre comentários antissemitas de membros de seu próprio partido, alguns dos quais se associaram a negadores do Holocausto.

Kevin McCarthy havia prometido expulsar llhan Omar assim que seu Partido Republicano assumisse a maioria na Câmara Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

“Um flagrante padrão duplo está sendo aplicado aqui”, disse o deputado Gregory Meeks, de Nova York, o democrata mais graduado na Comissão de Relações Exteriores. “Algo simplesmente não bate. E qual a diferença entre a deputada Omar e esses membros? Poderia ser a aparência dela? Poderia ser suas práticas religiosas?”

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, democrata de Nova York, foi mais direta sobre a expulsão de Omar, que é negra e uma das primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso. “Trata-se de atingir mulheres de cor nos Estados Unidos da América”, disse Ocasio-Cortez durante comentários breves, mas acalorados.

Os republicanos estavam comparativamente sóbrios ao defenderem a remoção de Omar. “Indivíduos que têm opiniões tão odiosas devem ser justamente banidos desse tipo de comissão”, disse o deputado Mike Lawler, de Nova York. “Palavras importam. A retórica importa. Isso causa danos e, portanto, a deputada está sendo responsabilizada por suas palavras e ações”.

Ainda assim, o processo de reunir votos para derrubar Omar destacou os desafios que McCarthy enfrenta enquanto tenta cumprir sua agenda prometida com uma maioria estreita que já provou ser indisciplinada.

George Santos

O esforço foi interrompido e quase interrompido pela inquietação de alguns republicanos que temiam por ser vistos como hipócritas depois de protestarem contra as remoções de Greene e Gosar de comissões e sobre o precedente estabelecido pela expulsão de um legislador por suas opiniões e declarações, particularmente por um partido que condena rotineiramente a “cultura do cancelamento”.

A expulsão de Omar encerrou um mês de abertura na Câmara que foi definido por manobras políticas e mensagens muito mais do que empreendimentos políticos sérios. Durante uma luta histórica para reivindicar o posto de presidente da Câmara, McCarthy forneceu uma série de concessões a seus detratores de extrema direita para ganhar seus votos e passou as semanas desde então pagando essas dívidas, incluindo colocando membros ultraconservadores em comissões poderosas.

O palco estava montado esta semana para a expulsão de Omar, quando o deputado George Santos, de Nova York - o republicano, de origem brasileira, em apuros que admitiu ter deturpado seu passado e está enfrentando várias investigações por fraude e violações de financiamento de campanha - anunciou que se afastaria temporariamente das comissões da Câmara de Pequenas Empresas e Ciência, Espaço e Tecnologia, para os quais foi nomeado no mês passado. Santos se tornou um pára-raios para acusações de duplo padrão, já que os democratas desprezaram McCarthy por protegê-lo enquanto visavam Omar, Schiff e Swalwell.

WASHINGTON - A maioria tênue republicana da Câmara dos EUA destituiu nesta quinta-feira, 2, a deputada muçulmana Ilhan Omar, de Minnesota, da Comissão de Relações Exteriores devido a comentários anteriores dela sobre Israel que foram condenados como antissemitas. Ao mesmo tempo que agiu para atender demandas de seus membros da direita radical, o Partido Republicano puniu uma democrata que vem demonizando há anos.

A votação - de 218 votos a favor e 211 contra - estabeleceu um embate partidário que vem piorando desde 2021, quando a Câmara, então controlada pelos democratas, destituiu os deputados Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Paul Gosar, do Arizona, de suas atribuições na comissão por postagens nas redes sociais nas quais endossavam a violência contra os democratas.

Na época, o agora presidente da Câmara, Kevin McCarthy, prometeu que iria remover Omar no momento em que seu partido obtivesse a maioria, assim como outros democratas que os republicanos consideravam inadequados para servir nas comissões.

Deputada Ilhan Omar conversa com a imprensa após decisão do Partido Republicano que a tirou da Comissão de Relações Exteriores  Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

Na semana passada, ele removeu unilateralmente os deputados Adam Schiff e Eric Swalwell, ambos da Califórnia, da Comissão Permanente de Inteligência, para qual os membros são indicados e, portanto, não estão sujeitos a votação.

A decisão de McCarthy de forçar a remoção de Omar, uma medida à qual alguns de seus seguidores resistiram, nos primeiros dias de sua nova maioria, demonstrou sua determinação de cair nas boas graças da base republicana de extrema direita, que tem feito de Omar, nascida na Somália, um alvo para alguns de seus ataques mais violentos.

O ex-presidente Donald Trump disse em 2019 que Omar e três outras mulheres negras progressistas deveriam “voltar” para seus países, embora ela fosse a única que não nasceu nos EUA.

A votação nesta quinta-feira também foi uma tentativa de McCarthy de bajular grupos pró-Israel e eleitores evangélicos e criar uma barreira entre os democratas, muitos dos quais condenaram as declarações de Omar sobre Israel.

Críticas

Em 2019, Omar atraiu críticas de democratas e republicanos por tuitar que certos grupos pró-Israel eram “tudo sobre os Benjamins, baby”, parecendo se referir a notas de cem dólares no que foi visto como um comentário antissemita abordando judeus e dinheiro. Mais tarde, ela se desculpou.

Dois anos depois, Omar aparentemente equiparou as “atrocidades” cometidas pelos militares dos EUA àquelas cometidas por grupos como o Taleban, que voltou a tomar o poder no Afeganistão, e o Hamas, que controla o território palestino Faixa de Gaza. Ela disse mais tarde que não pretendia compará-los.

No entanto, durante um debate duro no plenário da Câmara nesta quinta-feira, democratas proeminentes, incluindo muitos membros judeus, ficaram ao lado dos amigos mais próximos de Omar no Congresso para defendê-la em discursos apaixonados e às vezes emocionantes.

Eles acusaram os republicanos de hipocrisia, xenofobia e racismo por atacá-la, sem dizer nada sobre comentários antissemitas de membros de seu próprio partido, alguns dos quais se associaram a negadores do Holocausto.

Kevin McCarthy havia prometido expulsar llhan Omar assim que seu Partido Republicano assumisse a maioria na Câmara Foto: Jose Luis Magana/AP - 02/02/2023

“Um flagrante padrão duplo está sendo aplicado aqui”, disse o deputado Gregory Meeks, de Nova York, o democrata mais graduado na Comissão de Relações Exteriores. “Algo simplesmente não bate. E qual a diferença entre a deputada Omar e esses membros? Poderia ser a aparência dela? Poderia ser suas práticas religiosas?”

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, democrata de Nova York, foi mais direta sobre a expulsão de Omar, que é negra e uma das primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso. “Trata-se de atingir mulheres de cor nos Estados Unidos da América”, disse Ocasio-Cortez durante comentários breves, mas acalorados.

Os republicanos estavam comparativamente sóbrios ao defenderem a remoção de Omar. “Indivíduos que têm opiniões tão odiosas devem ser justamente banidos desse tipo de comissão”, disse o deputado Mike Lawler, de Nova York. “Palavras importam. A retórica importa. Isso causa danos e, portanto, a deputada está sendo responsabilizada por suas palavras e ações”.

Ainda assim, o processo de reunir votos para derrubar Omar destacou os desafios que McCarthy enfrenta enquanto tenta cumprir sua agenda prometida com uma maioria estreita que já provou ser indisciplinada.

George Santos

O esforço foi interrompido e quase interrompido pela inquietação de alguns republicanos que temiam por ser vistos como hipócritas depois de protestarem contra as remoções de Greene e Gosar de comissões e sobre o precedente estabelecido pela expulsão de um legislador por suas opiniões e declarações, particularmente por um partido que condena rotineiramente a “cultura do cancelamento”.

A expulsão de Omar encerrou um mês de abertura na Câmara que foi definido por manobras políticas e mensagens muito mais do que empreendimentos políticos sérios. Durante uma luta histórica para reivindicar o posto de presidente da Câmara, McCarthy forneceu uma série de concessões a seus detratores de extrema direita para ganhar seus votos e passou as semanas desde então pagando essas dívidas, incluindo colocando membros ultraconservadores em comissões poderosas.

O palco estava montado esta semana para a expulsão de Omar, quando o deputado George Santos, de Nova York - o republicano, de origem brasileira, em apuros que admitiu ter deturpado seu passado e está enfrentando várias investigações por fraude e violações de financiamento de campanha - anunciou que se afastaria temporariamente das comissões da Câmara de Pequenas Empresas e Ciência, Espaço e Tecnologia, para os quais foi nomeado no mês passado. Santos se tornou um pára-raios para acusações de duplo padrão, já que os democratas desprezaram McCarthy por protegê-lo enquanto visavam Omar, Schiff e Swalwell.

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