Como Taiwan deve usar o exemplo da Ucrânia para readequar seu arsenal militar contra a China


Com orçamento de defesa ínfimo em comparação ao de Pequim, Taipé tenta adequar arsenal para suas necessidades de defesa e transformar o país em uma fortaleza

Por Redação
Atualização:

O cerco da China a Taiwan por meio de exercícios militares, que observadores internacionais temem evoluir para um bloqueio real da ilha, reacendeu o debate sobre a capacidade do país insular asiático se defender de uma invasão em larga-escala de Pequim. Com uma força bélica e um investimento em defesa largamente inferiores aos dos chineses, líderes políticos e militares de Taipé discutem o melhor caminho para transformar o país em uma fortaleza contra potenciais agressores - mas esbarram em questões práticas como definir quais armamentos priorizar em seu arsenal e a disponibilidade de fornecedores capazes de fazer entregas imediatas em meio à guerra na Ucrânia.

No meio militar, Taiwan atraiu a atenção nos últimos anos pelo acordo fechado com os Estados Unidos, ainda no governo de Donald Trump, para a compra de 66 caças F-16 - maior compra de materiais bélicos pelo governo autônomo da ilha em anos. No entanto, estrategistas militares apontam que a compra de equipamentos caros - o pacote de jatos custou aproximadamente US$ 8 bilhões na época (R$ 41,8 bilhões no câmbio atual, sem correção) - em um país com orçamento limitado pode não ser a melhor estratégia.

Uma linha de estrategistas militares americanos defende que os investimentos militares de Taiwan deveriam priorizar uma série armamentos defensivos e de menor valor, como mísseis de cruzeiro móveis para defesa costeira, minas navais, pequenas embarcações de ataque rápido e artilharia móvel - muitos dos quais tem desempenhado um papel vital na resistência ucraniana à invasão russo.

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Militares de Taiwan participam de exercício militar com veículo anfíbio em Pingtung. Foto: Ann Wang/ REUTERS - 28/07/2022

O debate, iniciado há anos, chegou aos ouvidos da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que demonstrou apoio à chamada estratégia “assimétrica”. Ing-wen incluiu nos gastos de defesa a compra de muitas das armas pequenas e móveis que as autoridades dos EUA recomendaram, como mísseis Harpoon - que atualmente também estão sendo utilizados na Ucrânia.

Durante o processo, no entanto, alguns oficiais militares mostraram resistência à mudança de foco, argumentando que alguns sistemas de armas convencionais ainda são necessários para se preparar para diferentes cenários. A visão mudou um pouco nos últimos meses, à medida que o conflito no continente europeu entre Moscou e Kiev parece ter difundido o entendimento de como deve ser planejada a estratégia de defesa contra uma força militar superior.

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A guerra na Ucrânia, por outro lado, pode potencialmente dificultar o caminho de Taiwan a um arsenal mais adaptado às suas preocupações militares. O conflito no Leste Europeu esgotou estoques e comprometeu a produção e a capacidade de entrega de alguns dos principais fabricantes de armas ocidentais - o que significa que o país pode ter que esperar anos para adquirir alguns materiais bélicos específicos.

Diferença bilionária

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A dificuldade de montar uma estratégia defensiva eficaz em Taiwan também passa por um aspecto importante: poder de compra. Enquanto a ilha a sul da China gasta aproximadamente US$ 17 bilhões por ano (R$ 89,4 bilhões) com Defesa, Pequim tem um orçamento estimado em US$ 230 bilhões (R$ 1,209 trilhão), uma verba 13,5 vezes maior.

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A disparidade no orçamento anual se reflete no arsenal disponível no momento. Dados da Global Firepower, que anualmente ranqueia o poderio bélico-militar dos países, apontam que o Exército de Libertação Popular da China tem 2 milhões de militares na ativa, contra apenas 170 mil de Taiwan.

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Pequim também possui 2.544 aeronaves militares a mais que Taipé (incluindo 912 caças a mais), mais de 7 mil peças de artilharia a mais (sem contar os tanques de guerra) e um poder naval com 777 embarcações, incluindo dois porta-aviões, contra 117 equipamentos navais taiwaneses, que não dispõem de porta-aviões e apenas quatro submarinos (contra 79 da China)./ com informações do NYT

O cerco da China a Taiwan por meio de exercícios militares, que observadores internacionais temem evoluir para um bloqueio real da ilha, reacendeu o debate sobre a capacidade do país insular asiático se defender de uma invasão em larga-escala de Pequim. Com uma força bélica e um investimento em defesa largamente inferiores aos dos chineses, líderes políticos e militares de Taipé discutem o melhor caminho para transformar o país em uma fortaleza contra potenciais agressores - mas esbarram em questões práticas como definir quais armamentos priorizar em seu arsenal e a disponibilidade de fornecedores capazes de fazer entregas imediatas em meio à guerra na Ucrânia.

No meio militar, Taiwan atraiu a atenção nos últimos anos pelo acordo fechado com os Estados Unidos, ainda no governo de Donald Trump, para a compra de 66 caças F-16 - maior compra de materiais bélicos pelo governo autônomo da ilha em anos. No entanto, estrategistas militares apontam que a compra de equipamentos caros - o pacote de jatos custou aproximadamente US$ 8 bilhões na época (R$ 41,8 bilhões no câmbio atual, sem correção) - em um país com orçamento limitado pode não ser a melhor estratégia.

Uma linha de estrategistas militares americanos defende que os investimentos militares de Taiwan deveriam priorizar uma série armamentos defensivos e de menor valor, como mísseis de cruzeiro móveis para defesa costeira, minas navais, pequenas embarcações de ataque rápido e artilharia móvel - muitos dos quais tem desempenhado um papel vital na resistência ucraniana à invasão russo.

Militares de Taiwan participam de exercício militar com veículo anfíbio em Pingtung. Foto: Ann Wang/ REUTERS - 28/07/2022

O debate, iniciado há anos, chegou aos ouvidos da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que demonstrou apoio à chamada estratégia “assimétrica”. Ing-wen incluiu nos gastos de defesa a compra de muitas das armas pequenas e móveis que as autoridades dos EUA recomendaram, como mísseis Harpoon - que atualmente também estão sendo utilizados na Ucrânia.

Durante o processo, no entanto, alguns oficiais militares mostraram resistência à mudança de foco, argumentando que alguns sistemas de armas convencionais ainda são necessários para se preparar para diferentes cenários. A visão mudou um pouco nos últimos meses, à medida que o conflito no continente europeu entre Moscou e Kiev parece ter difundido o entendimento de como deve ser planejada a estratégia de defesa contra uma força militar superior.

A guerra na Ucrânia, por outro lado, pode potencialmente dificultar o caminho de Taiwan a um arsenal mais adaptado às suas preocupações militares. O conflito no Leste Europeu esgotou estoques e comprometeu a produção e a capacidade de entrega de alguns dos principais fabricantes de armas ocidentais - o que significa que o país pode ter que esperar anos para adquirir alguns materiais bélicos específicos.

Diferença bilionária

A dificuldade de montar uma estratégia defensiva eficaz em Taiwan também passa por um aspecto importante: poder de compra. Enquanto a ilha a sul da China gasta aproximadamente US$ 17 bilhões por ano (R$ 89,4 bilhões) com Defesa, Pequim tem um orçamento estimado em US$ 230 bilhões (R$ 1,209 trilhão), uma verba 13,5 vezes maior.

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A disparidade no orçamento anual se reflete no arsenal disponível no momento. Dados da Global Firepower, que anualmente ranqueia o poderio bélico-militar dos países, apontam que o Exército de Libertação Popular da China tem 2 milhões de militares na ativa, contra apenas 170 mil de Taiwan.

Pequim também possui 2.544 aeronaves militares a mais que Taipé (incluindo 912 caças a mais), mais de 7 mil peças de artilharia a mais (sem contar os tanques de guerra) e um poder naval com 777 embarcações, incluindo dois porta-aviões, contra 117 equipamentos navais taiwaneses, que não dispõem de porta-aviões e apenas quatro submarinos (contra 79 da China)./ com informações do NYT

O cerco da China a Taiwan por meio de exercícios militares, que observadores internacionais temem evoluir para um bloqueio real da ilha, reacendeu o debate sobre a capacidade do país insular asiático se defender de uma invasão em larga-escala de Pequim. Com uma força bélica e um investimento em defesa largamente inferiores aos dos chineses, líderes políticos e militares de Taipé discutem o melhor caminho para transformar o país em uma fortaleza contra potenciais agressores - mas esbarram em questões práticas como definir quais armamentos priorizar em seu arsenal e a disponibilidade de fornecedores capazes de fazer entregas imediatas em meio à guerra na Ucrânia.

No meio militar, Taiwan atraiu a atenção nos últimos anos pelo acordo fechado com os Estados Unidos, ainda no governo de Donald Trump, para a compra de 66 caças F-16 - maior compra de materiais bélicos pelo governo autônomo da ilha em anos. No entanto, estrategistas militares apontam que a compra de equipamentos caros - o pacote de jatos custou aproximadamente US$ 8 bilhões na época (R$ 41,8 bilhões no câmbio atual, sem correção) - em um país com orçamento limitado pode não ser a melhor estratégia.

Uma linha de estrategistas militares americanos defende que os investimentos militares de Taiwan deveriam priorizar uma série armamentos defensivos e de menor valor, como mísseis de cruzeiro móveis para defesa costeira, minas navais, pequenas embarcações de ataque rápido e artilharia móvel - muitos dos quais tem desempenhado um papel vital na resistência ucraniana à invasão russo.

Militares de Taiwan participam de exercício militar com veículo anfíbio em Pingtung. Foto: Ann Wang/ REUTERS - 28/07/2022

O debate, iniciado há anos, chegou aos ouvidos da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que demonstrou apoio à chamada estratégia “assimétrica”. Ing-wen incluiu nos gastos de defesa a compra de muitas das armas pequenas e móveis que as autoridades dos EUA recomendaram, como mísseis Harpoon - que atualmente também estão sendo utilizados na Ucrânia.

Durante o processo, no entanto, alguns oficiais militares mostraram resistência à mudança de foco, argumentando que alguns sistemas de armas convencionais ainda são necessários para se preparar para diferentes cenários. A visão mudou um pouco nos últimos meses, à medida que o conflito no continente europeu entre Moscou e Kiev parece ter difundido o entendimento de como deve ser planejada a estratégia de defesa contra uma força militar superior.

A guerra na Ucrânia, por outro lado, pode potencialmente dificultar o caminho de Taiwan a um arsenal mais adaptado às suas preocupações militares. O conflito no Leste Europeu esgotou estoques e comprometeu a produção e a capacidade de entrega de alguns dos principais fabricantes de armas ocidentais - o que significa que o país pode ter que esperar anos para adquirir alguns materiais bélicos específicos.

Diferença bilionária

A dificuldade de montar uma estratégia defensiva eficaz em Taiwan também passa por um aspecto importante: poder de compra. Enquanto a ilha a sul da China gasta aproximadamente US$ 17 bilhões por ano (R$ 89,4 bilhões) com Defesa, Pequim tem um orçamento estimado em US$ 230 bilhões (R$ 1,209 trilhão), uma verba 13,5 vezes maior.

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A disparidade no orçamento anual se reflete no arsenal disponível no momento. Dados da Global Firepower, que anualmente ranqueia o poderio bélico-militar dos países, apontam que o Exército de Libertação Popular da China tem 2 milhões de militares na ativa, contra apenas 170 mil de Taiwan.

Pequim também possui 2.544 aeronaves militares a mais que Taipé (incluindo 912 caças a mais), mais de 7 mil peças de artilharia a mais (sem contar os tanques de guerra) e um poder naval com 777 embarcações, incluindo dois porta-aviões, contra 117 equipamentos navais taiwaneses, que não dispõem de porta-aviões e apenas quatro submarinos (contra 79 da China)./ com informações do NYT

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