Sanções contra a guerra devem levar Rússia para o calote e afetar emergentes


Rússia está ficando sem dólares e cobrir as dívidas com rublos poderia servir apenas para desvalorizar ainda mais a moeda

A Rússia está em risco “iminente” de dar calote em suas dívidas, à medida que as sanções do Ocidente estrangulam o acesso do país a dólares e outras moedas globais para pagar seus credores, uma manobra que poderia reverberar efeitos econômicos devastadores na Rússia e em outros países emergentes, como o Brasil.

A consultoria de risco Fitch rebaixou o crédito da Rússia para a nota “C”, categoria de “junk”, alertando investidores na quarta-feira que Moscou estava adernando para uma incapacidade em atender seus compromissos de dívidas. A Moody’s e a S&P Global, as outras duas agências internacionais de crédito líderes no mercado, deram passos similares nos dias recentes.

Os rebaixamentos são sinais para investidores se afastarem da Rússia, sob o risco de serem pegos pelas crescentes sanções ou colocar dinheiro em ativos cujo valor despenca a cada dia que passa. Mas um calote, que analistas estão começando a considerar inevitável, poderia ter consequências muito mais abrangentes, fazendo com que credores busquem proteções financeiras e fujam de mercados internacionais em desenvolvimento, que dependem de investidores que toleram riscos.

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Mulher passa por casa de câmbio na Rússia; país enfrenta escassez de dólares Foto: Maxim Shipenkov/Efe

Credores que negociam com a Rússia com frequência realizam as transações em dólares ou euros especificamente porque a economia de Moscou é mais volátil e emergente. Mas o presidente Vladimir Putin afirmou que seu governo poderia forçar credores em certos países a aceitar apenas a moeda russa; a taxa de câmbio do rublo, na tarde da quarta-feira, era de 120 rublos para US$ 1. O Kremlin também impediu os cidadãos russos de sacar mais de US$ 10 mil dos bancos do país.

Inflação e câmbio desvalorizado

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Agora, afirmam especialistas, a Rússia está ficando sem dólares e outras moedas usadas internacionalmente para pagar seus credores, e cobrir as dívidas com rublos poderia servir apenas para desvalorizar ainda mais a moeda, porque o rublo não possui basicamente nenhum valor em mercados globais.

As sanções do Ocidente sobre energia — o presidente Joe Biden afirmou que os EUA parariam de importar combustíveis fósseis da Rússia — aplicadas em resposta à invasão de Putin à Ucrânia também contribuem para exaurir a economia russa de novas receitas. Isso significa que até mesmo injeções de rublos na economia russa poderiam ser difíceis de se obter.

Dentro da Rússia, um calote resultaria numa tremenda dificuldade econômica para os cidadãos comuns. A falta de capital poderia resultar em níveis massivos de desemprego, com o governo e outros grandes empregadores incapazes de levantar fundos para pagamento de salários. O crédito ao consumidor evaporaria, com bancos russos extirpados dos sistemas financeiros internacionais.

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Sem acesso a dólares

Os russos estão com dificuldade para sacar dinheiro em moedas estrangeiras. No aplicativo de mensagens Telegram, altamente popular na Rússia, as pessoas compartilhavam na quarta-feira localizações de caixas eletrônicos que ainda tinham euros e dólares disponíveis. Um único grupo de Telegram reunia cerca de 23 mil usuários.

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Putin ascendeu ao poder no fim dos anos 90, na esteira do calote russo de 1998 e em meio a uma crise financeira. Agora, ele arrisca ser presidente durante um sofrimento econômico ainda mais extremo, enquanto segue com sua guerra não provocada na Ucrânia.

“Se a moeda despencar, por definição isso significa que o país não tem capacidade de pagar suas dívidas em dólar. O país simplesmente não possui dólares”, afirmou Chris Rupkey, economista-chefe da firma de pesquisa de mercado FWD Bonds. “Se não tem valor, a moeda não compra nada.”

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Sanções e o calote

O Ministério das Finanças da Rússia reagiu na segunda-feira de maneira desafiadora a essas preocupações, afirmando que é culpa das sanções a possibilidade dos credores não serem pagos.

“A real possibilidade de fazer esses pagamentos a estrangeiros dependerá das medidas restritivas introduzidas por países estrangeiros em relação à Federação Russa”, afirmou a pasta num comunicado.

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Essa atitude, porém, deixou muitos investidores mais céticos em relação à disposição de Moscou em atender seus serviços de dívida, e a previsão de um calote da Rússia ocasionou preocupações de que uma crise de crédito poderia se espalhar para outros mercados emergentes.

O chefe global do Morgan Stanley para estratégia de créditos soberanos para mercados emergentes escreveu numa nota de pesquisa esta semana que a Rússia poderia dar o calote em 15 de abril, quando vence um prazo de carência de 30 dias para o pagamento de US$ 107 milhões em juros sobre obrigações. Dois outros pagamentos de obrigações, na casa de US$ 359 milhões e US$ 2 bilhões, vencem em 31 de março e 4 de abril, respectivamente, com extensões de 30 dias, de acordo com a Reuters.

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A informação foi divulgada pelo presidente Volodimir Zelensky; o Conselho do FMI aprovou um financiamento emergencial de US$ 1,4 bilhão para a Ucrânia

Credores à vista

A gigante russa de maioria de capital estatal Gazprom tem um pagamento de obrigações que vence em 7 de março.

Um calote russo poderia abalar economias de países em desenvolvimento — favorecidas por alguns credores por seu elevado rendimento — tão profundamente que os investidores poderiam trocar esses locais por apostas mais seguras, afirmam especialistas. Isso inundaria mercados ocidentais com capital retirado de países como China, Índia, Brasil e economias do Leste Europeu, alimentando ainda mais inflação.

“Se for permitido à Rússia invadir e ela continuar invadindo outros países, há um risco de contágio sobre o valor da dívida soberana de países próximos à Rússia”, afirmou George Ball, presidente da Sanders Morris Harris, uma firma de serviços financeiros em Houston. “Isso também colocaria em dúvida alguns dos integrantes mais fracos dos mercados emergentes, simplesmente porque os investidores estarão buscando o abrigo mais seguro possível. Há um risco de contágio definitivo nas regiões muito mais psicológico do que financeiro.”

A Fitch rebaixou a nota da Rússia a longo prazo de “B” para “C”, uma classificação que demonstra grande preocupação a respeito da capacidade e disposição do país de atender seus serviços de dívida.

“Uma maior intensificação nas sanções e propostas que poderiam limitar comércio em energia”, declarou a firma, “aumentam a probabilidade de uma resposta russa em política que inclua pelo menos um não pagamento seletivo de suas obrigações em dívida soberana”.

Falta de receita para honrar pagamentos

Isso porque, afirmam especialistas, a Rússia está tão apartada dos sistemas financeiros globais que não é capaz de formar receita suficiente. A Rússia não pode pegar dinheiro emprestado de oito das 10 maiores economias do mundo. Sua economia depende de exportações de commodities, e alguns de seus maiores clientes cortaram relações. Sua economia de consumo é pequena demais para sustentar um esforço de guerra prolongado, quem dirá para pagar suas dívidas.

Mesmo se a Rússia conseguir reunir os fundos para realizar os pagamentos, as sanções estão bloqueando a participação do país em cruciais câmaras globais de compensação financeira. O país simplesmente não tem acesso logístico a transferências de capital.

“No curtíssimo prazo, a Russia é pária. Seja em relação ao seu petróleo, sua economia ou sua dívida soberana, ninguém quer nada com o país. O rebaixamento da firma de classificação reflete essa natureza marginal, e os preços da dívida russa despencaram refletindo isso”, afirmou Ball. “Pessoas que possuem ativos ou depósitos na Rússia estão quebradas neste momento e ainda por um bom tempo. Elas não conseguem acessar dinheiro, títulos, mercadorias ou serviços. Elas foram excluídas e, no curto prazo, congelarão até a morte.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

A Rússia está em risco “iminente” de dar calote em suas dívidas, à medida que as sanções do Ocidente estrangulam o acesso do país a dólares e outras moedas globais para pagar seus credores, uma manobra que poderia reverberar efeitos econômicos devastadores na Rússia e em outros países emergentes, como o Brasil.

A consultoria de risco Fitch rebaixou o crédito da Rússia para a nota “C”, categoria de “junk”, alertando investidores na quarta-feira que Moscou estava adernando para uma incapacidade em atender seus compromissos de dívidas. A Moody’s e a S&P Global, as outras duas agências internacionais de crédito líderes no mercado, deram passos similares nos dias recentes.

Os rebaixamentos são sinais para investidores se afastarem da Rússia, sob o risco de serem pegos pelas crescentes sanções ou colocar dinheiro em ativos cujo valor despenca a cada dia que passa. Mas um calote, que analistas estão começando a considerar inevitável, poderia ter consequências muito mais abrangentes, fazendo com que credores busquem proteções financeiras e fujam de mercados internacionais em desenvolvimento, que dependem de investidores que toleram riscos.

Mulher passa por casa de câmbio na Rússia; país enfrenta escassez de dólares Foto: Maxim Shipenkov/Efe

Credores que negociam com a Rússia com frequência realizam as transações em dólares ou euros especificamente porque a economia de Moscou é mais volátil e emergente. Mas o presidente Vladimir Putin afirmou que seu governo poderia forçar credores em certos países a aceitar apenas a moeda russa; a taxa de câmbio do rublo, na tarde da quarta-feira, era de 120 rublos para US$ 1. O Kremlin também impediu os cidadãos russos de sacar mais de US$ 10 mil dos bancos do país.

Inflação e câmbio desvalorizado

Agora, afirmam especialistas, a Rússia está ficando sem dólares e outras moedas usadas internacionalmente para pagar seus credores, e cobrir as dívidas com rublos poderia servir apenas para desvalorizar ainda mais a moeda, porque o rublo não possui basicamente nenhum valor em mercados globais.

As sanções do Ocidente sobre energia — o presidente Joe Biden afirmou que os EUA parariam de importar combustíveis fósseis da Rússia — aplicadas em resposta à invasão de Putin à Ucrânia também contribuem para exaurir a economia russa de novas receitas. Isso significa que até mesmo injeções de rublos na economia russa poderiam ser difíceis de se obter.

Dentro da Rússia, um calote resultaria numa tremenda dificuldade econômica para os cidadãos comuns. A falta de capital poderia resultar em níveis massivos de desemprego, com o governo e outros grandes empregadores incapazes de levantar fundos para pagamento de salários. O crédito ao consumidor evaporaria, com bancos russos extirpados dos sistemas financeiros internacionais.

Sem acesso a dólares

Os russos estão com dificuldade para sacar dinheiro em moedas estrangeiras. No aplicativo de mensagens Telegram, altamente popular na Rússia, as pessoas compartilhavam na quarta-feira localizações de caixas eletrônicos que ainda tinham euros e dólares disponíveis. Um único grupo de Telegram reunia cerca de 23 mil usuários.

Putin ascendeu ao poder no fim dos anos 90, na esteira do calote russo de 1998 e em meio a uma crise financeira. Agora, ele arrisca ser presidente durante um sofrimento econômico ainda mais extremo, enquanto segue com sua guerra não provocada na Ucrânia.

“Se a moeda despencar, por definição isso significa que o país não tem capacidade de pagar suas dívidas em dólar. O país simplesmente não possui dólares”, afirmou Chris Rupkey, economista-chefe da firma de pesquisa de mercado FWD Bonds. “Se não tem valor, a moeda não compra nada.”

Sanções e o calote

O Ministério das Finanças da Rússia reagiu na segunda-feira de maneira desafiadora a essas preocupações, afirmando que é culpa das sanções a possibilidade dos credores não serem pagos.

“A real possibilidade de fazer esses pagamentos a estrangeiros dependerá das medidas restritivas introduzidas por países estrangeiros em relação à Federação Russa”, afirmou a pasta num comunicado.

Essa atitude, porém, deixou muitos investidores mais céticos em relação à disposição de Moscou em atender seus serviços de dívida, e a previsão de um calote da Rússia ocasionou preocupações de que uma crise de crédito poderia se espalhar para outros mercados emergentes.

O chefe global do Morgan Stanley para estratégia de créditos soberanos para mercados emergentes escreveu numa nota de pesquisa esta semana que a Rússia poderia dar o calote em 15 de abril, quando vence um prazo de carência de 30 dias para o pagamento de US$ 107 milhões em juros sobre obrigações. Dois outros pagamentos de obrigações, na casa de US$ 359 milhões e US$ 2 bilhões, vencem em 31 de março e 4 de abril, respectivamente, com extensões de 30 dias, de acordo com a Reuters.

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A informação foi divulgada pelo presidente Volodimir Zelensky; o Conselho do FMI aprovou um financiamento emergencial de US$ 1,4 bilhão para a Ucrânia

Credores à vista

A gigante russa de maioria de capital estatal Gazprom tem um pagamento de obrigações que vence em 7 de março.

Um calote russo poderia abalar economias de países em desenvolvimento — favorecidas por alguns credores por seu elevado rendimento — tão profundamente que os investidores poderiam trocar esses locais por apostas mais seguras, afirmam especialistas. Isso inundaria mercados ocidentais com capital retirado de países como China, Índia, Brasil e economias do Leste Europeu, alimentando ainda mais inflação.

“Se for permitido à Rússia invadir e ela continuar invadindo outros países, há um risco de contágio sobre o valor da dívida soberana de países próximos à Rússia”, afirmou George Ball, presidente da Sanders Morris Harris, uma firma de serviços financeiros em Houston. “Isso também colocaria em dúvida alguns dos integrantes mais fracos dos mercados emergentes, simplesmente porque os investidores estarão buscando o abrigo mais seguro possível. Há um risco de contágio definitivo nas regiões muito mais psicológico do que financeiro.”

A Fitch rebaixou a nota da Rússia a longo prazo de “B” para “C”, uma classificação que demonstra grande preocupação a respeito da capacidade e disposição do país de atender seus serviços de dívida.

“Uma maior intensificação nas sanções e propostas que poderiam limitar comércio em energia”, declarou a firma, “aumentam a probabilidade de uma resposta russa em política que inclua pelo menos um não pagamento seletivo de suas obrigações em dívida soberana”.

Falta de receita para honrar pagamentos

Isso porque, afirmam especialistas, a Rússia está tão apartada dos sistemas financeiros globais que não é capaz de formar receita suficiente. A Rússia não pode pegar dinheiro emprestado de oito das 10 maiores economias do mundo. Sua economia depende de exportações de commodities, e alguns de seus maiores clientes cortaram relações. Sua economia de consumo é pequena demais para sustentar um esforço de guerra prolongado, quem dirá para pagar suas dívidas.

Mesmo se a Rússia conseguir reunir os fundos para realizar os pagamentos, as sanções estão bloqueando a participação do país em cruciais câmaras globais de compensação financeira. O país simplesmente não tem acesso logístico a transferências de capital.

“No curtíssimo prazo, a Russia é pária. Seja em relação ao seu petróleo, sua economia ou sua dívida soberana, ninguém quer nada com o país. O rebaixamento da firma de classificação reflete essa natureza marginal, e os preços da dívida russa despencaram refletindo isso”, afirmou Ball. “Pessoas que possuem ativos ou depósitos na Rússia estão quebradas neste momento e ainda por um bom tempo. Elas não conseguem acessar dinheiro, títulos, mercadorias ou serviços. Elas foram excluídas e, no curto prazo, congelarão até a morte.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

A Rússia está em risco “iminente” de dar calote em suas dívidas, à medida que as sanções do Ocidente estrangulam o acesso do país a dólares e outras moedas globais para pagar seus credores, uma manobra que poderia reverberar efeitos econômicos devastadores na Rússia e em outros países emergentes, como o Brasil.

A consultoria de risco Fitch rebaixou o crédito da Rússia para a nota “C”, categoria de “junk”, alertando investidores na quarta-feira que Moscou estava adernando para uma incapacidade em atender seus compromissos de dívidas. A Moody’s e a S&P Global, as outras duas agências internacionais de crédito líderes no mercado, deram passos similares nos dias recentes.

Os rebaixamentos são sinais para investidores se afastarem da Rússia, sob o risco de serem pegos pelas crescentes sanções ou colocar dinheiro em ativos cujo valor despenca a cada dia que passa. Mas um calote, que analistas estão começando a considerar inevitável, poderia ter consequências muito mais abrangentes, fazendo com que credores busquem proteções financeiras e fujam de mercados internacionais em desenvolvimento, que dependem de investidores que toleram riscos.

Mulher passa por casa de câmbio na Rússia; país enfrenta escassez de dólares Foto: Maxim Shipenkov/Efe

Credores que negociam com a Rússia com frequência realizam as transações em dólares ou euros especificamente porque a economia de Moscou é mais volátil e emergente. Mas o presidente Vladimir Putin afirmou que seu governo poderia forçar credores em certos países a aceitar apenas a moeda russa; a taxa de câmbio do rublo, na tarde da quarta-feira, era de 120 rublos para US$ 1. O Kremlin também impediu os cidadãos russos de sacar mais de US$ 10 mil dos bancos do país.

Inflação e câmbio desvalorizado

Agora, afirmam especialistas, a Rússia está ficando sem dólares e outras moedas usadas internacionalmente para pagar seus credores, e cobrir as dívidas com rublos poderia servir apenas para desvalorizar ainda mais a moeda, porque o rublo não possui basicamente nenhum valor em mercados globais.

As sanções do Ocidente sobre energia — o presidente Joe Biden afirmou que os EUA parariam de importar combustíveis fósseis da Rússia — aplicadas em resposta à invasão de Putin à Ucrânia também contribuem para exaurir a economia russa de novas receitas. Isso significa que até mesmo injeções de rublos na economia russa poderiam ser difíceis de se obter.

Dentro da Rússia, um calote resultaria numa tremenda dificuldade econômica para os cidadãos comuns. A falta de capital poderia resultar em níveis massivos de desemprego, com o governo e outros grandes empregadores incapazes de levantar fundos para pagamento de salários. O crédito ao consumidor evaporaria, com bancos russos extirpados dos sistemas financeiros internacionais.

Sem acesso a dólares

Os russos estão com dificuldade para sacar dinheiro em moedas estrangeiras. No aplicativo de mensagens Telegram, altamente popular na Rússia, as pessoas compartilhavam na quarta-feira localizações de caixas eletrônicos que ainda tinham euros e dólares disponíveis. Um único grupo de Telegram reunia cerca de 23 mil usuários.

Putin ascendeu ao poder no fim dos anos 90, na esteira do calote russo de 1998 e em meio a uma crise financeira. Agora, ele arrisca ser presidente durante um sofrimento econômico ainda mais extremo, enquanto segue com sua guerra não provocada na Ucrânia.

“Se a moeda despencar, por definição isso significa que o país não tem capacidade de pagar suas dívidas em dólar. O país simplesmente não possui dólares”, afirmou Chris Rupkey, economista-chefe da firma de pesquisa de mercado FWD Bonds. “Se não tem valor, a moeda não compra nada.”

Sanções e o calote

O Ministério das Finanças da Rússia reagiu na segunda-feira de maneira desafiadora a essas preocupações, afirmando que é culpa das sanções a possibilidade dos credores não serem pagos.

“A real possibilidade de fazer esses pagamentos a estrangeiros dependerá das medidas restritivas introduzidas por países estrangeiros em relação à Federação Russa”, afirmou a pasta num comunicado.

Essa atitude, porém, deixou muitos investidores mais céticos em relação à disposição de Moscou em atender seus serviços de dívida, e a previsão de um calote da Rússia ocasionou preocupações de que uma crise de crédito poderia se espalhar para outros mercados emergentes.

O chefe global do Morgan Stanley para estratégia de créditos soberanos para mercados emergentes escreveu numa nota de pesquisa esta semana que a Rússia poderia dar o calote em 15 de abril, quando vence um prazo de carência de 30 dias para o pagamento de US$ 107 milhões em juros sobre obrigações. Dois outros pagamentos de obrigações, na casa de US$ 359 milhões e US$ 2 bilhões, vencem em 31 de março e 4 de abril, respectivamente, com extensões de 30 dias, de acordo com a Reuters.

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A informação foi divulgada pelo presidente Volodimir Zelensky; o Conselho do FMI aprovou um financiamento emergencial de US$ 1,4 bilhão para a Ucrânia

Credores à vista

A gigante russa de maioria de capital estatal Gazprom tem um pagamento de obrigações que vence em 7 de março.

Um calote russo poderia abalar economias de países em desenvolvimento — favorecidas por alguns credores por seu elevado rendimento — tão profundamente que os investidores poderiam trocar esses locais por apostas mais seguras, afirmam especialistas. Isso inundaria mercados ocidentais com capital retirado de países como China, Índia, Brasil e economias do Leste Europeu, alimentando ainda mais inflação.

“Se for permitido à Rússia invadir e ela continuar invadindo outros países, há um risco de contágio sobre o valor da dívida soberana de países próximos à Rússia”, afirmou George Ball, presidente da Sanders Morris Harris, uma firma de serviços financeiros em Houston. “Isso também colocaria em dúvida alguns dos integrantes mais fracos dos mercados emergentes, simplesmente porque os investidores estarão buscando o abrigo mais seguro possível. Há um risco de contágio definitivo nas regiões muito mais psicológico do que financeiro.”

A Fitch rebaixou a nota da Rússia a longo prazo de “B” para “C”, uma classificação que demonstra grande preocupação a respeito da capacidade e disposição do país de atender seus serviços de dívida.

“Uma maior intensificação nas sanções e propostas que poderiam limitar comércio em energia”, declarou a firma, “aumentam a probabilidade de uma resposta russa em política que inclua pelo menos um não pagamento seletivo de suas obrigações em dívida soberana”.

Falta de receita para honrar pagamentos

Isso porque, afirmam especialistas, a Rússia está tão apartada dos sistemas financeiros globais que não é capaz de formar receita suficiente. A Rússia não pode pegar dinheiro emprestado de oito das 10 maiores economias do mundo. Sua economia depende de exportações de commodities, e alguns de seus maiores clientes cortaram relações. Sua economia de consumo é pequena demais para sustentar um esforço de guerra prolongado, quem dirá para pagar suas dívidas.

Mesmo se a Rússia conseguir reunir os fundos para realizar os pagamentos, as sanções estão bloqueando a participação do país em cruciais câmaras globais de compensação financeira. O país simplesmente não tem acesso logístico a transferências de capital.

“No curtíssimo prazo, a Russia é pária. Seja em relação ao seu petróleo, sua economia ou sua dívida soberana, ninguém quer nada com o país. O rebaixamento da firma de classificação reflete essa natureza marginal, e os preços da dívida russa despencaram refletindo isso”, afirmou Ball. “Pessoas que possuem ativos ou depósitos na Rússia estão quebradas neste momento e ainda por um bom tempo. Elas não conseguem acessar dinheiro, títulos, mercadorias ou serviços. Elas foram excluídas e, no curto prazo, congelarão até a morte.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

A Rússia está em risco “iminente” de dar calote em suas dívidas, à medida que as sanções do Ocidente estrangulam o acesso do país a dólares e outras moedas globais para pagar seus credores, uma manobra que poderia reverberar efeitos econômicos devastadores na Rússia e em outros países emergentes, como o Brasil.

A consultoria de risco Fitch rebaixou o crédito da Rússia para a nota “C”, categoria de “junk”, alertando investidores na quarta-feira que Moscou estava adernando para uma incapacidade em atender seus compromissos de dívidas. A Moody’s e a S&P Global, as outras duas agências internacionais de crédito líderes no mercado, deram passos similares nos dias recentes.

Os rebaixamentos são sinais para investidores se afastarem da Rússia, sob o risco de serem pegos pelas crescentes sanções ou colocar dinheiro em ativos cujo valor despenca a cada dia que passa. Mas um calote, que analistas estão começando a considerar inevitável, poderia ter consequências muito mais abrangentes, fazendo com que credores busquem proteções financeiras e fujam de mercados internacionais em desenvolvimento, que dependem de investidores que toleram riscos.

Mulher passa por casa de câmbio na Rússia; país enfrenta escassez de dólares Foto: Maxim Shipenkov/Efe

Credores que negociam com a Rússia com frequência realizam as transações em dólares ou euros especificamente porque a economia de Moscou é mais volátil e emergente. Mas o presidente Vladimir Putin afirmou que seu governo poderia forçar credores em certos países a aceitar apenas a moeda russa; a taxa de câmbio do rublo, na tarde da quarta-feira, era de 120 rublos para US$ 1. O Kremlin também impediu os cidadãos russos de sacar mais de US$ 10 mil dos bancos do país.

Inflação e câmbio desvalorizado

Agora, afirmam especialistas, a Rússia está ficando sem dólares e outras moedas usadas internacionalmente para pagar seus credores, e cobrir as dívidas com rublos poderia servir apenas para desvalorizar ainda mais a moeda, porque o rublo não possui basicamente nenhum valor em mercados globais.

As sanções do Ocidente sobre energia — o presidente Joe Biden afirmou que os EUA parariam de importar combustíveis fósseis da Rússia — aplicadas em resposta à invasão de Putin à Ucrânia também contribuem para exaurir a economia russa de novas receitas. Isso significa que até mesmo injeções de rublos na economia russa poderiam ser difíceis de se obter.

Dentro da Rússia, um calote resultaria numa tremenda dificuldade econômica para os cidadãos comuns. A falta de capital poderia resultar em níveis massivos de desemprego, com o governo e outros grandes empregadores incapazes de levantar fundos para pagamento de salários. O crédito ao consumidor evaporaria, com bancos russos extirpados dos sistemas financeiros internacionais.

Sem acesso a dólares

Os russos estão com dificuldade para sacar dinheiro em moedas estrangeiras. No aplicativo de mensagens Telegram, altamente popular na Rússia, as pessoas compartilhavam na quarta-feira localizações de caixas eletrônicos que ainda tinham euros e dólares disponíveis. Um único grupo de Telegram reunia cerca de 23 mil usuários.

Putin ascendeu ao poder no fim dos anos 90, na esteira do calote russo de 1998 e em meio a uma crise financeira. Agora, ele arrisca ser presidente durante um sofrimento econômico ainda mais extremo, enquanto segue com sua guerra não provocada na Ucrânia.

“Se a moeda despencar, por definição isso significa que o país não tem capacidade de pagar suas dívidas em dólar. O país simplesmente não possui dólares”, afirmou Chris Rupkey, economista-chefe da firma de pesquisa de mercado FWD Bonds. “Se não tem valor, a moeda não compra nada.”

Sanções e o calote

O Ministério das Finanças da Rússia reagiu na segunda-feira de maneira desafiadora a essas preocupações, afirmando que é culpa das sanções a possibilidade dos credores não serem pagos.

“A real possibilidade de fazer esses pagamentos a estrangeiros dependerá das medidas restritivas introduzidas por países estrangeiros em relação à Federação Russa”, afirmou a pasta num comunicado.

Essa atitude, porém, deixou muitos investidores mais céticos em relação à disposição de Moscou em atender seus serviços de dívida, e a previsão de um calote da Rússia ocasionou preocupações de que uma crise de crédito poderia se espalhar para outros mercados emergentes.

O chefe global do Morgan Stanley para estratégia de créditos soberanos para mercados emergentes escreveu numa nota de pesquisa esta semana que a Rússia poderia dar o calote em 15 de abril, quando vence um prazo de carência de 30 dias para o pagamento de US$ 107 milhões em juros sobre obrigações. Dois outros pagamentos de obrigações, na casa de US$ 359 milhões e US$ 2 bilhões, vencem em 31 de março e 4 de abril, respectivamente, com extensões de 30 dias, de acordo com a Reuters.

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A informação foi divulgada pelo presidente Volodimir Zelensky; o Conselho do FMI aprovou um financiamento emergencial de US$ 1,4 bilhão para a Ucrânia

Credores à vista

A gigante russa de maioria de capital estatal Gazprom tem um pagamento de obrigações que vence em 7 de março.

Um calote russo poderia abalar economias de países em desenvolvimento — favorecidas por alguns credores por seu elevado rendimento — tão profundamente que os investidores poderiam trocar esses locais por apostas mais seguras, afirmam especialistas. Isso inundaria mercados ocidentais com capital retirado de países como China, Índia, Brasil e economias do Leste Europeu, alimentando ainda mais inflação.

“Se for permitido à Rússia invadir e ela continuar invadindo outros países, há um risco de contágio sobre o valor da dívida soberana de países próximos à Rússia”, afirmou George Ball, presidente da Sanders Morris Harris, uma firma de serviços financeiros em Houston. “Isso também colocaria em dúvida alguns dos integrantes mais fracos dos mercados emergentes, simplesmente porque os investidores estarão buscando o abrigo mais seguro possível. Há um risco de contágio definitivo nas regiões muito mais psicológico do que financeiro.”

A Fitch rebaixou a nota da Rússia a longo prazo de “B” para “C”, uma classificação que demonstra grande preocupação a respeito da capacidade e disposição do país de atender seus serviços de dívida.

“Uma maior intensificação nas sanções e propostas que poderiam limitar comércio em energia”, declarou a firma, “aumentam a probabilidade de uma resposta russa em política que inclua pelo menos um não pagamento seletivo de suas obrigações em dívida soberana”.

Falta de receita para honrar pagamentos

Isso porque, afirmam especialistas, a Rússia está tão apartada dos sistemas financeiros globais que não é capaz de formar receita suficiente. A Rússia não pode pegar dinheiro emprestado de oito das 10 maiores economias do mundo. Sua economia depende de exportações de commodities, e alguns de seus maiores clientes cortaram relações. Sua economia de consumo é pequena demais para sustentar um esforço de guerra prolongado, quem dirá para pagar suas dívidas.

Mesmo se a Rússia conseguir reunir os fundos para realizar os pagamentos, as sanções estão bloqueando a participação do país em cruciais câmaras globais de compensação financeira. O país simplesmente não tem acesso logístico a transferências de capital.

“No curtíssimo prazo, a Russia é pária. Seja em relação ao seu petróleo, sua economia ou sua dívida soberana, ninguém quer nada com o país. O rebaixamento da firma de classificação reflete essa natureza marginal, e os preços da dívida russa despencaram refletindo isso”, afirmou Ball. “Pessoas que possuem ativos ou depósitos na Rússia estão quebradas neste momento e ainda por um bom tempo. Elas não conseguem acessar dinheiro, títulos, mercadorias ou serviços. Elas foram excluídas e, no curto prazo, congelarão até a morte.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

A Rússia está em risco “iminente” de dar calote em suas dívidas, à medida que as sanções do Ocidente estrangulam o acesso do país a dólares e outras moedas globais para pagar seus credores, uma manobra que poderia reverberar efeitos econômicos devastadores na Rússia e em outros países emergentes, como o Brasil.

A consultoria de risco Fitch rebaixou o crédito da Rússia para a nota “C”, categoria de “junk”, alertando investidores na quarta-feira que Moscou estava adernando para uma incapacidade em atender seus compromissos de dívidas. A Moody’s e a S&P Global, as outras duas agências internacionais de crédito líderes no mercado, deram passos similares nos dias recentes.

Os rebaixamentos são sinais para investidores se afastarem da Rússia, sob o risco de serem pegos pelas crescentes sanções ou colocar dinheiro em ativos cujo valor despenca a cada dia que passa. Mas um calote, que analistas estão começando a considerar inevitável, poderia ter consequências muito mais abrangentes, fazendo com que credores busquem proteções financeiras e fujam de mercados internacionais em desenvolvimento, que dependem de investidores que toleram riscos.

Mulher passa por casa de câmbio na Rússia; país enfrenta escassez de dólares Foto: Maxim Shipenkov/Efe

Credores que negociam com a Rússia com frequência realizam as transações em dólares ou euros especificamente porque a economia de Moscou é mais volátil e emergente. Mas o presidente Vladimir Putin afirmou que seu governo poderia forçar credores em certos países a aceitar apenas a moeda russa; a taxa de câmbio do rublo, na tarde da quarta-feira, era de 120 rublos para US$ 1. O Kremlin também impediu os cidadãos russos de sacar mais de US$ 10 mil dos bancos do país.

Inflação e câmbio desvalorizado

Agora, afirmam especialistas, a Rússia está ficando sem dólares e outras moedas usadas internacionalmente para pagar seus credores, e cobrir as dívidas com rublos poderia servir apenas para desvalorizar ainda mais a moeda, porque o rublo não possui basicamente nenhum valor em mercados globais.

As sanções do Ocidente sobre energia — o presidente Joe Biden afirmou que os EUA parariam de importar combustíveis fósseis da Rússia — aplicadas em resposta à invasão de Putin à Ucrânia também contribuem para exaurir a economia russa de novas receitas. Isso significa que até mesmo injeções de rublos na economia russa poderiam ser difíceis de se obter.

Dentro da Rússia, um calote resultaria numa tremenda dificuldade econômica para os cidadãos comuns. A falta de capital poderia resultar em níveis massivos de desemprego, com o governo e outros grandes empregadores incapazes de levantar fundos para pagamento de salários. O crédito ao consumidor evaporaria, com bancos russos extirpados dos sistemas financeiros internacionais.

Sem acesso a dólares

Os russos estão com dificuldade para sacar dinheiro em moedas estrangeiras. No aplicativo de mensagens Telegram, altamente popular na Rússia, as pessoas compartilhavam na quarta-feira localizações de caixas eletrônicos que ainda tinham euros e dólares disponíveis. Um único grupo de Telegram reunia cerca de 23 mil usuários.

Putin ascendeu ao poder no fim dos anos 90, na esteira do calote russo de 1998 e em meio a uma crise financeira. Agora, ele arrisca ser presidente durante um sofrimento econômico ainda mais extremo, enquanto segue com sua guerra não provocada na Ucrânia.

“Se a moeda despencar, por definição isso significa que o país não tem capacidade de pagar suas dívidas em dólar. O país simplesmente não possui dólares”, afirmou Chris Rupkey, economista-chefe da firma de pesquisa de mercado FWD Bonds. “Se não tem valor, a moeda não compra nada.”

Sanções e o calote

O Ministério das Finanças da Rússia reagiu na segunda-feira de maneira desafiadora a essas preocupações, afirmando que é culpa das sanções a possibilidade dos credores não serem pagos.

“A real possibilidade de fazer esses pagamentos a estrangeiros dependerá das medidas restritivas introduzidas por países estrangeiros em relação à Federação Russa”, afirmou a pasta num comunicado.

Essa atitude, porém, deixou muitos investidores mais céticos em relação à disposição de Moscou em atender seus serviços de dívida, e a previsão de um calote da Rússia ocasionou preocupações de que uma crise de crédito poderia se espalhar para outros mercados emergentes.

O chefe global do Morgan Stanley para estratégia de créditos soberanos para mercados emergentes escreveu numa nota de pesquisa esta semana que a Rússia poderia dar o calote em 15 de abril, quando vence um prazo de carência de 30 dias para o pagamento de US$ 107 milhões em juros sobre obrigações. Dois outros pagamentos de obrigações, na casa de US$ 359 milhões e US$ 2 bilhões, vencem em 31 de março e 4 de abril, respectivamente, com extensões de 30 dias, de acordo com a Reuters.

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A informação foi divulgada pelo presidente Volodimir Zelensky; o Conselho do FMI aprovou um financiamento emergencial de US$ 1,4 bilhão para a Ucrânia

Credores à vista

A gigante russa de maioria de capital estatal Gazprom tem um pagamento de obrigações que vence em 7 de março.

Um calote russo poderia abalar economias de países em desenvolvimento — favorecidas por alguns credores por seu elevado rendimento — tão profundamente que os investidores poderiam trocar esses locais por apostas mais seguras, afirmam especialistas. Isso inundaria mercados ocidentais com capital retirado de países como China, Índia, Brasil e economias do Leste Europeu, alimentando ainda mais inflação.

“Se for permitido à Rússia invadir e ela continuar invadindo outros países, há um risco de contágio sobre o valor da dívida soberana de países próximos à Rússia”, afirmou George Ball, presidente da Sanders Morris Harris, uma firma de serviços financeiros em Houston. “Isso também colocaria em dúvida alguns dos integrantes mais fracos dos mercados emergentes, simplesmente porque os investidores estarão buscando o abrigo mais seguro possível. Há um risco de contágio definitivo nas regiões muito mais psicológico do que financeiro.”

A Fitch rebaixou a nota da Rússia a longo prazo de “B” para “C”, uma classificação que demonstra grande preocupação a respeito da capacidade e disposição do país de atender seus serviços de dívida.

“Uma maior intensificação nas sanções e propostas que poderiam limitar comércio em energia”, declarou a firma, “aumentam a probabilidade de uma resposta russa em política que inclua pelo menos um não pagamento seletivo de suas obrigações em dívida soberana”.

Falta de receita para honrar pagamentos

Isso porque, afirmam especialistas, a Rússia está tão apartada dos sistemas financeiros globais que não é capaz de formar receita suficiente. A Rússia não pode pegar dinheiro emprestado de oito das 10 maiores economias do mundo. Sua economia depende de exportações de commodities, e alguns de seus maiores clientes cortaram relações. Sua economia de consumo é pequena demais para sustentar um esforço de guerra prolongado, quem dirá para pagar suas dívidas.

Mesmo se a Rússia conseguir reunir os fundos para realizar os pagamentos, as sanções estão bloqueando a participação do país em cruciais câmaras globais de compensação financeira. O país simplesmente não tem acesso logístico a transferências de capital.

“No curtíssimo prazo, a Russia é pária. Seja em relação ao seu petróleo, sua economia ou sua dívida soberana, ninguém quer nada com o país. O rebaixamento da firma de classificação reflete essa natureza marginal, e os preços da dívida russa despencaram refletindo isso”, afirmou Ball. “Pessoas que possuem ativos ou depósitos na Rússia estão quebradas neste momento e ainda por um bom tempo. Elas não conseguem acessar dinheiro, títulos, mercadorias ou serviços. Elas foram excluídas e, no curto prazo, congelarão até a morte.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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