Saída turbulenta de Boris Johnson encerra gestão tumultuada como primeiro-ministro


Gestão de Boris Johnson foi marcada por escândalos e estilo exagerado de governar

Por Mark Landler
Atualização:

O fim, quando finalmente chegou, foi tão tumultuado e estarrecedor quanto qualquer outro capítulo da carreira política de Boris Johnson.

Entrincheirado em Downing Street na noite da quarta-feira, o primeiro-ministro testemunhou uma rebelião em seu gabinete, uma catastrófica perda de apoio em seu Partido Conservador e um êxodo em massa de seus ministros, o que ameaçou deixar partes significativas do governo britânico sem liderança funcional.

Ainda longe da rendição, os assessores de Johnson espalharam a mensagem de que ele continuaria a lutar. Parecia a última cartada de um dos maiores apostadores da política britânica. Sua descarada recusa em reconhecer a realidade permitiu comparações com o desafio de Donald Trump nos caóticos dias que se seguiram à eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos.

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Boris Johnson durante pronunciamento na Downing Street em Londres, Inglaterra, nesta quinta-feira, 7. Governo do britânico foi marcado por escândalos e estilo exagerado Foto: Henry Nicholls/Reuters

Na manhã desta quinta-feira, no entanto, a gravidade política finalmente se reassentou. Em um momento raro em sua carreira, Johnson foi incapaz de torcer a narrativa ao seu favor meramente por meio da força de sua personalidade; ao meio-dia, diante de seu quartel-general em Downing Street, ele anunciou que abrirá mão da liderança de um partido que já não o apoia e se demitirá da função que perseguiu durante grande parte de sua vida adulta.

“Quero lhes dizer o quanto lamento desistir do melhor emprego do mundo”, afirmou Johnson, “mas é isso”.

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Enquanto os obituários políticos de Johnson são escritos, os turbulentos eventos da semana passada podem vir a sintetizar sua carreira — que foi definida por um exultante desrespeito às regras, uma perspicácia instintiva sobre a opinião pública, uma abordagem frouxa em relação a ética e uma disposição jovial e animada pelas discussões acaloradas e polêmicas da política.

“A maioria dos primeiros-ministros teria compreendido antes a mensagem”, afirmou Andrew Gimson, um dos biógrafos de Johnson. “O elemento do exagero, de aumentar o volume, é muito característico de seu estilo.”

Gimson certa vez comparou Johnson ao almirante Nelson, o herói da Marinha britânica do século 18 que derrotou Napoleão na Batalha de Trafalgar.

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“Nelson afirmou que as ações mais audaciosas são as mais seguras”, afirmou Gimson. “Boris também considera as ações mais audaciosas as mais seguras.”

No fim, contudo, o apetite de Johnson pelo risco não foi suficiente para compensar sua coleção de defeitos. Ele se comportou de uma maneira que, segundo críticos, revelou uma noção de prerrogativa e privilégio, assim como de uma crença de que as regras não se aplicavam para ele. Críticos o acusaram de ser desorganizado ideologicamente e administrativamente.

Depois de liderar a retirada do Reino Unido na União Europeia, em 2020, o primeiro-ministro não tinha um plano para o que fazer depois. Ele rapidamente se tornou refém dos acontecimentos, arrastando-se de crise em crise à medida que a pandemia de coronavírus atingia seu país e governando durante um mandato repleto de escândalos.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou ao cargo de líder do Partido Conservador, abrindo caminho para a escolha de um novo premiê.

Johnson sempre prosperou escarnecendo das convenções da política. Sua cabeleira loira e desgrenhada parecia uma metáfora de sua vida pessoal e profissional, estilo que agradava alguns britânicos, enquanto outros apenas o toleravam.

Mas a falta de verdade em Johnson finalmente o pegou na esquina. Suas constantes oscilações e condutas duvidosas — seja comparecendo a festas ilícitas em Downing Street durante lockdowns, ou tentando usar um doador do Partido Conservador para financiar uma custosa reforma em seu apartamento, ou promovendo um parlamentar conservador com histórico de acusações de abusos sexuais — finalmente exauriram seu apoio dentro de seu partido, assim como entre muitos eleitores.

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O papel de Johnson na campanha pela saída da União Europeia, o fato dele ter posto em prática o Brexit e sua atuação no Reino Unido durante a pandemia garantirão a ele lugar na história entre os mais proeminentes primeiros-ministros britânicos. Mas ele deverá ser lembrado principalmente por sua combinação confusa entre forças e fraquezas.

Por grande parte da década recente, a personalidade dinâmica e inflamada de Johnson prendeu a atenção dos britânicos e dominou a política de seu país. Na quinta-feira, porém, sua chama se apagou de maneira tão espetacular quanto acendeu. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

O fim, quando finalmente chegou, foi tão tumultuado e estarrecedor quanto qualquer outro capítulo da carreira política de Boris Johnson.

Entrincheirado em Downing Street na noite da quarta-feira, o primeiro-ministro testemunhou uma rebelião em seu gabinete, uma catastrófica perda de apoio em seu Partido Conservador e um êxodo em massa de seus ministros, o que ameaçou deixar partes significativas do governo britânico sem liderança funcional.

Ainda longe da rendição, os assessores de Johnson espalharam a mensagem de que ele continuaria a lutar. Parecia a última cartada de um dos maiores apostadores da política britânica. Sua descarada recusa em reconhecer a realidade permitiu comparações com o desafio de Donald Trump nos caóticos dias que se seguiram à eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos.

Boris Johnson durante pronunciamento na Downing Street em Londres, Inglaterra, nesta quinta-feira, 7. Governo do britânico foi marcado por escândalos e estilo exagerado Foto: Henry Nicholls/Reuters

Na manhã desta quinta-feira, no entanto, a gravidade política finalmente se reassentou. Em um momento raro em sua carreira, Johnson foi incapaz de torcer a narrativa ao seu favor meramente por meio da força de sua personalidade; ao meio-dia, diante de seu quartel-general em Downing Street, ele anunciou que abrirá mão da liderança de um partido que já não o apoia e se demitirá da função que perseguiu durante grande parte de sua vida adulta.

“Quero lhes dizer o quanto lamento desistir do melhor emprego do mundo”, afirmou Johnson, “mas é isso”.

Enquanto os obituários políticos de Johnson são escritos, os turbulentos eventos da semana passada podem vir a sintetizar sua carreira — que foi definida por um exultante desrespeito às regras, uma perspicácia instintiva sobre a opinião pública, uma abordagem frouxa em relação a ética e uma disposição jovial e animada pelas discussões acaloradas e polêmicas da política.

“A maioria dos primeiros-ministros teria compreendido antes a mensagem”, afirmou Andrew Gimson, um dos biógrafos de Johnson. “O elemento do exagero, de aumentar o volume, é muito característico de seu estilo.”

Gimson certa vez comparou Johnson ao almirante Nelson, o herói da Marinha britânica do século 18 que derrotou Napoleão na Batalha de Trafalgar.

“Nelson afirmou que as ações mais audaciosas são as mais seguras”, afirmou Gimson. “Boris também considera as ações mais audaciosas as mais seguras.”

No fim, contudo, o apetite de Johnson pelo risco não foi suficiente para compensar sua coleção de defeitos. Ele se comportou de uma maneira que, segundo críticos, revelou uma noção de prerrogativa e privilégio, assim como de uma crença de que as regras não se aplicavam para ele. Críticos o acusaram de ser desorganizado ideologicamente e administrativamente.

Depois de liderar a retirada do Reino Unido na União Europeia, em 2020, o primeiro-ministro não tinha um plano para o que fazer depois. Ele rapidamente se tornou refém dos acontecimentos, arrastando-se de crise em crise à medida que a pandemia de coronavírus atingia seu país e governando durante um mandato repleto de escândalos.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou ao cargo de líder do Partido Conservador, abrindo caminho para a escolha de um novo premiê.

Johnson sempre prosperou escarnecendo das convenções da política. Sua cabeleira loira e desgrenhada parecia uma metáfora de sua vida pessoal e profissional, estilo que agradava alguns britânicos, enquanto outros apenas o toleravam.

Mas a falta de verdade em Johnson finalmente o pegou na esquina. Suas constantes oscilações e condutas duvidosas — seja comparecendo a festas ilícitas em Downing Street durante lockdowns, ou tentando usar um doador do Partido Conservador para financiar uma custosa reforma em seu apartamento, ou promovendo um parlamentar conservador com histórico de acusações de abusos sexuais — finalmente exauriram seu apoio dentro de seu partido, assim como entre muitos eleitores.

O papel de Johnson na campanha pela saída da União Europeia, o fato dele ter posto em prática o Brexit e sua atuação no Reino Unido durante a pandemia garantirão a ele lugar na história entre os mais proeminentes primeiros-ministros britânicos. Mas ele deverá ser lembrado principalmente por sua combinação confusa entre forças e fraquezas.

Por grande parte da década recente, a personalidade dinâmica e inflamada de Johnson prendeu a atenção dos britânicos e dominou a política de seu país. Na quinta-feira, porém, sua chama se apagou de maneira tão espetacular quanto acendeu. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

O fim, quando finalmente chegou, foi tão tumultuado e estarrecedor quanto qualquer outro capítulo da carreira política de Boris Johnson.

Entrincheirado em Downing Street na noite da quarta-feira, o primeiro-ministro testemunhou uma rebelião em seu gabinete, uma catastrófica perda de apoio em seu Partido Conservador e um êxodo em massa de seus ministros, o que ameaçou deixar partes significativas do governo britânico sem liderança funcional.

Ainda longe da rendição, os assessores de Johnson espalharam a mensagem de que ele continuaria a lutar. Parecia a última cartada de um dos maiores apostadores da política britânica. Sua descarada recusa em reconhecer a realidade permitiu comparações com o desafio de Donald Trump nos caóticos dias que se seguiram à eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos.

Boris Johnson durante pronunciamento na Downing Street em Londres, Inglaterra, nesta quinta-feira, 7. Governo do britânico foi marcado por escândalos e estilo exagerado Foto: Henry Nicholls/Reuters

Na manhã desta quinta-feira, no entanto, a gravidade política finalmente se reassentou. Em um momento raro em sua carreira, Johnson foi incapaz de torcer a narrativa ao seu favor meramente por meio da força de sua personalidade; ao meio-dia, diante de seu quartel-general em Downing Street, ele anunciou que abrirá mão da liderança de um partido que já não o apoia e se demitirá da função que perseguiu durante grande parte de sua vida adulta.

“Quero lhes dizer o quanto lamento desistir do melhor emprego do mundo”, afirmou Johnson, “mas é isso”.

Enquanto os obituários políticos de Johnson são escritos, os turbulentos eventos da semana passada podem vir a sintetizar sua carreira — que foi definida por um exultante desrespeito às regras, uma perspicácia instintiva sobre a opinião pública, uma abordagem frouxa em relação a ética e uma disposição jovial e animada pelas discussões acaloradas e polêmicas da política.

“A maioria dos primeiros-ministros teria compreendido antes a mensagem”, afirmou Andrew Gimson, um dos biógrafos de Johnson. “O elemento do exagero, de aumentar o volume, é muito característico de seu estilo.”

Gimson certa vez comparou Johnson ao almirante Nelson, o herói da Marinha britânica do século 18 que derrotou Napoleão na Batalha de Trafalgar.

“Nelson afirmou que as ações mais audaciosas são as mais seguras”, afirmou Gimson. “Boris também considera as ações mais audaciosas as mais seguras.”

No fim, contudo, o apetite de Johnson pelo risco não foi suficiente para compensar sua coleção de defeitos. Ele se comportou de uma maneira que, segundo críticos, revelou uma noção de prerrogativa e privilégio, assim como de uma crença de que as regras não se aplicavam para ele. Críticos o acusaram de ser desorganizado ideologicamente e administrativamente.

Depois de liderar a retirada do Reino Unido na União Europeia, em 2020, o primeiro-ministro não tinha um plano para o que fazer depois. Ele rapidamente se tornou refém dos acontecimentos, arrastando-se de crise em crise à medida que a pandemia de coronavírus atingia seu país e governando durante um mandato repleto de escândalos.

Seu navegador não suporta esse video.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou ao cargo de líder do Partido Conservador, abrindo caminho para a escolha de um novo premiê.

Johnson sempre prosperou escarnecendo das convenções da política. Sua cabeleira loira e desgrenhada parecia uma metáfora de sua vida pessoal e profissional, estilo que agradava alguns britânicos, enquanto outros apenas o toleravam.

Mas a falta de verdade em Johnson finalmente o pegou na esquina. Suas constantes oscilações e condutas duvidosas — seja comparecendo a festas ilícitas em Downing Street durante lockdowns, ou tentando usar um doador do Partido Conservador para financiar uma custosa reforma em seu apartamento, ou promovendo um parlamentar conservador com histórico de acusações de abusos sexuais — finalmente exauriram seu apoio dentro de seu partido, assim como entre muitos eleitores.

O papel de Johnson na campanha pela saída da União Europeia, o fato dele ter posto em prática o Brexit e sua atuação no Reino Unido durante a pandemia garantirão a ele lugar na história entre os mais proeminentes primeiros-ministros britânicos. Mas ele deverá ser lembrado principalmente por sua combinação confusa entre forças e fraquezas.

Por grande parte da década recente, a personalidade dinâmica e inflamada de Johnson prendeu a atenção dos britânicos e dominou a política de seu país. Na quinta-feira, porém, sua chama se apagou de maneira tão espetacular quanto acendeu. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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