Rússia admite avanço ucraniano no leste e Putin é criticado por aliados


Retomada de Izium, um ponto ferroviário estratégico pode indicar uma virada na guerra em favor da Ucrânia, a meses da chegada do inverno na região

Por Redação
Atualização:

O governo russo admitiu neste domingo, 11 o avanço de tropas ucranianas no leste do país e indicou uma retirada de quase toda a Província de Kharkiv depois de o governo de Volodmir Zelenski ter conseguido no fim de semana sua segunda maior vitória na guerra desde a retirada russa de Kiev, em abril.

A retomada de Izium, um ponto ferroviário estratégico na Província de Kharkiv, e de outras pequenas cidades da região provocou críticas até mesmo entre aliados próximos do presidente Vladimir Putin e pode indicar uma virada na guerra em favor da Ucrânia, a meses da chegada do inverno na região.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que se retirou das cidades de Izium e Balaklia e optou por se reagrupar em Donetsk. Um mapa divulgado pelo ministério mostra as forças russas se retirando para o lado leste do Rio Oskol, cerca de 16 quilômetros a leste da cidade de Izium, com o rio parecendo representar a nova linha de frente na região. Apesar disso, a Rússia ainda ocupa uma parte extensa do território ucraniano, incluindo as cidades de Mariupol, Melitopol e Kherson e a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014.

continua após a publicidade

Civis passam pela cidade de Irpin, retomada pela Ucrânia de tropas russas  Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Críticas a Putin

continua após a publicidade

A campanha ucraniana descontentou aliados do Kremlin. “Uma grande derrota”, lamentou Igor Girkin, um ex-comandante linha-dura dos separatistas na Ucrânia, em um canal militar pró-russo no Telegram. Entre os blogueiros pró-guerra russos – alguns incorporados às tropas russas perto da linha de frente – as críticas também crescem. Muitos acusam o governo de subestimar o inimigo e ocultar más notícias do público.

Um dos blogueiros, Yuri Podolyaka, que é da Ucrânia, mas se mudou para a Crimeia após sua anexação em 2014, disse a seus 2,3 milhões de seguidores do Telegram que, se os militares continuassem a minimizar seus reveses no campo de batalha, os russos “deixariam de confiar no Ministério de Defesa e em breve o governo como um todo”.

Ramzan Kadyrov, líder militar checheno aliado de Putin, também acusou o Ministério da Defesa de cometer erros e acusou o governo de ocultá-los do público. “Se hoje ou amanhã não houver mudanças na estratégia da operação militar especial, eu precisaria falar com a liderança do Ministério da Defesa e com a liderança do país para explicar a eles a real situação no terreno”, disse.

continua após a publicidade
Ataques de artilharia russa deixaram danos nos prédios da cidade Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Celebração no front

Nas cidades liberadas, os moradores saíram às ruas para celebrar o avanço do Exército ucraniano. Em Izium e Balaklia, a bandeira azul e amarela do país voltou a tremular nos prédios públicos. Com a vitória, civis que viviam sob controle russo esperam que a guerra que já dura 200 dias vire definitivamente em favor da Ucrânia. “Seremos todos ucranianos novamente”, disse Natalia Khubezhova, de 48 anos, moradora de Chuhuiv, tomada nos primeiros meses de guerra pelos russos.

continua após a publicidade

O colapso das posições russas nos arredores de Kharkiv e a perda da estratégica Izium se deve ao fato de que Putin deixou sua retaguarda desprotegida no nordeste da Ucrânia. O Exército russo preferiu em junho deslocar as tropas que mantinha na região de Kharkiv, ocupada no início da guerra, para tentar tomar as cidades industriais de Severodonetsk e Lisichansk, na região do Donbass.

Analistas indicam que a escassez de tropas motivou a escolha do comando militar russo, já que o governo hesita em instituir a convocação obrigatória para a “operação especial” na Ucrânia. O serviço obrigatório, dizem especialistas, significaria reconhecer ao público que uma guerra de verdade está sendo travada. Isso contraria a versão oficial do Kremlin e pode criar problemas domésticos para Putin.

continua após a publicidade

O avanço ucraniano chega em um momento em que se aproxima o inverno, quando as linhas de frente devem sofrer com a neve. “As forças ucranianas não pararam depois de chegar à primeira cidade e preferiram avançar mais fundo atrás das linhas russas”, disse Rob Lee, analista militar do Foreign Policy Research Institute. “Quanto mais forças ucranianas avançam, mais difícil é sustentar, mas não parece que a Rússia tenha reservas suficientes prontas para impedir o avanço ou manter essas cidades.”

O presidente ucraniano demonstrou otimismo. “O caminho para a retomada de todo o território está todo ali, a cada dia fica mais claro. Vemos os contornos da restauração da integridade territorial de nosso Estado”, disse Zelenski. Ele alertou que os próximos 90 dias de luta, à medida que as temperaturas caem, seriam cruciais.

De acordo com Jack Watling, pesquisador sênior do Royal United Services Institute, um grupo de pesquisa em Londres, a perda de Izium e de uma fatia mais ampla de território a sudeste da cidade de Kharkiv parece mostrar o colapso efetivo de um dos quatro comandos regionais russos na Ucrânia – aquele que cobre o nordeste. /NYT e W. POST

O governo russo admitiu neste domingo, 11 o avanço de tropas ucranianas no leste do país e indicou uma retirada de quase toda a Província de Kharkiv depois de o governo de Volodmir Zelenski ter conseguido no fim de semana sua segunda maior vitória na guerra desde a retirada russa de Kiev, em abril.

A retomada de Izium, um ponto ferroviário estratégico na Província de Kharkiv, e de outras pequenas cidades da região provocou críticas até mesmo entre aliados próximos do presidente Vladimir Putin e pode indicar uma virada na guerra em favor da Ucrânia, a meses da chegada do inverno na região.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que se retirou das cidades de Izium e Balaklia e optou por se reagrupar em Donetsk. Um mapa divulgado pelo ministério mostra as forças russas se retirando para o lado leste do Rio Oskol, cerca de 16 quilômetros a leste da cidade de Izium, com o rio parecendo representar a nova linha de frente na região. Apesar disso, a Rússia ainda ocupa uma parte extensa do território ucraniano, incluindo as cidades de Mariupol, Melitopol e Kherson e a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014.

Civis passam pela cidade de Irpin, retomada pela Ucrânia de tropas russas  Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Críticas a Putin

A campanha ucraniana descontentou aliados do Kremlin. “Uma grande derrota”, lamentou Igor Girkin, um ex-comandante linha-dura dos separatistas na Ucrânia, em um canal militar pró-russo no Telegram. Entre os blogueiros pró-guerra russos – alguns incorporados às tropas russas perto da linha de frente – as críticas também crescem. Muitos acusam o governo de subestimar o inimigo e ocultar más notícias do público.

Um dos blogueiros, Yuri Podolyaka, que é da Ucrânia, mas se mudou para a Crimeia após sua anexação em 2014, disse a seus 2,3 milhões de seguidores do Telegram que, se os militares continuassem a minimizar seus reveses no campo de batalha, os russos “deixariam de confiar no Ministério de Defesa e em breve o governo como um todo”.

Ramzan Kadyrov, líder militar checheno aliado de Putin, também acusou o Ministério da Defesa de cometer erros e acusou o governo de ocultá-los do público. “Se hoje ou amanhã não houver mudanças na estratégia da operação militar especial, eu precisaria falar com a liderança do Ministério da Defesa e com a liderança do país para explicar a eles a real situação no terreno”, disse.

Ataques de artilharia russa deixaram danos nos prédios da cidade Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Celebração no front

Nas cidades liberadas, os moradores saíram às ruas para celebrar o avanço do Exército ucraniano. Em Izium e Balaklia, a bandeira azul e amarela do país voltou a tremular nos prédios públicos. Com a vitória, civis que viviam sob controle russo esperam que a guerra que já dura 200 dias vire definitivamente em favor da Ucrânia. “Seremos todos ucranianos novamente”, disse Natalia Khubezhova, de 48 anos, moradora de Chuhuiv, tomada nos primeiros meses de guerra pelos russos.

O colapso das posições russas nos arredores de Kharkiv e a perda da estratégica Izium se deve ao fato de que Putin deixou sua retaguarda desprotegida no nordeste da Ucrânia. O Exército russo preferiu em junho deslocar as tropas que mantinha na região de Kharkiv, ocupada no início da guerra, para tentar tomar as cidades industriais de Severodonetsk e Lisichansk, na região do Donbass.

Analistas indicam que a escassez de tropas motivou a escolha do comando militar russo, já que o governo hesita em instituir a convocação obrigatória para a “operação especial” na Ucrânia. O serviço obrigatório, dizem especialistas, significaria reconhecer ao público que uma guerra de verdade está sendo travada. Isso contraria a versão oficial do Kremlin e pode criar problemas domésticos para Putin.

O avanço ucraniano chega em um momento em que se aproxima o inverno, quando as linhas de frente devem sofrer com a neve. “As forças ucranianas não pararam depois de chegar à primeira cidade e preferiram avançar mais fundo atrás das linhas russas”, disse Rob Lee, analista militar do Foreign Policy Research Institute. “Quanto mais forças ucranianas avançam, mais difícil é sustentar, mas não parece que a Rússia tenha reservas suficientes prontas para impedir o avanço ou manter essas cidades.”

O presidente ucraniano demonstrou otimismo. “O caminho para a retomada de todo o território está todo ali, a cada dia fica mais claro. Vemos os contornos da restauração da integridade territorial de nosso Estado”, disse Zelenski. Ele alertou que os próximos 90 dias de luta, à medida que as temperaturas caem, seriam cruciais.

De acordo com Jack Watling, pesquisador sênior do Royal United Services Institute, um grupo de pesquisa em Londres, a perda de Izium e de uma fatia mais ampla de território a sudeste da cidade de Kharkiv parece mostrar o colapso efetivo de um dos quatro comandos regionais russos na Ucrânia – aquele que cobre o nordeste. /NYT e W. POST

O governo russo admitiu neste domingo, 11 o avanço de tropas ucranianas no leste do país e indicou uma retirada de quase toda a Província de Kharkiv depois de o governo de Volodmir Zelenski ter conseguido no fim de semana sua segunda maior vitória na guerra desde a retirada russa de Kiev, em abril.

A retomada de Izium, um ponto ferroviário estratégico na Província de Kharkiv, e de outras pequenas cidades da região provocou críticas até mesmo entre aliados próximos do presidente Vladimir Putin e pode indicar uma virada na guerra em favor da Ucrânia, a meses da chegada do inverno na região.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que se retirou das cidades de Izium e Balaklia e optou por se reagrupar em Donetsk. Um mapa divulgado pelo ministério mostra as forças russas se retirando para o lado leste do Rio Oskol, cerca de 16 quilômetros a leste da cidade de Izium, com o rio parecendo representar a nova linha de frente na região. Apesar disso, a Rússia ainda ocupa uma parte extensa do território ucraniano, incluindo as cidades de Mariupol, Melitopol e Kherson e a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014.

Civis passam pela cidade de Irpin, retomada pela Ucrânia de tropas russas  Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Críticas a Putin

A campanha ucraniana descontentou aliados do Kremlin. “Uma grande derrota”, lamentou Igor Girkin, um ex-comandante linha-dura dos separatistas na Ucrânia, em um canal militar pró-russo no Telegram. Entre os blogueiros pró-guerra russos – alguns incorporados às tropas russas perto da linha de frente – as críticas também crescem. Muitos acusam o governo de subestimar o inimigo e ocultar más notícias do público.

Um dos blogueiros, Yuri Podolyaka, que é da Ucrânia, mas se mudou para a Crimeia após sua anexação em 2014, disse a seus 2,3 milhões de seguidores do Telegram que, se os militares continuassem a minimizar seus reveses no campo de batalha, os russos “deixariam de confiar no Ministério de Defesa e em breve o governo como um todo”.

Ramzan Kadyrov, líder militar checheno aliado de Putin, também acusou o Ministério da Defesa de cometer erros e acusou o governo de ocultá-los do público. “Se hoje ou amanhã não houver mudanças na estratégia da operação militar especial, eu precisaria falar com a liderança do Ministério da Defesa e com a liderança do país para explicar a eles a real situação no terreno”, disse.

Ataques de artilharia russa deixaram danos nos prédios da cidade Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Celebração no front

Nas cidades liberadas, os moradores saíram às ruas para celebrar o avanço do Exército ucraniano. Em Izium e Balaklia, a bandeira azul e amarela do país voltou a tremular nos prédios públicos. Com a vitória, civis que viviam sob controle russo esperam que a guerra que já dura 200 dias vire definitivamente em favor da Ucrânia. “Seremos todos ucranianos novamente”, disse Natalia Khubezhova, de 48 anos, moradora de Chuhuiv, tomada nos primeiros meses de guerra pelos russos.

O colapso das posições russas nos arredores de Kharkiv e a perda da estratégica Izium se deve ao fato de que Putin deixou sua retaguarda desprotegida no nordeste da Ucrânia. O Exército russo preferiu em junho deslocar as tropas que mantinha na região de Kharkiv, ocupada no início da guerra, para tentar tomar as cidades industriais de Severodonetsk e Lisichansk, na região do Donbass.

Analistas indicam que a escassez de tropas motivou a escolha do comando militar russo, já que o governo hesita em instituir a convocação obrigatória para a “operação especial” na Ucrânia. O serviço obrigatório, dizem especialistas, significaria reconhecer ao público que uma guerra de verdade está sendo travada. Isso contraria a versão oficial do Kremlin e pode criar problemas domésticos para Putin.

O avanço ucraniano chega em um momento em que se aproxima o inverno, quando as linhas de frente devem sofrer com a neve. “As forças ucranianas não pararam depois de chegar à primeira cidade e preferiram avançar mais fundo atrás das linhas russas”, disse Rob Lee, analista militar do Foreign Policy Research Institute. “Quanto mais forças ucranianas avançam, mais difícil é sustentar, mas não parece que a Rússia tenha reservas suficientes prontas para impedir o avanço ou manter essas cidades.”

O presidente ucraniano demonstrou otimismo. “O caminho para a retomada de todo o território está todo ali, a cada dia fica mais claro. Vemos os contornos da restauração da integridade territorial de nosso Estado”, disse Zelenski. Ele alertou que os próximos 90 dias de luta, à medida que as temperaturas caem, seriam cruciais.

De acordo com Jack Watling, pesquisador sênior do Royal United Services Institute, um grupo de pesquisa em Londres, a perda de Izium e de uma fatia mais ampla de território a sudeste da cidade de Kharkiv parece mostrar o colapso efetivo de um dos quatro comandos regionais russos na Ucrânia – aquele que cobre o nordeste. /NYT e W. POST

O governo russo admitiu neste domingo, 11 o avanço de tropas ucranianas no leste do país e indicou uma retirada de quase toda a Província de Kharkiv depois de o governo de Volodmir Zelenski ter conseguido no fim de semana sua segunda maior vitória na guerra desde a retirada russa de Kiev, em abril.

A retomada de Izium, um ponto ferroviário estratégico na Província de Kharkiv, e de outras pequenas cidades da região provocou críticas até mesmo entre aliados próximos do presidente Vladimir Putin e pode indicar uma virada na guerra em favor da Ucrânia, a meses da chegada do inverno na região.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que se retirou das cidades de Izium e Balaklia e optou por se reagrupar em Donetsk. Um mapa divulgado pelo ministério mostra as forças russas se retirando para o lado leste do Rio Oskol, cerca de 16 quilômetros a leste da cidade de Izium, com o rio parecendo representar a nova linha de frente na região. Apesar disso, a Rússia ainda ocupa uma parte extensa do território ucraniano, incluindo as cidades de Mariupol, Melitopol e Kherson e a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014.

Civis passam pela cidade de Irpin, retomada pela Ucrânia de tropas russas  Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Críticas a Putin

A campanha ucraniana descontentou aliados do Kremlin. “Uma grande derrota”, lamentou Igor Girkin, um ex-comandante linha-dura dos separatistas na Ucrânia, em um canal militar pró-russo no Telegram. Entre os blogueiros pró-guerra russos – alguns incorporados às tropas russas perto da linha de frente – as críticas também crescem. Muitos acusam o governo de subestimar o inimigo e ocultar más notícias do público.

Um dos blogueiros, Yuri Podolyaka, que é da Ucrânia, mas se mudou para a Crimeia após sua anexação em 2014, disse a seus 2,3 milhões de seguidores do Telegram que, se os militares continuassem a minimizar seus reveses no campo de batalha, os russos “deixariam de confiar no Ministério de Defesa e em breve o governo como um todo”.

Ramzan Kadyrov, líder militar checheno aliado de Putin, também acusou o Ministério da Defesa de cometer erros e acusou o governo de ocultá-los do público. “Se hoje ou amanhã não houver mudanças na estratégia da operação militar especial, eu precisaria falar com a liderança do Ministério da Defesa e com a liderança do país para explicar a eles a real situação no terreno”, disse.

Ataques de artilharia russa deixaram danos nos prédios da cidade Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Celebração no front

Nas cidades liberadas, os moradores saíram às ruas para celebrar o avanço do Exército ucraniano. Em Izium e Balaklia, a bandeira azul e amarela do país voltou a tremular nos prédios públicos. Com a vitória, civis que viviam sob controle russo esperam que a guerra que já dura 200 dias vire definitivamente em favor da Ucrânia. “Seremos todos ucranianos novamente”, disse Natalia Khubezhova, de 48 anos, moradora de Chuhuiv, tomada nos primeiros meses de guerra pelos russos.

O colapso das posições russas nos arredores de Kharkiv e a perda da estratégica Izium se deve ao fato de que Putin deixou sua retaguarda desprotegida no nordeste da Ucrânia. O Exército russo preferiu em junho deslocar as tropas que mantinha na região de Kharkiv, ocupada no início da guerra, para tentar tomar as cidades industriais de Severodonetsk e Lisichansk, na região do Donbass.

Analistas indicam que a escassez de tropas motivou a escolha do comando militar russo, já que o governo hesita em instituir a convocação obrigatória para a “operação especial” na Ucrânia. O serviço obrigatório, dizem especialistas, significaria reconhecer ao público que uma guerra de verdade está sendo travada. Isso contraria a versão oficial do Kremlin e pode criar problemas domésticos para Putin.

O avanço ucraniano chega em um momento em que se aproxima o inverno, quando as linhas de frente devem sofrer com a neve. “As forças ucranianas não pararam depois de chegar à primeira cidade e preferiram avançar mais fundo atrás das linhas russas”, disse Rob Lee, analista militar do Foreign Policy Research Institute. “Quanto mais forças ucranianas avançam, mais difícil é sustentar, mas não parece que a Rússia tenha reservas suficientes prontas para impedir o avanço ou manter essas cidades.”

O presidente ucraniano demonstrou otimismo. “O caminho para a retomada de todo o território está todo ali, a cada dia fica mais claro. Vemos os contornos da restauração da integridade territorial de nosso Estado”, disse Zelenski. Ele alertou que os próximos 90 dias de luta, à medida que as temperaturas caem, seriam cruciais.

De acordo com Jack Watling, pesquisador sênior do Royal United Services Institute, um grupo de pesquisa em Londres, a perda de Izium e de uma fatia mais ampla de território a sudeste da cidade de Kharkiv parece mostrar o colapso efetivo de um dos quatro comandos regionais russos na Ucrânia – aquele que cobre o nordeste. /NYT e W. POST

O governo russo admitiu neste domingo, 11 o avanço de tropas ucranianas no leste do país e indicou uma retirada de quase toda a Província de Kharkiv depois de o governo de Volodmir Zelenski ter conseguido no fim de semana sua segunda maior vitória na guerra desde a retirada russa de Kiev, em abril.

A retomada de Izium, um ponto ferroviário estratégico na Província de Kharkiv, e de outras pequenas cidades da região provocou críticas até mesmo entre aliados próximos do presidente Vladimir Putin e pode indicar uma virada na guerra em favor da Ucrânia, a meses da chegada do inverno na região.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que se retirou das cidades de Izium e Balaklia e optou por se reagrupar em Donetsk. Um mapa divulgado pelo ministério mostra as forças russas se retirando para o lado leste do Rio Oskol, cerca de 16 quilômetros a leste da cidade de Izium, com o rio parecendo representar a nova linha de frente na região. Apesar disso, a Rússia ainda ocupa uma parte extensa do território ucraniano, incluindo as cidades de Mariupol, Melitopol e Kherson e a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014.

Civis passam pela cidade de Irpin, retomada pela Ucrânia de tropas russas  Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Críticas a Putin

A campanha ucraniana descontentou aliados do Kremlin. “Uma grande derrota”, lamentou Igor Girkin, um ex-comandante linha-dura dos separatistas na Ucrânia, em um canal militar pró-russo no Telegram. Entre os blogueiros pró-guerra russos – alguns incorporados às tropas russas perto da linha de frente – as críticas também crescem. Muitos acusam o governo de subestimar o inimigo e ocultar más notícias do público.

Um dos blogueiros, Yuri Podolyaka, que é da Ucrânia, mas se mudou para a Crimeia após sua anexação em 2014, disse a seus 2,3 milhões de seguidores do Telegram que, se os militares continuassem a minimizar seus reveses no campo de batalha, os russos “deixariam de confiar no Ministério de Defesa e em breve o governo como um todo”.

Ramzan Kadyrov, líder militar checheno aliado de Putin, também acusou o Ministério da Defesa de cometer erros e acusou o governo de ocultá-los do público. “Se hoje ou amanhã não houver mudanças na estratégia da operação militar especial, eu precisaria falar com a liderança do Ministério da Defesa e com a liderança do país para explicar a eles a real situação no terreno”, disse.

Ataques de artilharia russa deixaram danos nos prédios da cidade Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Celebração no front

Nas cidades liberadas, os moradores saíram às ruas para celebrar o avanço do Exército ucraniano. Em Izium e Balaklia, a bandeira azul e amarela do país voltou a tremular nos prédios públicos. Com a vitória, civis que viviam sob controle russo esperam que a guerra que já dura 200 dias vire definitivamente em favor da Ucrânia. “Seremos todos ucranianos novamente”, disse Natalia Khubezhova, de 48 anos, moradora de Chuhuiv, tomada nos primeiros meses de guerra pelos russos.

O colapso das posições russas nos arredores de Kharkiv e a perda da estratégica Izium se deve ao fato de que Putin deixou sua retaguarda desprotegida no nordeste da Ucrânia. O Exército russo preferiu em junho deslocar as tropas que mantinha na região de Kharkiv, ocupada no início da guerra, para tentar tomar as cidades industriais de Severodonetsk e Lisichansk, na região do Donbass.

Analistas indicam que a escassez de tropas motivou a escolha do comando militar russo, já que o governo hesita em instituir a convocação obrigatória para a “operação especial” na Ucrânia. O serviço obrigatório, dizem especialistas, significaria reconhecer ao público que uma guerra de verdade está sendo travada. Isso contraria a versão oficial do Kremlin e pode criar problemas domésticos para Putin.

O avanço ucraniano chega em um momento em que se aproxima o inverno, quando as linhas de frente devem sofrer com a neve. “As forças ucranianas não pararam depois de chegar à primeira cidade e preferiram avançar mais fundo atrás das linhas russas”, disse Rob Lee, analista militar do Foreign Policy Research Institute. “Quanto mais forças ucranianas avançam, mais difícil é sustentar, mas não parece que a Rússia tenha reservas suficientes prontas para impedir o avanço ou manter essas cidades.”

O presidente ucraniano demonstrou otimismo. “O caminho para a retomada de todo o território está todo ali, a cada dia fica mais claro. Vemos os contornos da restauração da integridade territorial de nosso Estado”, disse Zelenski. Ele alertou que os próximos 90 dias de luta, à medida que as temperaturas caem, seriam cruciais.

De acordo com Jack Watling, pesquisador sênior do Royal United Services Institute, um grupo de pesquisa em Londres, a perda de Izium e de uma fatia mais ampla de território a sudeste da cidade de Kharkiv parece mostrar o colapso efetivo de um dos quatro comandos regionais russos na Ucrânia – aquele que cobre o nordeste. /NYT e W. POST

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.