WASHINGTON - Um tribunal de apelação dos EUA negou nesta quarta-feira, 28, o pedido de Donald Trump para suspender a multa de US$ 454 milhões (R$ 2,25 bilhões) imposta pela Justiça por fraude em sua empresa. O ex-presidente terá de depositar o valor total e admitiu que talvez precise vender algumas propriedades para pagar a conta.
Em sua decisão de ontem, a juíza Anil Singh, no entanto, permitiu que Trump obtenha empréstimos de bancos registrados no Estado de Nova York, o que havia sido proibido na sentença condenatória anunciada no dia 16 de fevereiro – o veto colocaria o magnata de fora do sistema financeiro americano, já que praticamente todos os bancos do mundo operam no Estado.
Trump foi condenado por inflar seu patrimônio líquido em US$ 2 bilhões para obter empréstimos favoráveis. O juiz Arthur Engoron concluiu que o ex-presidente fraudou seus credores e, além da multa e do veto aos empréstimos, baniu Trump e seus filhos adultos de administrar sua empresa por dois anos.
Especialistas afirmam que, para evitar que as sentenças sejam executadas em meio às apelações, Trump deve depositar o valor total em dinheiro ou títulos até o dia 25. Como grande parte de sua fortuna está ligada ao setor imobiliário, é possível que ele tenha de vender algum patrimônio, segundo a própria defesa do ex-presidente.
“O valor exorbitante e punitivo da sentença, juntamente com uma proibição ilegal e inconstitucional de empréstimo, torna impossível o pagamento total”, disseram os advogados de Trump durante a apelação.
De acordo com a lei estadual, Trump teria de pagar ainda 9% de juros até que todos os recursos sejam julgados, o que significa que a conta total pode ultrapassar os US$ 500 milhões – apenas no caso de fraude em Nova York.
Em caso de calote, a procuradora Letitia James pode confiscar as contas bancárias e assumir o controle de suas propriedades em Nova York. Em sua petição, ela pediu ao tribunal de apelações que negasse a suspensão do pagamento. “Eles praticamente admitiram que Trump não tem liquidez para cumprir a sentença”, afirmou.
A multa milionária, no entanto, não é a única dívida de Trump. O ex-presidente também foi considerado culpado no caso de abuso sexual e difamação da jornalista E. Jean Carroll, o que lhe rendeu uma condenação de US$ 83 milhões. No domingo, os advogados de Trump pediram, mas o juiz Lewis Kaplan negou um adiamento de 30 dias no pagamento da indenização.
De acordo com reportagem da MSNBC, o ex-presidente também tem uma dívida com os seus próprios advogados que ultrapassa US$ 55 milhões. No total, Trump precisaria arranjar recursos para pagar mais de US$ 600 milhões em dívidas (quase R$ 3 bilhões).
Visto que Trump não tem todo esse dinheiro em cash, o ex-presidente pode agora usar suas propriedades como garantia para obter empréstimos bancários, o que incluiria a Trump Tower, na Quinta Avenida, o edifício 40 Wall Street, sua mansão em Mar-a-Lago e vários campos de golfe nos EUA. /NYT