A Rússia abriu nesta terça-feira, 22, uma investigação sobre um jornalista conhecido por publicar “informações falsas” sobre ações do exército russo na Ucrânia. Trata-se da primeira aplicação de uma lei aprovada pelo parlamento russo durante a guerra, que prevê até 15 anos de prisão para esse tipo de crime.
O jornalista Alexandre Nevzorov está sendo investigado por ter “publicado intencionalmente informações falsas sobre um bombardeio deliberado do exército russo contra uma maternidade em Mariupol”, disse o Comitê de Investigação da Rússia, encarregado dos assuntos judiciais maiores.
“Essas publicações foram acompanhadas de fotografias que não são dignas de fé, de civis atingidos pelo bombardeio (...). O Ministério da Defesa russo anunciou oficialmente que essa informação era falsa”, continua o comunicado.
O Comitê de Investigação disse que estava tentando localizar Nevzorov, de 63 anos. Nevzorov foi parlamentar durante os anos 2000 e é ex-apresentador de TV. Atualmente, ele atua principalmente nas redes sociais e no YouTube, onde possui um canal com 1,6 milhão de inscritos. Os seus últimos vídeos possuem, cada um, mais de três milhões de visualizações.
A abertura deste caso ocorre num contexto de repressão crescente contra os meios de comunicação e jornalistas na Rússia, paralelamente à operação militar na Ucrânia.
O governo russo e os meios de comunicação estatais afirmam que a invasão na Ucrânia visa “desnazificar” e “desmilitarizar” o país e impedir um “genocídio” contra a população russófona deste país. O uso da palavra “guerra” para descrever a operação ou para falar sobre ações contra civis está teoricamente sujeito a ação legal.
Além da legislação que proíbe ‘mentiras’ contra o exército russo, os deputados russos adotaram outra lei nesta terça-feira que prevê até 15 anos de prisão para quem criticar as ações de organizações russas no exterior.
Diversos meios de comunicação independentes russos e estrangeiros foram bloqueados nas últimas semanas, assim como redes sociais como Twitter, Instagram e Facebook. /AFP