Rússia compra milhares de foguetes e artilharia da Coreia do Norte, dizem EUA


A compra de milhões de projéteis e foguetes da Coreia do Norte por Moscou é um sinal de que as sanções globais prejudicaram as linhas de suprimentos das forças armadas russas

Por Julian E. Barnes

THE NEW YORK TIMES - A Rússia está comprando milhões de projéteis de artilharia e foguetes da Coreia do Norte, segundo informações sigilosas da inteligência americana, um sinal de que as sanções globais restringiram seriamente suas cadeias de suprimentos e forçaram Moscou a recorrer a Estados párias para suprimentos militares.

A divulgação ocorre dias depois de a Rússia receber os carregamentos iniciais de drones fabricados no Irã, alguns dos quais autoridades americanas disseram ter problemas mecânicos. Autoridades do governo dos EUA disseram que a decisão da Rússia de recorrer ao Irã e à Coreia do Norte é um sinal de que as sanções e os controles de exportação impostos pelos Estados Unidos e pela Europa estão prejudicando a capacidade de Moscou de obter suprimentos para seu Exército.

Os Estados Unidos forneceram poucos detalhes da inteligência, informação sigilosa recém-aberta ao público, sobre o armamento exato, o momento ou o tamanho da remessa, e ainda não há como verificar a venda de forma independente. Uma autoridade dos EUA disse que, além de foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia, a Rússia pretende comprar equipamentos norte-coreanos adicionais daqui para frente.

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Foguetes russos riscam o céu de Kharkiv; Moscou tem buscado mercados alternativos para suprir necessidade de equipamento bélico. Foto: Vadim Belikov/ AP

“O Kremlin deveria estar alarmado por ter que comprar qualquer coisa da Coreia do Norte”, disse Mason Clark, que lidera a equipe de estudos sobre a Rússia no Instituto para o Estudo da Guerra.

Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Casa Branca começou a abrir para o público relatórios de inteligência sobre os planos militares de Moscou – divulgando esse material primeiro para aliados e depois para o público em geral. Após uma pausa nas divulgações, o governo americano mais uma vez começou a desclassificar informações para destacar as dificuldades dos militares da Rússia, incluindo a recente inteligência sobre a compra de drones iranianos e os problemas do exército russo em recrutar soldados.

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Amplas sanções econômicas, pelo menos até agora, não prejudicaram a Rússia. Os preços da energia, que dispararam por causa da invasão, encheram seus cofres e permitiram a Moscou atenuar as consequências de seus bancos terem sido cortados do sistema de finanças internacionais e das restrições às exportações e importações. As sanções contra os oligarcas russos também não conseguiram minar o poder do presidente Vladimir Putin.

Mas as autoridades americanas disseram que, quando se trata da capacidade da Rússia de reconstruir suas Forças Armadas, as ações econômicas da Europa e dos Estados Unidos foram eficazes. As sanções americanas e europeias bloquearam a capacidade da Rússia de comprar armas ou eletrônicos para fabricar essas armas.

Moscou esperava que a China estivesse disposta a burlar esses controles de exportação e continuar a fornecer para os militares russos. Mas nos últimos dias, autoridades americanas disseram que, embora a China estivesse disposta a comprar petróleo russo com desconto, Pequim, pelo menos até agora, respeitou os controles de exportação destinados aos militares de Moscou e não tentou vender equipamentos ou componentes militares.

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Gina Raimondo, a secretária de comércio, alertou repetidamente a China que, se a Semiconductor Manufacturing International Corporation, a maior fabricante de chips de computador da China, ou outras empresas violarem as sanções contra a Rússia, os Estados Unidos podem fechar esses negócios, cortando seu acesso à tecnologia americana, que os chineses precisam para fazer semicondutores.

Tanto o Irã quanto a Coreia do Norte estão em grande parte isolados do comércio internacional graças às sanções americanas e internacionais, o que significa que nenhum dos dois países tem muito a perder ao fechar acordos com a Rússia. Qualquer acordo para comprar armamento da Coreia do Norte seria uma violação das resoluções das Nações Unidas destinadas a conter a proliferação de armas de Pyongyang.

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No entanto, não está claro quanto a compra da Coreia do Norte tem a ver com os controles de exportação. Não há nada de alta tecnologia em um foguete de artilharia de 152 milímetros ou um foguete estilo Katyusha que a Coreia do Norte produz, disse Frederick W. Kagan, especialista militar do American Enterprise Institute.

Uma autoridade dos EUA disse que o novo acordo com a Coreia do Norte mostra o desespero em Moscou. E Kagan disse que se voltar para a Coreia do Norte era um sinal de que a Rússia parecia incapaz de produzir o material mais simples necessário para travar uma guerra.

“A única razão pela qual o Kremlin deveria comprar projéteis de artilharia ou foguetes da Coreia do Norte ou de qualquer outro fabricante é porque Putin não quis ou não conseguiu mobilizar a economia russa para a guerra, mesmo no nível mais básico”, disse Kagan.

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Restringir a cadeia de suprimentos militar da Rússia é uma parte central da estratégia americana para enfraquecer Moscou, com o objetivo de dificultar tanto seu esforço de guerra na Ucrânia quanto sua capacidade futura de ameaçar seus vizinhos.

Vladimir Putin e Kim Jong-un em foto de 2019; segundo Inteligência americana, último carregamento de armas de Moscou chegou de Pyongyang. Foto: Alexander Zemlianichenko/ AP - 25/04/2019

Está claro há meses, tanto pelas operações russas na Ucrânia quanto pelas divulgações do governo dos EUA, que Moscou tem enfrentado sérios problemas com seu armamento de alta tecnologia. Armas guiadas com precisão, como mísseis de cruzeiro, têm experimentado altas taxas de falha. Nos estágios iniciais da guerra, metade ou mais dessas armas falharam em disparar ou em atingir seus alvos.

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Os estoques russos dessas armas de precisão também se esgotaram, forçando os generais a confiar menos nos mísseis e, em vez disso, construir sua estratégia em torno de um ataque brutal de artilharia que devastou cidades na região leste da Ucrânia.

A divulgação de que a Rússia está buscando mais munição de artilharia é um sinal de que os problemas de fornecimento de Moscou são mais profundos do que apenas componentes de ponta para tanques de última geração ou mísseis de precisão. Se a Rússia está buscando mais projéteis de artilharia da Coreia do Norte, está enfrentando escassez ou pode ver uma em breve, e sua base industrial está lutando para atender às demandas militares da guerra.

“Isso é provavelmente uma indicação de um fracasso em massa do complexo industrial militar russo que provavelmente tem raízes profundas e implicações muito sérias para as Forças Armadas russas”, disse Kagan.

Nas últimas semanas, a Ucrânia intensificou seu ataque aos depósitos de munição russos. As forças da Ucrânia usaram o Sistema Americano de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou HIMARS, e relatórios de inteligência dos EUA, para atacar atrás das linhas de frente e destruir esconderijos de munição.

Embora não esteja claro o impacto dessa ofensiva nos estoques gerais de munição, a Rússia foi forçada a recuar e mover seus pontos de armazenamento de munição, reduzindo a eficácia de suas forças de artilharia.

Também houve sinais de ineficiência de alguns projéteis de artilharia russos, que teriam sido degradados devido a problemas de armazenamento ou má manutenção de seus estoques de munição. Para ser mais eficaz em ferir as tropas inimigas, os projéteis de artilharia explodiam no ar, pouco antes de atingirem o solo. Mas o padrão de crateras criado pelas forças de artilharia russas durante o verão mostrou que muitos de seus projéteis estavam explodindo no solo, reduzindo os danos às trincheiras ucranianas.

Embora a condição dos projéteis de artilharia norte-coreanos não seja clara, o país possui amplos estoques de munição.

THE NEW YORK TIMES - A Rússia está comprando milhões de projéteis de artilharia e foguetes da Coreia do Norte, segundo informações sigilosas da inteligência americana, um sinal de que as sanções globais restringiram seriamente suas cadeias de suprimentos e forçaram Moscou a recorrer a Estados párias para suprimentos militares.

A divulgação ocorre dias depois de a Rússia receber os carregamentos iniciais de drones fabricados no Irã, alguns dos quais autoridades americanas disseram ter problemas mecânicos. Autoridades do governo dos EUA disseram que a decisão da Rússia de recorrer ao Irã e à Coreia do Norte é um sinal de que as sanções e os controles de exportação impostos pelos Estados Unidos e pela Europa estão prejudicando a capacidade de Moscou de obter suprimentos para seu Exército.

Os Estados Unidos forneceram poucos detalhes da inteligência, informação sigilosa recém-aberta ao público, sobre o armamento exato, o momento ou o tamanho da remessa, e ainda não há como verificar a venda de forma independente. Uma autoridade dos EUA disse que, além de foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia, a Rússia pretende comprar equipamentos norte-coreanos adicionais daqui para frente.

Foguetes russos riscam o céu de Kharkiv; Moscou tem buscado mercados alternativos para suprir necessidade de equipamento bélico. Foto: Vadim Belikov/ AP

“O Kremlin deveria estar alarmado por ter que comprar qualquer coisa da Coreia do Norte”, disse Mason Clark, que lidera a equipe de estudos sobre a Rússia no Instituto para o Estudo da Guerra.

Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Casa Branca começou a abrir para o público relatórios de inteligência sobre os planos militares de Moscou – divulgando esse material primeiro para aliados e depois para o público em geral. Após uma pausa nas divulgações, o governo americano mais uma vez começou a desclassificar informações para destacar as dificuldades dos militares da Rússia, incluindo a recente inteligência sobre a compra de drones iranianos e os problemas do exército russo em recrutar soldados.

Amplas sanções econômicas, pelo menos até agora, não prejudicaram a Rússia. Os preços da energia, que dispararam por causa da invasão, encheram seus cofres e permitiram a Moscou atenuar as consequências de seus bancos terem sido cortados do sistema de finanças internacionais e das restrições às exportações e importações. As sanções contra os oligarcas russos também não conseguiram minar o poder do presidente Vladimir Putin.

Mas as autoridades americanas disseram que, quando se trata da capacidade da Rússia de reconstruir suas Forças Armadas, as ações econômicas da Europa e dos Estados Unidos foram eficazes. As sanções americanas e europeias bloquearam a capacidade da Rússia de comprar armas ou eletrônicos para fabricar essas armas.

Moscou esperava que a China estivesse disposta a burlar esses controles de exportação e continuar a fornecer para os militares russos. Mas nos últimos dias, autoridades americanas disseram que, embora a China estivesse disposta a comprar petróleo russo com desconto, Pequim, pelo menos até agora, respeitou os controles de exportação destinados aos militares de Moscou e não tentou vender equipamentos ou componentes militares.

Gina Raimondo, a secretária de comércio, alertou repetidamente a China que, se a Semiconductor Manufacturing International Corporation, a maior fabricante de chips de computador da China, ou outras empresas violarem as sanções contra a Rússia, os Estados Unidos podem fechar esses negócios, cortando seu acesso à tecnologia americana, que os chineses precisam para fazer semicondutores.

Tanto o Irã quanto a Coreia do Norte estão em grande parte isolados do comércio internacional graças às sanções americanas e internacionais, o que significa que nenhum dos dois países tem muito a perder ao fechar acordos com a Rússia. Qualquer acordo para comprar armamento da Coreia do Norte seria uma violação das resoluções das Nações Unidas destinadas a conter a proliferação de armas de Pyongyang.

No entanto, não está claro quanto a compra da Coreia do Norte tem a ver com os controles de exportação. Não há nada de alta tecnologia em um foguete de artilharia de 152 milímetros ou um foguete estilo Katyusha que a Coreia do Norte produz, disse Frederick W. Kagan, especialista militar do American Enterprise Institute.

Uma autoridade dos EUA disse que o novo acordo com a Coreia do Norte mostra o desespero em Moscou. E Kagan disse que se voltar para a Coreia do Norte era um sinal de que a Rússia parecia incapaz de produzir o material mais simples necessário para travar uma guerra.

“A única razão pela qual o Kremlin deveria comprar projéteis de artilharia ou foguetes da Coreia do Norte ou de qualquer outro fabricante é porque Putin não quis ou não conseguiu mobilizar a economia russa para a guerra, mesmo no nível mais básico”, disse Kagan.

Restringir a cadeia de suprimentos militar da Rússia é uma parte central da estratégia americana para enfraquecer Moscou, com o objetivo de dificultar tanto seu esforço de guerra na Ucrânia quanto sua capacidade futura de ameaçar seus vizinhos.

Vladimir Putin e Kim Jong-un em foto de 2019; segundo Inteligência americana, último carregamento de armas de Moscou chegou de Pyongyang. Foto: Alexander Zemlianichenko/ AP - 25/04/2019

Está claro há meses, tanto pelas operações russas na Ucrânia quanto pelas divulgações do governo dos EUA, que Moscou tem enfrentado sérios problemas com seu armamento de alta tecnologia. Armas guiadas com precisão, como mísseis de cruzeiro, têm experimentado altas taxas de falha. Nos estágios iniciais da guerra, metade ou mais dessas armas falharam em disparar ou em atingir seus alvos.

Os estoques russos dessas armas de precisão também se esgotaram, forçando os generais a confiar menos nos mísseis e, em vez disso, construir sua estratégia em torno de um ataque brutal de artilharia que devastou cidades na região leste da Ucrânia.

A divulgação de que a Rússia está buscando mais munição de artilharia é um sinal de que os problemas de fornecimento de Moscou são mais profundos do que apenas componentes de ponta para tanques de última geração ou mísseis de precisão. Se a Rússia está buscando mais projéteis de artilharia da Coreia do Norte, está enfrentando escassez ou pode ver uma em breve, e sua base industrial está lutando para atender às demandas militares da guerra.

“Isso é provavelmente uma indicação de um fracasso em massa do complexo industrial militar russo que provavelmente tem raízes profundas e implicações muito sérias para as Forças Armadas russas”, disse Kagan.

Nas últimas semanas, a Ucrânia intensificou seu ataque aos depósitos de munição russos. As forças da Ucrânia usaram o Sistema Americano de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou HIMARS, e relatórios de inteligência dos EUA, para atacar atrás das linhas de frente e destruir esconderijos de munição.

Embora não esteja claro o impacto dessa ofensiva nos estoques gerais de munição, a Rússia foi forçada a recuar e mover seus pontos de armazenamento de munição, reduzindo a eficácia de suas forças de artilharia.

Também houve sinais de ineficiência de alguns projéteis de artilharia russos, que teriam sido degradados devido a problemas de armazenamento ou má manutenção de seus estoques de munição. Para ser mais eficaz em ferir as tropas inimigas, os projéteis de artilharia explodiam no ar, pouco antes de atingirem o solo. Mas o padrão de crateras criado pelas forças de artilharia russas durante o verão mostrou que muitos de seus projéteis estavam explodindo no solo, reduzindo os danos às trincheiras ucranianas.

Embora a condição dos projéteis de artilharia norte-coreanos não seja clara, o país possui amplos estoques de munição.

THE NEW YORK TIMES - A Rússia está comprando milhões de projéteis de artilharia e foguetes da Coreia do Norte, segundo informações sigilosas da inteligência americana, um sinal de que as sanções globais restringiram seriamente suas cadeias de suprimentos e forçaram Moscou a recorrer a Estados párias para suprimentos militares.

A divulgação ocorre dias depois de a Rússia receber os carregamentos iniciais de drones fabricados no Irã, alguns dos quais autoridades americanas disseram ter problemas mecânicos. Autoridades do governo dos EUA disseram que a decisão da Rússia de recorrer ao Irã e à Coreia do Norte é um sinal de que as sanções e os controles de exportação impostos pelos Estados Unidos e pela Europa estão prejudicando a capacidade de Moscou de obter suprimentos para seu Exército.

Os Estados Unidos forneceram poucos detalhes da inteligência, informação sigilosa recém-aberta ao público, sobre o armamento exato, o momento ou o tamanho da remessa, e ainda não há como verificar a venda de forma independente. Uma autoridade dos EUA disse que, além de foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia, a Rússia pretende comprar equipamentos norte-coreanos adicionais daqui para frente.

Foguetes russos riscam o céu de Kharkiv; Moscou tem buscado mercados alternativos para suprir necessidade de equipamento bélico. Foto: Vadim Belikov/ AP

“O Kremlin deveria estar alarmado por ter que comprar qualquer coisa da Coreia do Norte”, disse Mason Clark, que lidera a equipe de estudos sobre a Rússia no Instituto para o Estudo da Guerra.

Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Casa Branca começou a abrir para o público relatórios de inteligência sobre os planos militares de Moscou – divulgando esse material primeiro para aliados e depois para o público em geral. Após uma pausa nas divulgações, o governo americano mais uma vez começou a desclassificar informações para destacar as dificuldades dos militares da Rússia, incluindo a recente inteligência sobre a compra de drones iranianos e os problemas do exército russo em recrutar soldados.

Amplas sanções econômicas, pelo menos até agora, não prejudicaram a Rússia. Os preços da energia, que dispararam por causa da invasão, encheram seus cofres e permitiram a Moscou atenuar as consequências de seus bancos terem sido cortados do sistema de finanças internacionais e das restrições às exportações e importações. As sanções contra os oligarcas russos também não conseguiram minar o poder do presidente Vladimir Putin.

Mas as autoridades americanas disseram que, quando se trata da capacidade da Rússia de reconstruir suas Forças Armadas, as ações econômicas da Europa e dos Estados Unidos foram eficazes. As sanções americanas e europeias bloquearam a capacidade da Rússia de comprar armas ou eletrônicos para fabricar essas armas.

Moscou esperava que a China estivesse disposta a burlar esses controles de exportação e continuar a fornecer para os militares russos. Mas nos últimos dias, autoridades americanas disseram que, embora a China estivesse disposta a comprar petróleo russo com desconto, Pequim, pelo menos até agora, respeitou os controles de exportação destinados aos militares de Moscou e não tentou vender equipamentos ou componentes militares.

Gina Raimondo, a secretária de comércio, alertou repetidamente a China que, se a Semiconductor Manufacturing International Corporation, a maior fabricante de chips de computador da China, ou outras empresas violarem as sanções contra a Rússia, os Estados Unidos podem fechar esses negócios, cortando seu acesso à tecnologia americana, que os chineses precisam para fazer semicondutores.

Tanto o Irã quanto a Coreia do Norte estão em grande parte isolados do comércio internacional graças às sanções americanas e internacionais, o que significa que nenhum dos dois países tem muito a perder ao fechar acordos com a Rússia. Qualquer acordo para comprar armamento da Coreia do Norte seria uma violação das resoluções das Nações Unidas destinadas a conter a proliferação de armas de Pyongyang.

No entanto, não está claro quanto a compra da Coreia do Norte tem a ver com os controles de exportação. Não há nada de alta tecnologia em um foguete de artilharia de 152 milímetros ou um foguete estilo Katyusha que a Coreia do Norte produz, disse Frederick W. Kagan, especialista militar do American Enterprise Institute.

Uma autoridade dos EUA disse que o novo acordo com a Coreia do Norte mostra o desespero em Moscou. E Kagan disse que se voltar para a Coreia do Norte era um sinal de que a Rússia parecia incapaz de produzir o material mais simples necessário para travar uma guerra.

“A única razão pela qual o Kremlin deveria comprar projéteis de artilharia ou foguetes da Coreia do Norte ou de qualquer outro fabricante é porque Putin não quis ou não conseguiu mobilizar a economia russa para a guerra, mesmo no nível mais básico”, disse Kagan.

Restringir a cadeia de suprimentos militar da Rússia é uma parte central da estratégia americana para enfraquecer Moscou, com o objetivo de dificultar tanto seu esforço de guerra na Ucrânia quanto sua capacidade futura de ameaçar seus vizinhos.

Vladimir Putin e Kim Jong-un em foto de 2019; segundo Inteligência americana, último carregamento de armas de Moscou chegou de Pyongyang. Foto: Alexander Zemlianichenko/ AP - 25/04/2019

Está claro há meses, tanto pelas operações russas na Ucrânia quanto pelas divulgações do governo dos EUA, que Moscou tem enfrentado sérios problemas com seu armamento de alta tecnologia. Armas guiadas com precisão, como mísseis de cruzeiro, têm experimentado altas taxas de falha. Nos estágios iniciais da guerra, metade ou mais dessas armas falharam em disparar ou em atingir seus alvos.

Os estoques russos dessas armas de precisão também se esgotaram, forçando os generais a confiar menos nos mísseis e, em vez disso, construir sua estratégia em torno de um ataque brutal de artilharia que devastou cidades na região leste da Ucrânia.

A divulgação de que a Rússia está buscando mais munição de artilharia é um sinal de que os problemas de fornecimento de Moscou são mais profundos do que apenas componentes de ponta para tanques de última geração ou mísseis de precisão. Se a Rússia está buscando mais projéteis de artilharia da Coreia do Norte, está enfrentando escassez ou pode ver uma em breve, e sua base industrial está lutando para atender às demandas militares da guerra.

“Isso é provavelmente uma indicação de um fracasso em massa do complexo industrial militar russo que provavelmente tem raízes profundas e implicações muito sérias para as Forças Armadas russas”, disse Kagan.

Nas últimas semanas, a Ucrânia intensificou seu ataque aos depósitos de munição russos. As forças da Ucrânia usaram o Sistema Americano de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou HIMARS, e relatórios de inteligência dos EUA, para atacar atrás das linhas de frente e destruir esconderijos de munição.

Embora não esteja claro o impacto dessa ofensiva nos estoques gerais de munição, a Rússia foi forçada a recuar e mover seus pontos de armazenamento de munição, reduzindo a eficácia de suas forças de artilharia.

Também houve sinais de ineficiência de alguns projéteis de artilharia russos, que teriam sido degradados devido a problemas de armazenamento ou má manutenção de seus estoques de munição. Para ser mais eficaz em ferir as tropas inimigas, os projéteis de artilharia explodiam no ar, pouco antes de atingirem o solo. Mas o padrão de crateras criado pelas forças de artilharia russas durante o verão mostrou que muitos de seus projéteis estavam explodindo no solo, reduzindo os danos às trincheiras ucranianas.

Embora a condição dos projéteis de artilharia norte-coreanos não seja clara, o país possui amplos estoques de munição.

THE NEW YORK TIMES - A Rússia está comprando milhões de projéteis de artilharia e foguetes da Coreia do Norte, segundo informações sigilosas da inteligência americana, um sinal de que as sanções globais restringiram seriamente suas cadeias de suprimentos e forçaram Moscou a recorrer a Estados párias para suprimentos militares.

A divulgação ocorre dias depois de a Rússia receber os carregamentos iniciais de drones fabricados no Irã, alguns dos quais autoridades americanas disseram ter problemas mecânicos. Autoridades do governo dos EUA disseram que a decisão da Rússia de recorrer ao Irã e à Coreia do Norte é um sinal de que as sanções e os controles de exportação impostos pelos Estados Unidos e pela Europa estão prejudicando a capacidade de Moscou de obter suprimentos para seu Exército.

Os Estados Unidos forneceram poucos detalhes da inteligência, informação sigilosa recém-aberta ao público, sobre o armamento exato, o momento ou o tamanho da remessa, e ainda não há como verificar a venda de forma independente. Uma autoridade dos EUA disse que, além de foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia, a Rússia pretende comprar equipamentos norte-coreanos adicionais daqui para frente.

Foguetes russos riscam o céu de Kharkiv; Moscou tem buscado mercados alternativos para suprir necessidade de equipamento bélico. Foto: Vadim Belikov/ AP

“O Kremlin deveria estar alarmado por ter que comprar qualquer coisa da Coreia do Norte”, disse Mason Clark, que lidera a equipe de estudos sobre a Rússia no Instituto para o Estudo da Guerra.

Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Casa Branca começou a abrir para o público relatórios de inteligência sobre os planos militares de Moscou – divulgando esse material primeiro para aliados e depois para o público em geral. Após uma pausa nas divulgações, o governo americano mais uma vez começou a desclassificar informações para destacar as dificuldades dos militares da Rússia, incluindo a recente inteligência sobre a compra de drones iranianos e os problemas do exército russo em recrutar soldados.

Amplas sanções econômicas, pelo menos até agora, não prejudicaram a Rússia. Os preços da energia, que dispararam por causa da invasão, encheram seus cofres e permitiram a Moscou atenuar as consequências de seus bancos terem sido cortados do sistema de finanças internacionais e das restrições às exportações e importações. As sanções contra os oligarcas russos também não conseguiram minar o poder do presidente Vladimir Putin.

Mas as autoridades americanas disseram que, quando se trata da capacidade da Rússia de reconstruir suas Forças Armadas, as ações econômicas da Europa e dos Estados Unidos foram eficazes. As sanções americanas e europeias bloquearam a capacidade da Rússia de comprar armas ou eletrônicos para fabricar essas armas.

Moscou esperava que a China estivesse disposta a burlar esses controles de exportação e continuar a fornecer para os militares russos. Mas nos últimos dias, autoridades americanas disseram que, embora a China estivesse disposta a comprar petróleo russo com desconto, Pequim, pelo menos até agora, respeitou os controles de exportação destinados aos militares de Moscou e não tentou vender equipamentos ou componentes militares.

Gina Raimondo, a secretária de comércio, alertou repetidamente a China que, se a Semiconductor Manufacturing International Corporation, a maior fabricante de chips de computador da China, ou outras empresas violarem as sanções contra a Rússia, os Estados Unidos podem fechar esses negócios, cortando seu acesso à tecnologia americana, que os chineses precisam para fazer semicondutores.

Tanto o Irã quanto a Coreia do Norte estão em grande parte isolados do comércio internacional graças às sanções americanas e internacionais, o que significa que nenhum dos dois países tem muito a perder ao fechar acordos com a Rússia. Qualquer acordo para comprar armamento da Coreia do Norte seria uma violação das resoluções das Nações Unidas destinadas a conter a proliferação de armas de Pyongyang.

No entanto, não está claro quanto a compra da Coreia do Norte tem a ver com os controles de exportação. Não há nada de alta tecnologia em um foguete de artilharia de 152 milímetros ou um foguete estilo Katyusha que a Coreia do Norte produz, disse Frederick W. Kagan, especialista militar do American Enterprise Institute.

Uma autoridade dos EUA disse que o novo acordo com a Coreia do Norte mostra o desespero em Moscou. E Kagan disse que se voltar para a Coreia do Norte era um sinal de que a Rússia parecia incapaz de produzir o material mais simples necessário para travar uma guerra.

“A única razão pela qual o Kremlin deveria comprar projéteis de artilharia ou foguetes da Coreia do Norte ou de qualquer outro fabricante é porque Putin não quis ou não conseguiu mobilizar a economia russa para a guerra, mesmo no nível mais básico”, disse Kagan.

Restringir a cadeia de suprimentos militar da Rússia é uma parte central da estratégia americana para enfraquecer Moscou, com o objetivo de dificultar tanto seu esforço de guerra na Ucrânia quanto sua capacidade futura de ameaçar seus vizinhos.

Vladimir Putin e Kim Jong-un em foto de 2019; segundo Inteligência americana, último carregamento de armas de Moscou chegou de Pyongyang. Foto: Alexander Zemlianichenko/ AP - 25/04/2019

Está claro há meses, tanto pelas operações russas na Ucrânia quanto pelas divulgações do governo dos EUA, que Moscou tem enfrentado sérios problemas com seu armamento de alta tecnologia. Armas guiadas com precisão, como mísseis de cruzeiro, têm experimentado altas taxas de falha. Nos estágios iniciais da guerra, metade ou mais dessas armas falharam em disparar ou em atingir seus alvos.

Os estoques russos dessas armas de precisão também se esgotaram, forçando os generais a confiar menos nos mísseis e, em vez disso, construir sua estratégia em torno de um ataque brutal de artilharia que devastou cidades na região leste da Ucrânia.

A divulgação de que a Rússia está buscando mais munição de artilharia é um sinal de que os problemas de fornecimento de Moscou são mais profundos do que apenas componentes de ponta para tanques de última geração ou mísseis de precisão. Se a Rússia está buscando mais projéteis de artilharia da Coreia do Norte, está enfrentando escassez ou pode ver uma em breve, e sua base industrial está lutando para atender às demandas militares da guerra.

“Isso é provavelmente uma indicação de um fracasso em massa do complexo industrial militar russo que provavelmente tem raízes profundas e implicações muito sérias para as Forças Armadas russas”, disse Kagan.

Nas últimas semanas, a Ucrânia intensificou seu ataque aos depósitos de munição russos. As forças da Ucrânia usaram o Sistema Americano de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou HIMARS, e relatórios de inteligência dos EUA, para atacar atrás das linhas de frente e destruir esconderijos de munição.

Embora não esteja claro o impacto dessa ofensiva nos estoques gerais de munição, a Rússia foi forçada a recuar e mover seus pontos de armazenamento de munição, reduzindo a eficácia de suas forças de artilharia.

Também houve sinais de ineficiência de alguns projéteis de artilharia russos, que teriam sido degradados devido a problemas de armazenamento ou má manutenção de seus estoques de munição. Para ser mais eficaz em ferir as tropas inimigas, os projéteis de artilharia explodiam no ar, pouco antes de atingirem o solo. Mas o padrão de crateras criado pelas forças de artilharia russas durante o verão mostrou que muitos de seus projéteis estavam explodindo no solo, reduzindo os danos às trincheiras ucranianas.

Embora a condição dos projéteis de artilharia norte-coreanos não seja clara, o país possui amplos estoques de munição.

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