Opinião|Se Donald Trump vencer as eleições nos EUA como ficará a ‘nova ordem’ global?


Retorno de Trump marcaria uma guinada drástica rumo ao nacionalismo econômico e ao conservadorismo cultural, consolidando um Partido Republicano remodelado em torno de sua liderança

Por Carlos Gustavo Poggio
Atualização:

Uma vitória de Donald Trump em 2024 traria um contexto radicalmente diferente de sua primeira passagem pela Casa Branca. Em 2016, Trump era um outsider que chocou o sistema, mas ainda estava cercado por figuras do establishment republicano que moderaram algumas de suas iniciativas.

Em 2024, porém, ele retornaria ao poder com um controle quase absoluto sobre o Partido Republicano e, sem a necessidade de buscar reeleição, estaria livre para avançar com uma agenda mais personalista e de impacto imediato, moldada exclusivamente para agradar sua base.

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No cenário doméstico, esse retorno de Trump marcaria uma guinada drástica rumo ao nacionalismo econômico e ao conservadorismo cultural, consolidando um Partido Republicano remodelado em torno de sua liderança. Políticos tradicionais, como Mitch McConnell, foram progressivamente marginalizados, e figuras de destaque do partido hoje são aquelas que demonstram lealdade incondicional a Trump, como seu novo candidato a vice, J.D. Vance.

O ex-presidente Donald Trump participa de comício em Albuquerque, Novo México: aumento da tensão global em caso de vitória  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP
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Ao contrário de Mike Pence, que em 2016 foi escolhido para apaziguar setores conservadores e evangélicos, Vance é um produto do trumpismo, simbolizando a nova elite republicana que responde diretamente a Trump. Com um Congresso mais alinhado e uma Suprema Corte favorável, Trump teria poucos obstáculos institucionais, o que reforçaria seu poder e limitaria a capacidade de oposição de influenciar suas decisões.

Na política externa, Trump teria ainda mais liberdade para implementar sua visão transacional e isolacionista, que coloca os interesses imediatos dos Estados Unidos acima dos compromissos tradicionais. Durante seu primeiro mandato, Trump já demonstrou ceticismo em relação a alianças históricas, como a OTAN, e frequentemente questionou o valor de manter compromissos multilaterais. Um novo mandato enfraqueceria a coesão da OTAN e incentivar países europeus a buscarem maior autonomia militar, abrindo espaço para uma fragmentação das políticas de segurança na Europa.

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Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

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A postura em relação a potências rivais também se tornaria mais imprevisível. Com a China, Trump provavelmente intensificaria a guerra comercial, impondo tarifas adicionais e favorecendo políticas protecionistas para fortalecer a economia americana.

Esse movimento, no entanto, poderia amplificar as tensões comerciais globais e afetar as cadeias produtivas de parceiros estratégicos. Em relação à Rússia, a relação ambígua de Trump com Vladimir Putin geraria preocupações entre os aliados europeus, especialmente entre os países do leste europeu, que poderiam ver uma retração americana como uma oportunidade para a Rússia expandir sua influência regional.

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A presidência de Trump, sem as restrições domesticas que teve no seu primeiro mandato, também teria implicações profundas para o comércio global e as instituições multilaterais. Em seu primeiro mandato, ele já mostrou desprezo por instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotou uma postura protecionista.

Agora, ele teria liberdade para implementar uma política econômica mais agressiva, incentivando uma guerra comercial global e enfraquecendo instituições que dependem da cooperação americana. Esse cenário forçaria economias como a União Europeia e os países asiáticos a buscarem alternativas, promovendo alianças regionais e redesenhando o comércio global em torno de novos blocos, menos dependentes dos Estados Unidos.

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Para o restante do mundo, a reeleição de Trump seria uma confirmação de que o trumpismo deixou de ser um fenômeno temporário e se consolidou como uma força duradoura na política americana. A ascensão de Trump e o afastamento dos EUA de compromissos históricos enviariam uma mensagem clara: a liderança americana, que antes era vista como um fator de estabilidade das relações internacionais, agora se tornou volátil e sujeita a oscilações de acordo com os interesses de uma base eleitoral.

Aliados dos EUA, especialmente na Europa e na Ásia, poderiam intensificar esforços para fortalecer alianças regionais e adotar uma postura de maior independência estratégica, reduzindo a dependência da proteção e do apoio americano.

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Em última análise, a vitória de Trump em 2024 representaria mais do que um segundo mandato: ela consolidaria uma nova era na política americana, marcada por uma liderança mais personalista e menos comprometida com as normas internacionais.

Para os Estados Unidos, isso significaria uma política externa focada em ganhos imediatos e pautada pela unilateralidade. Para o mundo, fica a lição de que as garantias tradicionais de estabilidade americana não são mais certas e que o equilíbrio global terá de se adaptar a um cenário onde o engajamento americano pode desaparecer tão rapidamente quanto emerge.

Uma vitória de Donald Trump em 2024 traria um contexto radicalmente diferente de sua primeira passagem pela Casa Branca. Em 2016, Trump era um outsider que chocou o sistema, mas ainda estava cercado por figuras do establishment republicano que moderaram algumas de suas iniciativas.

Em 2024, porém, ele retornaria ao poder com um controle quase absoluto sobre o Partido Republicano e, sem a necessidade de buscar reeleição, estaria livre para avançar com uma agenda mais personalista e de impacto imediato, moldada exclusivamente para agradar sua base.

No cenário doméstico, esse retorno de Trump marcaria uma guinada drástica rumo ao nacionalismo econômico e ao conservadorismo cultural, consolidando um Partido Republicano remodelado em torno de sua liderança. Políticos tradicionais, como Mitch McConnell, foram progressivamente marginalizados, e figuras de destaque do partido hoje são aquelas que demonstram lealdade incondicional a Trump, como seu novo candidato a vice, J.D. Vance.

O ex-presidente Donald Trump participa de comício em Albuquerque, Novo México: aumento da tensão global em caso de vitória  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Ao contrário de Mike Pence, que em 2016 foi escolhido para apaziguar setores conservadores e evangélicos, Vance é um produto do trumpismo, simbolizando a nova elite republicana que responde diretamente a Trump. Com um Congresso mais alinhado e uma Suprema Corte favorável, Trump teria poucos obstáculos institucionais, o que reforçaria seu poder e limitaria a capacidade de oposição de influenciar suas decisões.

Na política externa, Trump teria ainda mais liberdade para implementar sua visão transacional e isolacionista, que coloca os interesses imediatos dos Estados Unidos acima dos compromissos tradicionais. Durante seu primeiro mandato, Trump já demonstrou ceticismo em relação a alianças históricas, como a OTAN, e frequentemente questionou o valor de manter compromissos multilaterais. Um novo mandato enfraqueceria a coesão da OTAN e incentivar países europeus a buscarem maior autonomia militar, abrindo espaço para uma fragmentação das políticas de segurança na Europa.

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A postura em relação a potências rivais também se tornaria mais imprevisível. Com a China, Trump provavelmente intensificaria a guerra comercial, impondo tarifas adicionais e favorecendo políticas protecionistas para fortalecer a economia americana.

Esse movimento, no entanto, poderia amplificar as tensões comerciais globais e afetar as cadeias produtivas de parceiros estratégicos. Em relação à Rússia, a relação ambígua de Trump com Vladimir Putin geraria preocupações entre os aliados europeus, especialmente entre os países do leste europeu, que poderiam ver uma retração americana como uma oportunidade para a Rússia expandir sua influência regional.

A presidência de Trump, sem as restrições domesticas que teve no seu primeiro mandato, também teria implicações profundas para o comércio global e as instituições multilaterais. Em seu primeiro mandato, ele já mostrou desprezo por instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotou uma postura protecionista.

Agora, ele teria liberdade para implementar uma política econômica mais agressiva, incentivando uma guerra comercial global e enfraquecendo instituições que dependem da cooperação americana. Esse cenário forçaria economias como a União Europeia e os países asiáticos a buscarem alternativas, promovendo alianças regionais e redesenhando o comércio global em torno de novos blocos, menos dependentes dos Estados Unidos.

Para o restante do mundo, a reeleição de Trump seria uma confirmação de que o trumpismo deixou de ser um fenômeno temporário e se consolidou como uma força duradoura na política americana. A ascensão de Trump e o afastamento dos EUA de compromissos históricos enviariam uma mensagem clara: a liderança americana, que antes era vista como um fator de estabilidade das relações internacionais, agora se tornou volátil e sujeita a oscilações de acordo com os interesses de uma base eleitoral.

Aliados dos EUA, especialmente na Europa e na Ásia, poderiam intensificar esforços para fortalecer alianças regionais e adotar uma postura de maior independência estratégica, reduzindo a dependência da proteção e do apoio americano.

Em última análise, a vitória de Trump em 2024 representaria mais do que um segundo mandato: ela consolidaria uma nova era na política americana, marcada por uma liderança mais personalista e menos comprometida com as normas internacionais.

Para os Estados Unidos, isso significaria uma política externa focada em ganhos imediatos e pautada pela unilateralidade. Para o mundo, fica a lição de que as garantias tradicionais de estabilidade americana não são mais certas e que o equilíbrio global terá de se adaptar a um cenário onde o engajamento americano pode desaparecer tão rapidamente quanto emerge.

Uma vitória de Donald Trump em 2024 traria um contexto radicalmente diferente de sua primeira passagem pela Casa Branca. Em 2016, Trump era um outsider que chocou o sistema, mas ainda estava cercado por figuras do establishment republicano que moderaram algumas de suas iniciativas.

Em 2024, porém, ele retornaria ao poder com um controle quase absoluto sobre o Partido Republicano e, sem a necessidade de buscar reeleição, estaria livre para avançar com uma agenda mais personalista e de impacto imediato, moldada exclusivamente para agradar sua base.

No cenário doméstico, esse retorno de Trump marcaria uma guinada drástica rumo ao nacionalismo econômico e ao conservadorismo cultural, consolidando um Partido Republicano remodelado em torno de sua liderança. Políticos tradicionais, como Mitch McConnell, foram progressivamente marginalizados, e figuras de destaque do partido hoje são aquelas que demonstram lealdade incondicional a Trump, como seu novo candidato a vice, J.D. Vance.

O ex-presidente Donald Trump participa de comício em Albuquerque, Novo México: aumento da tensão global em caso de vitória  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Ao contrário de Mike Pence, que em 2016 foi escolhido para apaziguar setores conservadores e evangélicos, Vance é um produto do trumpismo, simbolizando a nova elite republicana que responde diretamente a Trump. Com um Congresso mais alinhado e uma Suprema Corte favorável, Trump teria poucos obstáculos institucionais, o que reforçaria seu poder e limitaria a capacidade de oposição de influenciar suas decisões.

Na política externa, Trump teria ainda mais liberdade para implementar sua visão transacional e isolacionista, que coloca os interesses imediatos dos Estados Unidos acima dos compromissos tradicionais. Durante seu primeiro mandato, Trump já demonstrou ceticismo em relação a alianças históricas, como a OTAN, e frequentemente questionou o valor de manter compromissos multilaterais. Um novo mandato enfraqueceria a coesão da OTAN e incentivar países europeus a buscarem maior autonomia militar, abrindo espaço para uma fragmentação das políticas de segurança na Europa.

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A postura em relação a potências rivais também se tornaria mais imprevisível. Com a China, Trump provavelmente intensificaria a guerra comercial, impondo tarifas adicionais e favorecendo políticas protecionistas para fortalecer a economia americana.

Esse movimento, no entanto, poderia amplificar as tensões comerciais globais e afetar as cadeias produtivas de parceiros estratégicos. Em relação à Rússia, a relação ambígua de Trump com Vladimir Putin geraria preocupações entre os aliados europeus, especialmente entre os países do leste europeu, que poderiam ver uma retração americana como uma oportunidade para a Rússia expandir sua influência regional.

A presidência de Trump, sem as restrições domesticas que teve no seu primeiro mandato, também teria implicações profundas para o comércio global e as instituições multilaterais. Em seu primeiro mandato, ele já mostrou desprezo por instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotou uma postura protecionista.

Agora, ele teria liberdade para implementar uma política econômica mais agressiva, incentivando uma guerra comercial global e enfraquecendo instituições que dependem da cooperação americana. Esse cenário forçaria economias como a União Europeia e os países asiáticos a buscarem alternativas, promovendo alianças regionais e redesenhando o comércio global em torno de novos blocos, menos dependentes dos Estados Unidos.

Para o restante do mundo, a reeleição de Trump seria uma confirmação de que o trumpismo deixou de ser um fenômeno temporário e se consolidou como uma força duradoura na política americana. A ascensão de Trump e o afastamento dos EUA de compromissos históricos enviariam uma mensagem clara: a liderança americana, que antes era vista como um fator de estabilidade das relações internacionais, agora se tornou volátil e sujeita a oscilações de acordo com os interesses de uma base eleitoral.

Aliados dos EUA, especialmente na Europa e na Ásia, poderiam intensificar esforços para fortalecer alianças regionais e adotar uma postura de maior independência estratégica, reduzindo a dependência da proteção e do apoio americano.

Em última análise, a vitória de Trump em 2024 representaria mais do que um segundo mandato: ela consolidaria uma nova era na política americana, marcada por uma liderança mais personalista e menos comprometida com as normas internacionais.

Para os Estados Unidos, isso significaria uma política externa focada em ganhos imediatos e pautada pela unilateralidade. Para o mundo, fica a lição de que as garantias tradicionais de estabilidade americana não são mais certas e que o equilíbrio global terá de se adaptar a um cenário onde o engajamento americano pode desaparecer tão rapidamente quanto emerge.

Uma vitória de Donald Trump em 2024 traria um contexto radicalmente diferente de sua primeira passagem pela Casa Branca. Em 2016, Trump era um outsider que chocou o sistema, mas ainda estava cercado por figuras do establishment republicano que moderaram algumas de suas iniciativas.

Em 2024, porém, ele retornaria ao poder com um controle quase absoluto sobre o Partido Republicano e, sem a necessidade de buscar reeleição, estaria livre para avançar com uma agenda mais personalista e de impacto imediato, moldada exclusivamente para agradar sua base.

No cenário doméstico, esse retorno de Trump marcaria uma guinada drástica rumo ao nacionalismo econômico e ao conservadorismo cultural, consolidando um Partido Republicano remodelado em torno de sua liderança. Políticos tradicionais, como Mitch McConnell, foram progressivamente marginalizados, e figuras de destaque do partido hoje são aquelas que demonstram lealdade incondicional a Trump, como seu novo candidato a vice, J.D. Vance.

O ex-presidente Donald Trump participa de comício em Albuquerque, Novo México: aumento da tensão global em caso de vitória  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Ao contrário de Mike Pence, que em 2016 foi escolhido para apaziguar setores conservadores e evangélicos, Vance é um produto do trumpismo, simbolizando a nova elite republicana que responde diretamente a Trump. Com um Congresso mais alinhado e uma Suprema Corte favorável, Trump teria poucos obstáculos institucionais, o que reforçaria seu poder e limitaria a capacidade de oposição de influenciar suas decisões.

Na política externa, Trump teria ainda mais liberdade para implementar sua visão transacional e isolacionista, que coloca os interesses imediatos dos Estados Unidos acima dos compromissos tradicionais. Durante seu primeiro mandato, Trump já demonstrou ceticismo em relação a alianças históricas, como a OTAN, e frequentemente questionou o valor de manter compromissos multilaterais. Um novo mandato enfraqueceria a coesão da OTAN e incentivar países europeus a buscarem maior autonomia militar, abrindo espaço para uma fragmentação das políticas de segurança na Europa.

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A postura em relação a potências rivais também se tornaria mais imprevisível. Com a China, Trump provavelmente intensificaria a guerra comercial, impondo tarifas adicionais e favorecendo políticas protecionistas para fortalecer a economia americana.

Esse movimento, no entanto, poderia amplificar as tensões comerciais globais e afetar as cadeias produtivas de parceiros estratégicos. Em relação à Rússia, a relação ambígua de Trump com Vladimir Putin geraria preocupações entre os aliados europeus, especialmente entre os países do leste europeu, que poderiam ver uma retração americana como uma oportunidade para a Rússia expandir sua influência regional.

A presidência de Trump, sem as restrições domesticas que teve no seu primeiro mandato, também teria implicações profundas para o comércio global e as instituições multilaterais. Em seu primeiro mandato, ele já mostrou desprezo por instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotou uma postura protecionista.

Agora, ele teria liberdade para implementar uma política econômica mais agressiva, incentivando uma guerra comercial global e enfraquecendo instituições que dependem da cooperação americana. Esse cenário forçaria economias como a União Europeia e os países asiáticos a buscarem alternativas, promovendo alianças regionais e redesenhando o comércio global em torno de novos blocos, menos dependentes dos Estados Unidos.

Para o restante do mundo, a reeleição de Trump seria uma confirmação de que o trumpismo deixou de ser um fenômeno temporário e se consolidou como uma força duradoura na política americana. A ascensão de Trump e o afastamento dos EUA de compromissos históricos enviariam uma mensagem clara: a liderança americana, que antes era vista como um fator de estabilidade das relações internacionais, agora se tornou volátil e sujeita a oscilações de acordo com os interesses de uma base eleitoral.

Aliados dos EUA, especialmente na Europa e na Ásia, poderiam intensificar esforços para fortalecer alianças regionais e adotar uma postura de maior independência estratégica, reduzindo a dependência da proteção e do apoio americano.

Em última análise, a vitória de Trump em 2024 representaria mais do que um segundo mandato: ela consolidaria uma nova era na política americana, marcada por uma liderança mais personalista e menos comprometida com as normas internacionais.

Para os Estados Unidos, isso significaria uma política externa focada em ganhos imediatos e pautada pela unilateralidade. Para o mundo, fica a lição de que as garantias tradicionais de estabilidade americana não são mais certas e que o equilíbrio global terá de se adaptar a um cenário onde o engajamento americano pode desaparecer tão rapidamente quanto emerge.

Uma vitória de Donald Trump em 2024 traria um contexto radicalmente diferente de sua primeira passagem pela Casa Branca. Em 2016, Trump era um outsider que chocou o sistema, mas ainda estava cercado por figuras do establishment republicano que moderaram algumas de suas iniciativas.

Em 2024, porém, ele retornaria ao poder com um controle quase absoluto sobre o Partido Republicano e, sem a necessidade de buscar reeleição, estaria livre para avançar com uma agenda mais personalista e de impacto imediato, moldada exclusivamente para agradar sua base.

No cenário doméstico, esse retorno de Trump marcaria uma guinada drástica rumo ao nacionalismo econômico e ao conservadorismo cultural, consolidando um Partido Republicano remodelado em torno de sua liderança. Políticos tradicionais, como Mitch McConnell, foram progressivamente marginalizados, e figuras de destaque do partido hoje são aquelas que demonstram lealdade incondicional a Trump, como seu novo candidato a vice, J.D. Vance.

O ex-presidente Donald Trump participa de comício em Albuquerque, Novo México: aumento da tensão global em caso de vitória  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Ao contrário de Mike Pence, que em 2016 foi escolhido para apaziguar setores conservadores e evangélicos, Vance é um produto do trumpismo, simbolizando a nova elite republicana que responde diretamente a Trump. Com um Congresso mais alinhado e uma Suprema Corte favorável, Trump teria poucos obstáculos institucionais, o que reforçaria seu poder e limitaria a capacidade de oposição de influenciar suas decisões.

Na política externa, Trump teria ainda mais liberdade para implementar sua visão transacional e isolacionista, que coloca os interesses imediatos dos Estados Unidos acima dos compromissos tradicionais. Durante seu primeiro mandato, Trump já demonstrou ceticismo em relação a alianças históricas, como a OTAN, e frequentemente questionou o valor de manter compromissos multilaterais. Um novo mandato enfraqueceria a coesão da OTAN e incentivar países europeus a buscarem maior autonomia militar, abrindo espaço para uma fragmentação das políticas de segurança na Europa.

Seu navegador não suporta esse video.

Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

A postura em relação a potências rivais também se tornaria mais imprevisível. Com a China, Trump provavelmente intensificaria a guerra comercial, impondo tarifas adicionais e favorecendo políticas protecionistas para fortalecer a economia americana.

Esse movimento, no entanto, poderia amplificar as tensões comerciais globais e afetar as cadeias produtivas de parceiros estratégicos. Em relação à Rússia, a relação ambígua de Trump com Vladimir Putin geraria preocupações entre os aliados europeus, especialmente entre os países do leste europeu, que poderiam ver uma retração americana como uma oportunidade para a Rússia expandir sua influência regional.

A presidência de Trump, sem as restrições domesticas que teve no seu primeiro mandato, também teria implicações profundas para o comércio global e as instituições multilaterais. Em seu primeiro mandato, ele já mostrou desprezo por instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotou uma postura protecionista.

Agora, ele teria liberdade para implementar uma política econômica mais agressiva, incentivando uma guerra comercial global e enfraquecendo instituições que dependem da cooperação americana. Esse cenário forçaria economias como a União Europeia e os países asiáticos a buscarem alternativas, promovendo alianças regionais e redesenhando o comércio global em torno de novos blocos, menos dependentes dos Estados Unidos.

Para o restante do mundo, a reeleição de Trump seria uma confirmação de que o trumpismo deixou de ser um fenômeno temporário e se consolidou como uma força duradoura na política americana. A ascensão de Trump e o afastamento dos EUA de compromissos históricos enviariam uma mensagem clara: a liderança americana, que antes era vista como um fator de estabilidade das relações internacionais, agora se tornou volátil e sujeita a oscilações de acordo com os interesses de uma base eleitoral.

Aliados dos EUA, especialmente na Europa e na Ásia, poderiam intensificar esforços para fortalecer alianças regionais e adotar uma postura de maior independência estratégica, reduzindo a dependência da proteção e do apoio americano.

Em última análise, a vitória de Trump em 2024 representaria mais do que um segundo mandato: ela consolidaria uma nova era na política americana, marcada por uma liderança mais personalista e menos comprometida com as normas internacionais.

Para os Estados Unidos, isso significaria uma política externa focada em ganhos imediatos e pautada pela unilateralidade. Para o mundo, fica a lição de que as garantias tradicionais de estabilidade americana não são mais certas e que o equilíbrio global terá de se adaptar a um cenário onde o engajamento americano pode desaparecer tão rapidamente quanto emerge.

Opinião por Carlos Gustavo Poggio

Doutor em Relações Internacionais e especialista em política dos Estados Unidos, professor de ciência política do Berea College e autor de 'O Pensamento Neoconservador em Política Externa nos Estados Unidos' e 'Brazil, the United States, and the South American Subsystem: Regional Politics and the Absent Empire'

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