Roy Moore acredita que a lei divina está acima da dos homens, vê o homossexualismo como uma aberração, diz que a América foi grande pela última vez no período da escravidão e defende que muçulmanos não devem ser eleitos para o Congresso dos EUA. O evangélico ultraconservador também é acusado de ter assediado ou agredido sexualmente adolescentes quando tinha mais de 30 anos de idade. A mais jovem das supostas vítimas tinha 14 anos na época.
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Nesta terça-feira, ele pode se tornar um senador pelo Partido Republicano, com o apoio do presidente Donald Trump. A disputa pela cadeira se transformou em um referendo sobre a identidade do Alabama, um dos mais conservadores Estados do país, e um catalisador dos debates sobre assédio sexual e a questão racial que mobilizam os americanos.
Na véspera da votação, três mulheres que acusaram Trump de investidas sexuais indesejadas reiteraram suas alegações e pediram que o Congresso abra uma investigação contra o presidente.
No mês passado, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, defendeu que Moore abandonasse a disputa. Segundo ele, caso fosse eleito, seu colega de partido seria alvo de um processo na comissão de ética que poderia levar à sua expulsão da Casa. Diante da determinação de Trump em apoiar Moore, McConnell suavizou sua posição e afirmou na semana passada que caberá aos eleitores do Alabama decidir sobre seu representante.
Apesar de classificar as acusações contra Moore de “preocupantes”, a Casa Branca decidiu ignorá-las sob o argumento de que o presidente precisa da vitória do republicano para manter sua atual maioria no Senado, onde conta com 52 dos 100 votos. Na segunda-feira, eleitores do Alabama receberam ligações automáticas nas quais Trump pede votos para o candidato.
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O presidente americano, Donald Trump, qualificou de "preocupantes" as acusações de agressão sexual contra Roy Moore, candidato republicano ao Senado pelo Alabama, mas assinalou que não cabe a ele exigir sua renúncia, informou seu porta-voz nesta quinta-feira.
O escândalo sexual e as posições extremas de Moore abriram a possibilidade de a disputa ser vencida por seu opositor, o democrata Doug Jones, um ex-procurador célebre pela condenação de integrantes da Ku Klux Klan que realizaram um atentado à bomba contra uma igreja negra nos anos 60, no qual quatro meninas morreram.
A última vez em que o Alabama elegeu um democrata para o Senado foi há 25 anos. No ano passado, Trump levou o Estado com 63% dos votos contra 35% obtidos por sua adversária, Hillary Clinton.
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As chances de Jones dependem do grau de mobilização da base democrata, em especial dos afro-americanos, que representam 27% da população do Alabama. Líderes negros de outros Estados pediram votos para Jones e o ex-presidente Barack Obama gravou mensagem de apoio ao candidato, também disparada de maneira automática em telefonemas aos eleitores.
Com 70 anos de idade, Moore tem uma trajetória polêmica e é uma espécie de caricatura do conservadorismo religioso nos EUA. O candidato ocupou duas vezes a presidência da Suprema Corte do Alabama e foi afastado em ambas por descumprir determinações judiciais.
Em sua primeira passagem pelo cargo, ele mandou construir um monumento com a reprodução dos Dez Mandamentos na entrada do edifício. Entidades de defesa dos direitos civis foram à Justiça pedir a remoção da obra, sob o argumento de que ela violava o princípio da separação entre Estado e igreja.
Moore disse em sua defesa que o monumento refletia “a soberania de Deus sobre os assuntos dos homens”. Segundo ele, na tradição judaico-cristão, “Deus reina tanto sobre a igreja quanto sobre o Estado”. O candidato se recusou a cumprir a decisão de remoção da obra e foi afastado do cargo por violar o Código de Ética Judicial.
Moore foi reeleito para a Suprema Corte do Alabama em 2012. Três anos mais tarde, ele foi afastado novamente por ordenar que juízes de primeiro grau e funcionários públicos ignorassem a decisão da Suprema Corte dos EUA que legalizou o casamento gay em 2015 e se recusassem a realizar uniões entre pessoas do mesmo sexo.