Um submarino da Indonésia com 53 pessoas a bordo perdeu contato com a Marinha do país enquanto realizava manobras de treinamento nas águas ao norte da ilha de Bali nesta quarta-feira, 21.
O Ministério da Defesa diz que o submarino perdeu contato após receber autorização para mergulhar. Segundo a mídia local, a Marinha acredita que a embarcação afundou em uma depressão a 700 metros de profundidade.
Hadi Tjahjanto, comandante das Forças Armadas Nacionais da Indonésia, disse à Reuters que o contato com o navio foi perdido na manhã de quarta-feira, e que navios de guerra estavam procurando águas a cerca de 100 quilômetros ao norte de Bali, uma ilha da Indonésia.
"Perdemos contato cedo, às 3h (horário local, 16h de terça-feira em Brasília)", afirmou o almirante Julius Widjojono, porta-voz da Marinha do país. "As tarefas de busca prosseguem e sabemos que a área é muito profunda". Ele afirmou que o submarino não poderia ser alcançado.
Equipes de resgate encontraram um vazamento de óleo perto do local onde a embarcação submergiu, segundo autoridades. Dois navios com capacidade de sonar foram enviados à região para ajudar nas buscas.
A Indonésia é o maior arquipélago do mundo, formado por mais de 17 mil ilhas. Bali é uma ilha e província do país, entre as ilhas de Java (a oeste) e Lombok (a leste).
O submarino KRI Nanggala-402 pesa 1.395 toneladas e foi construído na Alemanha em 1977. Ele foi incorporado à frota indonésia em 1981 e passou por uma reforma de dois anos na Coreia do Sul que foi concluída em 2012.
O analista militar Soleman Ponto disse à agência de notícias Reuters que é muito cedo para determinar o que aconteceu. "Não sabemos ainda se os equipamentos de comunicação quebraram ou se o submarino afundou. Temos que esperar pelo menos três dias".
As autoridades pediram ajuda a Índia, Singapura e Austrália, que passaram a auxiliar nas buscas.
O submarino, um dos cinco operados pelos militares indonésios, foi construído na década de 1970 e reformado em 2012, de acordo com relatos da mídia.
As vastas águas da Indonésia, em torno de um arquipélago de mais de 17.000 ilhas, abrangem mais de 4.000 quilômetros de leste a oeste e quase 2.000 de norte a sul.
ARA San Juan
Em novembro de 2017, um submarino da Argentina, o ARA San Juan, desapareceu com 44 tripulantes a bordo, em 15 de novembro de 2017, no Oceano Atlântico, ao tentar retornar para a base em Mar del Plata, após participar de um treinamento. Os destroços somente foram localizados um ano depois, a uma profundidade de 800 metros e a 500 km da costa argentina, por um navio de uma empresa americana, contratado para a busca.
Na véspera do desaparecimento do San Juan, a tripulação informou que a entrada de água na ventilação do submarino havia causado um incêndio em um dos tanques de bateria. O submarino retornou à superfície e continuou navegando. O capitão informou no dia seguinte que a situação estava sob controle e que ele estava se preparando para descer 40 metros no mar para reconectar as baterias.
Não houve mais contato entre a tripulação e a base de operações. A Marinha argentina falhou em localizar o submarino. As operações de busca foram finalizadas e retomadas diversas vezes. Em setembro de 2018, uma nova operação foi iniciada com a contratação da empresa americana Ocean Infinity, responsável por localizar o submarino em novembro daquele ano.
Apesar do incêndio, a estrutura externa do San Juan não foi alterada. O resgate do submarino, calculado em US$ 4 bilhões, foi considerado muito elevado. O ministro da Defesa afirmou em entrevista que seria uma "loucura" desembolsar o valor. Assim, o governo argentino decidiu não içar o San Juan, impossibilitando que familiares enterrassem os restos mortais das vítimas.
Kursk
Em 12 de agosto de 2000 a explosão acidental de um torpedo provocou o naufrágio do submarino nuclear "Kursk", considerado uma joia da frota russa. O destino dos 118 homens presos a 108 metros de profundidade no mar de Barents manteve a nação em suspense até o fim trágico, nove dias depois, da maior catástrofe sofrida pela Marinha do país desde o fim da União Soviética.
Na manhã daquele sábado, o gigantesco submarino "Kursk" de 154 metros de comprimento participava nos exercícios em grande escala da Frota do Norte, na fronteira entre Rússia e Noruega.
Às 11H28 (4H28 de Brasília) os sismógrafos noruegueses registraram uma violenta explosão, seguida, 10 minutos depois, de uma segunda detonação mais forte.
O submarino foi localizado na manhã de domingo pela Marinha russa. A conexão de rádio com a tripulação estava cortada. Apenas o SOS que um tripulante lança por meio de golpes no casco foi capturado.
No fim da tarde, um primeiro submarino de resgate foi acionado, mas bateu contra os destroços do "Kursk" e precisou subir rapidamente à superfície.
"Problemas técnicos": com estas palavras a Marinha russa anunciou publicamente o acidente do "Kursk" dois dias mais tarde, em 14 de agosto. Segundo o comandante da Marinha, uma "explosão no primeiro compartimento de torpedos" danificou o submarino, obrigando a embarcação a descer a uma zona internacional, 150 km ao norte do porto russo de Severomorsk. A Marinha trabalhou com a hipótese de um choque com um navio estrangeiro.
Os militares afirmaram que o reator do submarino estava paralisado e sob controle, e os 24 mísseis a bordo não representavam nenhum perigo de explosão nuclear. Finalmente nenhum vazamento radioativo foi registrado. De acordo com a Marinha, a tripulação tinha oxigênio suficiente para resistir até 18 de agosto.
Apesar do temor pelos marinheiros, os russos rejeitaram as ofertas de ajuda de britânicos, noruegueses e americanos. Equipados com ferramentas obsoletas ou inadequadas, os russos continuaram sozinhos as operações de resgate em plena tempestade, acumulando fracassos.