Submarino ARA San Juan afundou na Argentina por causa de falta de treinamento e investimentos


Comissão parlamentar concluiu investigação, um ano e meio depois do acidente; presidente Mauricio Macri e o ministro da Defesa foram criticados por 'falta de envolvimento' e por ocultar informações aos familiares das vítimas

Por Redação

BUENOS AIRES - Uma comissão no Senado da Argentina que investigou as causas do afundamento do submarino ARA San Juan, em novembro de 2017, concluiu que o acidente foi fruto da ineficiência dos comandantes navais da Marinha, somado a investimento financeiro insuficiente por parte do governo.

Imagem de arquivo da Marinha da Argentina anterior ao acidente mostra o submarino ARA San Juan na superfície Foto: Marinha da Argentina/via AP

Em relatório divulgado na quinta-feira, 18, o manejamento da crise ocasionada pelo acidente foi questionado pelos congressistas. A comissão afirmou que tanto o presidente Mauricio Macri quanto o ministro da Defesa, Oscar Aguad, demonstraram um “baixo nível de envolvimento com tudo relacionado à tragédia”.

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“As hipóteses de que o submarino foi atacado por um navio estrangeiro, atingido por um barco de pesca ou que estivesse realizando missões secretas foram descartadas”, afirmou a comissão, composta inclusive por congressistas alinhados a Macri. O relatório apontou limites em investimentos nos últimos anos como um fator contribuinte ao desastre, assim como “a falha para atualizar tecnologias e manter um nível mínimo de manutenção baseado em horas de uso, o que gerou deterioração” do submarino.

Segundo o texto, a Marinha argentina “tentou manter a realização de missões com investimentos cada vez mais reduzidos. Foi visto como normal operar sob condições que eram longe das ideais para as funções atribuídas”. O então comandante da Marinha, Claudio Villamide, foi acusado pelo relatório por “não procurar conselhos de pessoas tecnicamente qualificadas”.

Além disso, o texto afirma que a alta cúpula da Marinha “não transmitiu a líderes políticos informações de forma detalhada e completa”. Outro fator que pontencializou a tragédia, para a comissão, foi “a falta de determinação nos procedimentos e funções adotadas em situações de emergência na navegação”, além do “manejo inadequado da emergência durante as horas críticas pelas bases operativas”.

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Assim, a equipe de congressistas propôs um “sério remanejamento” do sistema de defesa, assim como reconsiderar a inversão que é feita no “treinamento e manutenção dos meios militares”.

A comissão afirmou que o ministro da Defesa estava ciente do estado do submarino e os riscos que enfrentava ao ser utilizado para um treinamento. Após o acidente, o texto apontou que “houve falta de liderança diante da crise, assim como encobrimento das circunstâncias da tragédia de membros da família das vítimas e da opinião pública”.

Em entrevista a uma rádio, na véspera da divulgação do relatório, o ministro da Defesa reforçou os trechos da perícia que indicam falta de preparo e treinamento dos tripulantes e dos operadores na base, mas minimizou o estado de deterioração do submarino. Para Aguad, as causas do acidente “têm menos a ver com a deterioração do submarino mas sim com uma série de casualidades e a falta da transmissão intergeracional de conhecimentos”.

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O governo federal não comentou as acusações feitas contra o ministro e contra Macri. Inaugurado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha em 1985, o San Juan era um dos três submarinos argentinos, cujo processo de reparação iniciado na metade de sua vida útil havia terminado em 2014.

Relembre o caso

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O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo, em 15 de novembro de 2017, no Oceano Atlântico, ao tentar retornar para a base em Mar del Plata, após participar de um treinamento. Os destroços somente foram localizados um ano depois, a uma profundidade de 800 metros e a 500 km da costa argentina, por um navio de uma empresa americana, contratado para a busca.

Na véspera do desaparecimento do San Juan, a tripulação informou que a entrada de água na ventilação do submarino havia causado um incêndio em um dos tanques de bateria. O submarino retornou à superfície e continuou navegando. O capitão informou no dia seguinte que a situação estava sob controle e que ele estava se preparando para descer 40 metros no mar para reconectar as baterias.

Não houve mais contato entre a tripulação e a base de operações.

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A Marinha argentina falhou em localizar o submarino. As operações de busca foram finalizadas e retomadas diversas vezes. Em setembro de 2018, uma nova operação foi iniciada com a contratação da empresa americana Ocean Infinity, responsável por localizar o submarino em novembro daquele ano.

Apesar do incêndio, a estrutura externa do San Juan não foi alterada. O resgate do submarino, calculado em US$ 4 bilhões, foi considerado muito elevado. O ministro da Defesa afirmou em entrevista que seria uma "loucura" desembolsar o valor. Assim, o governo argentino decidiu não içar o San Juan, impossibilitando que familiares enterrassem os restos mortais das vítimas. / AP, EFE e AFP

BUENOS AIRES - Uma comissão no Senado da Argentina que investigou as causas do afundamento do submarino ARA San Juan, em novembro de 2017, concluiu que o acidente foi fruto da ineficiência dos comandantes navais da Marinha, somado a investimento financeiro insuficiente por parte do governo.

Imagem de arquivo da Marinha da Argentina anterior ao acidente mostra o submarino ARA San Juan na superfície Foto: Marinha da Argentina/via AP

Em relatório divulgado na quinta-feira, 18, o manejamento da crise ocasionada pelo acidente foi questionado pelos congressistas. A comissão afirmou que tanto o presidente Mauricio Macri quanto o ministro da Defesa, Oscar Aguad, demonstraram um “baixo nível de envolvimento com tudo relacionado à tragédia”.

“As hipóteses de que o submarino foi atacado por um navio estrangeiro, atingido por um barco de pesca ou que estivesse realizando missões secretas foram descartadas”, afirmou a comissão, composta inclusive por congressistas alinhados a Macri. O relatório apontou limites em investimentos nos últimos anos como um fator contribuinte ao desastre, assim como “a falha para atualizar tecnologias e manter um nível mínimo de manutenção baseado em horas de uso, o que gerou deterioração” do submarino.

Segundo o texto, a Marinha argentina “tentou manter a realização de missões com investimentos cada vez mais reduzidos. Foi visto como normal operar sob condições que eram longe das ideais para as funções atribuídas”. O então comandante da Marinha, Claudio Villamide, foi acusado pelo relatório por “não procurar conselhos de pessoas tecnicamente qualificadas”.

Além disso, o texto afirma que a alta cúpula da Marinha “não transmitiu a líderes políticos informações de forma detalhada e completa”. Outro fator que pontencializou a tragédia, para a comissão, foi “a falta de determinação nos procedimentos e funções adotadas em situações de emergência na navegação”, além do “manejo inadequado da emergência durante as horas críticas pelas bases operativas”.

Assim, a equipe de congressistas propôs um “sério remanejamento” do sistema de defesa, assim como reconsiderar a inversão que é feita no “treinamento e manutenção dos meios militares”.

A comissão afirmou que o ministro da Defesa estava ciente do estado do submarino e os riscos que enfrentava ao ser utilizado para um treinamento. Após o acidente, o texto apontou que “houve falta de liderança diante da crise, assim como encobrimento das circunstâncias da tragédia de membros da família das vítimas e da opinião pública”.

Em entrevista a uma rádio, na véspera da divulgação do relatório, o ministro da Defesa reforçou os trechos da perícia que indicam falta de preparo e treinamento dos tripulantes e dos operadores na base, mas minimizou o estado de deterioração do submarino. Para Aguad, as causas do acidente “têm menos a ver com a deterioração do submarino mas sim com uma série de casualidades e a falta da transmissão intergeracional de conhecimentos”.

O governo federal não comentou as acusações feitas contra o ministro e contra Macri. Inaugurado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha em 1985, o San Juan era um dos três submarinos argentinos, cujo processo de reparação iniciado na metade de sua vida útil havia terminado em 2014.

Relembre o caso

O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo, em 15 de novembro de 2017, no Oceano Atlântico, ao tentar retornar para a base em Mar del Plata, após participar de um treinamento. Os destroços somente foram localizados um ano depois, a uma profundidade de 800 metros e a 500 km da costa argentina, por um navio de uma empresa americana, contratado para a busca.

Na véspera do desaparecimento do San Juan, a tripulação informou que a entrada de água na ventilação do submarino havia causado um incêndio em um dos tanques de bateria. O submarino retornou à superfície e continuou navegando. O capitão informou no dia seguinte que a situação estava sob controle e que ele estava se preparando para descer 40 metros no mar para reconectar as baterias.

Não houve mais contato entre a tripulação e a base de operações.

A Marinha argentina falhou em localizar o submarino. As operações de busca foram finalizadas e retomadas diversas vezes. Em setembro de 2018, uma nova operação foi iniciada com a contratação da empresa americana Ocean Infinity, responsável por localizar o submarino em novembro daquele ano.

Apesar do incêndio, a estrutura externa do San Juan não foi alterada. O resgate do submarino, calculado em US$ 4 bilhões, foi considerado muito elevado. O ministro da Defesa afirmou em entrevista que seria uma "loucura" desembolsar o valor. Assim, o governo argentino decidiu não içar o San Juan, impossibilitando que familiares enterrassem os restos mortais das vítimas. / AP, EFE e AFP

BUENOS AIRES - Uma comissão no Senado da Argentina que investigou as causas do afundamento do submarino ARA San Juan, em novembro de 2017, concluiu que o acidente foi fruto da ineficiência dos comandantes navais da Marinha, somado a investimento financeiro insuficiente por parte do governo.

Imagem de arquivo da Marinha da Argentina anterior ao acidente mostra o submarino ARA San Juan na superfície Foto: Marinha da Argentina/via AP

Em relatório divulgado na quinta-feira, 18, o manejamento da crise ocasionada pelo acidente foi questionado pelos congressistas. A comissão afirmou que tanto o presidente Mauricio Macri quanto o ministro da Defesa, Oscar Aguad, demonstraram um “baixo nível de envolvimento com tudo relacionado à tragédia”.

“As hipóteses de que o submarino foi atacado por um navio estrangeiro, atingido por um barco de pesca ou que estivesse realizando missões secretas foram descartadas”, afirmou a comissão, composta inclusive por congressistas alinhados a Macri. O relatório apontou limites em investimentos nos últimos anos como um fator contribuinte ao desastre, assim como “a falha para atualizar tecnologias e manter um nível mínimo de manutenção baseado em horas de uso, o que gerou deterioração” do submarino.

Segundo o texto, a Marinha argentina “tentou manter a realização de missões com investimentos cada vez mais reduzidos. Foi visto como normal operar sob condições que eram longe das ideais para as funções atribuídas”. O então comandante da Marinha, Claudio Villamide, foi acusado pelo relatório por “não procurar conselhos de pessoas tecnicamente qualificadas”.

Além disso, o texto afirma que a alta cúpula da Marinha “não transmitiu a líderes políticos informações de forma detalhada e completa”. Outro fator que pontencializou a tragédia, para a comissão, foi “a falta de determinação nos procedimentos e funções adotadas em situações de emergência na navegação”, além do “manejo inadequado da emergência durante as horas críticas pelas bases operativas”.

Assim, a equipe de congressistas propôs um “sério remanejamento” do sistema de defesa, assim como reconsiderar a inversão que é feita no “treinamento e manutenção dos meios militares”.

A comissão afirmou que o ministro da Defesa estava ciente do estado do submarino e os riscos que enfrentava ao ser utilizado para um treinamento. Após o acidente, o texto apontou que “houve falta de liderança diante da crise, assim como encobrimento das circunstâncias da tragédia de membros da família das vítimas e da opinião pública”.

Em entrevista a uma rádio, na véspera da divulgação do relatório, o ministro da Defesa reforçou os trechos da perícia que indicam falta de preparo e treinamento dos tripulantes e dos operadores na base, mas minimizou o estado de deterioração do submarino. Para Aguad, as causas do acidente “têm menos a ver com a deterioração do submarino mas sim com uma série de casualidades e a falta da transmissão intergeracional de conhecimentos”.

O governo federal não comentou as acusações feitas contra o ministro e contra Macri. Inaugurado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha em 1985, o San Juan era um dos três submarinos argentinos, cujo processo de reparação iniciado na metade de sua vida útil havia terminado em 2014.

Relembre o caso

O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo, em 15 de novembro de 2017, no Oceano Atlântico, ao tentar retornar para a base em Mar del Plata, após participar de um treinamento. Os destroços somente foram localizados um ano depois, a uma profundidade de 800 metros e a 500 km da costa argentina, por um navio de uma empresa americana, contratado para a busca.

Na véspera do desaparecimento do San Juan, a tripulação informou que a entrada de água na ventilação do submarino havia causado um incêndio em um dos tanques de bateria. O submarino retornou à superfície e continuou navegando. O capitão informou no dia seguinte que a situação estava sob controle e que ele estava se preparando para descer 40 metros no mar para reconectar as baterias.

Não houve mais contato entre a tripulação e a base de operações.

A Marinha argentina falhou em localizar o submarino. As operações de busca foram finalizadas e retomadas diversas vezes. Em setembro de 2018, uma nova operação foi iniciada com a contratação da empresa americana Ocean Infinity, responsável por localizar o submarino em novembro daquele ano.

Apesar do incêndio, a estrutura externa do San Juan não foi alterada. O resgate do submarino, calculado em US$ 4 bilhões, foi considerado muito elevado. O ministro da Defesa afirmou em entrevista que seria uma "loucura" desembolsar o valor. Assim, o governo argentino decidiu não içar o San Juan, impossibilitando que familiares enterrassem os restos mortais das vítimas. / AP, EFE e AFP

BUENOS AIRES - Uma comissão no Senado da Argentina que investigou as causas do afundamento do submarino ARA San Juan, em novembro de 2017, concluiu que o acidente foi fruto da ineficiência dos comandantes navais da Marinha, somado a investimento financeiro insuficiente por parte do governo.

Imagem de arquivo da Marinha da Argentina anterior ao acidente mostra o submarino ARA San Juan na superfície Foto: Marinha da Argentina/via AP

Em relatório divulgado na quinta-feira, 18, o manejamento da crise ocasionada pelo acidente foi questionado pelos congressistas. A comissão afirmou que tanto o presidente Mauricio Macri quanto o ministro da Defesa, Oscar Aguad, demonstraram um “baixo nível de envolvimento com tudo relacionado à tragédia”.

“As hipóteses de que o submarino foi atacado por um navio estrangeiro, atingido por um barco de pesca ou que estivesse realizando missões secretas foram descartadas”, afirmou a comissão, composta inclusive por congressistas alinhados a Macri. O relatório apontou limites em investimentos nos últimos anos como um fator contribuinte ao desastre, assim como “a falha para atualizar tecnologias e manter um nível mínimo de manutenção baseado em horas de uso, o que gerou deterioração” do submarino.

Segundo o texto, a Marinha argentina “tentou manter a realização de missões com investimentos cada vez mais reduzidos. Foi visto como normal operar sob condições que eram longe das ideais para as funções atribuídas”. O então comandante da Marinha, Claudio Villamide, foi acusado pelo relatório por “não procurar conselhos de pessoas tecnicamente qualificadas”.

Além disso, o texto afirma que a alta cúpula da Marinha “não transmitiu a líderes políticos informações de forma detalhada e completa”. Outro fator que pontencializou a tragédia, para a comissão, foi “a falta de determinação nos procedimentos e funções adotadas em situações de emergência na navegação”, além do “manejo inadequado da emergência durante as horas críticas pelas bases operativas”.

Assim, a equipe de congressistas propôs um “sério remanejamento” do sistema de defesa, assim como reconsiderar a inversão que é feita no “treinamento e manutenção dos meios militares”.

A comissão afirmou que o ministro da Defesa estava ciente do estado do submarino e os riscos que enfrentava ao ser utilizado para um treinamento. Após o acidente, o texto apontou que “houve falta de liderança diante da crise, assim como encobrimento das circunstâncias da tragédia de membros da família das vítimas e da opinião pública”.

Em entrevista a uma rádio, na véspera da divulgação do relatório, o ministro da Defesa reforçou os trechos da perícia que indicam falta de preparo e treinamento dos tripulantes e dos operadores na base, mas minimizou o estado de deterioração do submarino. Para Aguad, as causas do acidente “têm menos a ver com a deterioração do submarino mas sim com uma série de casualidades e a falta da transmissão intergeracional de conhecimentos”.

O governo federal não comentou as acusações feitas contra o ministro e contra Macri. Inaugurado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha em 1985, o San Juan era um dos três submarinos argentinos, cujo processo de reparação iniciado na metade de sua vida útil havia terminado em 2014.

Relembre o caso

O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo, em 15 de novembro de 2017, no Oceano Atlântico, ao tentar retornar para a base em Mar del Plata, após participar de um treinamento. Os destroços somente foram localizados um ano depois, a uma profundidade de 800 metros e a 500 km da costa argentina, por um navio de uma empresa americana, contratado para a busca.

Na véspera do desaparecimento do San Juan, a tripulação informou que a entrada de água na ventilação do submarino havia causado um incêndio em um dos tanques de bateria. O submarino retornou à superfície e continuou navegando. O capitão informou no dia seguinte que a situação estava sob controle e que ele estava se preparando para descer 40 metros no mar para reconectar as baterias.

Não houve mais contato entre a tripulação e a base de operações.

A Marinha argentina falhou em localizar o submarino. As operações de busca foram finalizadas e retomadas diversas vezes. Em setembro de 2018, uma nova operação foi iniciada com a contratação da empresa americana Ocean Infinity, responsável por localizar o submarino em novembro daquele ano.

Apesar do incêndio, a estrutura externa do San Juan não foi alterada. O resgate do submarino, calculado em US$ 4 bilhões, foi considerado muito elevado. O ministro da Defesa afirmou em entrevista que seria uma "loucura" desembolsar o valor. Assim, o governo argentino decidiu não içar o San Juan, impossibilitando que familiares enterrassem os restos mortais das vítimas. / AP, EFE e AFP

BUENOS AIRES - Uma comissão no Senado da Argentina que investigou as causas do afundamento do submarino ARA San Juan, em novembro de 2017, concluiu que o acidente foi fruto da ineficiência dos comandantes navais da Marinha, somado a investimento financeiro insuficiente por parte do governo.

Imagem de arquivo da Marinha da Argentina anterior ao acidente mostra o submarino ARA San Juan na superfície Foto: Marinha da Argentina/via AP

Em relatório divulgado na quinta-feira, 18, o manejamento da crise ocasionada pelo acidente foi questionado pelos congressistas. A comissão afirmou que tanto o presidente Mauricio Macri quanto o ministro da Defesa, Oscar Aguad, demonstraram um “baixo nível de envolvimento com tudo relacionado à tragédia”.

“As hipóteses de que o submarino foi atacado por um navio estrangeiro, atingido por um barco de pesca ou que estivesse realizando missões secretas foram descartadas”, afirmou a comissão, composta inclusive por congressistas alinhados a Macri. O relatório apontou limites em investimentos nos últimos anos como um fator contribuinte ao desastre, assim como “a falha para atualizar tecnologias e manter um nível mínimo de manutenção baseado em horas de uso, o que gerou deterioração” do submarino.

Segundo o texto, a Marinha argentina “tentou manter a realização de missões com investimentos cada vez mais reduzidos. Foi visto como normal operar sob condições que eram longe das ideais para as funções atribuídas”. O então comandante da Marinha, Claudio Villamide, foi acusado pelo relatório por “não procurar conselhos de pessoas tecnicamente qualificadas”.

Além disso, o texto afirma que a alta cúpula da Marinha “não transmitiu a líderes políticos informações de forma detalhada e completa”. Outro fator que pontencializou a tragédia, para a comissão, foi “a falta de determinação nos procedimentos e funções adotadas em situações de emergência na navegação”, além do “manejo inadequado da emergência durante as horas críticas pelas bases operativas”.

Assim, a equipe de congressistas propôs um “sério remanejamento” do sistema de defesa, assim como reconsiderar a inversão que é feita no “treinamento e manutenção dos meios militares”.

A comissão afirmou que o ministro da Defesa estava ciente do estado do submarino e os riscos que enfrentava ao ser utilizado para um treinamento. Após o acidente, o texto apontou que “houve falta de liderança diante da crise, assim como encobrimento das circunstâncias da tragédia de membros da família das vítimas e da opinião pública”.

Em entrevista a uma rádio, na véspera da divulgação do relatório, o ministro da Defesa reforçou os trechos da perícia que indicam falta de preparo e treinamento dos tripulantes e dos operadores na base, mas minimizou o estado de deterioração do submarino. Para Aguad, as causas do acidente “têm menos a ver com a deterioração do submarino mas sim com uma série de casualidades e a falta da transmissão intergeracional de conhecimentos”.

O governo federal não comentou as acusações feitas contra o ministro e contra Macri. Inaugurado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha em 1985, o San Juan era um dos três submarinos argentinos, cujo processo de reparação iniciado na metade de sua vida útil havia terminado em 2014.

Relembre o caso

O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo, em 15 de novembro de 2017, no Oceano Atlântico, ao tentar retornar para a base em Mar del Plata, após participar de um treinamento. Os destroços somente foram localizados um ano depois, a uma profundidade de 800 metros e a 500 km da costa argentina, por um navio de uma empresa americana, contratado para a busca.

Na véspera do desaparecimento do San Juan, a tripulação informou que a entrada de água na ventilação do submarino havia causado um incêndio em um dos tanques de bateria. O submarino retornou à superfície e continuou navegando. O capitão informou no dia seguinte que a situação estava sob controle e que ele estava se preparando para descer 40 metros no mar para reconectar as baterias.

Não houve mais contato entre a tripulação e a base de operações.

A Marinha argentina falhou em localizar o submarino. As operações de busca foram finalizadas e retomadas diversas vezes. Em setembro de 2018, uma nova operação foi iniciada com a contratação da empresa americana Ocean Infinity, responsável por localizar o submarino em novembro daquele ano.

Apesar do incêndio, a estrutura externa do San Juan não foi alterada. O resgate do submarino, calculado em US$ 4 bilhões, foi considerado muito elevado. O ministro da Defesa afirmou em entrevista que seria uma "loucura" desembolsar o valor. Assim, o governo argentino decidiu não içar o San Juan, impossibilitando que familiares enterrassem os restos mortais das vítimas. / AP, EFE e AFP

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