AMSTERDÃ - Amostras de sangue colhidas do líder russo de oposição Alexei Navalni confirmaram a presença de uma substância neurotóxica proibida da família Novichok, informou a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) nesta terça-feira, 6.
A entidade disse que os biomarcadores no sangue e na urina de Navalni tinham “características estruturais similares às dos químicos tóxicos pertencentes” ao grupo Novichok.
As conclusões confirmam os resultados divulgados pela Alemanha, onde Navalni foi tratado depois de adoecer em um voo na Sibéria no dia 20 de agosto. A Alemanha pediu à Opaq que colhesse amostras de Navalni e as testasse depois que médicos alemães concluíram que ele fora envenenado com o Novichok.
Governos ocidentais pediram a imposição de sanções contra a Rússia devido ao episódio. A Rússia nega qualquer envolvimento e disse duvidar que Navalni tenha sido envenenado.
“Não há dúvida de que o agente nervoso Novichok foi usado para envenenar Alexei Navalni”, disse a delegação britânica na Opaq em sua conta no Twitter. “Qualquer uso de uma arma química proibida gera grande preocupação.”
O Novichok, uma toxina nervosa da era soviética, também foi usado para envenenar um ex-espião russo na Inglaterra em 2018. Os países-membros da Opaq concordaram no ano passado em proibir os químicos da família Novichok, medida que entrou em vigor há alguns meses.
Na semana passada, Navalni disse em entrevista à revista alemã Der Spiegel que o presidente Vladimir Putin está por trás do seu suposto envenenamento. "Eu afirmo que Putin está por trás do crime e não tenho nenhuma outra ideia do que aconteceu", disse Navalni.
"Você não sente dor, mas sabe que está morrendo", descreveu Navalni ao falar sobre o momento em que o agente tóxico começou a ter efeito. Ele disse à publicação que voltará à Rússia: "Meu dever agora é continuar corajoso. E não tenho medo".
Navalni é a figura de oposição mais proeminente da Rússia, conhecido por suas denúncias contundentes no YouTube de corrupção e suborno por políticos, burocratas e oligarcas russos. Após 32 dias internado, o opositor teve alta no fim de setembro. / Reuters