As forças russas estão se aproximando de conquistar o último bolsão de resistência na região leste de Luhansk, na Ucrânia. Severodonetsk e sua cidade vizinha, Lisichansk, continuam sendo atingidas por intensos bombardeios russos.
As tropas russas bombardeiam em larga escala e “destroem tudo” em Lisichansk, uma cidade estratégica na região leste do Donbas, denunciou o governo de Kiev, na véspera de uma reunião de cúpula que pode conceder à Ucrânia o status oficial de candidata a integrar a União Europeia (UE).
“O exército russo bombardeia em larga escala Lisichansk, com canhões, mísseis, bombas aéreas, lança-mísseis... Destroem tudo”, declarou Serguei Haidai, governador da região de Luhansk, que está no centro dos combates.
Localizada na bacia de mineração do Donbas, objetivo prioritário de Moscou atualmente, Lisichansk está na mira do exército russo, que já ocupa grande parte da cidade vizinha de Severodonetsk.
Segundo o governador, Lisichansk vive “um inferno”. “Durante quatro meses, todas as nossas posições estiveram sob fogo cruzado de todas as armas que o exército russo tem”, completou.
As duas cidades, separadas pelo rio Donets, constituem o principal reduto de resistência ucraniana na região de Luhansk. As tropas russas tentam cercá-las há várias semanas e assumiram o controle de localidades próximas.
Na terça-feira à noite, em seu discurso diário, o presidente Volodmir Zelenski também acusou a Rússia por um bombardeio “brutal e cínico” na região nordeste de Kharkiv, que matou 15 pessoas, segundo o governador local. “O exército russo é surdo à razão. Simplesmente destrói, simplesmente mata”, afirmou.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta quarta-feira o “nível chocante” do sofrimento que a violência da guerra na Ucrânia provoca nos civis, vítimas de “ataques indiscriminados constantes”. Entre as centenas de pacientes retirados de trem pela MSF, mais de 40% dos feridos eram idosos e crianças.
A Rússia afirmou que um ataque com drone pode ter sido a causa de um incêndio que afetou a refinaria de petróleo de Novoshakhtinsk, na região de Rostov, na fronteira com a Ucrânia.
Ao mesmo tempo, um navio de carga turco zarpou nesta quarta-feira do porto ucraniano de Mariupol, após negociações entre Ancara e Moscou sobre os cereais bloqueados devido à ofensiva russa.
Kiev afirma que milhões de toneladas de grãos estão acumulados nos portos ucranianos em consequência do bloqueio da frota russa no Mar Negro.
O conflito está provocando tensões entre a UE e a Rússia, que alertou para consequências “graves” para a Lituânia, país membro do bloco, devido às restrições impostas ao tráfego ferroviário com Kaliningrado.
Este território fica a 1.600 quilômetros de Moscou, entre Lituânia, Polônia e o Mar Báltico.
A Lituânia, ex-república soviética agora integrada à UE e Otan, afirma que cumpre as sanções europeias contra a Rússia ao bloquear os produtos enviados para o enclave.
Mas a Rússia denunciou uma “escalada” das tensões e convocou o embaixador da UE na Rússia. O governo dos Estados Unidos expressou apoio à Lituânia.
O Departamento de Estado confirmou que um segundo americano morreu lutando ao lado do exército ucraniano. E outros dois americanos foram capturados na semana passada no leste da Ucrânia por tropas russas.
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Imagens gravadas com uma GoPro mostram o momento em que um grupo de jornalistas é atacado e ferido por bombardeios russos enquanto cobriam o conflito em Luhansk
‘Consenso total’ da UE
Os chanceleres dos 27 países da UE expressaram na terça-feira “consenso total” sobre a concessão do status para Ucrânia e Moldávia.
A decisão oficial deve ser tomada em uma reunião de cúpula dos líderes europeus esta semana. “Vou fazer tudo para que a decisão histórica da União Europeia seja aprovada”, declarou Zelenski.
O presidente ucraniano também insiste em pedir armas às potências ocidentais que permitam a suas tropas reduzir a teórica vantagem militar do exército russo.
“Tão ativamente quanto lutamos por uma decisão positiva da União Europeia sobre a candidatura da Ucrânia, lutamos diariamente para obter envios de armas modernas”, disse. /AP, AFP, REUTERS e NYT