Opinião|Simpatizantes de Putin fora da Rússia são cúmplices morais da morte de Navalni


Quando líderes e intelectuais do Ocidente fazem vista grossa para os crimes de Putin, eles se tornam aliados essenciais para seu sistema repressor

Por Brett Stephens
Atualização:

Nos primórdios da União Soviética, os líderes do Partido Comunista organizavam excursões cuidadosamente administradas para jornalistas e intelectuais ocidentais simpáticos, que apresentavam relatórios sobre fazendas coletivizadas produtivas, operários felizes e camaradas gentis no Kremlin. “Eu vi o futuro e ele funciona”, foi o que disse Lincoln Steffens, o jornalista americano que fazia denúncias, após sua própria visita ao paraíso dos trabalhadores em 1919.

Normalmente, os relatos não incluíam: as prisões à meia-noite, as execuções sumárias, os gulag (campos de reeducação forçada), e as fomes forçadas que deixaram milhões de vítimas.

Este mês houve um paralelo terrível, com Tucker Carlson oferecendo a Vladimir Putin uma entrevista tão bajuladora que até Putin reclamou da falta “das chamadas perguntas incisivas”. Como parte de sua “reportagem”, Carlson também visitou um supermercado em Moscou, que ele comparou favoravelmente com os supermercados dos Estados Unidos.

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Pessoas se reúnem para lamentar a morte do líder da oposição russa Alexei Navalni do lado de fora da Embaixada da Rússia em Londres, Grã-Bretanha, em 16 de fevereiro de 2024. Foto: TOLGA AKMEN / EFE

Dez dias após a entrevista de Carlson, o líder da oposição preso Alexei Navalni foi dado como morto na sexta-feira, aos 47 anos de idade, em uma prisão de segurança máxima ao norte do Círculo Polar Ártico. Não foi informada a causa da morte, mas a notícia veio apenas um dia depois de Navalni ter comparecido a uma audiência no tribunal, aparentando bom humor. Dada a tentativa mal disfarçada anterior dos serviços de segurança russos de matá-lo, é razoável suspeitar que houve novamente um crime.

Eis o que também é razoável suspeitar: Graças, em grande parte, ao visível enfraquecimento da determinação ocidental de deter a Rússia na Ucrânia - um enfraquecimento que ficou evidente nesta semana, quando 26 senadores republicanos votaram contra a ajuda militar à Ucrânia; e quando Donald Trump convidou Moscou a invadir os países membros da Otan; e, sim, quando o principal “jornalista” com visões favoráveis ao republicano encontrou com Putin para uma entrevista de mau gosto - o Kremlin achou que poderia se safar com outro assassinato de alto nível.

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O líder da oposição russa, Alexei Navalni, em Moscou, em 17 de janeiro de 2011.  Foto: James Hill / NYT

Se Navalni foi de fato morto, então ele se junta a uma lista ilustre de críticos de Putin que tiveram um fim prematuro, incluindo Boris Nemtsov, Sergei Magnitsky, Natalya Estemirova, Alexander Litvinenko e Anna Politkovskaya. Há um método para isso: Como a advogada russa de direitos humanos Karinna Moskalenko me explicou há muitos anos, na Rússia de Putin, “não é necessário matar todos os jornalistas. Basta matar os mais destacados, os mais corajosos, e os outros entenderão a mensagem. Ninguém é intocável”.

O mais destacado e corajoso líder da oposição está morto. Que sua memória seja uma bênção. Até que se prove o contrário, devemos considerar o Kremlin direta e criminalmente responsável - e tratar os farsantes de Putin no Ocidente como seus cúmplices morais. /NYT

Nos primórdios da União Soviética, os líderes do Partido Comunista organizavam excursões cuidadosamente administradas para jornalistas e intelectuais ocidentais simpáticos, que apresentavam relatórios sobre fazendas coletivizadas produtivas, operários felizes e camaradas gentis no Kremlin. “Eu vi o futuro e ele funciona”, foi o que disse Lincoln Steffens, o jornalista americano que fazia denúncias, após sua própria visita ao paraíso dos trabalhadores em 1919.

Normalmente, os relatos não incluíam: as prisões à meia-noite, as execuções sumárias, os gulag (campos de reeducação forçada), e as fomes forçadas que deixaram milhões de vítimas.

Este mês houve um paralelo terrível, com Tucker Carlson oferecendo a Vladimir Putin uma entrevista tão bajuladora que até Putin reclamou da falta “das chamadas perguntas incisivas”. Como parte de sua “reportagem”, Carlson também visitou um supermercado em Moscou, que ele comparou favoravelmente com os supermercados dos Estados Unidos.

Pessoas se reúnem para lamentar a morte do líder da oposição russa Alexei Navalni do lado de fora da Embaixada da Rússia em Londres, Grã-Bretanha, em 16 de fevereiro de 2024. Foto: TOLGA AKMEN / EFE

Dez dias após a entrevista de Carlson, o líder da oposição preso Alexei Navalni foi dado como morto na sexta-feira, aos 47 anos de idade, em uma prisão de segurança máxima ao norte do Círculo Polar Ártico. Não foi informada a causa da morte, mas a notícia veio apenas um dia depois de Navalni ter comparecido a uma audiência no tribunal, aparentando bom humor. Dada a tentativa mal disfarçada anterior dos serviços de segurança russos de matá-lo, é razoável suspeitar que houve novamente um crime.

Eis o que também é razoável suspeitar: Graças, em grande parte, ao visível enfraquecimento da determinação ocidental de deter a Rússia na Ucrânia - um enfraquecimento que ficou evidente nesta semana, quando 26 senadores republicanos votaram contra a ajuda militar à Ucrânia; e quando Donald Trump convidou Moscou a invadir os países membros da Otan; e, sim, quando o principal “jornalista” com visões favoráveis ao republicano encontrou com Putin para uma entrevista de mau gosto - o Kremlin achou que poderia se safar com outro assassinato de alto nível.

O líder da oposição russa, Alexei Navalni, em Moscou, em 17 de janeiro de 2011.  Foto: James Hill / NYT

Se Navalni foi de fato morto, então ele se junta a uma lista ilustre de críticos de Putin que tiveram um fim prematuro, incluindo Boris Nemtsov, Sergei Magnitsky, Natalya Estemirova, Alexander Litvinenko e Anna Politkovskaya. Há um método para isso: Como a advogada russa de direitos humanos Karinna Moskalenko me explicou há muitos anos, na Rússia de Putin, “não é necessário matar todos os jornalistas. Basta matar os mais destacados, os mais corajosos, e os outros entenderão a mensagem. Ninguém é intocável”.

O mais destacado e corajoso líder da oposição está morto. Que sua memória seja uma bênção. Até que se prove o contrário, devemos considerar o Kremlin direta e criminalmente responsável - e tratar os farsantes de Putin no Ocidente como seus cúmplices morais. /NYT

Nos primórdios da União Soviética, os líderes do Partido Comunista organizavam excursões cuidadosamente administradas para jornalistas e intelectuais ocidentais simpáticos, que apresentavam relatórios sobre fazendas coletivizadas produtivas, operários felizes e camaradas gentis no Kremlin. “Eu vi o futuro e ele funciona”, foi o que disse Lincoln Steffens, o jornalista americano que fazia denúncias, após sua própria visita ao paraíso dos trabalhadores em 1919.

Normalmente, os relatos não incluíam: as prisões à meia-noite, as execuções sumárias, os gulag (campos de reeducação forçada), e as fomes forçadas que deixaram milhões de vítimas.

Este mês houve um paralelo terrível, com Tucker Carlson oferecendo a Vladimir Putin uma entrevista tão bajuladora que até Putin reclamou da falta “das chamadas perguntas incisivas”. Como parte de sua “reportagem”, Carlson também visitou um supermercado em Moscou, que ele comparou favoravelmente com os supermercados dos Estados Unidos.

Pessoas se reúnem para lamentar a morte do líder da oposição russa Alexei Navalni do lado de fora da Embaixada da Rússia em Londres, Grã-Bretanha, em 16 de fevereiro de 2024. Foto: TOLGA AKMEN / EFE

Dez dias após a entrevista de Carlson, o líder da oposição preso Alexei Navalni foi dado como morto na sexta-feira, aos 47 anos de idade, em uma prisão de segurança máxima ao norte do Círculo Polar Ártico. Não foi informada a causa da morte, mas a notícia veio apenas um dia depois de Navalni ter comparecido a uma audiência no tribunal, aparentando bom humor. Dada a tentativa mal disfarçada anterior dos serviços de segurança russos de matá-lo, é razoável suspeitar que houve novamente um crime.

Eis o que também é razoável suspeitar: Graças, em grande parte, ao visível enfraquecimento da determinação ocidental de deter a Rússia na Ucrânia - um enfraquecimento que ficou evidente nesta semana, quando 26 senadores republicanos votaram contra a ajuda militar à Ucrânia; e quando Donald Trump convidou Moscou a invadir os países membros da Otan; e, sim, quando o principal “jornalista” com visões favoráveis ao republicano encontrou com Putin para uma entrevista de mau gosto - o Kremlin achou que poderia se safar com outro assassinato de alto nível.

O líder da oposição russa, Alexei Navalni, em Moscou, em 17 de janeiro de 2011.  Foto: James Hill / NYT

Se Navalni foi de fato morto, então ele se junta a uma lista ilustre de críticos de Putin que tiveram um fim prematuro, incluindo Boris Nemtsov, Sergei Magnitsky, Natalya Estemirova, Alexander Litvinenko e Anna Politkovskaya. Há um método para isso: Como a advogada russa de direitos humanos Karinna Moskalenko me explicou há muitos anos, na Rússia de Putin, “não é necessário matar todos os jornalistas. Basta matar os mais destacados, os mais corajosos, e os outros entenderão a mensagem. Ninguém é intocável”.

O mais destacado e corajoso líder da oposição está morto. Que sua memória seja uma bênção. Até que se prove o contrário, devemos considerar o Kremlin direta e criminalmente responsável - e tratar os farsantes de Putin no Ocidente como seus cúmplices morais. /NYT

Nos primórdios da União Soviética, os líderes do Partido Comunista organizavam excursões cuidadosamente administradas para jornalistas e intelectuais ocidentais simpáticos, que apresentavam relatórios sobre fazendas coletivizadas produtivas, operários felizes e camaradas gentis no Kremlin. “Eu vi o futuro e ele funciona”, foi o que disse Lincoln Steffens, o jornalista americano que fazia denúncias, após sua própria visita ao paraíso dos trabalhadores em 1919.

Normalmente, os relatos não incluíam: as prisões à meia-noite, as execuções sumárias, os gulag (campos de reeducação forçada), e as fomes forçadas que deixaram milhões de vítimas.

Este mês houve um paralelo terrível, com Tucker Carlson oferecendo a Vladimir Putin uma entrevista tão bajuladora que até Putin reclamou da falta “das chamadas perguntas incisivas”. Como parte de sua “reportagem”, Carlson também visitou um supermercado em Moscou, que ele comparou favoravelmente com os supermercados dos Estados Unidos.

Pessoas se reúnem para lamentar a morte do líder da oposição russa Alexei Navalni do lado de fora da Embaixada da Rússia em Londres, Grã-Bretanha, em 16 de fevereiro de 2024. Foto: TOLGA AKMEN / EFE

Dez dias após a entrevista de Carlson, o líder da oposição preso Alexei Navalni foi dado como morto na sexta-feira, aos 47 anos de idade, em uma prisão de segurança máxima ao norte do Círculo Polar Ártico. Não foi informada a causa da morte, mas a notícia veio apenas um dia depois de Navalni ter comparecido a uma audiência no tribunal, aparentando bom humor. Dada a tentativa mal disfarçada anterior dos serviços de segurança russos de matá-lo, é razoável suspeitar que houve novamente um crime.

Eis o que também é razoável suspeitar: Graças, em grande parte, ao visível enfraquecimento da determinação ocidental de deter a Rússia na Ucrânia - um enfraquecimento que ficou evidente nesta semana, quando 26 senadores republicanos votaram contra a ajuda militar à Ucrânia; e quando Donald Trump convidou Moscou a invadir os países membros da Otan; e, sim, quando o principal “jornalista” com visões favoráveis ao republicano encontrou com Putin para uma entrevista de mau gosto - o Kremlin achou que poderia se safar com outro assassinato de alto nível.

O líder da oposição russa, Alexei Navalni, em Moscou, em 17 de janeiro de 2011.  Foto: James Hill / NYT

Se Navalni foi de fato morto, então ele se junta a uma lista ilustre de críticos de Putin que tiveram um fim prematuro, incluindo Boris Nemtsov, Sergei Magnitsky, Natalya Estemirova, Alexander Litvinenko e Anna Politkovskaya. Há um método para isso: Como a advogada russa de direitos humanos Karinna Moskalenko me explicou há muitos anos, na Rússia de Putin, “não é necessário matar todos os jornalistas. Basta matar os mais destacados, os mais corajosos, e os outros entenderão a mensagem. Ninguém é intocável”.

O mais destacado e corajoso líder da oposição está morto. Que sua memória seja uma bênção. Até que se prove o contrário, devemos considerar o Kremlin direta e criminalmente responsável - e tratar os farsantes de Putin no Ocidente como seus cúmplices morais. /NYT

Opinião por Brett Stephens

The New York Times

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