Sergio Massa usa a máquina peronista contra a motosserra de Javier Milei, leia a análise


Buenos Aires, onde concentra-se grande parte da população argentina, barrou o crescimento do candidato antissistema e garantiu força eleitoral ao mais tradicional grupo político do país

Por Christopher Mendonça*
Atualização:

Após a abertura das urnas em uma das eleições mais importantes da história recente da Argentina não seria adequado falarmos em uma surpresa absoluta. Grande parte das pesquisas eleitorais divulgadas indicavam forte tendência de retorno dos argentinos às seções eleitorais no dia 19 de novembro para a escolha de seu presidente. O fato não esperado para o momento refere-se ao crescimento do candidato peronista Sergio Massa que representa a continuidade do complicado governo atual do país.

Javier Milei, o nome mais falado nos últimos dias, não progrediu em percentagem de votos se comparada à sua performance nas eleições primárias obrigatórias. Buenos Aires, onde concentra-se grande parte da população argentina, barrou o crescimento do candidato antissistema e garantiu força eleitoral ao mais tradicional grupo político do país.

Este contexto não é usual: houve momentos recentes nos quais os candidatos do peronismo tiveram muita dificuldade em convencer a população de Buenos Aires de que valia a pena depositar o seu voto nas propostas por estes defendidas.

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O ministro da Economia e candidato presidencial argentino Sergio Massa segura uma bandeira da Argentina em seu comitê de campanha após o resultado do primeiro turno  Foto: Mario De Fina / AP

Fato é que teremos mais algumas semanas marcadas pela luta diária entre a estrutura oficialista e o barulhento discurso libertário. A candidata de centro-direita, Patricia Bullrich, ficou de fora do páreo. Entretanto serão os votos a ela atribuídos que direcionarão a política argentina nesta última temporada eleitoral.

Ainda não há certeza do apoio da candidata macrista mas o mais natural seria que ela se mantivesse neutra, liberando o eleitorado conquistado para fazer as suas próprias escolhas. Embora esta seja a tendência o candidato que conseguir um mínimo sinal da terceira colocada na disputa poderá dispor de uma importante vantagem. Este é o primeiro passo.

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Tanto a campanha de Milei quanto a de Massa deverão se desdobrar para conquistar votos. O nível de participação eleitoral esteve abaixo do que se esperava para o momento. Um número considerável de cidadãos simplesmente deixou de utilizar do seu direito ao voto valorizando ainda mais o peso de cada eleitor. A corrida pela participação deverá ser o segundo passo para cada um dos postulantes à Casa Rosada.

O candidato presidencial Javier Milei conversa com apoiadores na frente de seu comitê de campanha, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Natacha Pisarenko / AP

A despeito da dianteira do candidato Sergio Massa as notícias não devem ser comemoradas de forma tão efusiva pelos eleitores da esquerda. O resultado de Massa foi o pior para o peronismo em disputas de primeiro turno das últimas décadas. O atual candidato superou negativamente o resultado do ex-presidente Duhalde, em 1999, que havia alcançado cerca de 38% dos votos. Um outro fato preocupa: em 2015 o também peronista Daniel Scioli venceu o primeiro turno mas foi superado por Maurício Macri em uma segunda consulta ao povo argentino.

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O grande desafio de Massa será o voto econômico. Em um momento no qual a Argentina se encontra em uma grave crise, ser o ministro da Economia não é uma tarefa simples. Ser candidato à presidência do país, tampouco será um caminho trivial. Espera-se que os índices econômicos não piorem ainda mais até o desfecho desta disputa. Para Milei o cenário também não será de amenidades. Sem um suporte partidário robusto e sem grandes recursos financeiros para a campanha, superar a máquina peronista demandará esforço. O candidato libertário tem uma participação importante nas redes sociais e entre a juventude e este deverá ser o seu suporte para as próximas semanas.

*Doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais do IBMEC-BH

Após a abertura das urnas em uma das eleições mais importantes da história recente da Argentina não seria adequado falarmos em uma surpresa absoluta. Grande parte das pesquisas eleitorais divulgadas indicavam forte tendência de retorno dos argentinos às seções eleitorais no dia 19 de novembro para a escolha de seu presidente. O fato não esperado para o momento refere-se ao crescimento do candidato peronista Sergio Massa que representa a continuidade do complicado governo atual do país.

Javier Milei, o nome mais falado nos últimos dias, não progrediu em percentagem de votos se comparada à sua performance nas eleições primárias obrigatórias. Buenos Aires, onde concentra-se grande parte da população argentina, barrou o crescimento do candidato antissistema e garantiu força eleitoral ao mais tradicional grupo político do país.

Este contexto não é usual: houve momentos recentes nos quais os candidatos do peronismo tiveram muita dificuldade em convencer a população de Buenos Aires de que valia a pena depositar o seu voto nas propostas por estes defendidas.

O ministro da Economia e candidato presidencial argentino Sergio Massa segura uma bandeira da Argentina em seu comitê de campanha após o resultado do primeiro turno  Foto: Mario De Fina / AP

Fato é que teremos mais algumas semanas marcadas pela luta diária entre a estrutura oficialista e o barulhento discurso libertário. A candidata de centro-direita, Patricia Bullrich, ficou de fora do páreo. Entretanto serão os votos a ela atribuídos que direcionarão a política argentina nesta última temporada eleitoral.

Ainda não há certeza do apoio da candidata macrista mas o mais natural seria que ela se mantivesse neutra, liberando o eleitorado conquistado para fazer as suas próprias escolhas. Embora esta seja a tendência o candidato que conseguir um mínimo sinal da terceira colocada na disputa poderá dispor de uma importante vantagem. Este é o primeiro passo.

Tanto a campanha de Milei quanto a de Massa deverão se desdobrar para conquistar votos. O nível de participação eleitoral esteve abaixo do que se esperava para o momento. Um número considerável de cidadãos simplesmente deixou de utilizar do seu direito ao voto valorizando ainda mais o peso de cada eleitor. A corrida pela participação deverá ser o segundo passo para cada um dos postulantes à Casa Rosada.

O candidato presidencial Javier Milei conversa com apoiadores na frente de seu comitê de campanha, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Natacha Pisarenko / AP

A despeito da dianteira do candidato Sergio Massa as notícias não devem ser comemoradas de forma tão efusiva pelos eleitores da esquerda. O resultado de Massa foi o pior para o peronismo em disputas de primeiro turno das últimas décadas. O atual candidato superou negativamente o resultado do ex-presidente Duhalde, em 1999, que havia alcançado cerca de 38% dos votos. Um outro fato preocupa: em 2015 o também peronista Daniel Scioli venceu o primeiro turno mas foi superado por Maurício Macri em uma segunda consulta ao povo argentino.

O grande desafio de Massa será o voto econômico. Em um momento no qual a Argentina se encontra em uma grave crise, ser o ministro da Economia não é uma tarefa simples. Ser candidato à presidência do país, tampouco será um caminho trivial. Espera-se que os índices econômicos não piorem ainda mais até o desfecho desta disputa. Para Milei o cenário também não será de amenidades. Sem um suporte partidário robusto e sem grandes recursos financeiros para a campanha, superar a máquina peronista demandará esforço. O candidato libertário tem uma participação importante nas redes sociais e entre a juventude e este deverá ser o seu suporte para as próximas semanas.

*Doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais do IBMEC-BH

Após a abertura das urnas em uma das eleições mais importantes da história recente da Argentina não seria adequado falarmos em uma surpresa absoluta. Grande parte das pesquisas eleitorais divulgadas indicavam forte tendência de retorno dos argentinos às seções eleitorais no dia 19 de novembro para a escolha de seu presidente. O fato não esperado para o momento refere-se ao crescimento do candidato peronista Sergio Massa que representa a continuidade do complicado governo atual do país.

Javier Milei, o nome mais falado nos últimos dias, não progrediu em percentagem de votos se comparada à sua performance nas eleições primárias obrigatórias. Buenos Aires, onde concentra-se grande parte da população argentina, barrou o crescimento do candidato antissistema e garantiu força eleitoral ao mais tradicional grupo político do país.

Este contexto não é usual: houve momentos recentes nos quais os candidatos do peronismo tiveram muita dificuldade em convencer a população de Buenos Aires de que valia a pena depositar o seu voto nas propostas por estes defendidas.

O ministro da Economia e candidato presidencial argentino Sergio Massa segura uma bandeira da Argentina em seu comitê de campanha após o resultado do primeiro turno  Foto: Mario De Fina / AP

Fato é que teremos mais algumas semanas marcadas pela luta diária entre a estrutura oficialista e o barulhento discurso libertário. A candidata de centro-direita, Patricia Bullrich, ficou de fora do páreo. Entretanto serão os votos a ela atribuídos que direcionarão a política argentina nesta última temporada eleitoral.

Ainda não há certeza do apoio da candidata macrista mas o mais natural seria que ela se mantivesse neutra, liberando o eleitorado conquistado para fazer as suas próprias escolhas. Embora esta seja a tendência o candidato que conseguir um mínimo sinal da terceira colocada na disputa poderá dispor de uma importante vantagem. Este é o primeiro passo.

Tanto a campanha de Milei quanto a de Massa deverão se desdobrar para conquistar votos. O nível de participação eleitoral esteve abaixo do que se esperava para o momento. Um número considerável de cidadãos simplesmente deixou de utilizar do seu direito ao voto valorizando ainda mais o peso de cada eleitor. A corrida pela participação deverá ser o segundo passo para cada um dos postulantes à Casa Rosada.

O candidato presidencial Javier Milei conversa com apoiadores na frente de seu comitê de campanha, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Natacha Pisarenko / AP

A despeito da dianteira do candidato Sergio Massa as notícias não devem ser comemoradas de forma tão efusiva pelos eleitores da esquerda. O resultado de Massa foi o pior para o peronismo em disputas de primeiro turno das últimas décadas. O atual candidato superou negativamente o resultado do ex-presidente Duhalde, em 1999, que havia alcançado cerca de 38% dos votos. Um outro fato preocupa: em 2015 o também peronista Daniel Scioli venceu o primeiro turno mas foi superado por Maurício Macri em uma segunda consulta ao povo argentino.

O grande desafio de Massa será o voto econômico. Em um momento no qual a Argentina se encontra em uma grave crise, ser o ministro da Economia não é uma tarefa simples. Ser candidato à presidência do país, tampouco será um caminho trivial. Espera-se que os índices econômicos não piorem ainda mais até o desfecho desta disputa. Para Milei o cenário também não será de amenidades. Sem um suporte partidário robusto e sem grandes recursos financeiros para a campanha, superar a máquina peronista demandará esforço. O candidato libertário tem uma participação importante nas redes sociais e entre a juventude e este deverá ser o seu suporte para as próximas semanas.

*Doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais do IBMEC-BH

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