Uma vitória de Kamala Harris significa uma mudança no engajamento dos Estados Unidos com os palestinos e com o atual governo israelense. Tais mudanças não significarão uma ruptura radical nas ações dos EUA na região do Oriente Médio, ou Ásia Ocidental. Essa conclusão parte das ações e declarações de Kamala Harris não somente como candidata, mas também como vice-presidente e como senadora.
Kamala Harris manterá a aliança entre EUA e Israel, tal como basicamente todos os últimos presidentes em Washington fizeram, algo visto em suas três facetas. A candidata fala do direito israelense de se defender, a vice-presidente articulou os principais pacotes de assistência militar e econômica do último ano e a senadora assinou diversos projetos de cooperação militar entre EUA e Israel.
Leia Também:
Ao mesmo tempo, ela não possui boas relações com Binyamin Netanyahu. Kamala Harris e Netanyahu possuem estilos e perspectivas bastante diferentes, além do fato do primeiro-ministro israelense ser associado ao seu oponente, Donald Trump.
Pode-se esperar uma correção de rota, mas não uma mudança de caminho. Algo similar ao segundo governo de Barack Obama, que não vetou uma resolução condenando Israel na ONU.
Kamala Harris deve buscar algum acordo sobre a Palestina. Talvez envolvendo a normalização com os sauditas, como o atual governo Joe Biden buscava antes de outubro de 2023. Não somente pela normalização saudita, entretanto, ao contrário de Trump.
Kamala Harris já deu sinais de defender maior ajuda e cooperação com os palestinos em sua carreira política e, principalmente, precisa buscar o eleitorado jovem não-branco para uma eventual reeleição. Público hoje muito crítico do que é visto como omissão da vice-presidente Kamala Harris em relação a Gaza.
Estadão na eleição dos EUA
Como o renascimento de Detroit deve ajudar Kamala e os democratas na eleição nos EUA
Decadência industrial e alta no custo de vida ajudam Trump no condado mais disputado da Pensilvânia
Legalização do aborto vira arma democrata para mobilizar voto feminino e vencer na Pensilvânia
Como vivem os americanos nos Estados que podem definir as eleições nos EUA; veja o minidoc
Tais planos, entretanto, podem ser prejudicados por questões fiscais e econômicas, já que o novo governo dos EUA herdará uma economia com um déficit histórico e resistência popular contra o envio de bilhões de dólares para o estrangeiro. Como Kamala não pretende mudar a política sobre a Ucrânia, resta ver de onde ela tirará o dinheiro para esses eventuais planos.
Sobre o Irã, publicamente Kamala Harris afirma que o país é fonte de instabilidade na região, e deve manter tal postura. Via canais extra oficiais, entretanto, seu governo pode tentar reviver algo similar ao acordo nuclear de 2015, defendido por ela quando senadora e quando candidata em 2020. Kamala Harris também deve intensificar a retórica sobre violência de gênero e a repressão de mulheres, incluindo em relação ao Irã. Se essa retórica irá se tornar algo concreto, é cedo para dizer.
Um governo Kamala Harris talvez busque alguma nova forma de relação com o Iraque, já que o atual governo Biden negociou a atual retirada dos EUA do país. Finalmente, Kamala Harris deve manter uma postura similar a do atual governo Biden em relação ao petróleo, focada mais no controle da inflação nos EUA, enquanto introduz medidas ambientalistas e prioriza a produção doméstica de hidrocarbonetos.