Rússia luta por Kherson para ter água potável e ponte para a Crimeia


Papel estratégico da cidade dominada pela Rússia desde o início da guerra faz tropas priorizarem suas defesas

Por Michael Miller

KHERSON – Na região lamacenta de Kherson, localizada ao norte da Península da Crimeia, soldados se preparam para uma batalha que deve pôr à prova a capacidade da Rússia de ganhar territórios significativos na guerra. O território está dominado pelos russos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, e o conflito, visto como iminente por autoridades ucranianas, é crucial por representar a luta pela única capital regional que as tropas de Vladimir Putin continuam.

Enquanto as tropas se preparam, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse aos ucranianos para “esperar boas notícias” da região e outro funcionário disse recentemente que espera retomar a cidade até o final do ano. A Rússia, entretanto, não demonstra estar disposta a decidir da cidade ou da região em si – e a justificativa está na posição estratégica e política que ela representa para o Kremlin.

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A preparação russa para o conflito tem informações conflitantes: por um lado, as forças armadas da Ucrânia dizem que mais de mil soldados russos foram deslocados para a área ao redor da cidade nos últimos dias; por outro, vídeos nas redes sociais parecem mostrar alguns postos de controle russos abandonados e a bandeira russa não mais hasteada sobre o edifício administrativo regional.

Soldados ucranianos carregam míssil para ser disparado em posições da Rússia na região de Kherson, em 27 de outubro, em Kherson Foto: Heidi Levine/Washington Post

Segundo autoridades ocidentais, as forças russas parecem prontas para recuar para a margem leste do rio Dnipro. Um alto funcionado ucraniano disse, no entanto, que a bandeira abaixada pode ser uma armadilha para atrair as tropas para a cidade, onde podem ser atacados por soldados russos disfarçados de civis.

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Kirill Stremousov, vice-chefe do governo regional apoiado por Moscou, disse na quinta-feira que houve “conflitos pesados” no front de batalha, mas a situação permaneceu “sob controle”. Segundo as autoridades, os danos causados são difíceis de determinar.

Dificuldades na região

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Há semanas, soldados ucranianos de uma unidade voluntária aguardam um momento para marchar em direção à cidade de Kherson. A expectativa a princípio era de uma marcha rápida, mas se transformou em uma lenta espera por causa das defesas russas e de outro adversário: a lama. “Os russos têm posições muito boas e bem-preparadas nesta área, por isso é difícil empurrá-los para fora”, disse o comandante de Karlson, que atende pelo nome de ‘Playboy’.

“Mesmo que você atire com precisão com artilharia, você pode matar alguns soldados russos, mas que estão em posições que serão repostas”, continuou. “Para avançar, precisamos de muitos tanques, porta-aviões blindados e recursos humanos.”

Desde que a Ucrânia começou a planejar uma grande contraofensiva em Kherson, em meados de setembro, a Rússia transferiu unidades militares para o sul para defender a região. Isso contribuiu para o rápido sucesso ucraniano em outras regiões, como Kharkiv, no Nordeste, mas os enfraqueceu no Sul, onde o avanço é lento.

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Com as chuvas que começaram a cair no outono do Hemisfério Norte, o solo ficou enlameado e o avanço ucraniano na região piorou ainda mais. E, ao contrário de Kharkiv, as defesas russas não parecem em colapso.

Veículos destruídos na região de Kherson no dia 9 deste mês Foto: Heidi Levine/The Washington Post

Ponto estratégico

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A razão para a Rússia abrir mão de tropas em outras regiões e deslocar para Kherson está na localização estratégia da região. Uma vez dominada pelos russos, ela faz uma conexão da Rússia com a Crimeia, anexada por Putin em 2014. O interesse na conexão é tão grande que o presidente russo, Vladimir Putin, gastou US$ 4 bilhões para construir a ponte através do Estreito de Kerch, recentemente bombardeada pela Ucrânia.

Em fevereiro, quando Putin ordenou uma invasão em larga escala, as forças militares da Rússia que estavam na Crimeia chegaram ao sul da Ucrânia por Kherson. Agora, a cidade continua sendo a única grande base de Moscou no lado oeste do rio Dnipro. Se cair, as forças ucranianas podem continuar potencialmente cercando as forças russas.

No início de outubro, tropas ucranianas avançavam sobre a cidade de Kherson a partir do norte e oeste. Autoridades instaladas na Rússia dizem ter removido cerca de 70 mil civis e escritórios administrativos para o lado leste do Dniepro antes que as tropas de Zelenski realizassem o ataque.

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Entretanto, os russos parecem estar reforçando suas posições e se preparando para a grande batalha que está por vir, embora ninguém saiba se isso acontecerá antes ou depois do inverno do Hemisfério Norte.

À medida que o confronto se aproxima, as condições na cidade de Kherson continuam a se deteriorar. Pessoas que fugiram da cidade dizem que as linhas de comunicação foram cortadas e mesmo as linhas telefônicas disponibilizadas pela Rússia após a invasão não funcionam mais na maioria dos casos. “Não foi possível sobreviver sob as condições da ocupação”, disse Tetiana Kartanovich, 51 anos, professora que fugiu da cidade de Kherson há um mês e agora está em Kiev.

Ocupação russa

Inicialmente, a ocupação era ordenada, disse Kartanovich. Havia poucos postos de controle, e os soldados russos eram razoavelmente profissionais. Com o tempo, os russos começaram a “aterrorizar” as pessoas, vasculhando seus carros e forçando homens, garotos e, ocasionalmente, mulheres a se despirem para que pudessem verificar tatuagens que pudessem ter alguma conotação de simpatia com a Ucrânia.

Logo, Kartanovich começou a ver soldados retirando as pessoas do transporte público e levando-as embora, relatou. Ela, o marido e os filhos gêmeos de 17 anos decidiram cruzar para o outro lado do rio Dnipro na esperança de que haveria menos abusos.

Em vez disso, os russos invadiram a casa onde estavam hospedados e deitaram todos ao chão sob a mira de uma arma. Eles bateram no marido de Kartanovich até quebrarem as suas costelas e colocaram uma arma na cabeça de um de seus filhos enquanto vasculhavam a casa, disse ela. O marido ficou detido durante dois dias antes de ser solto.

O relato da professora, que não pôde ser verificada de forma rápida e independente pelo Washington Post, alinha-se com relatos da cidade de Kherson e outros lugares sob ocupação russa.

Segundo Kartanovich, o serviço de água e eletricidade do local é intermitente e algumas pessoas têm dinheiro em cartões de crédito, mas não podem usá-los.

Água potável para a Crimeia

Outro interesse russo é um canal de água potável localizado na região, que por muito tempo serviu de fonte para abastecer a Crimeia. A Ucrânia bloqueou-o após a anexação em 2014, causando prejuízo à Moscou. Um dos primeiros movimentos da Rússia após o início da invasão em fevereiro foi tomar o canal e renovar os fluxos de água.

A barragem de Kakhovka e a usina hidrelétrica da região tornaram-se um ponto de discussão nas últimas semanas, com Zelenski afirmando que “terroristas russos” planejam destruí-la. Autoridades russas acusaram a Ucrânia de conspirar para fazer o mesmo, mas nenhum dos lados forneceu provas.

Além disso, Zelenski prometeu libertar Kherson e em seguida avançar para a Crimeia, onde Putin disse que qualquer ação militar teria uma resposta rápida. Independente de qual seja o resultado, provavelmente se tratará de um conflito longo. /THE WASHINGTON POST

KHERSON – Na região lamacenta de Kherson, localizada ao norte da Península da Crimeia, soldados se preparam para uma batalha que deve pôr à prova a capacidade da Rússia de ganhar territórios significativos na guerra. O território está dominado pelos russos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, e o conflito, visto como iminente por autoridades ucranianas, é crucial por representar a luta pela única capital regional que as tropas de Vladimir Putin continuam.

Enquanto as tropas se preparam, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse aos ucranianos para “esperar boas notícias” da região e outro funcionário disse recentemente que espera retomar a cidade até o final do ano. A Rússia, entretanto, não demonstra estar disposta a decidir da cidade ou da região em si – e a justificativa está na posição estratégica e política que ela representa para o Kremlin.

A preparação russa para o conflito tem informações conflitantes: por um lado, as forças armadas da Ucrânia dizem que mais de mil soldados russos foram deslocados para a área ao redor da cidade nos últimos dias; por outro, vídeos nas redes sociais parecem mostrar alguns postos de controle russos abandonados e a bandeira russa não mais hasteada sobre o edifício administrativo regional.

Soldados ucranianos carregam míssil para ser disparado em posições da Rússia na região de Kherson, em 27 de outubro, em Kherson Foto: Heidi Levine/Washington Post

Segundo autoridades ocidentais, as forças russas parecem prontas para recuar para a margem leste do rio Dnipro. Um alto funcionado ucraniano disse, no entanto, que a bandeira abaixada pode ser uma armadilha para atrair as tropas para a cidade, onde podem ser atacados por soldados russos disfarçados de civis.

Kirill Stremousov, vice-chefe do governo regional apoiado por Moscou, disse na quinta-feira que houve “conflitos pesados” no front de batalha, mas a situação permaneceu “sob controle”. Segundo as autoridades, os danos causados são difíceis de determinar.

Dificuldades na região

Há semanas, soldados ucranianos de uma unidade voluntária aguardam um momento para marchar em direção à cidade de Kherson. A expectativa a princípio era de uma marcha rápida, mas se transformou em uma lenta espera por causa das defesas russas e de outro adversário: a lama. “Os russos têm posições muito boas e bem-preparadas nesta área, por isso é difícil empurrá-los para fora”, disse o comandante de Karlson, que atende pelo nome de ‘Playboy’.

“Mesmo que você atire com precisão com artilharia, você pode matar alguns soldados russos, mas que estão em posições que serão repostas”, continuou. “Para avançar, precisamos de muitos tanques, porta-aviões blindados e recursos humanos.”

Desde que a Ucrânia começou a planejar uma grande contraofensiva em Kherson, em meados de setembro, a Rússia transferiu unidades militares para o sul para defender a região. Isso contribuiu para o rápido sucesso ucraniano em outras regiões, como Kharkiv, no Nordeste, mas os enfraqueceu no Sul, onde o avanço é lento.

Com as chuvas que começaram a cair no outono do Hemisfério Norte, o solo ficou enlameado e o avanço ucraniano na região piorou ainda mais. E, ao contrário de Kharkiv, as defesas russas não parecem em colapso.

Veículos destruídos na região de Kherson no dia 9 deste mês Foto: Heidi Levine/The Washington Post

Ponto estratégico

A razão para a Rússia abrir mão de tropas em outras regiões e deslocar para Kherson está na localização estratégia da região. Uma vez dominada pelos russos, ela faz uma conexão da Rússia com a Crimeia, anexada por Putin em 2014. O interesse na conexão é tão grande que o presidente russo, Vladimir Putin, gastou US$ 4 bilhões para construir a ponte através do Estreito de Kerch, recentemente bombardeada pela Ucrânia.

Em fevereiro, quando Putin ordenou uma invasão em larga escala, as forças militares da Rússia que estavam na Crimeia chegaram ao sul da Ucrânia por Kherson. Agora, a cidade continua sendo a única grande base de Moscou no lado oeste do rio Dnipro. Se cair, as forças ucranianas podem continuar potencialmente cercando as forças russas.

No início de outubro, tropas ucranianas avançavam sobre a cidade de Kherson a partir do norte e oeste. Autoridades instaladas na Rússia dizem ter removido cerca de 70 mil civis e escritórios administrativos para o lado leste do Dniepro antes que as tropas de Zelenski realizassem o ataque.

Entretanto, os russos parecem estar reforçando suas posições e se preparando para a grande batalha que está por vir, embora ninguém saiba se isso acontecerá antes ou depois do inverno do Hemisfério Norte.

À medida que o confronto se aproxima, as condições na cidade de Kherson continuam a se deteriorar. Pessoas que fugiram da cidade dizem que as linhas de comunicação foram cortadas e mesmo as linhas telefônicas disponibilizadas pela Rússia após a invasão não funcionam mais na maioria dos casos. “Não foi possível sobreviver sob as condições da ocupação”, disse Tetiana Kartanovich, 51 anos, professora que fugiu da cidade de Kherson há um mês e agora está em Kiev.

Ocupação russa

Inicialmente, a ocupação era ordenada, disse Kartanovich. Havia poucos postos de controle, e os soldados russos eram razoavelmente profissionais. Com o tempo, os russos começaram a “aterrorizar” as pessoas, vasculhando seus carros e forçando homens, garotos e, ocasionalmente, mulheres a se despirem para que pudessem verificar tatuagens que pudessem ter alguma conotação de simpatia com a Ucrânia.

Logo, Kartanovich começou a ver soldados retirando as pessoas do transporte público e levando-as embora, relatou. Ela, o marido e os filhos gêmeos de 17 anos decidiram cruzar para o outro lado do rio Dnipro na esperança de que haveria menos abusos.

Em vez disso, os russos invadiram a casa onde estavam hospedados e deitaram todos ao chão sob a mira de uma arma. Eles bateram no marido de Kartanovich até quebrarem as suas costelas e colocaram uma arma na cabeça de um de seus filhos enquanto vasculhavam a casa, disse ela. O marido ficou detido durante dois dias antes de ser solto.

O relato da professora, que não pôde ser verificada de forma rápida e independente pelo Washington Post, alinha-se com relatos da cidade de Kherson e outros lugares sob ocupação russa.

Segundo Kartanovich, o serviço de água e eletricidade do local é intermitente e algumas pessoas têm dinheiro em cartões de crédito, mas não podem usá-los.

Água potável para a Crimeia

Outro interesse russo é um canal de água potável localizado na região, que por muito tempo serviu de fonte para abastecer a Crimeia. A Ucrânia bloqueou-o após a anexação em 2014, causando prejuízo à Moscou. Um dos primeiros movimentos da Rússia após o início da invasão em fevereiro foi tomar o canal e renovar os fluxos de água.

A barragem de Kakhovka e a usina hidrelétrica da região tornaram-se um ponto de discussão nas últimas semanas, com Zelenski afirmando que “terroristas russos” planejam destruí-la. Autoridades russas acusaram a Ucrânia de conspirar para fazer o mesmo, mas nenhum dos lados forneceu provas.

Além disso, Zelenski prometeu libertar Kherson e em seguida avançar para a Crimeia, onde Putin disse que qualquer ação militar teria uma resposta rápida. Independente de qual seja o resultado, provavelmente se tratará de um conflito longo. /THE WASHINGTON POST

KHERSON – Na região lamacenta de Kherson, localizada ao norte da Península da Crimeia, soldados se preparam para uma batalha que deve pôr à prova a capacidade da Rússia de ganhar territórios significativos na guerra. O território está dominado pelos russos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, e o conflito, visto como iminente por autoridades ucranianas, é crucial por representar a luta pela única capital regional que as tropas de Vladimir Putin continuam.

Enquanto as tropas se preparam, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse aos ucranianos para “esperar boas notícias” da região e outro funcionário disse recentemente que espera retomar a cidade até o final do ano. A Rússia, entretanto, não demonstra estar disposta a decidir da cidade ou da região em si – e a justificativa está na posição estratégica e política que ela representa para o Kremlin.

A preparação russa para o conflito tem informações conflitantes: por um lado, as forças armadas da Ucrânia dizem que mais de mil soldados russos foram deslocados para a área ao redor da cidade nos últimos dias; por outro, vídeos nas redes sociais parecem mostrar alguns postos de controle russos abandonados e a bandeira russa não mais hasteada sobre o edifício administrativo regional.

Soldados ucranianos carregam míssil para ser disparado em posições da Rússia na região de Kherson, em 27 de outubro, em Kherson Foto: Heidi Levine/Washington Post

Segundo autoridades ocidentais, as forças russas parecem prontas para recuar para a margem leste do rio Dnipro. Um alto funcionado ucraniano disse, no entanto, que a bandeira abaixada pode ser uma armadilha para atrair as tropas para a cidade, onde podem ser atacados por soldados russos disfarçados de civis.

Kirill Stremousov, vice-chefe do governo regional apoiado por Moscou, disse na quinta-feira que houve “conflitos pesados” no front de batalha, mas a situação permaneceu “sob controle”. Segundo as autoridades, os danos causados são difíceis de determinar.

Dificuldades na região

Há semanas, soldados ucranianos de uma unidade voluntária aguardam um momento para marchar em direção à cidade de Kherson. A expectativa a princípio era de uma marcha rápida, mas se transformou em uma lenta espera por causa das defesas russas e de outro adversário: a lama. “Os russos têm posições muito boas e bem-preparadas nesta área, por isso é difícil empurrá-los para fora”, disse o comandante de Karlson, que atende pelo nome de ‘Playboy’.

“Mesmo que você atire com precisão com artilharia, você pode matar alguns soldados russos, mas que estão em posições que serão repostas”, continuou. “Para avançar, precisamos de muitos tanques, porta-aviões blindados e recursos humanos.”

Desde que a Ucrânia começou a planejar uma grande contraofensiva em Kherson, em meados de setembro, a Rússia transferiu unidades militares para o sul para defender a região. Isso contribuiu para o rápido sucesso ucraniano em outras regiões, como Kharkiv, no Nordeste, mas os enfraqueceu no Sul, onde o avanço é lento.

Com as chuvas que começaram a cair no outono do Hemisfério Norte, o solo ficou enlameado e o avanço ucraniano na região piorou ainda mais. E, ao contrário de Kharkiv, as defesas russas não parecem em colapso.

Veículos destruídos na região de Kherson no dia 9 deste mês Foto: Heidi Levine/The Washington Post

Ponto estratégico

A razão para a Rússia abrir mão de tropas em outras regiões e deslocar para Kherson está na localização estratégia da região. Uma vez dominada pelos russos, ela faz uma conexão da Rússia com a Crimeia, anexada por Putin em 2014. O interesse na conexão é tão grande que o presidente russo, Vladimir Putin, gastou US$ 4 bilhões para construir a ponte através do Estreito de Kerch, recentemente bombardeada pela Ucrânia.

Em fevereiro, quando Putin ordenou uma invasão em larga escala, as forças militares da Rússia que estavam na Crimeia chegaram ao sul da Ucrânia por Kherson. Agora, a cidade continua sendo a única grande base de Moscou no lado oeste do rio Dnipro. Se cair, as forças ucranianas podem continuar potencialmente cercando as forças russas.

No início de outubro, tropas ucranianas avançavam sobre a cidade de Kherson a partir do norte e oeste. Autoridades instaladas na Rússia dizem ter removido cerca de 70 mil civis e escritórios administrativos para o lado leste do Dniepro antes que as tropas de Zelenski realizassem o ataque.

Entretanto, os russos parecem estar reforçando suas posições e se preparando para a grande batalha que está por vir, embora ninguém saiba se isso acontecerá antes ou depois do inverno do Hemisfério Norte.

À medida que o confronto se aproxima, as condições na cidade de Kherson continuam a se deteriorar. Pessoas que fugiram da cidade dizem que as linhas de comunicação foram cortadas e mesmo as linhas telefônicas disponibilizadas pela Rússia após a invasão não funcionam mais na maioria dos casos. “Não foi possível sobreviver sob as condições da ocupação”, disse Tetiana Kartanovich, 51 anos, professora que fugiu da cidade de Kherson há um mês e agora está em Kiev.

Ocupação russa

Inicialmente, a ocupação era ordenada, disse Kartanovich. Havia poucos postos de controle, e os soldados russos eram razoavelmente profissionais. Com o tempo, os russos começaram a “aterrorizar” as pessoas, vasculhando seus carros e forçando homens, garotos e, ocasionalmente, mulheres a se despirem para que pudessem verificar tatuagens que pudessem ter alguma conotação de simpatia com a Ucrânia.

Logo, Kartanovich começou a ver soldados retirando as pessoas do transporte público e levando-as embora, relatou. Ela, o marido e os filhos gêmeos de 17 anos decidiram cruzar para o outro lado do rio Dnipro na esperança de que haveria menos abusos.

Em vez disso, os russos invadiram a casa onde estavam hospedados e deitaram todos ao chão sob a mira de uma arma. Eles bateram no marido de Kartanovich até quebrarem as suas costelas e colocaram uma arma na cabeça de um de seus filhos enquanto vasculhavam a casa, disse ela. O marido ficou detido durante dois dias antes de ser solto.

O relato da professora, que não pôde ser verificada de forma rápida e independente pelo Washington Post, alinha-se com relatos da cidade de Kherson e outros lugares sob ocupação russa.

Segundo Kartanovich, o serviço de água e eletricidade do local é intermitente e algumas pessoas têm dinheiro em cartões de crédito, mas não podem usá-los.

Água potável para a Crimeia

Outro interesse russo é um canal de água potável localizado na região, que por muito tempo serviu de fonte para abastecer a Crimeia. A Ucrânia bloqueou-o após a anexação em 2014, causando prejuízo à Moscou. Um dos primeiros movimentos da Rússia após o início da invasão em fevereiro foi tomar o canal e renovar os fluxos de água.

A barragem de Kakhovka e a usina hidrelétrica da região tornaram-se um ponto de discussão nas últimas semanas, com Zelenski afirmando que “terroristas russos” planejam destruí-la. Autoridades russas acusaram a Ucrânia de conspirar para fazer o mesmo, mas nenhum dos lados forneceu provas.

Além disso, Zelenski prometeu libertar Kherson e em seguida avançar para a Crimeia, onde Putin disse que qualquer ação militar teria uma resposta rápida. Independente de qual seja o resultado, provavelmente se tratará de um conflito longo. /THE WASHINGTON POST

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