Análise|Cicatrizes do atentado do Hamas podem levar governo de Israel a resposta dura contra o Irã


Fragilidade da situação geopolítica no Oriente Médio coloca a região em um período de perigo sem precedentes

Por Carlos Gustavo Poggio
Atualização:

Desde outubro do ano passado, testemunhamos uma mudança alarmante no contexto geoestratégico do Oriente Médio. O ataque de 7 de outubro ao território israelense não foi apenas um evento isolado de violência; representou uma escalada significativa na insegurança regional que merece uma análise cuidadosa.

A incapacidade dos serviços de inteligência e das forças militares de prever e deter tal ataque abalou a confiança da população israelense na sua capacidade de dissuasão. O ataque surpresa, que vitimou civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos, e que foi marcado por atrocidades e violência sexual, deixou cicatrizes profundas na psique israelense.

Uma pesquisa de opinião do instituto Gallup revela uma deterioração alarmante na saúde emocional dos israelenses após o ataque. Uma maioria recorde relatou níveis de preocupação (67%), estresse (62%) e tristeza (51%) acima do normal. A pesquisa da Gallup concluiu que nenhum outro país jamais viu um aumento tão grande de experiências negativas de um ano para o outro. Essa transformação psicológica é um fenômeno que não pode ser subestimado. A percepção de segurança, que por muito tempo foi um pilar da identidade nacional israelense, foi abalada.

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O resultado imediato foi uma exigência pública por mudanças significativas na política de segurança e uma reavaliação das estratégias de defesa. A população, agora mais do que nunca, demanda garantias de que tais falhas não se repetirão. Este estado de vulnerabilidade psicológica é agravado pela percepção de que os aliados tradicionais, como os Estados Unidos, estão reavaliando seu papel no Oriente Médio. Além disso, a percepção de uma presença menos assertiva dos EUA na região levanta questões sobre o equilíbrio de poder e a capacidade de Israel de confiar em seu principal aliado para apoio incondicional em tempos de crise.

Aparentemente, o governo iraniano não levou em consideração a mudança no contexto geoestratégico do Oriente Médio desde outubro do ano passado ao decidir, pela primeira vez na história, conduzir um ataque direto a Israel. A estratégia iraniana, baseada na noção de que seus ataques seriam vistos como uma retaliação proporcional e limitada, falhou em reconhecer o impacto duradouro desses eventos na consciência nacional de Israel.

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Assim como ocorreu com os Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, essa mudança de percepção leva a mudanças de políticas. No caso norte-americano, o choque dos ataques terroristas levou a graves e custosos erros estratégicos, notadamente a invasão ao Iraque em 2003, cujas repercussões, incluindo um Irā mais assertivo, são sentidas até hoje. A mudança na psique israelense, portanto, não é apenas uma questão de saúde mental coletiva, mas um catalisador para uma nova postura geopolítica. Israel pode se ver compelido a adotar uma abordagem mais unilateral em sua defesa, potencialmente levando a uma escalada de tensões na região. A necessidade de autoafirmação e a demonstração de força podem se tornar componentes ainda mais centrais na política externa israelense.

Iranianos comemoram ataque contra Israel Foto: Atta Kenare/AFP

Por outro lado, o Irã, ao ignorar a mudança no contexto geoestratégico e a transformação psicológica em Israel, parece estar jogando um jogo perigoso. A estratégia de retaliação proporcional, que poderia ter sido vista como limitada e calculada em outro contexto, agora corre o risco de ser interpretada como provocação ou mesmo como uma oportunidade para Netanyahu, que há mais de uma década vem alertando para o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, para um ataque ao Irã. A situação atual é um reflexo de um Oriente Médio muito mais perigoso e imprevisível do que há alguns meses, quando o assessor de segurança nacional de Biden, no final de setembro de 2023, chegou a afirmar que o Oriente Médio viva “seu momento mais pacífico em décadas”.

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Diante da fragilidade da situação geopolítica no Oriente Médio, exacerbada por um estado emocional coletivo altamente carregado, a região enfrenta um período de perigo sem precedentes. As emoções intensas não são apenas uma resposta natural aos eventos traumáticos recentes, mas também um fator que pode influenciar decisões críticas e políticas de segurança. Este cenário, aliado à complexidade das alianças e inimizades históricas, aumenta o risco de mal-entendidos e escaladas acidentais. Por essas razões, não estou otimista quanto ao futuro, pois a escalada da violência e a instabilidade política sugerem que estamos à beira de um abismo, onde cada passo em falso pode levar a uma catástrofe.

Desde outubro do ano passado, testemunhamos uma mudança alarmante no contexto geoestratégico do Oriente Médio. O ataque de 7 de outubro ao território israelense não foi apenas um evento isolado de violência; representou uma escalada significativa na insegurança regional que merece uma análise cuidadosa.

A incapacidade dos serviços de inteligência e das forças militares de prever e deter tal ataque abalou a confiança da população israelense na sua capacidade de dissuasão. O ataque surpresa, que vitimou civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos, e que foi marcado por atrocidades e violência sexual, deixou cicatrizes profundas na psique israelense.

Uma pesquisa de opinião do instituto Gallup revela uma deterioração alarmante na saúde emocional dos israelenses após o ataque. Uma maioria recorde relatou níveis de preocupação (67%), estresse (62%) e tristeza (51%) acima do normal. A pesquisa da Gallup concluiu que nenhum outro país jamais viu um aumento tão grande de experiências negativas de um ano para o outro. Essa transformação psicológica é um fenômeno que não pode ser subestimado. A percepção de segurança, que por muito tempo foi um pilar da identidade nacional israelense, foi abalada.

O resultado imediato foi uma exigência pública por mudanças significativas na política de segurança e uma reavaliação das estratégias de defesa. A população, agora mais do que nunca, demanda garantias de que tais falhas não se repetirão. Este estado de vulnerabilidade psicológica é agravado pela percepção de que os aliados tradicionais, como os Estados Unidos, estão reavaliando seu papel no Oriente Médio. Além disso, a percepção de uma presença menos assertiva dos EUA na região levanta questões sobre o equilíbrio de poder e a capacidade de Israel de confiar em seu principal aliado para apoio incondicional em tempos de crise.

Aparentemente, o governo iraniano não levou em consideração a mudança no contexto geoestratégico do Oriente Médio desde outubro do ano passado ao decidir, pela primeira vez na história, conduzir um ataque direto a Israel. A estratégia iraniana, baseada na noção de que seus ataques seriam vistos como uma retaliação proporcional e limitada, falhou em reconhecer o impacto duradouro desses eventos na consciência nacional de Israel.

Assim como ocorreu com os Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, essa mudança de percepção leva a mudanças de políticas. No caso norte-americano, o choque dos ataques terroristas levou a graves e custosos erros estratégicos, notadamente a invasão ao Iraque em 2003, cujas repercussões, incluindo um Irā mais assertivo, são sentidas até hoje. A mudança na psique israelense, portanto, não é apenas uma questão de saúde mental coletiva, mas um catalisador para uma nova postura geopolítica. Israel pode se ver compelido a adotar uma abordagem mais unilateral em sua defesa, potencialmente levando a uma escalada de tensões na região. A necessidade de autoafirmação e a demonstração de força podem se tornar componentes ainda mais centrais na política externa israelense.

Iranianos comemoram ataque contra Israel Foto: Atta Kenare/AFP

Por outro lado, o Irã, ao ignorar a mudança no contexto geoestratégico e a transformação psicológica em Israel, parece estar jogando um jogo perigoso. A estratégia de retaliação proporcional, que poderia ter sido vista como limitada e calculada em outro contexto, agora corre o risco de ser interpretada como provocação ou mesmo como uma oportunidade para Netanyahu, que há mais de uma década vem alertando para o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, para um ataque ao Irã. A situação atual é um reflexo de um Oriente Médio muito mais perigoso e imprevisível do que há alguns meses, quando o assessor de segurança nacional de Biden, no final de setembro de 2023, chegou a afirmar que o Oriente Médio viva “seu momento mais pacífico em décadas”.

Diante da fragilidade da situação geopolítica no Oriente Médio, exacerbada por um estado emocional coletivo altamente carregado, a região enfrenta um período de perigo sem precedentes. As emoções intensas não são apenas uma resposta natural aos eventos traumáticos recentes, mas também um fator que pode influenciar decisões críticas e políticas de segurança. Este cenário, aliado à complexidade das alianças e inimizades históricas, aumenta o risco de mal-entendidos e escaladas acidentais. Por essas razões, não estou otimista quanto ao futuro, pois a escalada da violência e a instabilidade política sugerem que estamos à beira de um abismo, onde cada passo em falso pode levar a uma catástrofe.

Desde outubro do ano passado, testemunhamos uma mudança alarmante no contexto geoestratégico do Oriente Médio. O ataque de 7 de outubro ao território israelense não foi apenas um evento isolado de violência; representou uma escalada significativa na insegurança regional que merece uma análise cuidadosa.

A incapacidade dos serviços de inteligência e das forças militares de prever e deter tal ataque abalou a confiança da população israelense na sua capacidade de dissuasão. O ataque surpresa, que vitimou civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos, e que foi marcado por atrocidades e violência sexual, deixou cicatrizes profundas na psique israelense.

Uma pesquisa de opinião do instituto Gallup revela uma deterioração alarmante na saúde emocional dos israelenses após o ataque. Uma maioria recorde relatou níveis de preocupação (67%), estresse (62%) e tristeza (51%) acima do normal. A pesquisa da Gallup concluiu que nenhum outro país jamais viu um aumento tão grande de experiências negativas de um ano para o outro. Essa transformação psicológica é um fenômeno que não pode ser subestimado. A percepção de segurança, que por muito tempo foi um pilar da identidade nacional israelense, foi abalada.

O resultado imediato foi uma exigência pública por mudanças significativas na política de segurança e uma reavaliação das estratégias de defesa. A população, agora mais do que nunca, demanda garantias de que tais falhas não se repetirão. Este estado de vulnerabilidade psicológica é agravado pela percepção de que os aliados tradicionais, como os Estados Unidos, estão reavaliando seu papel no Oriente Médio. Além disso, a percepção de uma presença menos assertiva dos EUA na região levanta questões sobre o equilíbrio de poder e a capacidade de Israel de confiar em seu principal aliado para apoio incondicional em tempos de crise.

Aparentemente, o governo iraniano não levou em consideração a mudança no contexto geoestratégico do Oriente Médio desde outubro do ano passado ao decidir, pela primeira vez na história, conduzir um ataque direto a Israel. A estratégia iraniana, baseada na noção de que seus ataques seriam vistos como uma retaliação proporcional e limitada, falhou em reconhecer o impacto duradouro desses eventos na consciência nacional de Israel.

Assim como ocorreu com os Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, essa mudança de percepção leva a mudanças de políticas. No caso norte-americano, o choque dos ataques terroristas levou a graves e custosos erros estratégicos, notadamente a invasão ao Iraque em 2003, cujas repercussões, incluindo um Irā mais assertivo, são sentidas até hoje. A mudança na psique israelense, portanto, não é apenas uma questão de saúde mental coletiva, mas um catalisador para uma nova postura geopolítica. Israel pode se ver compelido a adotar uma abordagem mais unilateral em sua defesa, potencialmente levando a uma escalada de tensões na região. A necessidade de autoafirmação e a demonstração de força podem se tornar componentes ainda mais centrais na política externa israelense.

Iranianos comemoram ataque contra Israel Foto: Atta Kenare/AFP

Por outro lado, o Irã, ao ignorar a mudança no contexto geoestratégico e a transformação psicológica em Israel, parece estar jogando um jogo perigoso. A estratégia de retaliação proporcional, que poderia ter sido vista como limitada e calculada em outro contexto, agora corre o risco de ser interpretada como provocação ou mesmo como uma oportunidade para Netanyahu, que há mais de uma década vem alertando para o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, para um ataque ao Irã. A situação atual é um reflexo de um Oriente Médio muito mais perigoso e imprevisível do que há alguns meses, quando o assessor de segurança nacional de Biden, no final de setembro de 2023, chegou a afirmar que o Oriente Médio viva “seu momento mais pacífico em décadas”.

Diante da fragilidade da situação geopolítica no Oriente Médio, exacerbada por um estado emocional coletivo altamente carregado, a região enfrenta um período de perigo sem precedentes. As emoções intensas não são apenas uma resposta natural aos eventos traumáticos recentes, mas também um fator que pode influenciar decisões críticas e políticas de segurança. Este cenário, aliado à complexidade das alianças e inimizades históricas, aumenta o risco de mal-entendidos e escaladas acidentais. Por essas razões, não estou otimista quanto ao futuro, pois a escalada da violência e a instabilidade política sugerem que estamos à beira de um abismo, onde cada passo em falso pode levar a uma catástrofe.

Desde outubro do ano passado, testemunhamos uma mudança alarmante no contexto geoestratégico do Oriente Médio. O ataque de 7 de outubro ao território israelense não foi apenas um evento isolado de violência; representou uma escalada significativa na insegurança regional que merece uma análise cuidadosa.

A incapacidade dos serviços de inteligência e das forças militares de prever e deter tal ataque abalou a confiança da população israelense na sua capacidade de dissuasão. O ataque surpresa, que vitimou civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos, e que foi marcado por atrocidades e violência sexual, deixou cicatrizes profundas na psique israelense.

Uma pesquisa de opinião do instituto Gallup revela uma deterioração alarmante na saúde emocional dos israelenses após o ataque. Uma maioria recorde relatou níveis de preocupação (67%), estresse (62%) e tristeza (51%) acima do normal. A pesquisa da Gallup concluiu que nenhum outro país jamais viu um aumento tão grande de experiências negativas de um ano para o outro. Essa transformação psicológica é um fenômeno que não pode ser subestimado. A percepção de segurança, que por muito tempo foi um pilar da identidade nacional israelense, foi abalada.

O resultado imediato foi uma exigência pública por mudanças significativas na política de segurança e uma reavaliação das estratégias de defesa. A população, agora mais do que nunca, demanda garantias de que tais falhas não se repetirão. Este estado de vulnerabilidade psicológica é agravado pela percepção de que os aliados tradicionais, como os Estados Unidos, estão reavaliando seu papel no Oriente Médio. Além disso, a percepção de uma presença menos assertiva dos EUA na região levanta questões sobre o equilíbrio de poder e a capacidade de Israel de confiar em seu principal aliado para apoio incondicional em tempos de crise.

Aparentemente, o governo iraniano não levou em consideração a mudança no contexto geoestratégico do Oriente Médio desde outubro do ano passado ao decidir, pela primeira vez na história, conduzir um ataque direto a Israel. A estratégia iraniana, baseada na noção de que seus ataques seriam vistos como uma retaliação proporcional e limitada, falhou em reconhecer o impacto duradouro desses eventos na consciência nacional de Israel.

Assim como ocorreu com os Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, essa mudança de percepção leva a mudanças de políticas. No caso norte-americano, o choque dos ataques terroristas levou a graves e custosos erros estratégicos, notadamente a invasão ao Iraque em 2003, cujas repercussões, incluindo um Irā mais assertivo, são sentidas até hoje. A mudança na psique israelense, portanto, não é apenas uma questão de saúde mental coletiva, mas um catalisador para uma nova postura geopolítica. Israel pode se ver compelido a adotar uma abordagem mais unilateral em sua defesa, potencialmente levando a uma escalada de tensões na região. A necessidade de autoafirmação e a demonstração de força podem se tornar componentes ainda mais centrais na política externa israelense.

Iranianos comemoram ataque contra Israel Foto: Atta Kenare/AFP

Por outro lado, o Irã, ao ignorar a mudança no contexto geoestratégico e a transformação psicológica em Israel, parece estar jogando um jogo perigoso. A estratégia de retaliação proporcional, que poderia ter sido vista como limitada e calculada em outro contexto, agora corre o risco de ser interpretada como provocação ou mesmo como uma oportunidade para Netanyahu, que há mais de uma década vem alertando para o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, para um ataque ao Irã. A situação atual é um reflexo de um Oriente Médio muito mais perigoso e imprevisível do que há alguns meses, quando o assessor de segurança nacional de Biden, no final de setembro de 2023, chegou a afirmar que o Oriente Médio viva “seu momento mais pacífico em décadas”.

Diante da fragilidade da situação geopolítica no Oriente Médio, exacerbada por um estado emocional coletivo altamente carregado, a região enfrenta um período de perigo sem precedentes. As emoções intensas não são apenas uma resposta natural aos eventos traumáticos recentes, mas também um fator que pode influenciar decisões críticas e políticas de segurança. Este cenário, aliado à complexidade das alianças e inimizades históricas, aumenta o risco de mal-entendidos e escaladas acidentais. Por essas razões, não estou otimista quanto ao futuro, pois a escalada da violência e a instabilidade política sugerem que estamos à beira de um abismo, onde cada passo em falso pode levar a uma catástrofe.

Desde outubro do ano passado, testemunhamos uma mudança alarmante no contexto geoestratégico do Oriente Médio. O ataque de 7 de outubro ao território israelense não foi apenas um evento isolado de violência; representou uma escalada significativa na insegurança regional que merece uma análise cuidadosa.

A incapacidade dos serviços de inteligência e das forças militares de prever e deter tal ataque abalou a confiança da população israelense na sua capacidade de dissuasão. O ataque surpresa, que vitimou civis israelenses, incluindo mulheres, crianças e idosos, e que foi marcado por atrocidades e violência sexual, deixou cicatrizes profundas na psique israelense.

Uma pesquisa de opinião do instituto Gallup revela uma deterioração alarmante na saúde emocional dos israelenses após o ataque. Uma maioria recorde relatou níveis de preocupação (67%), estresse (62%) e tristeza (51%) acima do normal. A pesquisa da Gallup concluiu que nenhum outro país jamais viu um aumento tão grande de experiências negativas de um ano para o outro. Essa transformação psicológica é um fenômeno que não pode ser subestimado. A percepção de segurança, que por muito tempo foi um pilar da identidade nacional israelense, foi abalada.

O resultado imediato foi uma exigência pública por mudanças significativas na política de segurança e uma reavaliação das estratégias de defesa. A população, agora mais do que nunca, demanda garantias de que tais falhas não se repetirão. Este estado de vulnerabilidade psicológica é agravado pela percepção de que os aliados tradicionais, como os Estados Unidos, estão reavaliando seu papel no Oriente Médio. Além disso, a percepção de uma presença menos assertiva dos EUA na região levanta questões sobre o equilíbrio de poder e a capacidade de Israel de confiar em seu principal aliado para apoio incondicional em tempos de crise.

Aparentemente, o governo iraniano não levou em consideração a mudança no contexto geoestratégico do Oriente Médio desde outubro do ano passado ao decidir, pela primeira vez na história, conduzir um ataque direto a Israel. A estratégia iraniana, baseada na noção de que seus ataques seriam vistos como uma retaliação proporcional e limitada, falhou em reconhecer o impacto duradouro desses eventos na consciência nacional de Israel.

Assim como ocorreu com os Estados Unidos após o 11 de setembro de 2001, essa mudança de percepção leva a mudanças de políticas. No caso norte-americano, o choque dos ataques terroristas levou a graves e custosos erros estratégicos, notadamente a invasão ao Iraque em 2003, cujas repercussões, incluindo um Irā mais assertivo, são sentidas até hoje. A mudança na psique israelense, portanto, não é apenas uma questão de saúde mental coletiva, mas um catalisador para uma nova postura geopolítica. Israel pode se ver compelido a adotar uma abordagem mais unilateral em sua defesa, potencialmente levando a uma escalada de tensões na região. A necessidade de autoafirmação e a demonstração de força podem se tornar componentes ainda mais centrais na política externa israelense.

Iranianos comemoram ataque contra Israel Foto: Atta Kenare/AFP

Por outro lado, o Irã, ao ignorar a mudança no contexto geoestratégico e a transformação psicológica em Israel, parece estar jogando um jogo perigoso. A estratégia de retaliação proporcional, que poderia ter sido vista como limitada e calculada em outro contexto, agora corre o risco de ser interpretada como provocação ou mesmo como uma oportunidade para Netanyahu, que há mais de uma década vem alertando para o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, para um ataque ao Irã. A situação atual é um reflexo de um Oriente Médio muito mais perigoso e imprevisível do que há alguns meses, quando o assessor de segurança nacional de Biden, no final de setembro de 2023, chegou a afirmar que o Oriente Médio viva “seu momento mais pacífico em décadas”.

Diante da fragilidade da situação geopolítica no Oriente Médio, exacerbada por um estado emocional coletivo altamente carregado, a região enfrenta um período de perigo sem precedentes. As emoções intensas não são apenas uma resposta natural aos eventos traumáticos recentes, mas também um fator que pode influenciar decisões críticas e políticas de segurança. Este cenário, aliado à complexidade das alianças e inimizades históricas, aumenta o risco de mal-entendidos e escaladas acidentais. Por essas razões, não estou otimista quanto ao futuro, pois a escalada da violência e a instabilidade política sugerem que estamos à beira de um abismo, onde cada passo em falso pode levar a uma catástrofe.

Análise por Carlos Gustavo Poggio

Professor do departamento de ciência política do Berea College

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