Robert Mugabe, de herói da independência a tirano


Ex-presidente quebrou o país ao longo dos 37 anos em que esteve no poder

Por The Economist

Ele tinha sempre um livro na mão. Naqueles primeiros e felizes anos como líder do Zimbábue, voltava para casa às 17h30, batendo à porta para que sua adorada Sally soubesse que ele havia chegado. Os dois se sentavam abraçados numa poltrona baixa, ela comendo pudim de creme e ele bebericando chá. Com um braço nos ombros dela, com a mão livre, ele virava as páginas de um romance, geralmente inglês, frequentemente de Graham Greene.

Robert Mugabe se dava bem com as palavras escritas. Com as pessoas, menos. Garoto tímido e arredio, ele não tinha amigos em Kutama, sua cidadezinha. Mais tarde, admitiria: “Eu vivia fechado em mim mesmo. Gostava de falar sozinho, ler em voz alta, recitar pequenos poemas, coisas assim”. Solitário, detestava as ruidosas brincadeiras com amigos e a vida comunitária em geral. Um irmão, Donato, achava-o “um preguiçoso que só lia o tempo todo”. Até na poeira, reunindo o gado, ele lia. “Levava o livro em uma mão e o chicote na outra. Todos nós o achávamos estranho”, relembrou Donato.

Robert Mugabe renunciou à presidência do Zimbábue após 37 anos no poder. Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP
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O padre irlandês da missão católica de São Francisco Xavier, em Kutama, disse à mãe de Robert que ele tinha “um senso de responsabilidade incomum” e um dia seria “alguém importante”. Robert ia à missa diariamente, principalmente após seu irmão mais velho, Michael, morrer envenenado por amido de milho. Ele se tornou professor. Primeiro na Rodésia do Sul (colônia britânica que deu origem ao atual Zimbábue), depois em Fort Hare, África do Sul (um celeiro de líderes nacionalistas africanos), e por último em Gana, onde conheceu Sally.

Como nacionalista africano na Rodésia, governada por Ian Smith em nome dos supremacistas brancos, a prisão tornou-se inevitável. Passou 11 anos atrás das grades por se opor ao domínio da minoria branca – “um pedaço de minha vida roubado”. Na cadeia, buscou força nos livros. Estudou. A prisão, como fez com Mandela, Nkrumah e Kenyatta, conferiu-lhe credibilidade política. Em Moçambique, após sua libertação, enquanto os companheiros de luta pela liberdade usavam roupas de camuflagem, ele suava dentro de um terno.

Através da vida, seus rivais às vezes tinham morte súbita. Carros eram esmagados por caminhões em estradas desertas; casas de fazenda eram devoradas pelas chamas; oponentes passaram a temer janelas altas. Poucos gostavam dele. Os britânicos o esnobavam. Em Lancaster House, Londres, em meio a discussões sobre independência e eleições, o secretário do Exterior britânico o descreveu como “reptiliano, não humano”.

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Seus eleitores pensavam diferente

Vitória. Já seus eleitores pensavam de modo diferente. Ele teve uma vitória legítima e arrasadora nas primeiras eleições livres do país, em 1980. Para espanto e alívio de Smith e dos fazendeiros brancos, Mugabe os deixou ficar e manter suas terras, desde que se abstivessem de fazer política.

Sua formação de professor veio à tona. Os zimbabuanos estavam entre os povos mais educados da África e, nas noites na State House (residência oficial do governante), via-se Mugabe dando pessoalmente aulas aos empregados. 

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Ele responsabilizou o Reino Unido por todos seus infortúnios, incluindo o completo colapso econômico a que ele levou o país na primeira década deste século. A inflação foi a 500 trilhões%. Uma geração de zimbabuanos fugiu do país. Segundo ele, os britânicos não cumpriram a palavra de pagar pela reforma agrária. Mesmo assim, Mugabe era fascinado pela Inglaterra – compras na Savile Row, críquete, chás com “Johnny” Major, elogios à rainha. 

Mas, apesar de todos os livros lidos, ele nunca deixou de estalar o chicote. No início dos anos 80, recorreu à Coreia do Norte para treinar soldados para esmagar a principal minoria tribal do país, os ndebeles. Ele admitiu que suas forças cometeram “alguns excessos” quando povoados inteiros foram queimados. Mas disse que era um homem do perdão – “do contrário, teria esquartejado muita gente”. Mas o medo de ser processado por crimes contra a humanidade pode tê-lo encorajado a se agarrar ao poder.

Mugabe e sua mulher Grace, conhecida por suas extravagantes compras em lojas do exterior Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP
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Seu governo se tornou mais visado, possivelmente porque Sally havia morrido e sido substituída por Grace, uma ex-secretária ainda mais ávida por compras e pelo poder político. Os oponentes, antes cooptados, passaram a ser esmagados. Jovens capangas infernizavam fazendeiros brancos tomando suas terras. Como economia agrícola, o Zimbábue desabou.

Mugabe nunca considerou que o caos de seu país houvesse virado tragédia. Para ele, tudo se devia a intromissões externas ou a traiçoeiras ameaças de rivais. O Exército e uma Organização Central de Inteligência garantiam sua permanência no poder – fraudando eleições, matando opositores, fechando jornais e apavorando uma geração de zimbabuanos brilhantes e tolerantes que poderiam ter se tornado líderes africanos. O povo morria de fome, aids, cólera e desespero. Mas todo ano Mugabe dava uma generosa festa pública para comemorar seu aniversário, mostrando-se radiante como um garoto enquanto cortava um enorme bolo.

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No fim, foi a demissão e a fuga do lugar-tenente em que mais confiava, Emmerson Mnangagwa, que levou a sua queda, em 2017. O Exército concentrou-se em Harare. Os generais insistiam em que não se tratava de um golpe, preferindo dizer que estavam lidando com “traidores”. No devido tempo, puseram Mnangagwa como presidente. 

Quando lhe perguntavam por que as pessoas o temiam, Mugabe dizia que talvez fosse por ser “quieto e acreditar no que digo”. Já bem entrado nos 80, quando The Economist lhe perguntou quando se aposentaria, ele riu e respondeu que governaria “até chegar aos 100 anos”. Para o Zimbábue, a tragédia foi o quão perto ele chegou de cumprir a promessa. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  

© 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

Ele tinha sempre um livro na mão. Naqueles primeiros e felizes anos como líder do Zimbábue, voltava para casa às 17h30, batendo à porta para que sua adorada Sally soubesse que ele havia chegado. Os dois se sentavam abraçados numa poltrona baixa, ela comendo pudim de creme e ele bebericando chá. Com um braço nos ombros dela, com a mão livre, ele virava as páginas de um romance, geralmente inglês, frequentemente de Graham Greene.

Robert Mugabe se dava bem com as palavras escritas. Com as pessoas, menos. Garoto tímido e arredio, ele não tinha amigos em Kutama, sua cidadezinha. Mais tarde, admitiria: “Eu vivia fechado em mim mesmo. Gostava de falar sozinho, ler em voz alta, recitar pequenos poemas, coisas assim”. Solitário, detestava as ruidosas brincadeiras com amigos e a vida comunitária em geral. Um irmão, Donato, achava-o “um preguiçoso que só lia o tempo todo”. Até na poeira, reunindo o gado, ele lia. “Levava o livro em uma mão e o chicote na outra. Todos nós o achávamos estranho”, relembrou Donato.

Robert Mugabe renunciou à presidência do Zimbábue após 37 anos no poder. Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP

O padre irlandês da missão católica de São Francisco Xavier, em Kutama, disse à mãe de Robert que ele tinha “um senso de responsabilidade incomum” e um dia seria “alguém importante”. Robert ia à missa diariamente, principalmente após seu irmão mais velho, Michael, morrer envenenado por amido de milho. Ele se tornou professor. Primeiro na Rodésia do Sul (colônia britânica que deu origem ao atual Zimbábue), depois em Fort Hare, África do Sul (um celeiro de líderes nacionalistas africanos), e por último em Gana, onde conheceu Sally.

Como nacionalista africano na Rodésia, governada por Ian Smith em nome dos supremacistas brancos, a prisão tornou-se inevitável. Passou 11 anos atrás das grades por se opor ao domínio da minoria branca – “um pedaço de minha vida roubado”. Na cadeia, buscou força nos livros. Estudou. A prisão, como fez com Mandela, Nkrumah e Kenyatta, conferiu-lhe credibilidade política. Em Moçambique, após sua libertação, enquanto os companheiros de luta pela liberdade usavam roupas de camuflagem, ele suava dentro de um terno.

Através da vida, seus rivais às vezes tinham morte súbita. Carros eram esmagados por caminhões em estradas desertas; casas de fazenda eram devoradas pelas chamas; oponentes passaram a temer janelas altas. Poucos gostavam dele. Os britânicos o esnobavam. Em Lancaster House, Londres, em meio a discussões sobre independência e eleições, o secretário do Exterior britânico o descreveu como “reptiliano, não humano”.

Seus eleitores pensavam diferente

Vitória. Já seus eleitores pensavam de modo diferente. Ele teve uma vitória legítima e arrasadora nas primeiras eleições livres do país, em 1980. Para espanto e alívio de Smith e dos fazendeiros brancos, Mugabe os deixou ficar e manter suas terras, desde que se abstivessem de fazer política.

Sua formação de professor veio à tona. Os zimbabuanos estavam entre os povos mais educados da África e, nas noites na State House (residência oficial do governante), via-se Mugabe dando pessoalmente aulas aos empregados. 

Ele responsabilizou o Reino Unido por todos seus infortúnios, incluindo o completo colapso econômico a que ele levou o país na primeira década deste século. A inflação foi a 500 trilhões%. Uma geração de zimbabuanos fugiu do país. Segundo ele, os britânicos não cumpriram a palavra de pagar pela reforma agrária. Mesmo assim, Mugabe era fascinado pela Inglaterra – compras na Savile Row, críquete, chás com “Johnny” Major, elogios à rainha. 

Mas, apesar de todos os livros lidos, ele nunca deixou de estalar o chicote. No início dos anos 80, recorreu à Coreia do Norte para treinar soldados para esmagar a principal minoria tribal do país, os ndebeles. Ele admitiu que suas forças cometeram “alguns excessos” quando povoados inteiros foram queimados. Mas disse que era um homem do perdão – “do contrário, teria esquartejado muita gente”. Mas o medo de ser processado por crimes contra a humanidade pode tê-lo encorajado a se agarrar ao poder.

Mugabe e sua mulher Grace, conhecida por suas extravagantes compras em lojas do exterior Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP

Seu governo se tornou mais visado, possivelmente porque Sally havia morrido e sido substituída por Grace, uma ex-secretária ainda mais ávida por compras e pelo poder político. Os oponentes, antes cooptados, passaram a ser esmagados. Jovens capangas infernizavam fazendeiros brancos tomando suas terras. Como economia agrícola, o Zimbábue desabou.

Mugabe nunca considerou que o caos de seu país houvesse virado tragédia. Para ele, tudo se devia a intromissões externas ou a traiçoeiras ameaças de rivais. O Exército e uma Organização Central de Inteligência garantiam sua permanência no poder – fraudando eleições, matando opositores, fechando jornais e apavorando uma geração de zimbabuanos brilhantes e tolerantes que poderiam ter se tornado líderes africanos. O povo morria de fome, aids, cólera e desespero. Mas todo ano Mugabe dava uma generosa festa pública para comemorar seu aniversário, mostrando-se radiante como um garoto enquanto cortava um enorme bolo.

No fim, foi a demissão e a fuga do lugar-tenente em que mais confiava, Emmerson Mnangagwa, que levou a sua queda, em 2017. O Exército concentrou-se em Harare. Os generais insistiam em que não se tratava de um golpe, preferindo dizer que estavam lidando com “traidores”. No devido tempo, puseram Mnangagwa como presidente. 

Quando lhe perguntavam por que as pessoas o temiam, Mugabe dizia que talvez fosse por ser “quieto e acreditar no que digo”. Já bem entrado nos 80, quando The Economist lhe perguntou quando se aposentaria, ele riu e respondeu que governaria “até chegar aos 100 anos”. Para o Zimbábue, a tragédia foi o quão perto ele chegou de cumprir a promessa. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  

© 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

Ele tinha sempre um livro na mão. Naqueles primeiros e felizes anos como líder do Zimbábue, voltava para casa às 17h30, batendo à porta para que sua adorada Sally soubesse que ele havia chegado. Os dois se sentavam abraçados numa poltrona baixa, ela comendo pudim de creme e ele bebericando chá. Com um braço nos ombros dela, com a mão livre, ele virava as páginas de um romance, geralmente inglês, frequentemente de Graham Greene.

Robert Mugabe se dava bem com as palavras escritas. Com as pessoas, menos. Garoto tímido e arredio, ele não tinha amigos em Kutama, sua cidadezinha. Mais tarde, admitiria: “Eu vivia fechado em mim mesmo. Gostava de falar sozinho, ler em voz alta, recitar pequenos poemas, coisas assim”. Solitário, detestava as ruidosas brincadeiras com amigos e a vida comunitária em geral. Um irmão, Donato, achava-o “um preguiçoso que só lia o tempo todo”. Até na poeira, reunindo o gado, ele lia. “Levava o livro em uma mão e o chicote na outra. Todos nós o achávamos estranho”, relembrou Donato.

Robert Mugabe renunciou à presidência do Zimbábue após 37 anos no poder. Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP

O padre irlandês da missão católica de São Francisco Xavier, em Kutama, disse à mãe de Robert que ele tinha “um senso de responsabilidade incomum” e um dia seria “alguém importante”. Robert ia à missa diariamente, principalmente após seu irmão mais velho, Michael, morrer envenenado por amido de milho. Ele se tornou professor. Primeiro na Rodésia do Sul (colônia britânica que deu origem ao atual Zimbábue), depois em Fort Hare, África do Sul (um celeiro de líderes nacionalistas africanos), e por último em Gana, onde conheceu Sally.

Como nacionalista africano na Rodésia, governada por Ian Smith em nome dos supremacistas brancos, a prisão tornou-se inevitável. Passou 11 anos atrás das grades por se opor ao domínio da minoria branca – “um pedaço de minha vida roubado”. Na cadeia, buscou força nos livros. Estudou. A prisão, como fez com Mandela, Nkrumah e Kenyatta, conferiu-lhe credibilidade política. Em Moçambique, após sua libertação, enquanto os companheiros de luta pela liberdade usavam roupas de camuflagem, ele suava dentro de um terno.

Através da vida, seus rivais às vezes tinham morte súbita. Carros eram esmagados por caminhões em estradas desertas; casas de fazenda eram devoradas pelas chamas; oponentes passaram a temer janelas altas. Poucos gostavam dele. Os britânicos o esnobavam. Em Lancaster House, Londres, em meio a discussões sobre independência e eleições, o secretário do Exterior britânico o descreveu como “reptiliano, não humano”.

Seus eleitores pensavam diferente

Vitória. Já seus eleitores pensavam de modo diferente. Ele teve uma vitória legítima e arrasadora nas primeiras eleições livres do país, em 1980. Para espanto e alívio de Smith e dos fazendeiros brancos, Mugabe os deixou ficar e manter suas terras, desde que se abstivessem de fazer política.

Sua formação de professor veio à tona. Os zimbabuanos estavam entre os povos mais educados da África e, nas noites na State House (residência oficial do governante), via-se Mugabe dando pessoalmente aulas aos empregados. 

Ele responsabilizou o Reino Unido por todos seus infortúnios, incluindo o completo colapso econômico a que ele levou o país na primeira década deste século. A inflação foi a 500 trilhões%. Uma geração de zimbabuanos fugiu do país. Segundo ele, os britânicos não cumpriram a palavra de pagar pela reforma agrária. Mesmo assim, Mugabe era fascinado pela Inglaterra – compras na Savile Row, críquete, chás com “Johnny” Major, elogios à rainha. 

Mas, apesar de todos os livros lidos, ele nunca deixou de estalar o chicote. No início dos anos 80, recorreu à Coreia do Norte para treinar soldados para esmagar a principal minoria tribal do país, os ndebeles. Ele admitiu que suas forças cometeram “alguns excessos” quando povoados inteiros foram queimados. Mas disse que era um homem do perdão – “do contrário, teria esquartejado muita gente”. Mas o medo de ser processado por crimes contra a humanidade pode tê-lo encorajado a se agarrar ao poder.

Mugabe e sua mulher Grace, conhecida por suas extravagantes compras em lojas do exterior Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP

Seu governo se tornou mais visado, possivelmente porque Sally havia morrido e sido substituída por Grace, uma ex-secretária ainda mais ávida por compras e pelo poder político. Os oponentes, antes cooptados, passaram a ser esmagados. Jovens capangas infernizavam fazendeiros brancos tomando suas terras. Como economia agrícola, o Zimbábue desabou.

Mugabe nunca considerou que o caos de seu país houvesse virado tragédia. Para ele, tudo se devia a intromissões externas ou a traiçoeiras ameaças de rivais. O Exército e uma Organização Central de Inteligência garantiam sua permanência no poder – fraudando eleições, matando opositores, fechando jornais e apavorando uma geração de zimbabuanos brilhantes e tolerantes que poderiam ter se tornado líderes africanos. O povo morria de fome, aids, cólera e desespero. Mas todo ano Mugabe dava uma generosa festa pública para comemorar seu aniversário, mostrando-se radiante como um garoto enquanto cortava um enorme bolo.

No fim, foi a demissão e a fuga do lugar-tenente em que mais confiava, Emmerson Mnangagwa, que levou a sua queda, em 2017. O Exército concentrou-se em Harare. Os generais insistiam em que não se tratava de um golpe, preferindo dizer que estavam lidando com “traidores”. No devido tempo, puseram Mnangagwa como presidente. 

Quando lhe perguntavam por que as pessoas o temiam, Mugabe dizia que talvez fosse por ser “quieto e acreditar no que digo”. Já bem entrado nos 80, quando The Economist lhe perguntou quando se aposentaria, ele riu e respondeu que governaria “até chegar aos 100 anos”. Para o Zimbábue, a tragédia foi o quão perto ele chegou de cumprir a promessa. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  

© 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

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