BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à CNN americana divulgada nesta sexta-feira, 8, que haveria desconforto no G-20 caso o presidente da Rússia, Vladimir Putin, participasse. O motivo é a invasão da Ucrânia pelos russos. Putin tem um mandado de prisão emitido por um Tribunal Penal Internacional, mas Lula afirmou que esse seria um problema pequeno.
“O problema não é apenas proteger o Putin para não ser preso no Brasil. Isso é a coisa mais fácil de fazer. O problema é que tem no G-20 vários presidentes da República que não ficariam na sala se o Putin entrasse na sala. Todos os países europeus que participam do G-20, mais os Estados Unidos, o que seria uma coisa muito desconfortável”, declarou o petista.
O presidente russo será representado por seu chanceler, Serguei Lavrov. Lula disse que é necessário acabar com a guerra para que Putin possa voltar a “andar no mundo e participar dos eventos”.
“As coisas do Putin vão ser resolvidas quando acabar a guerra da Ucrânia. Aí ele pode participar de uma reunião do G-20, como pode participar o [presidente ucraniano, Volodmir] Zelenski. O Zelenski poderia ser convidado. Acontece que eu não quero discutir a guerra da Ucrânia e da Rússia no G20″, declarou o presidente brasileiro.
O mandado de prisão, emitido em março do ano passado, tem como causa acusações de transferência e deportação ilegal de crianças durante o confronto na Ucrânia, iniciado por determinação de Putin.
Na Cúpula do G-20 do ano passado, Lula foi questionado se recepcionaria Putin no Brasil e disse que o russo entraria no País “tranquilamente” e que tentar prendê-lo seria um “desrespeito”. Ele havia dito, no entanto, que esperava que a guerra na Ucrânia tivesse acabado a essa altura, o que não ocorreu.
Por causa da ordem do TPI, Putin não compareceu à Cúpula do Brics na África do Sul no ano passado. Assim como o Brasil, o país africano é signatário da Corte, e houve o temor de desgaste político em tê-lo presente e não o prender. Em setembro desse ano, no entanto, o russo viajou até a Mongólia, que é signatária da Corte, e expôs a fragilidade do pedido.