A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, visitou Kiev neste sábado, 11, e se reuniu com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski como parte dos preparativos para a decisão que deve dar à Ucrânia o status de candidata para entrar na União Europeia.
Segundo a chefe do executivo da UE, o bloco pretende apoiar a iniciativa ucraniana de se tornar um de seus membros, ainda que o país precise de algumas reformas, sobretudo no combate à corrupção.
“A reunião de hoje nos deu elementos para tomar uma decisão sobre a candidatura no fim da semana que vem”, disse Von der Leyen. “Queremos apoiar a Ucrânia em sua aventura europeia.”
Zelenski tem pressionado a UE para acelerar o cronograma para a entrada de Kiev no bloco como modo de pressionar politicamente a Rússia, que invadiu o país em fevereiro e hoje faz avanços para controlar as duas principais províncias do leste da Ucrânia – Luhansk e Donetsk, o coroação econômico do país.
“Agora está sendo determinado qual será o futuro de uma Europa unida”, disse Zelenski. “Toda a Europa é um alvo para a Rússia, e a Ucrânia é apenas o primeiro estágio dessa agressão.”
O presidente discutiu as aspirações da Ucrânia de adesão ao bloco e disse que o país “fará de tudo para se integrar”. “A Rússia quer dividir a Europa, quer enfraquecer a Europa”, disse ele.
Von der Leyen disse que a União Europeia trabalha “dia e noite” na avaliação da elegibilidade da Ucrânia como candidata ao bloco. O objetivo é ter a revisão pronta para ser compartilhada com os 27 membros existentes do bloco até o final da próxima semana.
No encontro, ocorrido em Kiev, Zelenski também voltou a pedir sanções mais rígidas contra a Rússia. Ele pediu que as novas sanções tenham como alvo mais funcionários russos, incluindo juízes, e prejudiquem as atividades de todos os bancos russos, incluindo o banco da gigante do gás Gazprom, bem como todas as empresas russas que ajudam Moscou “de qualquer forma”.
Armas de destruição em massa
Autoridades ucranianas e britânicas alertaram neste sábado, 11, que as forças militares da Rússia adotaram nos conflitos do leste da Ucrânia o uso de armas capazes de causar mais destruição em massa. O país tenta avançar na região em meio a combates longos e violentos, que esgotam os recursos de guerra de ambos os lados.
Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, há indícios de que os russos lançam na Ucrânia pesados mísseis antinavios da década de 1960, chamados Kh-22. Eles foram projetados principalmente para destruir porta-aviões e usavam uma ogiva nuclear. Em ataques terrestres com ogivas convencionais, os mísseis “são altamente imprecisos e, portanto, podem causar graves danos colaterais e baixas”, disse o ministério.
O uso destes mísseis é um reflexo da falta de munição gerada pelo conflito no leste, acrescentou o ministério britânico. A Rússia já não possuiria tantos mísseis modernos mais precisos e, portanto, passa a utilizar os mais antigos.
Os conflitos no leste deixam tanto a Rússia quanto a Ucrânia sem recursos militares. Ambos países utilizaram grandes quantidades de armamento em um front que se transformou em uma guerra de desgaste.
Os dois lados gastaram grandes quantidades de armamento no que se tornou uma guerra de desgaste para a região leste de minas de carvão e fábricas conhecidas como Donbas, colocando enormes pressões sobre seus recursos e estoques. Autoridades em Kiev, capital ucraniana, alegaram nesta sexta-feira enfrentar uma escassez de munição sob o risco de perderem a guerra e pediram ao Ocidente o envio de mais armas.
A Ucrânia afirma que as forças russas possuem pelo menos 10 vezes mais armamento do que as forças do país. Entretanto, mesmo desarmado, o exército ucraniano se mostra mais resistente do que o esperado nas fases iniciais dos combates.
Em uma conferência virtual, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski manteve a confiança em uma possível vitória. “Definitivamente vamos prevalecer nesta guerra que a Rússia começou”, disse. “É nos campos de batalha na Ucrânia que as futuras regras deste mundo estão sendo decididas”.
Na região de Luhansk, o governo regional acusou a Rússia de utilizar um lança-chamas para incendiar uma vila localizada a sudoeste das cidades de Sievierodonetsk e Lisichansk, últimas grandes áreas da região que permanecem sob controle ucraniano e onde acontecem os conflitos mais sangrentos no momento.
Embora o uso de lança-chamas no campo de batalha seja legal, Serhii Haidai, governador da província de Luhansk, alegou que os ataques durante a noite causaram danos generalizados às instalações civis. Ele também afirmou que os russos destruíram instalações industriais críticas, incluindo depósitos ferroviários, uma fábrica de tijolos e uma fábrica de vidro.
Passaportes russos são emitidos para moradores de Melitopol, no sul da Ucrânia
As forças russas que ocupam a cidade de Melitopol, no sul da Ucrânia, começaram a distribuir passaportes russos aos moradores locais, segundo a agência estatal russa TASS. A agência não especificou quantos moradores solicitaram ou receberam a cidadania russa.
Mais cedo, a agência também informou que mais de 800 mil pessoas em territórios controlados por separatistas na região do Donbas receberam a cidadania russa “através de um procedimento simplificado” desde abril de 2019.
Melitopol está localizada fora do Donbas, na região de Zaporizhzhia, que ainda é parcialmente controlada pela Ucrânia. /ASSOCIATED PRESS, REUTERS