O jornalista russo Dmitri Muratov, vencedor do Nobel da Paz em 2021, vendeu a medalha do prêmio por US$ 103,5 milhões para ajudar as crianças da Ucrânia afetadas pela guerra instalada pela Rússia no país. A medalha foi leiloada e o lance vencedor quebrou um antigo recorde de um Nobel.
O preço total de compra da medalha de Muratov beneficiará a resposta humanitária do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) às crianças deslocadas da Ucrânia, segundo a a Heritage Auctions, que realizou o leilão. A identidade do comprador não foi revelada.
Muratov ajudou a fundar o jornal russo independente Novaya Gazeta e era o editor-chefe quando o jornal fechou em março em meio à repressão do Kremlin a jornalistas e à dissidência pública após a invasão na Ucrânia. Ele venceu o Nobel em 2021 ao lado de Maria Ressa, das Filipinas, pelos esforços em “salvaguardar a liberdade de expressão”.
O jornalista tem criticado fortemente a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e a guerra lançada em fevereiro que fez com que quase 5 milhões de ucranianos fugissem para outros países em busca de segurança, criando a maior crise humanitária na Europa desde a 2ª Guerra. Há anos, ele também enfrenta um escrutínio do Kremlin e em abril disse que foi atacado com tinta vermelha enquanto estava a bordo de um trem russo.
Foi ideia de Muratov leiloar a medalha, já tendo anunciado que estava doando o prêmio em dinheiro de US$ 500 mil para caridade. A ideia da doação, disse ele, “é dar às crianças refugiadas uma chance de futuro”.
Anteriormente, o maior valor já pago por uma medalha do Prêmio Nobel foi de US$ 4,76 milhões em 2014, quando James Watson, cuja co-descoberta da estrutura do DNA lhe rendeu um Prêmio Nobel em 1962, vendeu a sua.
O leilão de Muratov começou no dia 1º de junho. No início desta segunda-feira, 20, o lance mais alto havia sido de apenas US$ 550 mil. Esperava-se que o preço de compra subisse, mas talvez não mais de US$ 100 milhões. “É um negócio muito personalizado”, disse Joshua Benesh, diretor de estratégia da Heritage Auctions. “Nem todos no mundo têm um Prêmio Nobel para leiloar e nem todos os dias da semana em que há um Prêmio Nobel cruzando o bloco de leilões”. /AP, REUTERS