Saída de Macri acirra disputa entre aliados de Cristina e Fernández pela presidência da Argentina


Anúncio do ex-presidente abriu caminho para nomes mais competitivos de sua coalizão, enquanto expõe o racha interno vivido por kirchneristas contra o presidente Alberto Fernández

Por Carolina Marins

O anúncio do ex-presidente Mauricio Macri de que não vai concorrer às eleições deste ano intensificou uma disputa já bastante indefinida para o pleito de outubro na Argentina. Pelo lado da coalizão opositora, abriu espaço para organizar as candidaturas mais competitivas. Já na coalizão de governo, o racha dentro do peronismo ficou mais evidente, com vozes pedindo que Alberto Fernández imite Macri e renuncie. Um possível retorno de Cristina Kirchner, que desistiu em dezembro de uma candidatura, também é cogitado.

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos por el Cambio, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela prefeitura de Buenos Aires que para a presidência. Sua indecisão em concorrer já era conhecida em seu partido, supostamente por não querer herdar um país assolado pela inflação acima dos 100%. Relatos de bastidores na imprensa argentina sugerem que pressões internas o fizeram decidir logo, para que se pudesse finalmente organizar o leque de pré-candidatos da coalizão.

No domingo, 26, por meio de um vídeo, ele confirmou que não vai concorrer ao cargo novamente e abriu caminho para o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra do Interior Patricia Bullrich. Há outros nomes que podem concorrer nas primárias de agosto da coalizão, mas ninguém desponta nas pesquisas como Larreta e Bullrich.

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O ex-presidente Mauricio Macri divulgou um vídeo no domingo em que anunciou que não vai concorrer às eleições na Argentina Foto: Alejandro Pagni/AFP

“A candidatura de Macri se mantinha mais como um efeito simbólico”, explica Facundo Galván, professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires. “Ele não era o principal candidato pelo Juntos por el Cambio, o que ajuda a colocar um pouco de ordem na oferta. Além de desativar alguns rumores de que ele queria debilitar Larreta”. Nas últimas pesquisas de intenção de votos, Macri pontuava em sua aliança tanto quanto Fernández no Frente de Todos, aparecendo em terceiro.

“É uma situação que moveu o círculo político, mas não mudou tanto como poderia ter acontecido. Acima de tudo ordena as expectativas dos eleitores”, completa. Analistas ouvidos pelos jornais argentinos viram a decisão de Macri como um ato de coragem, que torna sua coalizão mais competitiva. “Macri não necessitava de revanche e sabe que é uma eleição com chances do Juntos por el Cambio ganhar. Não há nenhuma certeza, mas é possível”, afirma Galván.

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A renúncia, porém, causou uma briga interna pela prefeitura de Buenos Aires. Junto com a eleição presidencial, ocorrem pleitos para os mais diversos cargos na Argentina. Logo após seu anúncio, Mauricio Macri fez coro pela candidatura de seu primo Jorge Macri, enfurecendo outros candidatos mais pleiteados e forçando Larreta a agir como mediador na briga por seu futuro antigo cargo.

O prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta Foto: Prefeitura de Buenos Aires via EFE

Disputa no peronismo

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Porém, a briga interna que já era grande se intensificou na coalizão do governo, a Frente de Todos, que contava com a retórica do anti-macrismo para o pleito deste ano. A candidatura de Alberto Fernández ainda é uma incógnita, embora ele tenha dado sinais de que poderá sim disputar a reeleição.

O racha dentro do peronismo já é bastante conhecido, dado o distanciamento entre Fernández e sua vice Cristina. No entanto, a saída de Macri do cenário eleitoral fez crescer as vozes dos que pedem a desistência de Fernández na corrida em favor de novos nomes e até um possível retorno de Cristina, que já havia anunciado que não será candidata este ano, mas continua sendo considerada em pesquisas e pelos setores mais kirchneristas do peronismo.

“Minha preocupação não é ser reeleito, e sim garantir a Argentina não devolva ao governo aqueles que nos condenaram a essa dívida maldita que temos com o FMI e os credores privados”, se pronunciou Fernández esta quinta-feira, 30, ao deixar os Estados Unidos onde se reuniu com Joe Biden.

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Segundo disseram fontes de dentro do governo e ao jornal Clarín no dia seguinte ao anúncio de Macri, a estratégia do setor de Fernández era apostar em vencer o macrismo - por isso um discurso focado na dívida no FMI - porém agora teriam de pensar em utilizar o “monstro” do macrismo, sem Macri nas urnas.

Alberto Fernández durante entrevista coletiva em Washington, EUA Foto: Lenin Nolly/EFE

“A discussão eleitoral agora corre para o centro, os extremos têm a força necessária para condicionar, mas não para conduzir”, afirmaram membros do gabinete de Fernández ao jornal argentino.

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No entanto, membros da organização La Cámpora, encabeçada pelo filho da vice-presidente, Máximo Kirchner, inflamam os pedidos dos mais kirchenistas que pedem ao presidente que siga o exemplo de Macri e também renuncie à sua candidatura. “Eles têm muitas coisas em comum: não pontuam e fazem barulho em seus respectivos espaços”, afirmam os kirchneristas. Não há, no entanto, qualquer sinal de que Fernández atenda esses pedidos.

“Por enquanto o presidente Alberto Fernández não deu um passo atrás. Mas também ficará muito debilitado quando o fizer, porque renunciar à reeleição é uma sentença de morte política. Ele vai dizer que vai se reeleger até o último dia que puder dizer. Os presidentes sem chances de reeleição perdem poder”, observa Galván.

No fim, a definição do cenário eleitoral continua nas mãos de Cristina Kirchner, que ainda não disse que voltará atrás em sua decisão, mas também não se coloca fora do cenário. “Ainda não se considera um cenário de eleições sem Cristina”, aponta o cientista político. “Ainda se considera que é ao menos uma pré-candidata”.

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A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, embora se coloque fora da disputa eleitoral, é o principal nome dessas eleições Foto: Matias Baglietto/Reuters

Caso de fato se mantenha fora da disputa eleitoral, os olhos se voltarão para quem ela pode apoiar dentro de sua coalizão. “Está claro que ela não vai apoiar o Alberto Fernández. Fora isso, não há muita definição”, completa o professor. Nem mesmo o nome do superministro Sergio Massa, que no início de seus trabalhos animava o setores econômicos, engaja a coalizão depois dos resultados da economia.

As últimas pesquisas de intenção de votos têm analisado os cenários com e sem o nome da vice-presidente. Segundo o último levantamento feito pela Circuitos Consultora na cidade de Buenos Aires - considerada um microcosmos do cenário nacional - divulgado nesta quinta pelo Clarín, o Frente de Todos sai mal em todos os cenários, mas com Cristina a situação é um pouco melhor.

No cenário com Cristina, o Frente de Todos poderia pontuar 24,5% dos votos, ficando atrás do Juntos por el Cambio que teria 43,1%, com Bullrich liderando a frente de Larreta. Já sem Cristina, a coalizão de governo pontua 16,7%, com Sergio Massa sendo o nome mais bem posicionado, e a coalizão opositora ganharia mais de 45% dos votos, novamente com Bullrich liderando. A sondagem, porém, considera Macri, pois foi feita antes de seu anúncio, e não está claro ainda como seus eleitores devem se comportar. Outras sondagens variam apenas no nome de quem lideraria o Juntos por el Cambio, Bullrich ou Larreta.

O anúncio do ex-presidente Mauricio Macri de que não vai concorrer às eleições deste ano intensificou uma disputa já bastante indefinida para o pleito de outubro na Argentina. Pelo lado da coalizão opositora, abriu espaço para organizar as candidaturas mais competitivas. Já na coalizão de governo, o racha dentro do peronismo ficou mais evidente, com vozes pedindo que Alberto Fernández imite Macri e renuncie. Um possível retorno de Cristina Kirchner, que desistiu em dezembro de uma candidatura, também é cogitado.

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos por el Cambio, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela prefeitura de Buenos Aires que para a presidência. Sua indecisão em concorrer já era conhecida em seu partido, supostamente por não querer herdar um país assolado pela inflação acima dos 100%. Relatos de bastidores na imprensa argentina sugerem que pressões internas o fizeram decidir logo, para que se pudesse finalmente organizar o leque de pré-candidatos da coalizão.

No domingo, 26, por meio de um vídeo, ele confirmou que não vai concorrer ao cargo novamente e abriu caminho para o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra do Interior Patricia Bullrich. Há outros nomes que podem concorrer nas primárias de agosto da coalizão, mas ninguém desponta nas pesquisas como Larreta e Bullrich.

O ex-presidente Mauricio Macri divulgou um vídeo no domingo em que anunciou que não vai concorrer às eleições na Argentina Foto: Alejandro Pagni/AFP

“A candidatura de Macri se mantinha mais como um efeito simbólico”, explica Facundo Galván, professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires. “Ele não era o principal candidato pelo Juntos por el Cambio, o que ajuda a colocar um pouco de ordem na oferta. Além de desativar alguns rumores de que ele queria debilitar Larreta”. Nas últimas pesquisas de intenção de votos, Macri pontuava em sua aliança tanto quanto Fernández no Frente de Todos, aparecendo em terceiro.

“É uma situação que moveu o círculo político, mas não mudou tanto como poderia ter acontecido. Acima de tudo ordena as expectativas dos eleitores”, completa. Analistas ouvidos pelos jornais argentinos viram a decisão de Macri como um ato de coragem, que torna sua coalizão mais competitiva. “Macri não necessitava de revanche e sabe que é uma eleição com chances do Juntos por el Cambio ganhar. Não há nenhuma certeza, mas é possível”, afirma Galván.

A renúncia, porém, causou uma briga interna pela prefeitura de Buenos Aires. Junto com a eleição presidencial, ocorrem pleitos para os mais diversos cargos na Argentina. Logo após seu anúncio, Mauricio Macri fez coro pela candidatura de seu primo Jorge Macri, enfurecendo outros candidatos mais pleiteados e forçando Larreta a agir como mediador na briga por seu futuro antigo cargo.

O prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta Foto: Prefeitura de Buenos Aires via EFE

Disputa no peronismo

Porém, a briga interna que já era grande se intensificou na coalizão do governo, a Frente de Todos, que contava com a retórica do anti-macrismo para o pleito deste ano. A candidatura de Alberto Fernández ainda é uma incógnita, embora ele tenha dado sinais de que poderá sim disputar a reeleição.

O racha dentro do peronismo já é bastante conhecido, dado o distanciamento entre Fernández e sua vice Cristina. No entanto, a saída de Macri do cenário eleitoral fez crescer as vozes dos que pedem a desistência de Fernández na corrida em favor de novos nomes e até um possível retorno de Cristina, que já havia anunciado que não será candidata este ano, mas continua sendo considerada em pesquisas e pelos setores mais kirchneristas do peronismo.

“Minha preocupação não é ser reeleito, e sim garantir a Argentina não devolva ao governo aqueles que nos condenaram a essa dívida maldita que temos com o FMI e os credores privados”, se pronunciou Fernández esta quinta-feira, 30, ao deixar os Estados Unidos onde se reuniu com Joe Biden.

Segundo disseram fontes de dentro do governo e ao jornal Clarín no dia seguinte ao anúncio de Macri, a estratégia do setor de Fernández era apostar em vencer o macrismo - por isso um discurso focado na dívida no FMI - porém agora teriam de pensar em utilizar o “monstro” do macrismo, sem Macri nas urnas.

Alberto Fernández durante entrevista coletiva em Washington, EUA Foto: Lenin Nolly/EFE

“A discussão eleitoral agora corre para o centro, os extremos têm a força necessária para condicionar, mas não para conduzir”, afirmaram membros do gabinete de Fernández ao jornal argentino.

No entanto, membros da organização La Cámpora, encabeçada pelo filho da vice-presidente, Máximo Kirchner, inflamam os pedidos dos mais kirchenistas que pedem ao presidente que siga o exemplo de Macri e também renuncie à sua candidatura. “Eles têm muitas coisas em comum: não pontuam e fazem barulho em seus respectivos espaços”, afirmam os kirchneristas. Não há, no entanto, qualquer sinal de que Fernández atenda esses pedidos.

“Por enquanto o presidente Alberto Fernández não deu um passo atrás. Mas também ficará muito debilitado quando o fizer, porque renunciar à reeleição é uma sentença de morte política. Ele vai dizer que vai se reeleger até o último dia que puder dizer. Os presidentes sem chances de reeleição perdem poder”, observa Galván.

No fim, a definição do cenário eleitoral continua nas mãos de Cristina Kirchner, que ainda não disse que voltará atrás em sua decisão, mas também não se coloca fora do cenário. “Ainda não se considera um cenário de eleições sem Cristina”, aponta o cientista político. “Ainda se considera que é ao menos uma pré-candidata”.

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, embora se coloque fora da disputa eleitoral, é o principal nome dessas eleições Foto: Matias Baglietto/Reuters

Caso de fato se mantenha fora da disputa eleitoral, os olhos se voltarão para quem ela pode apoiar dentro de sua coalizão. “Está claro que ela não vai apoiar o Alberto Fernández. Fora isso, não há muita definição”, completa o professor. Nem mesmo o nome do superministro Sergio Massa, que no início de seus trabalhos animava o setores econômicos, engaja a coalizão depois dos resultados da economia.

As últimas pesquisas de intenção de votos têm analisado os cenários com e sem o nome da vice-presidente. Segundo o último levantamento feito pela Circuitos Consultora na cidade de Buenos Aires - considerada um microcosmos do cenário nacional - divulgado nesta quinta pelo Clarín, o Frente de Todos sai mal em todos os cenários, mas com Cristina a situação é um pouco melhor.

No cenário com Cristina, o Frente de Todos poderia pontuar 24,5% dos votos, ficando atrás do Juntos por el Cambio que teria 43,1%, com Bullrich liderando a frente de Larreta. Já sem Cristina, a coalizão de governo pontua 16,7%, com Sergio Massa sendo o nome mais bem posicionado, e a coalizão opositora ganharia mais de 45% dos votos, novamente com Bullrich liderando. A sondagem, porém, considera Macri, pois foi feita antes de seu anúncio, e não está claro ainda como seus eleitores devem se comportar. Outras sondagens variam apenas no nome de quem lideraria o Juntos por el Cambio, Bullrich ou Larreta.

O anúncio do ex-presidente Mauricio Macri de que não vai concorrer às eleições deste ano intensificou uma disputa já bastante indefinida para o pleito de outubro na Argentina. Pelo lado da coalizão opositora, abriu espaço para organizar as candidaturas mais competitivas. Já na coalizão de governo, o racha dentro do peronismo ficou mais evidente, com vozes pedindo que Alberto Fernández imite Macri e renuncie. Um possível retorno de Cristina Kirchner, que desistiu em dezembro de uma candidatura, também é cogitado.

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos por el Cambio, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela prefeitura de Buenos Aires que para a presidência. Sua indecisão em concorrer já era conhecida em seu partido, supostamente por não querer herdar um país assolado pela inflação acima dos 100%. Relatos de bastidores na imprensa argentina sugerem que pressões internas o fizeram decidir logo, para que se pudesse finalmente organizar o leque de pré-candidatos da coalizão.

No domingo, 26, por meio de um vídeo, ele confirmou que não vai concorrer ao cargo novamente e abriu caminho para o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra do Interior Patricia Bullrich. Há outros nomes que podem concorrer nas primárias de agosto da coalizão, mas ninguém desponta nas pesquisas como Larreta e Bullrich.

O ex-presidente Mauricio Macri divulgou um vídeo no domingo em que anunciou que não vai concorrer às eleições na Argentina Foto: Alejandro Pagni/AFP

“A candidatura de Macri se mantinha mais como um efeito simbólico”, explica Facundo Galván, professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires. “Ele não era o principal candidato pelo Juntos por el Cambio, o que ajuda a colocar um pouco de ordem na oferta. Além de desativar alguns rumores de que ele queria debilitar Larreta”. Nas últimas pesquisas de intenção de votos, Macri pontuava em sua aliança tanto quanto Fernández no Frente de Todos, aparecendo em terceiro.

“É uma situação que moveu o círculo político, mas não mudou tanto como poderia ter acontecido. Acima de tudo ordena as expectativas dos eleitores”, completa. Analistas ouvidos pelos jornais argentinos viram a decisão de Macri como um ato de coragem, que torna sua coalizão mais competitiva. “Macri não necessitava de revanche e sabe que é uma eleição com chances do Juntos por el Cambio ganhar. Não há nenhuma certeza, mas é possível”, afirma Galván.

A renúncia, porém, causou uma briga interna pela prefeitura de Buenos Aires. Junto com a eleição presidencial, ocorrem pleitos para os mais diversos cargos na Argentina. Logo após seu anúncio, Mauricio Macri fez coro pela candidatura de seu primo Jorge Macri, enfurecendo outros candidatos mais pleiteados e forçando Larreta a agir como mediador na briga por seu futuro antigo cargo.

O prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta Foto: Prefeitura de Buenos Aires via EFE

Disputa no peronismo

Porém, a briga interna que já era grande se intensificou na coalizão do governo, a Frente de Todos, que contava com a retórica do anti-macrismo para o pleito deste ano. A candidatura de Alberto Fernández ainda é uma incógnita, embora ele tenha dado sinais de que poderá sim disputar a reeleição.

O racha dentro do peronismo já é bastante conhecido, dado o distanciamento entre Fernández e sua vice Cristina. No entanto, a saída de Macri do cenário eleitoral fez crescer as vozes dos que pedem a desistência de Fernández na corrida em favor de novos nomes e até um possível retorno de Cristina, que já havia anunciado que não será candidata este ano, mas continua sendo considerada em pesquisas e pelos setores mais kirchneristas do peronismo.

“Minha preocupação não é ser reeleito, e sim garantir a Argentina não devolva ao governo aqueles que nos condenaram a essa dívida maldita que temos com o FMI e os credores privados”, se pronunciou Fernández esta quinta-feira, 30, ao deixar os Estados Unidos onde se reuniu com Joe Biden.

Segundo disseram fontes de dentro do governo e ao jornal Clarín no dia seguinte ao anúncio de Macri, a estratégia do setor de Fernández era apostar em vencer o macrismo - por isso um discurso focado na dívida no FMI - porém agora teriam de pensar em utilizar o “monstro” do macrismo, sem Macri nas urnas.

Alberto Fernández durante entrevista coletiva em Washington, EUA Foto: Lenin Nolly/EFE

“A discussão eleitoral agora corre para o centro, os extremos têm a força necessária para condicionar, mas não para conduzir”, afirmaram membros do gabinete de Fernández ao jornal argentino.

No entanto, membros da organização La Cámpora, encabeçada pelo filho da vice-presidente, Máximo Kirchner, inflamam os pedidos dos mais kirchenistas que pedem ao presidente que siga o exemplo de Macri e também renuncie à sua candidatura. “Eles têm muitas coisas em comum: não pontuam e fazem barulho em seus respectivos espaços”, afirmam os kirchneristas. Não há, no entanto, qualquer sinal de que Fernández atenda esses pedidos.

“Por enquanto o presidente Alberto Fernández não deu um passo atrás. Mas também ficará muito debilitado quando o fizer, porque renunciar à reeleição é uma sentença de morte política. Ele vai dizer que vai se reeleger até o último dia que puder dizer. Os presidentes sem chances de reeleição perdem poder”, observa Galván.

No fim, a definição do cenário eleitoral continua nas mãos de Cristina Kirchner, que ainda não disse que voltará atrás em sua decisão, mas também não se coloca fora do cenário. “Ainda não se considera um cenário de eleições sem Cristina”, aponta o cientista político. “Ainda se considera que é ao menos uma pré-candidata”.

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, embora se coloque fora da disputa eleitoral, é o principal nome dessas eleições Foto: Matias Baglietto/Reuters

Caso de fato se mantenha fora da disputa eleitoral, os olhos se voltarão para quem ela pode apoiar dentro de sua coalizão. “Está claro que ela não vai apoiar o Alberto Fernández. Fora isso, não há muita definição”, completa o professor. Nem mesmo o nome do superministro Sergio Massa, que no início de seus trabalhos animava o setores econômicos, engaja a coalizão depois dos resultados da economia.

As últimas pesquisas de intenção de votos têm analisado os cenários com e sem o nome da vice-presidente. Segundo o último levantamento feito pela Circuitos Consultora na cidade de Buenos Aires - considerada um microcosmos do cenário nacional - divulgado nesta quinta pelo Clarín, o Frente de Todos sai mal em todos os cenários, mas com Cristina a situação é um pouco melhor.

No cenário com Cristina, o Frente de Todos poderia pontuar 24,5% dos votos, ficando atrás do Juntos por el Cambio que teria 43,1%, com Bullrich liderando a frente de Larreta. Já sem Cristina, a coalizão de governo pontua 16,7%, com Sergio Massa sendo o nome mais bem posicionado, e a coalizão opositora ganharia mais de 45% dos votos, novamente com Bullrich liderando. A sondagem, porém, considera Macri, pois foi feita antes de seu anúncio, e não está claro ainda como seus eleitores devem se comportar. Outras sondagens variam apenas no nome de quem lideraria o Juntos por el Cambio, Bullrich ou Larreta.

O anúncio do ex-presidente Mauricio Macri de que não vai concorrer às eleições deste ano intensificou uma disputa já bastante indefinida para o pleito de outubro na Argentina. Pelo lado da coalizão opositora, abriu espaço para organizar as candidaturas mais competitivas. Já na coalizão de governo, o racha dentro do peronismo ficou mais evidente, com vozes pedindo que Alberto Fernández imite Macri e renuncie. Um possível retorno de Cristina Kirchner, que desistiu em dezembro de uma candidatura, também é cogitado.

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos por el Cambio, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela prefeitura de Buenos Aires que para a presidência. Sua indecisão em concorrer já era conhecida em seu partido, supostamente por não querer herdar um país assolado pela inflação acima dos 100%. Relatos de bastidores na imprensa argentina sugerem que pressões internas o fizeram decidir logo, para que se pudesse finalmente organizar o leque de pré-candidatos da coalizão.

No domingo, 26, por meio de um vídeo, ele confirmou que não vai concorrer ao cargo novamente e abriu caminho para o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra do Interior Patricia Bullrich. Há outros nomes que podem concorrer nas primárias de agosto da coalizão, mas ninguém desponta nas pesquisas como Larreta e Bullrich.

O ex-presidente Mauricio Macri divulgou um vídeo no domingo em que anunciou que não vai concorrer às eleições na Argentina Foto: Alejandro Pagni/AFP

“A candidatura de Macri se mantinha mais como um efeito simbólico”, explica Facundo Galván, professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires. “Ele não era o principal candidato pelo Juntos por el Cambio, o que ajuda a colocar um pouco de ordem na oferta. Além de desativar alguns rumores de que ele queria debilitar Larreta”. Nas últimas pesquisas de intenção de votos, Macri pontuava em sua aliança tanto quanto Fernández no Frente de Todos, aparecendo em terceiro.

“É uma situação que moveu o círculo político, mas não mudou tanto como poderia ter acontecido. Acima de tudo ordena as expectativas dos eleitores”, completa. Analistas ouvidos pelos jornais argentinos viram a decisão de Macri como um ato de coragem, que torna sua coalizão mais competitiva. “Macri não necessitava de revanche e sabe que é uma eleição com chances do Juntos por el Cambio ganhar. Não há nenhuma certeza, mas é possível”, afirma Galván.

A renúncia, porém, causou uma briga interna pela prefeitura de Buenos Aires. Junto com a eleição presidencial, ocorrem pleitos para os mais diversos cargos na Argentina. Logo após seu anúncio, Mauricio Macri fez coro pela candidatura de seu primo Jorge Macri, enfurecendo outros candidatos mais pleiteados e forçando Larreta a agir como mediador na briga por seu futuro antigo cargo.

O prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta Foto: Prefeitura de Buenos Aires via EFE

Disputa no peronismo

Porém, a briga interna que já era grande se intensificou na coalizão do governo, a Frente de Todos, que contava com a retórica do anti-macrismo para o pleito deste ano. A candidatura de Alberto Fernández ainda é uma incógnita, embora ele tenha dado sinais de que poderá sim disputar a reeleição.

O racha dentro do peronismo já é bastante conhecido, dado o distanciamento entre Fernández e sua vice Cristina. No entanto, a saída de Macri do cenário eleitoral fez crescer as vozes dos que pedem a desistência de Fernández na corrida em favor de novos nomes e até um possível retorno de Cristina, que já havia anunciado que não será candidata este ano, mas continua sendo considerada em pesquisas e pelos setores mais kirchneristas do peronismo.

“Minha preocupação não é ser reeleito, e sim garantir a Argentina não devolva ao governo aqueles que nos condenaram a essa dívida maldita que temos com o FMI e os credores privados”, se pronunciou Fernández esta quinta-feira, 30, ao deixar os Estados Unidos onde se reuniu com Joe Biden.

Segundo disseram fontes de dentro do governo e ao jornal Clarín no dia seguinte ao anúncio de Macri, a estratégia do setor de Fernández era apostar em vencer o macrismo - por isso um discurso focado na dívida no FMI - porém agora teriam de pensar em utilizar o “monstro” do macrismo, sem Macri nas urnas.

Alberto Fernández durante entrevista coletiva em Washington, EUA Foto: Lenin Nolly/EFE

“A discussão eleitoral agora corre para o centro, os extremos têm a força necessária para condicionar, mas não para conduzir”, afirmaram membros do gabinete de Fernández ao jornal argentino.

No entanto, membros da organização La Cámpora, encabeçada pelo filho da vice-presidente, Máximo Kirchner, inflamam os pedidos dos mais kirchenistas que pedem ao presidente que siga o exemplo de Macri e também renuncie à sua candidatura. “Eles têm muitas coisas em comum: não pontuam e fazem barulho em seus respectivos espaços”, afirmam os kirchneristas. Não há, no entanto, qualquer sinal de que Fernández atenda esses pedidos.

“Por enquanto o presidente Alberto Fernández não deu um passo atrás. Mas também ficará muito debilitado quando o fizer, porque renunciar à reeleição é uma sentença de morte política. Ele vai dizer que vai se reeleger até o último dia que puder dizer. Os presidentes sem chances de reeleição perdem poder”, observa Galván.

No fim, a definição do cenário eleitoral continua nas mãos de Cristina Kirchner, que ainda não disse que voltará atrás em sua decisão, mas também não se coloca fora do cenário. “Ainda não se considera um cenário de eleições sem Cristina”, aponta o cientista político. “Ainda se considera que é ao menos uma pré-candidata”.

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, embora se coloque fora da disputa eleitoral, é o principal nome dessas eleições Foto: Matias Baglietto/Reuters

Caso de fato se mantenha fora da disputa eleitoral, os olhos se voltarão para quem ela pode apoiar dentro de sua coalizão. “Está claro que ela não vai apoiar o Alberto Fernández. Fora isso, não há muita definição”, completa o professor. Nem mesmo o nome do superministro Sergio Massa, que no início de seus trabalhos animava o setores econômicos, engaja a coalizão depois dos resultados da economia.

As últimas pesquisas de intenção de votos têm analisado os cenários com e sem o nome da vice-presidente. Segundo o último levantamento feito pela Circuitos Consultora na cidade de Buenos Aires - considerada um microcosmos do cenário nacional - divulgado nesta quinta pelo Clarín, o Frente de Todos sai mal em todos os cenários, mas com Cristina a situação é um pouco melhor.

No cenário com Cristina, o Frente de Todos poderia pontuar 24,5% dos votos, ficando atrás do Juntos por el Cambio que teria 43,1%, com Bullrich liderando a frente de Larreta. Já sem Cristina, a coalizão de governo pontua 16,7%, com Sergio Massa sendo o nome mais bem posicionado, e a coalizão opositora ganharia mais de 45% dos votos, novamente com Bullrich liderando. A sondagem, porém, considera Macri, pois foi feita antes de seu anúncio, e não está claro ainda como seus eleitores devem se comportar. Outras sondagens variam apenas no nome de quem lideraria o Juntos por el Cambio, Bullrich ou Larreta.

O anúncio do ex-presidente Mauricio Macri de que não vai concorrer às eleições deste ano intensificou uma disputa já bastante indefinida para o pleito de outubro na Argentina. Pelo lado da coalizão opositora, abriu espaço para organizar as candidaturas mais competitivas. Já na coalizão de governo, o racha dentro do peronismo ficou mais evidente, com vozes pedindo que Alberto Fernández imite Macri e renuncie. Um possível retorno de Cristina Kirchner, que desistiu em dezembro de uma candidatura, também é cogitado.

Embora seja o líder do principal partido da coalizão, Juntos por el Cambio, a saída de Macri causou mais alvoroço na disputa pela prefeitura de Buenos Aires que para a presidência. Sua indecisão em concorrer já era conhecida em seu partido, supostamente por não querer herdar um país assolado pela inflação acima dos 100%. Relatos de bastidores na imprensa argentina sugerem que pressões internas o fizeram decidir logo, para que se pudesse finalmente organizar o leque de pré-candidatos da coalizão.

No domingo, 26, por meio de um vídeo, ele confirmou que não vai concorrer ao cargo novamente e abriu caminho para o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta, e a ex-ministra do Interior Patricia Bullrich. Há outros nomes que podem concorrer nas primárias de agosto da coalizão, mas ninguém desponta nas pesquisas como Larreta e Bullrich.

O ex-presidente Mauricio Macri divulgou um vídeo no domingo em que anunciou que não vai concorrer às eleições na Argentina Foto: Alejandro Pagni/AFP

“A candidatura de Macri se mantinha mais como um efeito simbólico”, explica Facundo Galván, professor de ciência política da Universidade de Buenos Aires. “Ele não era o principal candidato pelo Juntos por el Cambio, o que ajuda a colocar um pouco de ordem na oferta. Além de desativar alguns rumores de que ele queria debilitar Larreta”. Nas últimas pesquisas de intenção de votos, Macri pontuava em sua aliança tanto quanto Fernández no Frente de Todos, aparecendo em terceiro.

“É uma situação que moveu o círculo político, mas não mudou tanto como poderia ter acontecido. Acima de tudo ordena as expectativas dos eleitores”, completa. Analistas ouvidos pelos jornais argentinos viram a decisão de Macri como um ato de coragem, que torna sua coalizão mais competitiva. “Macri não necessitava de revanche e sabe que é uma eleição com chances do Juntos por el Cambio ganhar. Não há nenhuma certeza, mas é possível”, afirma Galván.

A renúncia, porém, causou uma briga interna pela prefeitura de Buenos Aires. Junto com a eleição presidencial, ocorrem pleitos para os mais diversos cargos na Argentina. Logo após seu anúncio, Mauricio Macri fez coro pela candidatura de seu primo Jorge Macri, enfurecendo outros candidatos mais pleiteados e forçando Larreta a agir como mediador na briga por seu futuro antigo cargo.

O prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta Foto: Prefeitura de Buenos Aires via EFE

Disputa no peronismo

Porém, a briga interna que já era grande se intensificou na coalizão do governo, a Frente de Todos, que contava com a retórica do anti-macrismo para o pleito deste ano. A candidatura de Alberto Fernández ainda é uma incógnita, embora ele tenha dado sinais de que poderá sim disputar a reeleição.

O racha dentro do peronismo já é bastante conhecido, dado o distanciamento entre Fernández e sua vice Cristina. No entanto, a saída de Macri do cenário eleitoral fez crescer as vozes dos que pedem a desistência de Fernández na corrida em favor de novos nomes e até um possível retorno de Cristina, que já havia anunciado que não será candidata este ano, mas continua sendo considerada em pesquisas e pelos setores mais kirchneristas do peronismo.

“Minha preocupação não é ser reeleito, e sim garantir a Argentina não devolva ao governo aqueles que nos condenaram a essa dívida maldita que temos com o FMI e os credores privados”, se pronunciou Fernández esta quinta-feira, 30, ao deixar os Estados Unidos onde se reuniu com Joe Biden.

Segundo disseram fontes de dentro do governo e ao jornal Clarín no dia seguinte ao anúncio de Macri, a estratégia do setor de Fernández era apostar em vencer o macrismo - por isso um discurso focado na dívida no FMI - porém agora teriam de pensar em utilizar o “monstro” do macrismo, sem Macri nas urnas.

Alberto Fernández durante entrevista coletiva em Washington, EUA Foto: Lenin Nolly/EFE

“A discussão eleitoral agora corre para o centro, os extremos têm a força necessária para condicionar, mas não para conduzir”, afirmaram membros do gabinete de Fernández ao jornal argentino.

No entanto, membros da organização La Cámpora, encabeçada pelo filho da vice-presidente, Máximo Kirchner, inflamam os pedidos dos mais kirchenistas que pedem ao presidente que siga o exemplo de Macri e também renuncie à sua candidatura. “Eles têm muitas coisas em comum: não pontuam e fazem barulho em seus respectivos espaços”, afirmam os kirchneristas. Não há, no entanto, qualquer sinal de que Fernández atenda esses pedidos.

“Por enquanto o presidente Alberto Fernández não deu um passo atrás. Mas também ficará muito debilitado quando o fizer, porque renunciar à reeleição é uma sentença de morte política. Ele vai dizer que vai se reeleger até o último dia que puder dizer. Os presidentes sem chances de reeleição perdem poder”, observa Galván.

No fim, a definição do cenário eleitoral continua nas mãos de Cristina Kirchner, que ainda não disse que voltará atrás em sua decisão, mas também não se coloca fora do cenário. “Ainda não se considera um cenário de eleições sem Cristina”, aponta o cientista político. “Ainda se considera que é ao menos uma pré-candidata”.

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, embora se coloque fora da disputa eleitoral, é o principal nome dessas eleições Foto: Matias Baglietto/Reuters

Caso de fato se mantenha fora da disputa eleitoral, os olhos se voltarão para quem ela pode apoiar dentro de sua coalizão. “Está claro que ela não vai apoiar o Alberto Fernández. Fora isso, não há muita definição”, completa o professor. Nem mesmo o nome do superministro Sergio Massa, que no início de seus trabalhos animava o setores econômicos, engaja a coalizão depois dos resultados da economia.

As últimas pesquisas de intenção de votos têm analisado os cenários com e sem o nome da vice-presidente. Segundo o último levantamento feito pela Circuitos Consultora na cidade de Buenos Aires - considerada um microcosmos do cenário nacional - divulgado nesta quinta pelo Clarín, o Frente de Todos sai mal em todos os cenários, mas com Cristina a situação é um pouco melhor.

No cenário com Cristina, o Frente de Todos poderia pontuar 24,5% dos votos, ficando atrás do Juntos por el Cambio que teria 43,1%, com Bullrich liderando a frente de Larreta. Já sem Cristina, a coalizão de governo pontua 16,7%, com Sergio Massa sendo o nome mais bem posicionado, e a coalizão opositora ganharia mais de 45% dos votos, novamente com Bullrich liderando. A sondagem, porém, considera Macri, pois foi feita antes de seu anúncio, e não está claro ainda como seus eleitores devem se comportar. Outras sondagens variam apenas no nome de quem lideraria o Juntos por el Cambio, Bullrich ou Larreta.

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