MOSCOU-A Ucrânia disparou seis mísseis ATACMS fabricados nos EUA contra a região russa de Bryansk, segundo um comunicado do Ministério da Defesa da Rússia nesta terça-feira, 19, dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter permitido o uso de mísseis de longo alcance fabricados nos EUA em ataques dentro do território russo.
Kiev afirmou ter atingido um depósito de armas militares em Bryansk durante a madrugada, embora não tenha especificado quais armas utilizou. O Estado-Maior Ucraniano apontou que múltiplas explosões e foram ouvidas no local.
Em um comunicado divulgado por agências de notícias russas, o Ministério da Defesa de Moscou disse que os militares abateram cinco sistemas de mísseis táticos do Exército, conhecidos como ATACMS, e danificaram mais um.
Os fragmentos caíram em um instalação militar não especificada, segundo o ministério. Os destroços que caíram provocaram um incêndio, mas não causaram nenhum dano ou vítima, de acordo com Moscou.
Doutrina nuclear
O anuncio ocorre no mesmo dia que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou uma revisão da doutrina nuclear russa que amplia as circunstâncias nas quais Moscou pode lançar um ataque atômico contra a Ucrânia e a Otan.
O líder russo declarou que um ataque com armas convencionais à Rússia por qualquer nação que seja apoiada por uma potência nuclear será considerado um ataque conjunto ao seu país.
O endosso de Putin à nova política de dissuasão nuclear ocorre no milésimo dia após o envio de tropas para a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Ao ser questionado se a doutrina atualizada foi deliberadamente publicada após a decisão de Biden, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o documento foi publicado “em tempo hábil” e que Putin instruiu o governo a atualizá-lo no início deste ano para que estivesse “de acordo com a situação atual”.
A doutrina atualizada afirma que um ataque contra a Rússia por uma potência não nuclear com a “participação ou apoio de uma potência nuclear” será visto como um “ataque conjunto à Federação Russa”.
Acrescenta que a Rússia pode usar armas nucleares em resposta a um ataque nuclear ou convencional que represente uma “ameaça crítica à soberania e à integridade territorial” da Rússia e de sua aliada Belarus, uma formulação vaga que deixa amplo espaço para interpretação.
Saiba mais
Ela não especifica se tal ataque necessariamente desencadearia uma resposta nuclear. Ele menciona a “incerteza de escala, tempo e local de possível uso de dissuasão nuclear” entre os princípios fundamentais da dissuasão nuclear.
O documento também observa que uma agressão contra a Rússia por um membro de um bloco ou coalizão militar é vista como “uma agressão por todo o bloco”, uma clara referência à Otan./com AP