Opinião|Se Donald Trump vencer as eleições nos EUA como ficará a economia do país?


Ex-presidente promete impulsionar a economia americana, mas os riscos de aumento da dívida, inflação e isolamento do país são altos

Por Carolina Moehlecke
Atualização:

A campanha de Donald Trump divulgou uma agenda que promete impulsionar a economia americana, mas os riscos de aumento da dívida, inflação e isolamento do país são altos. Para começar, Trump defende tarifas cada vez mais agressivas, especialmente sobre produtos chineses.

A guerra comercial contra a China foi iniciada em seu primeiro mandato e muitas das tarifas foram mantidas e até mesmo aumentadas por Biden. A novidade do lado de Trump é a proposta de expansão destas barreiras tarifárias, a ponto de atingir até mesmo aliados dos Estados Unidos.

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O republicano justifica as tarifas como instrumentos para estimular a indústria doméstica e reduzir a dependência estrangeira. No entanto, essa abordagem já se mostrou inflacionária. Aqui, a evidência empírica é decisiva: mais barreiras tarifárias significam preços mais altos para os consumidores finais.

Portanto, se Trump fazer valer suas promessas para a política comercial americana, a expectativa é de mais inflação, além de aumento das tensões com a China e de desgaste político com parceiros comerciais. O sistema multilateral de comércio, agonizante, deve permanecer de lado.

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O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump deixa o palco após participar de uma discussão em mesa redonda organizada pela Building America's Future em Drexel Hill, na Pensilvânia, em 29 de outubro de 2024 Foto: Charly Triballeau/AFP

Outro pilar das promessas econômicas de Trump é uma política industrial que visa fortalecer a manufatura doméstica. O pacote inclui cortes de impostos para corporações e a simplificação de regulações.

Ainda que estes possam estimular o crescimento no curto prazo, a redução da arrecadação sem diminuição de despesas pode expandir o déficit fiscal e pressionar a dívida pública dos Estados Unidos.

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Há ainda uma dimensão distributiva: os cortes propostos por Trump beneficiariam principalmente o setor corporativo e os mais ricos, aumentando a desigualdade e as tensões políticas e sociais em um país já dividido.

A política industrial do republicano também prevê estímulo à produção de combustíveis fósseis, com o objetivo de reduzir o custo da energia e, consequentemente, a inflação. Esta seria uma mudança relevante em relação ao governo Biden, que forneceu vastos subsídios ao desenvolvimento de energias renováveis.

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Trump também usou a campanha para defender um controle mais direto sobre a política monetária. Crítico do Fed, o banco central americano, o republicano quer que o governo tenha maior influência sobre as taxas de juros e que o dólar seja desvalorizado, favorecendo exportações.

A preocupação de Trump com a posição do dólar é tanta que ele chegou a sugerir uma tarifa de até 100% sobre produtos de países que busquem diversificar suas reservas internacionais para além do dólar.

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A implementação efetiva das promessas de campanha de Trump depende de vários fatores, sobretudo da configuração do Congresso. Embora seja difícil separar o que é retórica de campanha e o que efetivamente será transformado em política, as linhas gerais de seu projeto econômico são claras: uma economia voltada para dentro, pautada por aumento de gastos e cortes de impostos.

O resultado é um cenário inflacionário, que traz incertezas e que pode significar aumento nas taxas de juros. Para o resto do mundo, o ambiente será, no mínimo, desafiador.

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A campanha de Donald Trump divulgou uma agenda que promete impulsionar a economia americana, mas os riscos de aumento da dívida, inflação e isolamento do país são altos. Para começar, Trump defende tarifas cada vez mais agressivas, especialmente sobre produtos chineses.

A guerra comercial contra a China foi iniciada em seu primeiro mandato e muitas das tarifas foram mantidas e até mesmo aumentadas por Biden. A novidade do lado de Trump é a proposta de expansão destas barreiras tarifárias, a ponto de atingir até mesmo aliados dos Estados Unidos.

O republicano justifica as tarifas como instrumentos para estimular a indústria doméstica e reduzir a dependência estrangeira. No entanto, essa abordagem já se mostrou inflacionária. Aqui, a evidência empírica é decisiva: mais barreiras tarifárias significam preços mais altos para os consumidores finais.

Portanto, se Trump fazer valer suas promessas para a política comercial americana, a expectativa é de mais inflação, além de aumento das tensões com a China e de desgaste político com parceiros comerciais. O sistema multilateral de comércio, agonizante, deve permanecer de lado.

O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump deixa o palco após participar de uma discussão em mesa redonda organizada pela Building America's Future em Drexel Hill, na Pensilvânia, em 29 de outubro de 2024 Foto: Charly Triballeau/AFP

Outro pilar das promessas econômicas de Trump é uma política industrial que visa fortalecer a manufatura doméstica. O pacote inclui cortes de impostos para corporações e a simplificação de regulações.

Ainda que estes possam estimular o crescimento no curto prazo, a redução da arrecadação sem diminuição de despesas pode expandir o déficit fiscal e pressionar a dívida pública dos Estados Unidos.

Há ainda uma dimensão distributiva: os cortes propostos por Trump beneficiariam principalmente o setor corporativo e os mais ricos, aumentando a desigualdade e as tensões políticas e sociais em um país já dividido.

A política industrial do republicano também prevê estímulo à produção de combustíveis fósseis, com o objetivo de reduzir o custo da energia e, consequentemente, a inflação. Esta seria uma mudança relevante em relação ao governo Biden, que forneceu vastos subsídios ao desenvolvimento de energias renováveis.

Trump também usou a campanha para defender um controle mais direto sobre a política monetária. Crítico do Fed, o banco central americano, o republicano quer que o governo tenha maior influência sobre as taxas de juros e que o dólar seja desvalorizado, favorecendo exportações.

A preocupação de Trump com a posição do dólar é tanta que ele chegou a sugerir uma tarifa de até 100% sobre produtos de países que busquem diversificar suas reservas internacionais para além do dólar.

A implementação efetiva das promessas de campanha de Trump depende de vários fatores, sobretudo da configuração do Congresso. Embora seja difícil separar o que é retórica de campanha e o que efetivamente será transformado em política, as linhas gerais de seu projeto econômico são claras: uma economia voltada para dentro, pautada por aumento de gastos e cortes de impostos.

O resultado é um cenário inflacionário, que traz incertezas e que pode significar aumento nas taxas de juros. Para o resto do mundo, o ambiente será, no mínimo, desafiador.

A campanha de Donald Trump divulgou uma agenda que promete impulsionar a economia americana, mas os riscos de aumento da dívida, inflação e isolamento do país são altos. Para começar, Trump defende tarifas cada vez mais agressivas, especialmente sobre produtos chineses.

A guerra comercial contra a China foi iniciada em seu primeiro mandato e muitas das tarifas foram mantidas e até mesmo aumentadas por Biden. A novidade do lado de Trump é a proposta de expansão destas barreiras tarifárias, a ponto de atingir até mesmo aliados dos Estados Unidos.

O republicano justifica as tarifas como instrumentos para estimular a indústria doméstica e reduzir a dependência estrangeira. No entanto, essa abordagem já se mostrou inflacionária. Aqui, a evidência empírica é decisiva: mais barreiras tarifárias significam preços mais altos para os consumidores finais.

Portanto, se Trump fazer valer suas promessas para a política comercial americana, a expectativa é de mais inflação, além de aumento das tensões com a China e de desgaste político com parceiros comerciais. O sistema multilateral de comércio, agonizante, deve permanecer de lado.

O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump deixa o palco após participar de uma discussão em mesa redonda organizada pela Building America's Future em Drexel Hill, na Pensilvânia, em 29 de outubro de 2024 Foto: Charly Triballeau/AFP

Outro pilar das promessas econômicas de Trump é uma política industrial que visa fortalecer a manufatura doméstica. O pacote inclui cortes de impostos para corporações e a simplificação de regulações.

Ainda que estes possam estimular o crescimento no curto prazo, a redução da arrecadação sem diminuição de despesas pode expandir o déficit fiscal e pressionar a dívida pública dos Estados Unidos.

Há ainda uma dimensão distributiva: os cortes propostos por Trump beneficiariam principalmente o setor corporativo e os mais ricos, aumentando a desigualdade e as tensões políticas e sociais em um país já dividido.

A política industrial do republicano também prevê estímulo à produção de combustíveis fósseis, com o objetivo de reduzir o custo da energia e, consequentemente, a inflação. Esta seria uma mudança relevante em relação ao governo Biden, que forneceu vastos subsídios ao desenvolvimento de energias renováveis.

Trump também usou a campanha para defender um controle mais direto sobre a política monetária. Crítico do Fed, o banco central americano, o republicano quer que o governo tenha maior influência sobre as taxas de juros e que o dólar seja desvalorizado, favorecendo exportações.

A preocupação de Trump com a posição do dólar é tanta que ele chegou a sugerir uma tarifa de até 100% sobre produtos de países que busquem diversificar suas reservas internacionais para além do dólar.

A implementação efetiva das promessas de campanha de Trump depende de vários fatores, sobretudo da configuração do Congresso. Embora seja difícil separar o que é retórica de campanha e o que efetivamente será transformado em política, as linhas gerais de seu projeto econômico são claras: uma economia voltada para dentro, pautada por aumento de gastos e cortes de impostos.

O resultado é um cenário inflacionário, que traz incertezas e que pode significar aumento nas taxas de juros. Para o resto do mundo, o ambiente será, no mínimo, desafiador.

Opinião por Carolina Moehlecke

Professora e Coordenadora do Mestrado Profissional em Relações Internacionais da FGV, e pesquisadora nos temas de Economia Política Internacional e Organizações Internacionais.

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