Após o aumento da tensão com ataques do grupo terrorista Hezbollah na fronteira com o Líbano, Israel decidiu expandir o plano de remoção de civis da região, afirmaram autoridades do país neste domingo, 22. Mais de 14 vilarejos próximos à fronteira serão realocados em uma operação financiada pelo governo.
A escalada de confrontos na parte norte de Israel com o Líbano, juntamente com ataques na Síria e na Cisjordânia ocupada por Israel, intensificou os temores de um conflito regional cada vez maior. As forças armadas israelenses disseram no domingo que estavam enfrentando os crescentes ataques do Hezbollah, grupo terrorista apoiado pelo Irã que controla o sul do Líbano. O confronto já resultou em baixas civis e militares.
Essa é a segunda ordem de retirada de civis da região depois que a luta entre Israel e o Hezbollah se intensificou. Na sexta-feira, 20, a cidade israelense de Kiryat Shemona recebeu a orientação do Ministro da Defesa, Yoav Gallant, para deixar o local. Cerca de 25 mil pessoas residem na região. Um dia antes da ordem, na quinta, 19, o Hezbollah reivindicou a responsabilidade pelo lançamento de mísseis antitanque e vários ataques a alvos militares israelenses.
Em meio a preocupações de que o conflito poderia se alastrar, o Pentágono disse no final do sábado, 21, que estava enviando antimísseis e batalhões do sistema de defesa aérea terrestre para o Oriente Médio após “recentes escaladas do Irã e de suas forças substitutas”.
O secretário de Estado, Antony J. Blinken, disse que o governo Biden acredita que há “uma probabilidade de escalada por representantes iranianos dirigidos contra nossas forças, dirigidos contra nosso pessoal” nos próximos dias. “Estamos tomando medidas para garantir que possamos defender efetivamente nosso povo”, disse ele no programa “Meet the Press” do canal americano NBC.
A violência também tem aumentado na Cisjordânia ocupada por Israel. O exército israelense realizou um raro ataque aéreo durante a noite contra o que descreveu como um “complexo terrorista” subterrâneo sob uma mesquita na cidade de Jenin. Duas pessoas foram mortas, de acordo com autoridades de saúde palestinas.
O exército israelense continuou a bombardear Gaza com ataques aéreos punitivos, enquanto grupos terroristas armados disparavam foguetes em direção a Israel no domingo. As autoridades israelenses disseram que um homem ficou ferido em um ataque que deixou fragmentos de foguetes em vários locais da cidade de Netivot, a poucos quilômetros da fronteira com Gaza.
Embora o momento de uma invasão terrestre israelense em Gaza permaneça incerto, os comandantes de alto escalão têm feito cada vez mais referências públicas a esses preparativos em meio a perguntas sobre quando uma operação poderá ser lançada. O comandante das forças terrestres de Israel, major-general Tamir Yedai, tem se reunido nos últimos dias com soldados em treinamento para “manobras terrestres”, de acordo com uma declaração emitida pelas forças armadas de Israel.
Os militares israelenses também reiteraram a orientação para que as pessoas que vivem na cidade de Gaza e nos arredores se mudem para a parte sul do território, à medida que a crise humanitária se agrava. Mas muitas pessoas disseram que fazer isso não era uma opção devido ao custo - e que não havia garantia de segurança.
Grupos de ajuda humanitária e a Organização das Nações Unidas (ONU) continuaram a alertar que a primeira remessa de ajuda que chegou a Gaza no sábado - um comboio de 20 caminhões transportando alimentos, água e medicamentos - era apenas uma fração do que era necessário. No domingo, outros dezessete caminhões com suprimentos atravessaram a passagem de Rafah, no Egito, em direção à região, e outras centenas esperam no Egito para entrar na Faixa de Gaza.
O bombardeio de Israel em Gaza continuou “quase inabalável”, enquanto os grupos armados continuaram com seus “disparos indiscriminados de foguetes” em direção a Israel, disse a ONU. O número de mortos em Gaza aumentou para pelo menos 4.385, enquanto os feridos somam mais de 13.500, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo grupo terrorista Hamas. Do lado israelense, as mortes permaneceram em 1.400, mas os feridos aumentaram para quase 5.000, afirmou a ONU.
Os militares israelenses disseram que um de seus tanques atingiu acidentalmente um posto egípcio perto da passagem de fronteira entre os dois países em Kerem Shalom. Os militares expressaram “pesar” e disseram que o episódio estava sendo investigado. As forças armadas do Egito disseram que houve ferimentos leves, mas descreveram o ocorrido como um acidente./COM NYT