WASHINGTON - Funcionários da inteligência saudita próximos ao príncipe herdeiro Mohamed bin Salman questionaram um pequeno grupo de empresários em 2017 sobre o uso de empresas privadas para assassinar inimigos iranianos do reino, segundo três pessoas com conhecimentos no assunto.
Os sauditas investigam as ações do período em que Bin Salman, então ministro de Defesa, consolidava seu poder e dirigia seus conselheiros a ampliarem as operações militares e de inteligência fora do reino. As discussões, mais de um ano antes do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, indicam que oficiais sauditas consideraram matar inimigos desde o começo da ascensão de Bin Salman.
Os sauditas retratam a morte de Khashoggi como um assassinato desonesto ordenado por um oficial que havia sido demitido. Mas esse funcionário, o general Ahmed al-Assiri, compareceu a uma reunião em março de 2017 em Riad, onde empresários apresentaram um plano de US$ 2 bilhões para usar agentes de inteligência privada com o objetivo de tentar sabotar a economia iraniana.
Durante a discussão, parte de uma série de encontros nos quais eles tentavam obter financiamento saudita para o seu plano, auxiliares de Assiri questionaram a morte de Qasem Suleimani, líder da Força Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e homem considerado inimigo da Arábia Saudita.
O interesse nesses assassinatos, operações secretas e campanhas militares como a guerra no Iêmen - supervisionadas por Bin Salman -, seria uma mudança para o reino, que historicamente evita uma política externa aventureira que possa criar instabilidade e colocar em risco a posição confortável da Arábia Saudita como um dos maiores fornecedores de petróleo do mundo.
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A Turquia prometeu neste domingo revelar a 'verdade nua e crua' sobre a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro no consulado da Arábia Saudita em Istambul, depois que Riad admitiu o óbito. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o governo saudita de mentir sobre o crime.
Quanto aos empresários, eles viram seu plano iraniano tanto como uma fonte lucrativa de renda como uma forma de prejudicar um país que eles e os sauditas consideram uma grande ameaça. George Nader, um empresário libanês-americano, organizou as reuniões. Ele já conhecia Bin Salman e apresentou o projeto a oficiais do governo Donald Trump. Outro participante das reuniões foi Joel Zamel, um israelense ligado a agências de inteligência e segurança de seu país. / NYT