Autoridades russas disseram ter repelido “uma ofensiva em grande escala” das forças ucranianas nesta segunda-feira, 5, na região de Donetsk, anexada por Moscou, causando mais de 250 baixas ao inimigo. Não ficou claro se esse foi o início de uma contraofensiva ucraniana.
“O inimigo lançou uma ofensiva em larga escala em cinco setores da linha de frente” no sul de Donetsk, disse o Ministério da Defesa russo no Telegram.
“O objetivo do inimigo era romper nossas defesas no setor mais vulnerável, em sua opinião, da frente”, disse o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov. “O inimigo não teve sucesso”.
Konashenkov disse que 250 ucranianos foram mortos, e 16 tanques ucranianos, três veículos de combate de infantaria e 21 veículos de combate blindados foram destruídos.
A Ucrânia não fez comentários. Kiev tem dito há meses que está preparando uma grande contraofensiva contra as forças de Moscou para recuperar o território perdido desde que a Rússia invadiu o país em fevereiro de 2022.
Mas eles deram sinais confusos sobre o que constituiria uma contraofensiva - ataques preliminares e limitados para enfraquecer as forças e instalações militares russas ou um ataque simultâneo completo em toda a linha de frente de 1.100 quilômetros.
Pelo menos dois fatores estão em jogo no momento da contraofensiva: aguardar a melhoria das condições do solo para a movimentação de tropas e equipamentos após o inverno e a implementação de armas ocidentais mais avançadas e o treinamento das tropas ucranianas para usá-las.
Grande parte de Donetsk está sob o controle de separatistas pró-russos desde 2014. É um dos quatro territórios ucranianos que a Rússia anexou em setembro passado, juntamente com Luhansk, Zaporizhia e Kherson.
Do outro lado da fronteira, as autoridades russas afirmaram ter repelido uma incursão de combatentes ucranianos no vilarejo de Novaia Tavolzhanka no domingo, 4.
O governador da região russa de Belgorod, Viacheslav Gladkov, relatou no Telegram sobre os combates na área, que tem sido palco de bombardeios ucranianos nos últimos dias.
Pouco depois, o exército russo afirmou ter repelido um grupo de “terroristas” ucranianos, que tentaram entrar na região de Belgorod, com a ajuda da artilharia.
O grupo foi “atingido pela artilharia”, “se dispersou e recuou”, acrescentou em um comunicado.
Em uma rara menção específica à presença dos principais líderes militares russos em operações no campo de batalha, o porta-voz disse que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas, general Valeri Gerasimov, “estava em um dos postos de comando avançados”.
O anúncio do envolvimento direto de Gerasimov pode ser uma resposta às críticas feitas por blogueiros militares russos e pelo chefe do grupo mercenário, Yevgeni Prigozhin, de que a cúpula militar russa não tem sido visível o suficiente na frente de batalha ou não assumiu controle, ou responsabilidade suficientes pelas operações militares do País na Ucrânia.
Vítimas do ódio
A nova incursão das forças pró-ucranianas em território russo ocorreu logo após o ataque aéreo da Rússia na região central da Ucrânia. Em um desses ataques, na noite de sábado, uma menina de dois anos foi morta e outras 22 pessoas ficaram feridas na cidade de Dnipro.
Em outro ataque no domingo, um campo de aviação perto da cidade ucraniana de Kropivnitskii foi atingido, segundo autoridades ucranianas.
Os militares russos disseram que realizaram ataques noturnos a campos de aviação militares ucranianos e alegaram ter atingido centros de comando e equipamentos, sem especificar a localização dessas instalações.
O presidente ucraniano Volodmir Zelenski culpou a Rússia pelo ataque em Dnipro no sábado, dizendo que cinco crianças ficaram feridas no incidente.
Em um tweet publicado no domingo, Zelenski disse que desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, 500 crianças ucranianas foram mortas. As Nações Unidas afirmam que cerca de mil outras crianças ucranianas foram feridas, e milhares de outras foram deportadas à força para a Rússia.
“As armas e o ódio russos continuam a tirar e destruir a vida de crianças ucranianas todos os dias”, acrescentando que “muitas delas poderiam ter se tornado acadêmicos, artistas e campeões esportivos famosos, contribuindo para a história da Ucrânia. Mas foram vítimas de mísseis e do ódio do inimigo”, escreveu ele.
Os bombardeios russos contra a Ucrânia se intensificaram nas últimas semanas, assim como as incursões das forças pró-ucranianas na direção oposta.
Dois mortos na região de Kharkov
A Ucrânia nunca reivindicou a responsabilidade pelos ataques em solo russo, embora o conselheiro presidencial, Mikhail Podoliak, tenha dito no domingo que a situação nas áreas de fronteira deve ser vista “como o futuro da Rússia”.
Provando que os combates se intensificaram na área, as autoridades ucranianas disseram que duas mulheres foram mortas por tiros russos na cidade de Vovchansk, perto da fronteira, no domingo.
“Os russos bombardearam novamente a cidade de Vovchansk”, disse o gabinete do promotor da região de Kharkov, no leste da Ucrânia. “Os ataques inimigos mataram duas mulheres civis, de 62 e 74 anos”.
No lado russo, os bombardeios ucranianos mataram duas pessoas em Belgorod no sábado, disse o governador Gladkov.
As cidades fronteiriças de Belgorod foram alvo de ataques sem precedentes nesta semana, que deixaram sete pessoas mortas e cerca de 30 feridas, de acordo com fontes russas.
No domingo, Gladkov pediu aos moradores que evacuassem a área.
“Peço aos moradores das localidades bombardeadas, em particular os do distrito de Shebekino, que sigam as instruções das autoridades e deixem temporariamente suas casas”, disse ele./AFP, AP e EFE