Soledar, cidade da Ucrânia atingida por constantes bombardeios, quer apenas ‘paz e silêncio’


Localidade conhecida por uma grande mina de sal se transformou em cidade-fantasma após bombardeios russos

Por Anatoli Stepanov

Agora, em Soledar, restam apenas uma igreja, uma mercearia, uma loja de ferragens em um porão e não muito mais do que isso. No leste da Ucrânia, onde ainda sobrevivem alguns milhares de habitantes, a cidade mineira é incessavelmente bombardeada por pelo menos três meses.

Em intervalos regulares, o barulho das explosões rompe a atmosfera fantasmagórica.

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Soledar, “dom de sal”, leva o nome da grande mina de sal localizada em sua entrada. Operada pela Artemsol, a empresa ucraniana extraía milhões de toneladas por ano, enquanto a mina também era um lugar turístico por conta das “mágicas esculturas de sal”, elogiada pelos guias turísticos.

A cidade, que contava com aproximadamente 15 mil habitantes antes da guerra, também era conhecida por seu sanatório subterrâneo que tratava as doenças pulmonares.

Idosa caminha em rua deserta na cidade de Soledar, região de Donetsk, Ucrânia, em imagem do dia 24 de julho. Cidade sofre com constantes bombardeios após invasão russa no leste Foto: Anatolii Stepanov / AFP
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Isso foi antes da invasão. Antes de se encontrarem com as tropas russas orientadas a tomar as regiões de Donetsk.

Bombardeada várias vezes, hoje a mina está fechada. Os habitantes fugiram, e não deve sobrar mais de duas mil pessoas na cidade-fantasma, estimam as poucas pessoas restantes.

Os edifícios ao longo da rua principal estão parcialmente destruídos, ou danificados pela fumaça. O Centro Cultural está totalmente devastado. Nas ruínas, que ainda cheiram a fumaça, há papéis espalhados e um telefone fora do gancho em cima de uma mesa.

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“Na noite do dia 9 para 10 de julho, uma dezena de mísseis caiu sob Soledar”, relembra Tetiana, uma mulher que caminha acompanhada da filha de cinco anos e da mãe, de 67 anos.

O grande edifício ficou em chamas durante dias, devido à falta de bombeiros. “Não há mais autoridades, nem polícia, nem médico, nem farmácia. Todos se foram. Nos abandonaram”, constata Tetiana.

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Meu marido e meus gatos

Liudmila aparece em uma rua deserta, seguida por cinco gatos. Sorridente, mas assustada, explica que seu marido deficiente não pode se mover.

“Também há os gatos abandonados, não posso deixá-los”, afirma essa antiga professora, enquanto se dirige a uma das últimas lojas de alimento abertas na cidade. A loja é abastecida por voluntários duas vezes por semana.

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Abaixo do local, no porão, uma grande loja de ferragens agora serve como ponto de encontro. Além de botijões de gás e pregos, lá se vende louça e roupa de cama.

É um dos poucos lugares, onde se pode sentir segurança e encontrar seus colegas.

Assim como em todas as cidades da frente oriental da Ucrânia, os que ficam não podem, ou não querem sair. Uma antiga empregada do banco, Larissa, apela para os jornalistas da varanda de sua casa: “Só queremos ficar em casa! Não somos separatistas! Anotem: não somos separatistas!”, repete.

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As autoridades regionais insistem na retirada dos habitantes, e os que ficam são considerados pró-russos, aguardando a chegada das forças de Moscou.

Lía Cherkashina, de 84 anos, não se importa, porém, nem com os russos, nem os ucranianos. Sentada na frente de sua casa, a idosa pede para encher suas cinco garrafas na bomba d’água que ainda funciona.

Ontem, um homem prometeu levar água em troca de uma garrafa de vodka, que não possui.

De sua varanda, Larissa ainda grita uma última vez: “Só queremos paz. Paz e silêncio”. /AFP

Agora, em Soledar, restam apenas uma igreja, uma mercearia, uma loja de ferragens em um porão e não muito mais do que isso. No leste da Ucrânia, onde ainda sobrevivem alguns milhares de habitantes, a cidade mineira é incessavelmente bombardeada por pelo menos três meses.

Em intervalos regulares, o barulho das explosões rompe a atmosfera fantasmagórica.

Soledar, “dom de sal”, leva o nome da grande mina de sal localizada em sua entrada. Operada pela Artemsol, a empresa ucraniana extraía milhões de toneladas por ano, enquanto a mina também era um lugar turístico por conta das “mágicas esculturas de sal”, elogiada pelos guias turísticos.

A cidade, que contava com aproximadamente 15 mil habitantes antes da guerra, também era conhecida por seu sanatório subterrâneo que tratava as doenças pulmonares.

Idosa caminha em rua deserta na cidade de Soledar, região de Donetsk, Ucrânia, em imagem do dia 24 de julho. Cidade sofre com constantes bombardeios após invasão russa no leste Foto: Anatolii Stepanov / AFP

Isso foi antes da invasão. Antes de se encontrarem com as tropas russas orientadas a tomar as regiões de Donetsk.

Bombardeada várias vezes, hoje a mina está fechada. Os habitantes fugiram, e não deve sobrar mais de duas mil pessoas na cidade-fantasma, estimam as poucas pessoas restantes.

Os edifícios ao longo da rua principal estão parcialmente destruídos, ou danificados pela fumaça. O Centro Cultural está totalmente devastado. Nas ruínas, que ainda cheiram a fumaça, há papéis espalhados e um telefone fora do gancho em cima de uma mesa.

“Na noite do dia 9 para 10 de julho, uma dezena de mísseis caiu sob Soledar”, relembra Tetiana, uma mulher que caminha acompanhada da filha de cinco anos e da mãe, de 67 anos.

O grande edifício ficou em chamas durante dias, devido à falta de bombeiros. “Não há mais autoridades, nem polícia, nem médico, nem farmácia. Todos se foram. Nos abandonaram”, constata Tetiana.

Meu marido e meus gatos

Liudmila aparece em uma rua deserta, seguida por cinco gatos. Sorridente, mas assustada, explica que seu marido deficiente não pode se mover.

“Também há os gatos abandonados, não posso deixá-los”, afirma essa antiga professora, enquanto se dirige a uma das últimas lojas de alimento abertas na cidade. A loja é abastecida por voluntários duas vezes por semana.

Abaixo do local, no porão, uma grande loja de ferragens agora serve como ponto de encontro. Além de botijões de gás e pregos, lá se vende louça e roupa de cama.

É um dos poucos lugares, onde se pode sentir segurança e encontrar seus colegas.

Assim como em todas as cidades da frente oriental da Ucrânia, os que ficam não podem, ou não querem sair. Uma antiga empregada do banco, Larissa, apela para os jornalistas da varanda de sua casa: “Só queremos ficar em casa! Não somos separatistas! Anotem: não somos separatistas!”, repete.

As autoridades regionais insistem na retirada dos habitantes, e os que ficam são considerados pró-russos, aguardando a chegada das forças de Moscou.

Lía Cherkashina, de 84 anos, não se importa, porém, nem com os russos, nem os ucranianos. Sentada na frente de sua casa, a idosa pede para encher suas cinco garrafas na bomba d’água que ainda funciona.

Ontem, um homem prometeu levar água em troca de uma garrafa de vodka, que não possui.

De sua varanda, Larissa ainda grita uma última vez: “Só queremos paz. Paz e silêncio”. /AFP

Agora, em Soledar, restam apenas uma igreja, uma mercearia, uma loja de ferragens em um porão e não muito mais do que isso. No leste da Ucrânia, onde ainda sobrevivem alguns milhares de habitantes, a cidade mineira é incessavelmente bombardeada por pelo menos três meses.

Em intervalos regulares, o barulho das explosões rompe a atmosfera fantasmagórica.

Soledar, “dom de sal”, leva o nome da grande mina de sal localizada em sua entrada. Operada pela Artemsol, a empresa ucraniana extraía milhões de toneladas por ano, enquanto a mina também era um lugar turístico por conta das “mágicas esculturas de sal”, elogiada pelos guias turísticos.

A cidade, que contava com aproximadamente 15 mil habitantes antes da guerra, também era conhecida por seu sanatório subterrâneo que tratava as doenças pulmonares.

Idosa caminha em rua deserta na cidade de Soledar, região de Donetsk, Ucrânia, em imagem do dia 24 de julho. Cidade sofre com constantes bombardeios após invasão russa no leste Foto: Anatolii Stepanov / AFP

Isso foi antes da invasão. Antes de se encontrarem com as tropas russas orientadas a tomar as regiões de Donetsk.

Bombardeada várias vezes, hoje a mina está fechada. Os habitantes fugiram, e não deve sobrar mais de duas mil pessoas na cidade-fantasma, estimam as poucas pessoas restantes.

Os edifícios ao longo da rua principal estão parcialmente destruídos, ou danificados pela fumaça. O Centro Cultural está totalmente devastado. Nas ruínas, que ainda cheiram a fumaça, há papéis espalhados e um telefone fora do gancho em cima de uma mesa.

“Na noite do dia 9 para 10 de julho, uma dezena de mísseis caiu sob Soledar”, relembra Tetiana, uma mulher que caminha acompanhada da filha de cinco anos e da mãe, de 67 anos.

O grande edifício ficou em chamas durante dias, devido à falta de bombeiros. “Não há mais autoridades, nem polícia, nem médico, nem farmácia. Todos se foram. Nos abandonaram”, constata Tetiana.

Meu marido e meus gatos

Liudmila aparece em uma rua deserta, seguida por cinco gatos. Sorridente, mas assustada, explica que seu marido deficiente não pode se mover.

“Também há os gatos abandonados, não posso deixá-los”, afirma essa antiga professora, enquanto se dirige a uma das últimas lojas de alimento abertas na cidade. A loja é abastecida por voluntários duas vezes por semana.

Abaixo do local, no porão, uma grande loja de ferragens agora serve como ponto de encontro. Além de botijões de gás e pregos, lá se vende louça e roupa de cama.

É um dos poucos lugares, onde se pode sentir segurança e encontrar seus colegas.

Assim como em todas as cidades da frente oriental da Ucrânia, os que ficam não podem, ou não querem sair. Uma antiga empregada do banco, Larissa, apela para os jornalistas da varanda de sua casa: “Só queremos ficar em casa! Não somos separatistas! Anotem: não somos separatistas!”, repete.

As autoridades regionais insistem na retirada dos habitantes, e os que ficam são considerados pró-russos, aguardando a chegada das forças de Moscou.

Lía Cherkashina, de 84 anos, não se importa, porém, nem com os russos, nem os ucranianos. Sentada na frente de sua casa, a idosa pede para encher suas cinco garrafas na bomba d’água que ainda funciona.

Ontem, um homem prometeu levar água em troca de uma garrafa de vodka, que não possui.

De sua varanda, Larissa ainda grita uma última vez: “Só queremos paz. Paz e silêncio”. /AFP

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