Apoiadores de Alexei Navalni, o opositor russo do presidente Vladimir Putin, acusaram o Kremlin de segurar o corpo do ativista para “encobrir suas pegadas”. Navalni, de 47 anos, morreu em uma prisão no Ártico, na sexta-feira, 16, onde cumpria pena de 19 anos de prisão desde janeiro de 2021, depois de ter sido condenado três vezes por extremismo.
O Serviço Penitenciário Federal da Rússia informou que Navalni se sentiu mal após uma caminhada e ficou inconsciente. Quando a mãe do opositor, Liudmila Navalnaya, chegou ao local neste sábado, 17, as autoridades disseram que o seu filho tinha morrido de “síndrome da morte súbita”, disse Ivan Zhdanov, diretor da Fundação Anticorrupção de Navalni. Ele não deu mais detalhes.
A equipe de Navalni afirmou que as autoridades se recusam a entregar seus restos mortais à sua mãe. “É evidente que os assassinos querem esconder suas pegadas e, por isso, não entregam o corpo de Alexei, escondendo-o até mesmo de sua mãe”, afirmou no Telegram.
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A porta-voz do falecido, Kira Yarmish, disse que os investigadores comunicaram ao advogado que os resultados de um novo exame ao qual o cadáver será submetido não estarão disponíveis até a próxima semana.
“É óbvio que estão mentindo e fazendo de tudo para evitar entregar o corpo”, acrescentou. “Eles não querem que o método que usaram para matar Alexei seja revelado”, disse.
Yarmish também indicou que a mãe de Navalni foi notificada com um “documento oficial” de que ele morreu em 16 de fevereiro às 14h17 locais. “Alexei Navalni foi assassinado”, acrescentou a porta-voz, exilada como muitos dissidentes para evitar a prisão.
Silêncio e poucos detalhes
Navalni, condenado por “extremismo”, cumpria uma pena de 19 anos em uma remota colônia penal no Ártico após julgamentos que, segundo muitas vozes, eram motivados por razões políticas.
As autoridades limitaram-se a afirmar que todos os esforços foram feitos para reanimar o opositor, cuja saúde foi debilitada pela prisão, envenenamento em 2020 e greve de fome em 2021. “O prisioneiro Navalni A.A. se sentiu mal depois de um passeio e quase imediatamente perdeu a consciência”, indicou o serviço penitenciário da região ártica de Yamal em um comunicado.
O presidente russo, Vladimir Putin, permaneceu em silêncio após a notícia da morte de seu principal opositor, que ocorre a um mês das eleições presidenciais que previsivelmente consolidarão o poder do mandatário.
Após a notícia da morte, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar “chocado” e afirmou que seu homólogo russo é “responsável”, uma mensagem compartilhada por outros líderes ocidentais. O Kremlin considerou na sexta-feira “totalmente inaceitáveis” as acusações das potências ocidentais.
Manifestações
As autoridades russas alertaram a população para que não organizasse qualquer manifestação. No entanto, alguns russos se concentraram no sábado em várias cidades para depositar flores em monumentos em homenagem a dissidentes políticos.
Apesar do risco de serem detidos, centenas de russos participaram de pequenas concentrações no sábado para homenagear o crítico do Kremlin. Desde sexta-feira, a polícia prendeu 401 pessoas, de acordo com a organização de direitos humanos OVD-Info.
Em Moscou, a polícia deteve pelo menos 15 pessoas, segundo o veículo independente Sota. Pouco depois, jornalistas da AFP testemunharam uma nova prisão./AFP e EFE.