SANTIAGO - Novos confrontos entre manifestantes e a polícia do Chile foram registradosem vários pontos de Santiago, apesar de o governo chileno ter decretado estado de emergência e ordenado a presença de militares nas ruas da capital após os violentos protestos registrados na sexta-feira contra o aumento do preço da passagem do metrô.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou ontem a suspensão do aumento da passagem de metrô em Santiago e a elaboração de um plano para reduzir o impacto para os setores mais vulneráveis e da classe média, após os protestos.
“Estamos conscientes de que muitos chilenos têm muitas dificuldades econômicas. Passamos por tempos difíceis e, por esse motivo, estamos desenvolvendo um plano que nos permitirá aliviar o impacto que o aumento da passagem do metrô teve e terá nos setores mais vulneráveis e na classe média necessitada”, disse Piñera.
Inicialmente, o decreto de estado de emergência contemplou apenas as províncias de Santiago e Chacabuco, e nas cidades de Puente Alto e San Bernardo. No entanto, com a intensificação dos protestos neste sábado, as áreas de Valparaíso, no centro do país, e a a província de Concepción, no sul, também foram incluídas nas zonas em estado de emergência, segundo informaram os governadores das províncias, Jorge Martínez e Sérgio Giacoman.
O presidente comandou mais cedo uma reunião de coordenação e segurança para abordar a situação na capital chilena após os distúrbios violentos. Ele afirmou que os responsáveis pagarão por seus atos e por esse motivo invocou a Lei de Segurança do Estado. “Não vamos permitir nenhuma impunidade.”
À noite, ele decretou toque de recolher em Santiago. O que começou com um “panelaço” pacífico de diversas famílias se transformou em confronto entre manifestantes mascarados e as forças especiais da polícia, auxiliadas por militares, em vários pontos de Santiago. Em outras regiões e cidades do país - como Valparaíso e Viña del Mar - também ocorreram manifestações com milhares de pessoas gritando palavras de ordem contra Piñera. O primeiro balanço oficial em Santiago apontava para 308 detidos e 167 feridos, dos quais 11 civis e o restante agentes de segurança. Cinco deles estão internados em estado grave. Além disso, 41 das quase 140 estações do metrô de Santiago e 16 ônibus urbanos foram queimados ou danificados.
Convocados inicialmente pelas redes sociais, os protestos começaram em razão do aumento do preço dos bilhetes de metrô, que passaram de 800 pesos para 830 pesos (cerca de R$ 4,80). Desde 2010, não havia um reajuste dessa proporção. Segundo informações oficiais, o acerto foi feito por conta da alta do preço do petróleo e do dólar e pela modernização do sistema de transporte. Mas as manifestações foram ampliadas pelo descontentamento geral. Apesar de sua elogiada política macroeconômica, o Chile enfrenta uma desigualdade social crônica, baixos salários e aposentadorias, elevações nas tarifas dos serviços básicos e nos custos da saúde, casos de corrupção na polícia e no Exército, além de uma crescente criminalização do movimento estudantil.
O governo enviou vários tanques do Exército para conter os protestos no centro de Santiago. Em razão dos ataques incendiários, o sistema de ônibus públicos de Santiago suspendeu as operações. / AFP e EFE