MADRI - Ameaçado pelo grupo armado basco ETA em sua juventude, Santiago Abascal, ex-militante do Partido Popular (PP), quer ser a surpresa eleitoral com o Vox - que significa voz, em latim -, uma sigla ultranacionalista, anti-imigração e antifeminista.
As pesquisas lhe concedem, até o momento, mais de 10% dos votos em um país onde a extrema direita era residual - e, se confirmados, estes números garantiriam as primeiras cadeiras do partido no Parlamento espanhol e o retorno da extrema direita ao Legislativo desde os anos 1980.
Desconhecido até poucos meses atrás, Abascal, caracterizado por uma barba impecavelmente aparada e por um olhar penetrante, beneficiou-se de seu hostil discurso contra o separatismo catalão.
Polêmico, ele também já afirmou que seu objetivo é "reconquistar" a Espanha, uma referência à expulsão no século 15 dos muçulmanos e dos judeus do território do país. Por seu discurso inflamado e pela defesa de posições controvertidas, é comparado com a francesa Marine Le Pen, com o italiano Matteo Salvini ou com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
Mesmo criticando os meios tradicionais de comunicação e se servindo, principalmente, das redes sociais para fazer campanha, consegue pautar a agenda midiática com suas polêmicas propostas - entre elas, a liberalização da posse de armas.
"Há uma realidade oficial e há outra realidade popular, outra realidade coberta por uma Espanha silenciada que vai se recuperar em 28 de abril", disse recentemente o líder do Vox em um evento partidário.
Para ter sucesso nas urnas, uma das apostas de Abascal é atrair os eleitores descontentes com a esquerda e transformá-los, quando possível, em militantes.
"Somos pessoas novas, que têm trabalhado durante toda a vida, estas não são as mãos de um político", diz David García, de 38 anos, coordenador do Vox em San Vicente del Raspeig, cidade-dormitório junto a Alicante.
García sempre foi eleitor dos candidatos socialistas, como seus pais, até que a insatisfação com a situação política e social no país o levou a se juntar ao Vox em 2014. / AFP, EFE e AP