O presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, exercerá um terceiro mandato de seis anos após ser reeleito sem surpresas com 89,6% dos votos, em um momento em que o país vive a pior crise econômica de sua história.
O resultado das eleições, realizadas entre 10 e 12 de dezembro, não gerou surpresa alguma no país africano, o mais povoado do mundo árabe, com 106 milhões de habitantes.
O presidente da autoridade eleitoral, Hazem Badawy, anunciou uma taxa de participação “sem precedentes” de 66,8%, entre 67 milhões de eleitores: mais de 39 milhões votaram em Sissi.
O chefe de Estado, de 69 anos e ex-comandante das forças armadas, governa o Egito há uma década e iniciará seu novo mandato em abril.
Segundo a Constituição, este deveria ser seu último. O líder estendeu a duração do mandato presidencial de quatro para seis anos e modificou a Carta Magna para ampliar o limite de dois para três mandatos consecutivos.
O presidente teve três adversários relativamente desconhecidos nas eleições: Hazem Omar, do Partido Republicano do Povo, que ficou em segundo com 4,5% dos votos; Farid Zahran, líder do Partido Social-Democrata Egípcio, uma legenda de esquerda; e Abdel Sanad Yamama, do partido centenário Wafd.
Sissi está no poder desde 2013, quando derrubou o presidente islamista eleito Mohamed Morsi. Nas eleições de 2014 e 2018, ele recebeu 96% dos votos.
Por 10 anos, a repressão à oposição eliminou qualquer concorrência séria para Sissi, o quinto presidente proveniente das fileiras do exército desde 1952. Milhares de opositores foram parar na prisão durante seu mandato.
A oposição havia conseguido ganhar impulso este ano, mas a atenção da mídia e da opinião pública acabou se voltando para a guerra em Gaza, desencadeada após o violento ataque do movimento islamista Hamas em Israel em 7 de outubro.
Além disso, as eleições ocorreram em plena crise econômica, com inflação de 40%, uma desvalorização de 50% da moeda nacional e a eliminação dos subsídios públicos sob pressão do Fundo Monetário Internacional.
Dois terços dos egípcios vivem perto do limite da pobreza.
Um grande número dos apoiadores de Sissi considera que ele conseguiu devolver a tranquilidade ao país após o caos decorrente da “revolução” de 2011 e a queda de Hosni Mubarak, que esteve no poder por 30 anos.