Sobrinho do último chefão da máfia italiana luta para combater o crime


Parente do último padrinho da Cosa Nostra, Matteo Messina Denaro, Giuseppe Cimarosa foi responsável por convencer o pai, também membro da organização, a delatar os crimes da máfia

Por Redação
Atualização:

As máfias são conhecidas por geralmente funcionarem como um negócio familiar. Uma vez dentro da organização, é mais fácil que as gerações seguintes também façam parte dela do que abandonem a luxuosa e arriscada vida do crime.

O ativista Giuseppe Cimarosa, porém, preferiu o caminho mais difícil. Sobrinho de Matteo Messina Denaro — último chefão da máfia italiana Cosa Nostra, preso na semana passada —, ele fez uso do seu íntimo conhecimento sobre o clã para combatê-lo com todas as armas que tinha.

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Aos 40 anos, Cimerosa cresceu em meio à poderosa máfia siciliana que inspirou a trilogia “O poderoso chefão”, de Francis Ford Coppola. Sobrinho por parte de mãe de Matteo Messina Denaro, seu pai também integrava a organização criminosa. Apesar das influências de ambos os lados da família, ele se tornou um símbolo na luta antimáfia na Itália.

Giuseppe Cimarosa, sobrinho do chefão da máfia italiana Cosa Nostra preso na última semana, em sua fazenda em Castelvetrano, na Sicília  Foto: Miguel Medina/AFP

A postura combativa, no entanto, muitas vezes o colocou como um alvo da Cosa Nostra. Anos atrás, ele assistiu impotente à morte misteriosa de um de seus cavalos. Embora recados em tom de ameaçam já tenham ocorrido, ele e sua família se recusam a entrar no programa de proteção oferecido pela Justiça italiana e seguem morando em Castelvetrano, comuna na Sicília, no sul do país, e cidade natal do seu tio Messina Denaro, onde o mafioso manteve um esconderijo por anos.

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“Não aceito abrir mão de minha identidade e de quem sou por causa de um criminoso que não conheço”, justificou. “Fiquei aqui porque acho que é muito fácil dizer o que digo à distância, tem mais valor se eu disser de Castelvetrano”, enfatizou ele.

No passado, Giuseppe Cimarosa convenceu seu pai a romper com a “omertà”, lei do silêncio imposta pela máfia e ainda respeitada em muitos lugares, e a cooperar com as autoridades italianas. A partir disso, diversos membros do clã puderam ser presos.

Apesar da prisão do seu tio Matteo Messina Denaro em 16 de janeiro, Cimarosa é cético sobre um possível fim da máfia mesmo sem seu principal chefe. Aos 60 anos, Denaro foi preso em uma clínica oncológica privada onde passava por um tratamento em Palermo, cidade na Sicília.

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Giuseppe Cimarosa caminha no estábulo onde cuida dos cavalos na Sicília; depois de crescer em meio à máfia, se tornou um ativista contra o crime organizado  Foto: Miguel Medina/AFP

Segundo os carabineiros — uma das quatro Forças Armadas da Itália, responsável pela defesa nacional, polícia militar, segurança pública e polícia judiciária —, ele estava registrado sob o nome falso de Andrea Bonafede.

Mudança de mentalidade

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De acordo com uma entrevista concedida à agência France-Press, Cimarosa acredita que é preciso mudar a “mentalidade” em vigor na Sicília em relação à Cosa Nostra.

“A batalha agora é cultural”, comentou o ativista sobre a prisão do seu tio após 30 anos como foragido. “Temos a tarefa de mudar a mentalidade das pessoas. O inimigo não é mais a máfia, mas a ‘mafiosidade’, que continua a condicionar o comportamento das pessoas ou simplesmente a maneira como elas pensam”, explicou ele.

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A influência da máfia na sociedade pôde ser observada por muitos meios de comunicação que vieram a Castelvetrano na última semana cobrir o fim do reinado do poderoso padrinho da Cosa Nostra. Jornalistas viram, em primeira mão, a relutância de boa parte dos sicilianos em comentar o assunto, temendo que algo pudesse acontecer contra eles.

“A máfia baseia sua força no medo, e é por isso que as pessoas têm receio de se expor, preferindo olhar para o outro lado, sem perceber que isso é assunto de todos”, lamentou o ativista, que lembra que a sepultura do seu pai, arrependido de ter feito parte do clã, foi destruída duas vezes. “Meu pai quebrou o muro de omertá, que naquela época era ainda mais forte”, disse ele.

Mas Cimarosa está convencido de que essa cultura do silêncio pode ser quebrada, sobretudo pelos mais jovens, como houve em sua família. “A máfia não é mais tão invencível quanto eu pensava, o Estado é mais forte”, afirmou, convencido de que “o choque entre gerações, o choque de mentalidades dentro da mesma família”, como aconteceu entre ele e seu pai, é fundamental. / AFP

As máfias são conhecidas por geralmente funcionarem como um negócio familiar. Uma vez dentro da organização, é mais fácil que as gerações seguintes também façam parte dela do que abandonem a luxuosa e arriscada vida do crime.

O ativista Giuseppe Cimarosa, porém, preferiu o caminho mais difícil. Sobrinho de Matteo Messina Denaro — último chefão da máfia italiana Cosa Nostra, preso na semana passada —, ele fez uso do seu íntimo conhecimento sobre o clã para combatê-lo com todas as armas que tinha.

Aos 40 anos, Cimerosa cresceu em meio à poderosa máfia siciliana que inspirou a trilogia “O poderoso chefão”, de Francis Ford Coppola. Sobrinho por parte de mãe de Matteo Messina Denaro, seu pai também integrava a organização criminosa. Apesar das influências de ambos os lados da família, ele se tornou um símbolo na luta antimáfia na Itália.

Giuseppe Cimarosa, sobrinho do chefão da máfia italiana Cosa Nostra preso na última semana, em sua fazenda em Castelvetrano, na Sicília  Foto: Miguel Medina/AFP

A postura combativa, no entanto, muitas vezes o colocou como um alvo da Cosa Nostra. Anos atrás, ele assistiu impotente à morte misteriosa de um de seus cavalos. Embora recados em tom de ameaçam já tenham ocorrido, ele e sua família se recusam a entrar no programa de proteção oferecido pela Justiça italiana e seguem morando em Castelvetrano, comuna na Sicília, no sul do país, e cidade natal do seu tio Messina Denaro, onde o mafioso manteve um esconderijo por anos.

“Não aceito abrir mão de minha identidade e de quem sou por causa de um criminoso que não conheço”, justificou. “Fiquei aqui porque acho que é muito fácil dizer o que digo à distância, tem mais valor se eu disser de Castelvetrano”, enfatizou ele.

No passado, Giuseppe Cimarosa convenceu seu pai a romper com a “omertà”, lei do silêncio imposta pela máfia e ainda respeitada em muitos lugares, e a cooperar com as autoridades italianas. A partir disso, diversos membros do clã puderam ser presos.

Apesar da prisão do seu tio Matteo Messina Denaro em 16 de janeiro, Cimarosa é cético sobre um possível fim da máfia mesmo sem seu principal chefe. Aos 60 anos, Denaro foi preso em uma clínica oncológica privada onde passava por um tratamento em Palermo, cidade na Sicília.

Giuseppe Cimarosa caminha no estábulo onde cuida dos cavalos na Sicília; depois de crescer em meio à máfia, se tornou um ativista contra o crime organizado  Foto: Miguel Medina/AFP

Segundo os carabineiros — uma das quatro Forças Armadas da Itália, responsável pela defesa nacional, polícia militar, segurança pública e polícia judiciária —, ele estava registrado sob o nome falso de Andrea Bonafede.

Mudança de mentalidade

De acordo com uma entrevista concedida à agência France-Press, Cimarosa acredita que é preciso mudar a “mentalidade” em vigor na Sicília em relação à Cosa Nostra.

“A batalha agora é cultural”, comentou o ativista sobre a prisão do seu tio após 30 anos como foragido. “Temos a tarefa de mudar a mentalidade das pessoas. O inimigo não é mais a máfia, mas a ‘mafiosidade’, que continua a condicionar o comportamento das pessoas ou simplesmente a maneira como elas pensam”, explicou ele.

A influência da máfia na sociedade pôde ser observada por muitos meios de comunicação que vieram a Castelvetrano na última semana cobrir o fim do reinado do poderoso padrinho da Cosa Nostra. Jornalistas viram, em primeira mão, a relutância de boa parte dos sicilianos em comentar o assunto, temendo que algo pudesse acontecer contra eles.

“A máfia baseia sua força no medo, e é por isso que as pessoas têm receio de se expor, preferindo olhar para o outro lado, sem perceber que isso é assunto de todos”, lamentou o ativista, que lembra que a sepultura do seu pai, arrependido de ter feito parte do clã, foi destruída duas vezes. “Meu pai quebrou o muro de omertá, que naquela época era ainda mais forte”, disse ele.

Mas Cimarosa está convencido de que essa cultura do silêncio pode ser quebrada, sobretudo pelos mais jovens, como houve em sua família. “A máfia não é mais tão invencível quanto eu pensava, o Estado é mais forte”, afirmou, convencido de que “o choque entre gerações, o choque de mentalidades dentro da mesma família”, como aconteceu entre ele e seu pai, é fundamental. / AFP

As máfias são conhecidas por geralmente funcionarem como um negócio familiar. Uma vez dentro da organização, é mais fácil que as gerações seguintes também façam parte dela do que abandonem a luxuosa e arriscada vida do crime.

O ativista Giuseppe Cimarosa, porém, preferiu o caminho mais difícil. Sobrinho de Matteo Messina Denaro — último chefão da máfia italiana Cosa Nostra, preso na semana passada —, ele fez uso do seu íntimo conhecimento sobre o clã para combatê-lo com todas as armas que tinha.

Aos 40 anos, Cimerosa cresceu em meio à poderosa máfia siciliana que inspirou a trilogia “O poderoso chefão”, de Francis Ford Coppola. Sobrinho por parte de mãe de Matteo Messina Denaro, seu pai também integrava a organização criminosa. Apesar das influências de ambos os lados da família, ele se tornou um símbolo na luta antimáfia na Itália.

Giuseppe Cimarosa, sobrinho do chefão da máfia italiana Cosa Nostra preso na última semana, em sua fazenda em Castelvetrano, na Sicília  Foto: Miguel Medina/AFP

A postura combativa, no entanto, muitas vezes o colocou como um alvo da Cosa Nostra. Anos atrás, ele assistiu impotente à morte misteriosa de um de seus cavalos. Embora recados em tom de ameaçam já tenham ocorrido, ele e sua família se recusam a entrar no programa de proteção oferecido pela Justiça italiana e seguem morando em Castelvetrano, comuna na Sicília, no sul do país, e cidade natal do seu tio Messina Denaro, onde o mafioso manteve um esconderijo por anos.

“Não aceito abrir mão de minha identidade e de quem sou por causa de um criminoso que não conheço”, justificou. “Fiquei aqui porque acho que é muito fácil dizer o que digo à distância, tem mais valor se eu disser de Castelvetrano”, enfatizou ele.

No passado, Giuseppe Cimarosa convenceu seu pai a romper com a “omertà”, lei do silêncio imposta pela máfia e ainda respeitada em muitos lugares, e a cooperar com as autoridades italianas. A partir disso, diversos membros do clã puderam ser presos.

Apesar da prisão do seu tio Matteo Messina Denaro em 16 de janeiro, Cimarosa é cético sobre um possível fim da máfia mesmo sem seu principal chefe. Aos 60 anos, Denaro foi preso em uma clínica oncológica privada onde passava por um tratamento em Palermo, cidade na Sicília.

Giuseppe Cimarosa caminha no estábulo onde cuida dos cavalos na Sicília; depois de crescer em meio à máfia, se tornou um ativista contra o crime organizado  Foto: Miguel Medina/AFP

Segundo os carabineiros — uma das quatro Forças Armadas da Itália, responsável pela defesa nacional, polícia militar, segurança pública e polícia judiciária —, ele estava registrado sob o nome falso de Andrea Bonafede.

Mudança de mentalidade

De acordo com uma entrevista concedida à agência France-Press, Cimarosa acredita que é preciso mudar a “mentalidade” em vigor na Sicília em relação à Cosa Nostra.

“A batalha agora é cultural”, comentou o ativista sobre a prisão do seu tio após 30 anos como foragido. “Temos a tarefa de mudar a mentalidade das pessoas. O inimigo não é mais a máfia, mas a ‘mafiosidade’, que continua a condicionar o comportamento das pessoas ou simplesmente a maneira como elas pensam”, explicou ele.

A influência da máfia na sociedade pôde ser observada por muitos meios de comunicação que vieram a Castelvetrano na última semana cobrir o fim do reinado do poderoso padrinho da Cosa Nostra. Jornalistas viram, em primeira mão, a relutância de boa parte dos sicilianos em comentar o assunto, temendo que algo pudesse acontecer contra eles.

“A máfia baseia sua força no medo, e é por isso que as pessoas têm receio de se expor, preferindo olhar para o outro lado, sem perceber que isso é assunto de todos”, lamentou o ativista, que lembra que a sepultura do seu pai, arrependido de ter feito parte do clã, foi destruída duas vezes. “Meu pai quebrou o muro de omertá, que naquela época era ainda mais forte”, disse ele.

Mas Cimarosa está convencido de que essa cultura do silêncio pode ser quebrada, sobretudo pelos mais jovens, como houve em sua família. “A máfia não é mais tão invencível quanto eu pensava, o Estado é mais forte”, afirmou, convencido de que “o choque entre gerações, o choque de mentalidades dentro da mesma família”, como aconteceu entre ele e seu pai, é fundamental. / AFP

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