Os primeiros resultados da eleição presidencial da Argentina indicam uma surpreendente vitória do candidato do governo, o peronista Sergio Massa. Com 76% das urnas apuradas, Massa tem 36,2% e o o libertário Javier Milei, 30,2%. A candidata Patricia Bullrich, de centro-direita, tem 23,7%.
Na história recente, houve apenas dois segundos turnos na Argentina: em 2003, Néstor Kirchner iria disputar contra Carlos Menem, mas o ex-presidente desistiu. Em 2015, Mauricio Macri chegou em segundo contra Daniel Scioli e virou a disputa.
Veja como foi a noite eleitoral no país vizinho:
Reportagens Especiais Direto da Argentina
Milei aparece para eleitores
Perto das 23h, Milei apareceu no telão colocado do lado de fora de seu QG, reanimando os apoiadores. Aos gritos de “Liberdade”, eles vibravam a ida ao segundo turno, ainda que em um clima menos animado do que quando esperavam vencer em primeiro turno.
22h36 Apuração caminha para o final
Com 90% das urnas apuradas, a vantagem de Massa para Milei permanece ao redor de seis pontos porcentuais: Massa 36,3%, Milei 30,2%, Bullrich, 23,8%.
21h44 - Massa amplia a vantagem para Milei
Com 83% das urnas apuradas, a vantagem de Massa sobre Milei aumentou. O peronista tem agora 36,15% e o libertário 30,35%. Patrícia Bullrich tem 26,7%. Entre os demais candidatos, Juan Schiaretti tem 7,18% e Myriam Bregman, 2,15%.
21h29 - Clima de velório no QG de Milei
Conforme os primeiros resultados foram sendo divulgados, mostrando Sergio Massa a frente com 35% e Milei com 30%, o clima de festa do lado se fora do QG do libertário diminuiu, informa a enviada especial Carolina Marins. Muitos pararam de cantar “a casta tem medo” e passaram a acompanhar a apuração ao vivo das transmissões televisivas no YouTube.
“Pensei que ganharíamos em primeiro turno”, lamenta um eleitor para os amigos. Logo, alguns passaram a gritar informando que haveria um segundo turno. A fanfarra tentava manter a animação e de vez em quando alguns libertários, como candidato ao governo se Buenos Aires, Ramiro Marra, saíam de dentro do hotel para inflamar o público, mas logo o clima de preocupação retornava.
Darwin Gimenez Martinez 21 e Facundo Ojeda 24 se disseram decepcionados com os resultados. Esperavam que Milei ganhasse já no primeiro turno. “Houve fraude, tenho certeza”, afirma Darwin quando questionando sobre a vitória de Massa em primeira posição. As reivindicações de fraude começavam a ecoar entre os apoiadores do lado de fora do bunker do libertário. “É por isso que a gente tem que tirar esta casta daí, pra mudar a política e não haver mais fraude”. Os dois estão confiantes que Milei ganha no segundo turno.
Para Roberto Burgener, 33, Massa saiu em primeiro neste turno por causa de uma campanha de medo que teria promovido contra Milei. “Eles começaram a pegar vídeos curtos do Milei, com frases cortadas e muito antigas para fazer uma campanha de medo”, afirma.
Sua amiga, Veronica Perini o lembra também das falas sobre o dólar. “Diziam que se o Milei ganhasse, o dólar ia explodir, as pessoas ficaram com medo”, diz ao dar de ombros. Eles estão confiantes de ganhar no segundo turno, mas se preocupam pela distribuicao de votos. Pablo Biscione, 40, acredita que muitos dos votos de Bullrich vão para Milei, mas não estão certos de todos. “Os eleitores da Bullrich também são mais duros, creio que vão para o Milei”, mas observam com atenção os votos dos candidatos menores, como Juan Schiaretti e Myriam Bregman, que acreditam ir para Massa.
21h26 Primeiros resultados indicam Massa à frente de Milei
Os primeiros resultados da eleição na Argentina indicam uma vitória do candidato do governo, Sergio Massa, mas com realização de segundo turno. Ele deve ir para a disputa contra Javier Milei. O resultado foi puxado sobretudo pelo bom desempenho de Massa na Província de Buenos Aires, base do peronismo que concentra parte importante dos eleitores do país.
20h42 Política é política, futebol à parte
Na fanfarra que acompanha a festa dos apoiadores de Milei do lado de fora do hotel os instrumentos possuem, em sua maioria, emblemas e cores do time Boca Júniors, relata Carolina Marins. Os apoiadores, porém, dizem que o Boca não os apoiou no movimento e eles não fazem parte da torcida organizada, seriam instrumentos próprios utilizados.
20h28 Apuração avança, mas sem divulgação de resultados
Segundo o jornal Clarín, cerca de 30% das urnas já foram apuradas, mas não haverá uma divulgação dos resultados até pelo menos as 22h. Ainda de acordo com o jornal, o cenário com que trabalham estrategistas na campanha de Milei, Massa e Bullrich é o de um segundo turno.
A apuração estaria mais avançada nas províncias de Córdoba, Mendoza, Santa Fé e La Pampa. A maior parte do eleitorado do país reside na Província de Buenos Aires e na Capital Federal.
20h14 Milei exclui imprensa internacional
Centenas de jornalistas da imprensa internacional foram barrados de acompanhar a apuração de votos do chamado “bunker” de Javier Milei, informa a enviada especial Carolina Marins. A equipe do candidato se reuniu no Hotel Libertador, em Buenos Aires, mas as autorizações para entrada de imprensa foram limitadas. A equipe do candidato alegou questões de espaço.
O período de credenciamento da imprensa foi aberto na segunda-feira, 16, e deveria ficar aberto até quinta-feira, 19, às 20 horas. Mas o formulário de credenciamento foi encerrado antes do prazo e, quando questionada, a equipe alegou falta de espaço para todas as solicitações. Para o credenciamento, os jornalistas tiveram de contratar um seguro de acidentes pessoais, mas ainda assim não foram autorizados.
Mais tarde, se ficou sabendo que toda a imprensa internacional havia ficado de fora, sendo autorizados poucos profissionais dos veículos locais. Após intervenção da Associação de Correspondentes Estrangeiros da República Argentina (Acera), a equipe do libertário permitiu a entrada de alguns estrangeiros, principalmente de agências de notícias. Segundo comunicado da associação, dos 600 jornalistas que demonstraram interesse, apenas 200 foram aprovados.
19h45 Multidão se reúne no QG de Javier Milei
Conforme chega perto o horário da divulgação dos primeiros resultados, mais e mais partidários de Javier Milei chegam ao bunker do candidato, no centro de Buenos Aires, relata a enviada especial Carolina Marins.
Junto com parte da imprensa internacional que foi deixada de fora do bunker de Milei, dezenas de apoiadores se reuniram do lado de fora do Libertador Hotel ao som de “a casta tem medo”. Muitos foram fantasiados de leão, motosserra e o próprio Milei. Comerciantes aproveitaram para vender bandeiras, camisetas, bottoms e bonecos de Milei em meio à aglomeração. Também era possível encontrar vendedores de milanesas e água.
Lucca Dorado 22 e Jason Salazar 23 Os dois são argentinos mas moram no Chile. Não votaram, porém vieram só para ver o Milei ganhar. Chegaram ontem e devem voltar amanhã para o Chile. Querem que ele ganhe em primeiro turno para nao precisar voltar no segundo. “Estou preocupado porque dizem que não vai ganhar em primeiro turno. Quero que ganhe porque ele é o único que pode mudar a Argentina”.
Danni Lima, 43, estava crente em uma vitória em primeiro turno. Diz que nunca concordou com o kirchnerismo e vota para tirar esses mesmo políticos do poder. “A gente precisa urgente de uma mudança "
19h17 Quem é Patricia Bullrich
Patricia Bullrich, 67, aposta no antiperonismo e na imagem de “linha dura” para se eleger presidente da Argentina pela coalizão Juntos pela Mudança, na eleição marcada para 22 de agosto. Mas nem sempre foi assim. Quando entrou para política, ainda adolescente na década de 1970, ela estava entre os peronistas que agora combate.
Nascida em uma família rica, tradicional e com vínculos na política, Bullrich entrou logo cedo na juventude do partido peronista — ligado a Juan Domingo Perón, que havia sido deposto pelo golpe militar de 1955. Após 18 anos de exílio, Perón voltou a se eleger em 1973, mas morreu no seguinte. Foi justamente neste momento conturbado que ela entrou para política e defendeu inclusive que a luta armada seria a alternativa para as aspirações da juventude revolucionária. Leia mais no perfil.
19h07 Perfil: Quem é Sergio Massa
O advogado Sergio Massa, 51, anos tem a difícil missão de disputar a presidência da Argentina como candidato do governo mais impopular em duas décadas. O cargo ocupado por ele também não ajuda: ministro da economia do país onde a inflação anual se aproxima dos 140%. Depois de se afastar dos peronistas, ele foi chamado para socorrer o governo Alberto Fernandez e se consolidou como nome para sucessão.
O então presidente da Câmara assumiu a Economia ano passado no lugar de Silvina Batakis, tida como nome próximo a Cristina Kirchner. Na época, a nomeação da economista chegou a ser considerada uma vitória para a vice-presidente, que criticava abertamente o primeiro titular da pasta, Martín Guzmán, pelo acordo com o FMI, o Fundo Monetário Internacional, que previa uma política econômica mais austera. Alvo da fritura, Guzmán acabou deixando o cargo e, cerca de um mês depois, Batakis também caiu. Leia mais no perfil.
19h Perfil: Quem é Javier Milei
O libertário Javier Milei surgiu como uma terceira força política, virou o jogo e virou o protagonista da eleição, marcada para 22 de outubro. O deputado do pequeno partido Liberdade Avança era um desconhecido até ser eleito para Câmara em 2021, mas logo chamou a atenção de eleitores frustrados com a política e surpreendeu com o primeiro lugar nas primárias.
Javier Milei é a mais nova expressão dos outsiders que irromperam na política nos anos recentes. O economista de 51 anos, autodenominado anarcocapitalista, disse que iria acabar com a classe dominante, reduzir o governo e fechar o banco central, cuja política monetária ruim, segundo ele, “rouba” dinheiro dos argentinos por meio da inflação. Leia mais no perfil.
18h43 - Segundo turno e resultados
Autoridades eleitorais disseram ao jornal Clarín não há uma previsão para a divulgação do resultado final da eleição. Na imprensa argentina, a expectativa é a de que haja uma definição no começo da noite. Haverá segundo turno se nenhum candidato obtiver mais de 45% dos votos, ou se obtiver entre 40% e 45%, desde que a diferença para o segundo seja inferior a dez pontos porcentuais.
18h30 - Filas para votar
Ainda há filas nas principais cidades da Argentina para votar. Todo mundo que chegou antes das 18h no centro de votação poderá depositar seu voto na urna. Os candidatos já se recolheram para os bunkers de campanha, de onde acompanharão a apuração.
18h20 - Ameaça de bomba
Uma suposta ameaça de bomba na Casa Rosada, sede do governo argentino em Buenos Aires, gerou um alerta da polícia local a poucos minutos do fechamento das urnas, enquanto os argentinos ainda saíam para decidir o futuro da nação no primeiro turno da disputa pela presidência. A existência da bomba ainda não foi confirmada.
De acordo com as autoridades, a ameaça de bomba foi comunicada por telefone.
18h12 - Baixa participação
A participação na eleição, segundo a Justiça eleitoral, foi de 74%, a menor desde a redemocratização do país, em 1983. Apesar disso, mais gente apareceu para votar que nas primárias.