Tentativa de Putin de afastar Otan da fronteira russa fez presença militar crescer no Leste europeu


Integração inédita de aviões de guerra americanos a programa de patrulhamento da Otan na Estônia em meio à crise na Ucrânia demonstra aproximação dos aliados - o oposto do que a Rússia pretendia com suas demandas

Por Liz Sly

BASE AÉREA DE AMARI, Estônia - Com motores rugindo e riscando o céu nevado de laranja, dois caças F-15 dos EUA voaram no ar gelado acima desta antiga base aérea soviética de Amari, na Estônia, nesta terça-feira, 1º. Os caças - primeiros aviões de guerra americanos a integrarem a missão da Otan no país - se tornaram parte do esforço para reforçar o flanco leste em meio ao aumento da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia.

Os jatos dos EUA fazem parte de um contingente de seis aviões F-15 Strike Eagle que chegaram à Estônia na semana passada, vindos de uma base no Reino Unido, inicialmente para participar de um exercício programado da Otan. Agora, os aviões permanecerão indefinidamente, disse o tenente-coronel Taylor Gifford, diretor de operações do 336º Esquadrão de Caça, para reforçar a pequena missão de patrulhamento aéreo do Báltico, na única porção do espaço aéreo da Otan que faz fronteira direta com a Rússia.

O papel imediato dos caças será complementar aos quatro F-16 belgas que já estavam policiando o espaço aéreo do Báltico ao lado da força aérea da Estônia. Mas a presença inédita dos jatos americanos na missão estoniana assume um significado adicional no momento em que o presidente Vladimir Putin deixou claro que o objetivo final da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia é afastar a Otan de suas fronteiras.

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Caça F-15 americano sobrevoa Base Aérea Amari, na Estônia; pela primeira vez, aviões de combate americano integram missão no Leste europeu. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

As exigências de Putin para desmantelar efetivamente a Otan em seu formato atual como condição para a desescalada parecem ter tido o efeito oposto. No ultimato de 17 de dezembro apresentado pelo Kremlin aos Estados Unidos, a Rússia disse que queria compromissos de que a Otan retiraria tropas dos países que aderiram à aliança depois de 1997 - ou seja, toda a Europa Oriental - e que a Otan concordasse em não admitir mais membros, incluindo a Ucrânia.

Em vez disso, a aliança se uniu para defender sua missão e seus princípios, apesar da divisão interna por interesses particulares de alguns países em relação à Rússia. A resposta coletiva do grupo à ameaça contra a Ucrânia foi o envio de reforços para a área que Putin quer que eles desocupem.

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Além dos aviões de guerra dos EUA na Estônia, caças dinamarqueses F-16 estão sendo enviados para reforçar a missão de policiamento aéreo do Báltico na vizinha Lituânia. A Dinamarca também está enviando uma fragata para o Mar Báltico.

O Reino Unido disse que dobrará o número de tropas terrestres servindo com a Otan na Estônia, e o presidente Joe Biden disse que preparou 8.500 soldados dos EUA para serem enviados a curto prazo para se juntar às forças da Otan na Europa. A Holanda está enviando caças F-35 para a Bulgária e a Espanha está enviando navios de guerra adicionais, todos destinados a fortalecer a presença militar da Otan na Europa Oriental.

“O objetivo de Putin era ter menos Otan perto de suas fronteiras e ele produziu exatamente o oposto - ele está recebendo mais Otan em suas fronteiras”, disse Lauren Speranza, diretora de Defesa e Segurança Transatlântica do Centro de Análise de Políticas Europeias.

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Com escalada bélica no entorno da Ucrânia, Rússia fez aliados da Otan voltarem a se mobilizar na Europa, apontam analistas. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

Para a aliança militar, o momento trouxe um "rejuvenescimento" após décadas de deriva. Nos anos após o colapso da União Soviética, as tropas da Otan se afastaram de seu teatro de operações original na Europa, embarcando em missões para treinar forças locais no Iraque e no Afeganistão, combater a pirataria na Somália e escoltar ajuda alimentar através do Golfo de Aden.

Mais recentemente, a aliança vem discutindo se deveria se engajar no combate à expansão da China, ou talvez se envolver no combate às mudanças climáticas, tudo em um esforço para permanecer relevante no mundo pós-soviético.

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Mas diante do desafio de Putin, a aliança da Otan foi lembrada do motivo pelo qual foi criada em primeiro lugar - para defender a Europa.

“A última tensão trouxe a Otan de volta ao básico”, disse Speranza. “É um lembrete para os Estados Unidos e outros países-membros de que a Rússia ainda é uma ameaça e ainda precisamos pensar em termos de tanques no campo de batalha.”

A resposta da Otan surpreendeu e agradou os membros mais orientais e vulneráveis da aliança, como os países bálticos, que há muito pedem que suas próprias defesas sejam reforçadas.

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“Os aliados da Otan se uniram e têm sido muito fortes em sua mensagem”, disse a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, em entrevista em seu escritório na capital Tallinn. “Vemos que estamos realmente mais fortes do que éramos antes.”

"Esta também é uma surpresa muito negativa para Putin", acrescentou. “Que as vozes tenham sido tão unidas.”

Kallas, entre muitos analistas e autoridades que tentam discernir o pensamento de Putin, acredita que Putin esperava poder explorar as divisões tanto entre aliados ocidentais quanto dentro de países ocidentais para fazer uma jogada pela Ucrânia sem encontrar consequências significativas.

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A primeira-ministra da Estonia, Kaja Kallas. Foto: REUTERS/Ints Kalnins (04/04/2019)

A retirada abrupta e caótica dos EUA do Afeganistão e os desafios que Biden enfrenta em sua agenda doméstica podem sugerir que ele não estaria disposto a se envolver em qualquer nova agitação estrangeira. O governo britânico está se recuperando de sucessivos escândalos. A França está caminhando para uma eleição presidencial. A liderança da Alemanha na Europa caiu com a saída de Angela Merkel e a instalação de um novo e inexperiente governo de coalizão que está dividido em questões de política externa.

Biden foi criticado por não consultar os aliados sobre a retirada do Afeganistão, deixando muitos países europeus lutando para retirar seus cidadãos e funcionários afegãos às pressas. Mas ele fez “um grande esforço” para incluir aliados nas conversas sobre como responder à crise na Ucrânia, disse Kallas.

E embora tenham surgido divisões dentro da União Europeia - principalmente sobre até onde ir com possíveis sanções à Rússia e se e como enviar armas para a Ucrânia - essas divisões não afetaram a resposta ocidental geral, disse ela.

“Acho que Putin viu uma janela de oportunidade para dividir a Otan e a UE ainda mais, mas não aconteceu”, disse Kallas. “Eu realmente não colocaria ênfase nessas pequenas divergências sobre táticas que diferentes países têm. Concentre-se no quadro maior, que mantivemos a linha da Otan.”

Os reforços da aliança são pequenos em número, e os países bálticos, como a Estônia, gostariam de ver mais. Kallas disse que seu governo está engajado em negociações em andamento com o grupo sobre forças adicionais.

Nos últimos anos, os desdobramentos militares da Rússia nas fronteiras dos países bálticos tornaram-se tão grandes que “a quantidade de tropas que a Otan tem aqui é apenas para dissuasão”, disse Indrek Kannik, diretor do Centro Internacional de Defesa e Segurança da Estônia. “Essas tropas não são capazes de impedir uma invasão russa em larga escala.”

Mas está surgindo um padrão, observou Kannik, no qual as ameaças russas à Ucrânia aproximam a Otan das fronteiras da Rússia. Os três Estados bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - são os únicos membros da OTAN que fazem fronteira direta com a Rússia, além da Noruega, mas não tinham tropas estrangeiras da Otan implantadas em seu solo até 2014, quando Putin ordenou que as forças russas atacassem primeiro a Ucrânia.

Agora, ainda mais tropas da estão aparecendo. “Se você força demais, o outro lado fica mais forte”, disse ele. “Acho que ele considera o Ocidente mais fraco do que nós somos.”

BASE AÉREA DE AMARI, Estônia - Com motores rugindo e riscando o céu nevado de laranja, dois caças F-15 dos EUA voaram no ar gelado acima desta antiga base aérea soviética de Amari, na Estônia, nesta terça-feira, 1º. Os caças - primeiros aviões de guerra americanos a integrarem a missão da Otan no país - se tornaram parte do esforço para reforçar o flanco leste em meio ao aumento da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia.

Os jatos dos EUA fazem parte de um contingente de seis aviões F-15 Strike Eagle que chegaram à Estônia na semana passada, vindos de uma base no Reino Unido, inicialmente para participar de um exercício programado da Otan. Agora, os aviões permanecerão indefinidamente, disse o tenente-coronel Taylor Gifford, diretor de operações do 336º Esquadrão de Caça, para reforçar a pequena missão de patrulhamento aéreo do Báltico, na única porção do espaço aéreo da Otan que faz fronteira direta com a Rússia.

O papel imediato dos caças será complementar aos quatro F-16 belgas que já estavam policiando o espaço aéreo do Báltico ao lado da força aérea da Estônia. Mas a presença inédita dos jatos americanos na missão estoniana assume um significado adicional no momento em que o presidente Vladimir Putin deixou claro que o objetivo final da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia é afastar a Otan de suas fronteiras.

Caça F-15 americano sobrevoa Base Aérea Amari, na Estônia; pela primeira vez, aviões de combate americano integram missão no Leste europeu. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

As exigências de Putin para desmantelar efetivamente a Otan em seu formato atual como condição para a desescalada parecem ter tido o efeito oposto. No ultimato de 17 de dezembro apresentado pelo Kremlin aos Estados Unidos, a Rússia disse que queria compromissos de que a Otan retiraria tropas dos países que aderiram à aliança depois de 1997 - ou seja, toda a Europa Oriental - e que a Otan concordasse em não admitir mais membros, incluindo a Ucrânia.

Em vez disso, a aliança se uniu para defender sua missão e seus princípios, apesar da divisão interna por interesses particulares de alguns países em relação à Rússia. A resposta coletiva do grupo à ameaça contra a Ucrânia foi o envio de reforços para a área que Putin quer que eles desocupem.

Além dos aviões de guerra dos EUA na Estônia, caças dinamarqueses F-16 estão sendo enviados para reforçar a missão de policiamento aéreo do Báltico na vizinha Lituânia. A Dinamarca também está enviando uma fragata para o Mar Báltico.

O Reino Unido disse que dobrará o número de tropas terrestres servindo com a Otan na Estônia, e o presidente Joe Biden disse que preparou 8.500 soldados dos EUA para serem enviados a curto prazo para se juntar às forças da Otan na Europa. A Holanda está enviando caças F-35 para a Bulgária e a Espanha está enviando navios de guerra adicionais, todos destinados a fortalecer a presença militar da Otan na Europa Oriental.

“O objetivo de Putin era ter menos Otan perto de suas fronteiras e ele produziu exatamente o oposto - ele está recebendo mais Otan em suas fronteiras”, disse Lauren Speranza, diretora de Defesa e Segurança Transatlântica do Centro de Análise de Políticas Europeias.

Com escalada bélica no entorno da Ucrânia, Rússia fez aliados da Otan voltarem a se mobilizar na Europa, apontam analistas. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

Para a aliança militar, o momento trouxe um "rejuvenescimento" após décadas de deriva. Nos anos após o colapso da União Soviética, as tropas da Otan se afastaram de seu teatro de operações original na Europa, embarcando em missões para treinar forças locais no Iraque e no Afeganistão, combater a pirataria na Somália e escoltar ajuda alimentar através do Golfo de Aden.

Mais recentemente, a aliança vem discutindo se deveria se engajar no combate à expansão da China, ou talvez se envolver no combate às mudanças climáticas, tudo em um esforço para permanecer relevante no mundo pós-soviético.

Mas diante do desafio de Putin, a aliança da Otan foi lembrada do motivo pelo qual foi criada em primeiro lugar - para defender a Europa.

“A última tensão trouxe a Otan de volta ao básico”, disse Speranza. “É um lembrete para os Estados Unidos e outros países-membros de que a Rússia ainda é uma ameaça e ainda precisamos pensar em termos de tanques no campo de batalha.”

A resposta da Otan surpreendeu e agradou os membros mais orientais e vulneráveis da aliança, como os países bálticos, que há muito pedem que suas próprias defesas sejam reforçadas.

“Os aliados da Otan se uniram e têm sido muito fortes em sua mensagem”, disse a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, em entrevista em seu escritório na capital Tallinn. “Vemos que estamos realmente mais fortes do que éramos antes.”

"Esta também é uma surpresa muito negativa para Putin", acrescentou. “Que as vozes tenham sido tão unidas.”

Kallas, entre muitos analistas e autoridades que tentam discernir o pensamento de Putin, acredita que Putin esperava poder explorar as divisões tanto entre aliados ocidentais quanto dentro de países ocidentais para fazer uma jogada pela Ucrânia sem encontrar consequências significativas.

A primeira-ministra da Estonia, Kaja Kallas. Foto: REUTERS/Ints Kalnins (04/04/2019)

A retirada abrupta e caótica dos EUA do Afeganistão e os desafios que Biden enfrenta em sua agenda doméstica podem sugerir que ele não estaria disposto a se envolver em qualquer nova agitação estrangeira. O governo britânico está se recuperando de sucessivos escândalos. A França está caminhando para uma eleição presidencial. A liderança da Alemanha na Europa caiu com a saída de Angela Merkel e a instalação de um novo e inexperiente governo de coalizão que está dividido em questões de política externa.

Biden foi criticado por não consultar os aliados sobre a retirada do Afeganistão, deixando muitos países europeus lutando para retirar seus cidadãos e funcionários afegãos às pressas. Mas ele fez “um grande esforço” para incluir aliados nas conversas sobre como responder à crise na Ucrânia, disse Kallas.

E embora tenham surgido divisões dentro da União Europeia - principalmente sobre até onde ir com possíveis sanções à Rússia e se e como enviar armas para a Ucrânia - essas divisões não afetaram a resposta ocidental geral, disse ela.

“Acho que Putin viu uma janela de oportunidade para dividir a Otan e a UE ainda mais, mas não aconteceu”, disse Kallas. “Eu realmente não colocaria ênfase nessas pequenas divergências sobre táticas que diferentes países têm. Concentre-se no quadro maior, que mantivemos a linha da Otan.”

Os reforços da aliança são pequenos em número, e os países bálticos, como a Estônia, gostariam de ver mais. Kallas disse que seu governo está engajado em negociações em andamento com o grupo sobre forças adicionais.

Nos últimos anos, os desdobramentos militares da Rússia nas fronteiras dos países bálticos tornaram-se tão grandes que “a quantidade de tropas que a Otan tem aqui é apenas para dissuasão”, disse Indrek Kannik, diretor do Centro Internacional de Defesa e Segurança da Estônia. “Essas tropas não são capazes de impedir uma invasão russa em larga escala.”

Mas está surgindo um padrão, observou Kannik, no qual as ameaças russas à Ucrânia aproximam a Otan das fronteiras da Rússia. Os três Estados bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - são os únicos membros da OTAN que fazem fronteira direta com a Rússia, além da Noruega, mas não tinham tropas estrangeiras da Otan implantadas em seu solo até 2014, quando Putin ordenou que as forças russas atacassem primeiro a Ucrânia.

Agora, ainda mais tropas da estão aparecendo. “Se você força demais, o outro lado fica mais forte”, disse ele. “Acho que ele considera o Ocidente mais fraco do que nós somos.”

BASE AÉREA DE AMARI, Estônia - Com motores rugindo e riscando o céu nevado de laranja, dois caças F-15 dos EUA voaram no ar gelado acima desta antiga base aérea soviética de Amari, na Estônia, nesta terça-feira, 1º. Os caças - primeiros aviões de guerra americanos a integrarem a missão da Otan no país - se tornaram parte do esforço para reforçar o flanco leste em meio ao aumento da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia.

Os jatos dos EUA fazem parte de um contingente de seis aviões F-15 Strike Eagle que chegaram à Estônia na semana passada, vindos de uma base no Reino Unido, inicialmente para participar de um exercício programado da Otan. Agora, os aviões permanecerão indefinidamente, disse o tenente-coronel Taylor Gifford, diretor de operações do 336º Esquadrão de Caça, para reforçar a pequena missão de patrulhamento aéreo do Báltico, na única porção do espaço aéreo da Otan que faz fronteira direta com a Rússia.

O papel imediato dos caças será complementar aos quatro F-16 belgas que já estavam policiando o espaço aéreo do Báltico ao lado da força aérea da Estônia. Mas a presença inédita dos jatos americanos na missão estoniana assume um significado adicional no momento em que o presidente Vladimir Putin deixou claro que o objetivo final da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia é afastar a Otan de suas fronteiras.

Caça F-15 americano sobrevoa Base Aérea Amari, na Estônia; pela primeira vez, aviões de combate americano integram missão no Leste europeu. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

As exigências de Putin para desmantelar efetivamente a Otan em seu formato atual como condição para a desescalada parecem ter tido o efeito oposto. No ultimato de 17 de dezembro apresentado pelo Kremlin aos Estados Unidos, a Rússia disse que queria compromissos de que a Otan retiraria tropas dos países que aderiram à aliança depois de 1997 - ou seja, toda a Europa Oriental - e que a Otan concordasse em não admitir mais membros, incluindo a Ucrânia.

Em vez disso, a aliança se uniu para defender sua missão e seus princípios, apesar da divisão interna por interesses particulares de alguns países em relação à Rússia. A resposta coletiva do grupo à ameaça contra a Ucrânia foi o envio de reforços para a área que Putin quer que eles desocupem.

Além dos aviões de guerra dos EUA na Estônia, caças dinamarqueses F-16 estão sendo enviados para reforçar a missão de policiamento aéreo do Báltico na vizinha Lituânia. A Dinamarca também está enviando uma fragata para o Mar Báltico.

O Reino Unido disse que dobrará o número de tropas terrestres servindo com a Otan na Estônia, e o presidente Joe Biden disse que preparou 8.500 soldados dos EUA para serem enviados a curto prazo para se juntar às forças da Otan na Europa. A Holanda está enviando caças F-35 para a Bulgária e a Espanha está enviando navios de guerra adicionais, todos destinados a fortalecer a presença militar da Otan na Europa Oriental.

“O objetivo de Putin era ter menos Otan perto de suas fronteiras e ele produziu exatamente o oposto - ele está recebendo mais Otan em suas fronteiras”, disse Lauren Speranza, diretora de Defesa e Segurança Transatlântica do Centro de Análise de Políticas Europeias.

Com escalada bélica no entorno da Ucrânia, Rússia fez aliados da Otan voltarem a se mobilizar na Europa, apontam analistas. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

Para a aliança militar, o momento trouxe um "rejuvenescimento" após décadas de deriva. Nos anos após o colapso da União Soviética, as tropas da Otan se afastaram de seu teatro de operações original na Europa, embarcando em missões para treinar forças locais no Iraque e no Afeganistão, combater a pirataria na Somália e escoltar ajuda alimentar através do Golfo de Aden.

Mais recentemente, a aliança vem discutindo se deveria se engajar no combate à expansão da China, ou talvez se envolver no combate às mudanças climáticas, tudo em um esforço para permanecer relevante no mundo pós-soviético.

Mas diante do desafio de Putin, a aliança da Otan foi lembrada do motivo pelo qual foi criada em primeiro lugar - para defender a Europa.

“A última tensão trouxe a Otan de volta ao básico”, disse Speranza. “É um lembrete para os Estados Unidos e outros países-membros de que a Rússia ainda é uma ameaça e ainda precisamos pensar em termos de tanques no campo de batalha.”

A resposta da Otan surpreendeu e agradou os membros mais orientais e vulneráveis da aliança, como os países bálticos, que há muito pedem que suas próprias defesas sejam reforçadas.

“Os aliados da Otan se uniram e têm sido muito fortes em sua mensagem”, disse a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, em entrevista em seu escritório na capital Tallinn. “Vemos que estamos realmente mais fortes do que éramos antes.”

"Esta também é uma surpresa muito negativa para Putin", acrescentou. “Que as vozes tenham sido tão unidas.”

Kallas, entre muitos analistas e autoridades que tentam discernir o pensamento de Putin, acredita que Putin esperava poder explorar as divisões tanto entre aliados ocidentais quanto dentro de países ocidentais para fazer uma jogada pela Ucrânia sem encontrar consequências significativas.

A primeira-ministra da Estonia, Kaja Kallas. Foto: REUTERS/Ints Kalnins (04/04/2019)

A retirada abrupta e caótica dos EUA do Afeganistão e os desafios que Biden enfrenta em sua agenda doméstica podem sugerir que ele não estaria disposto a se envolver em qualquer nova agitação estrangeira. O governo britânico está se recuperando de sucessivos escândalos. A França está caminhando para uma eleição presidencial. A liderança da Alemanha na Europa caiu com a saída de Angela Merkel e a instalação de um novo e inexperiente governo de coalizão que está dividido em questões de política externa.

Biden foi criticado por não consultar os aliados sobre a retirada do Afeganistão, deixando muitos países europeus lutando para retirar seus cidadãos e funcionários afegãos às pressas. Mas ele fez “um grande esforço” para incluir aliados nas conversas sobre como responder à crise na Ucrânia, disse Kallas.

E embora tenham surgido divisões dentro da União Europeia - principalmente sobre até onde ir com possíveis sanções à Rússia e se e como enviar armas para a Ucrânia - essas divisões não afetaram a resposta ocidental geral, disse ela.

“Acho que Putin viu uma janela de oportunidade para dividir a Otan e a UE ainda mais, mas não aconteceu”, disse Kallas. “Eu realmente não colocaria ênfase nessas pequenas divergências sobre táticas que diferentes países têm. Concentre-se no quadro maior, que mantivemos a linha da Otan.”

Os reforços da aliança são pequenos em número, e os países bálticos, como a Estônia, gostariam de ver mais. Kallas disse que seu governo está engajado em negociações em andamento com o grupo sobre forças adicionais.

Nos últimos anos, os desdobramentos militares da Rússia nas fronteiras dos países bálticos tornaram-se tão grandes que “a quantidade de tropas que a Otan tem aqui é apenas para dissuasão”, disse Indrek Kannik, diretor do Centro Internacional de Defesa e Segurança da Estônia. “Essas tropas não são capazes de impedir uma invasão russa em larga escala.”

Mas está surgindo um padrão, observou Kannik, no qual as ameaças russas à Ucrânia aproximam a Otan das fronteiras da Rússia. Os três Estados bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - são os únicos membros da OTAN que fazem fronteira direta com a Rússia, além da Noruega, mas não tinham tropas estrangeiras da Otan implantadas em seu solo até 2014, quando Putin ordenou que as forças russas atacassem primeiro a Ucrânia.

Agora, ainda mais tropas da estão aparecendo. “Se você força demais, o outro lado fica mais forte”, disse ele. “Acho que ele considera o Ocidente mais fraco do que nós somos.”

BASE AÉREA DE AMARI, Estônia - Com motores rugindo e riscando o céu nevado de laranja, dois caças F-15 dos EUA voaram no ar gelado acima desta antiga base aérea soviética de Amari, na Estônia, nesta terça-feira, 1º. Os caças - primeiros aviões de guerra americanos a integrarem a missão da Otan no país - se tornaram parte do esforço para reforçar o flanco leste em meio ao aumento da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia.

Os jatos dos EUA fazem parte de um contingente de seis aviões F-15 Strike Eagle que chegaram à Estônia na semana passada, vindos de uma base no Reino Unido, inicialmente para participar de um exercício programado da Otan. Agora, os aviões permanecerão indefinidamente, disse o tenente-coronel Taylor Gifford, diretor de operações do 336º Esquadrão de Caça, para reforçar a pequena missão de patrulhamento aéreo do Báltico, na única porção do espaço aéreo da Otan que faz fronteira direta com a Rússia.

O papel imediato dos caças será complementar aos quatro F-16 belgas que já estavam policiando o espaço aéreo do Báltico ao lado da força aérea da Estônia. Mas a presença inédita dos jatos americanos na missão estoniana assume um significado adicional no momento em que o presidente Vladimir Putin deixou claro que o objetivo final da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia é afastar a Otan de suas fronteiras.

Caça F-15 americano sobrevoa Base Aérea Amari, na Estônia; pela primeira vez, aviões de combate americano integram missão no Leste europeu. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

As exigências de Putin para desmantelar efetivamente a Otan em seu formato atual como condição para a desescalada parecem ter tido o efeito oposto. No ultimato de 17 de dezembro apresentado pelo Kremlin aos Estados Unidos, a Rússia disse que queria compromissos de que a Otan retiraria tropas dos países que aderiram à aliança depois de 1997 - ou seja, toda a Europa Oriental - e que a Otan concordasse em não admitir mais membros, incluindo a Ucrânia.

Em vez disso, a aliança se uniu para defender sua missão e seus princípios, apesar da divisão interna por interesses particulares de alguns países em relação à Rússia. A resposta coletiva do grupo à ameaça contra a Ucrânia foi o envio de reforços para a área que Putin quer que eles desocupem.

Além dos aviões de guerra dos EUA na Estônia, caças dinamarqueses F-16 estão sendo enviados para reforçar a missão de policiamento aéreo do Báltico na vizinha Lituânia. A Dinamarca também está enviando uma fragata para o Mar Báltico.

O Reino Unido disse que dobrará o número de tropas terrestres servindo com a Otan na Estônia, e o presidente Joe Biden disse que preparou 8.500 soldados dos EUA para serem enviados a curto prazo para se juntar às forças da Otan na Europa. A Holanda está enviando caças F-35 para a Bulgária e a Espanha está enviando navios de guerra adicionais, todos destinados a fortalecer a presença militar da Otan na Europa Oriental.

“O objetivo de Putin era ter menos Otan perto de suas fronteiras e ele produziu exatamente o oposto - ele está recebendo mais Otan em suas fronteiras”, disse Lauren Speranza, diretora de Defesa e Segurança Transatlântica do Centro de Análise de Políticas Europeias.

Com escalada bélica no entorno da Ucrânia, Rússia fez aliados da Otan voltarem a se mobilizar na Europa, apontam analistas. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

Para a aliança militar, o momento trouxe um "rejuvenescimento" após décadas de deriva. Nos anos após o colapso da União Soviética, as tropas da Otan se afastaram de seu teatro de operações original na Europa, embarcando em missões para treinar forças locais no Iraque e no Afeganistão, combater a pirataria na Somália e escoltar ajuda alimentar através do Golfo de Aden.

Mais recentemente, a aliança vem discutindo se deveria se engajar no combate à expansão da China, ou talvez se envolver no combate às mudanças climáticas, tudo em um esforço para permanecer relevante no mundo pós-soviético.

Mas diante do desafio de Putin, a aliança da Otan foi lembrada do motivo pelo qual foi criada em primeiro lugar - para defender a Europa.

“A última tensão trouxe a Otan de volta ao básico”, disse Speranza. “É um lembrete para os Estados Unidos e outros países-membros de que a Rússia ainda é uma ameaça e ainda precisamos pensar em termos de tanques no campo de batalha.”

A resposta da Otan surpreendeu e agradou os membros mais orientais e vulneráveis da aliança, como os países bálticos, que há muito pedem que suas próprias defesas sejam reforçadas.

“Os aliados da Otan se uniram e têm sido muito fortes em sua mensagem”, disse a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, em entrevista em seu escritório na capital Tallinn. “Vemos que estamos realmente mais fortes do que éramos antes.”

"Esta também é uma surpresa muito negativa para Putin", acrescentou. “Que as vozes tenham sido tão unidas.”

Kallas, entre muitos analistas e autoridades que tentam discernir o pensamento de Putin, acredita que Putin esperava poder explorar as divisões tanto entre aliados ocidentais quanto dentro de países ocidentais para fazer uma jogada pela Ucrânia sem encontrar consequências significativas.

A primeira-ministra da Estonia, Kaja Kallas. Foto: REUTERS/Ints Kalnins (04/04/2019)

A retirada abrupta e caótica dos EUA do Afeganistão e os desafios que Biden enfrenta em sua agenda doméstica podem sugerir que ele não estaria disposto a se envolver em qualquer nova agitação estrangeira. O governo britânico está se recuperando de sucessivos escândalos. A França está caminhando para uma eleição presidencial. A liderança da Alemanha na Europa caiu com a saída de Angela Merkel e a instalação de um novo e inexperiente governo de coalizão que está dividido em questões de política externa.

Biden foi criticado por não consultar os aliados sobre a retirada do Afeganistão, deixando muitos países europeus lutando para retirar seus cidadãos e funcionários afegãos às pressas. Mas ele fez “um grande esforço” para incluir aliados nas conversas sobre como responder à crise na Ucrânia, disse Kallas.

E embora tenham surgido divisões dentro da União Europeia - principalmente sobre até onde ir com possíveis sanções à Rússia e se e como enviar armas para a Ucrânia - essas divisões não afetaram a resposta ocidental geral, disse ela.

“Acho que Putin viu uma janela de oportunidade para dividir a Otan e a UE ainda mais, mas não aconteceu”, disse Kallas. “Eu realmente não colocaria ênfase nessas pequenas divergências sobre táticas que diferentes países têm. Concentre-se no quadro maior, que mantivemos a linha da Otan.”

Os reforços da aliança são pequenos em número, e os países bálticos, como a Estônia, gostariam de ver mais. Kallas disse que seu governo está engajado em negociações em andamento com o grupo sobre forças adicionais.

Nos últimos anos, os desdobramentos militares da Rússia nas fronteiras dos países bálticos tornaram-se tão grandes que “a quantidade de tropas que a Otan tem aqui é apenas para dissuasão”, disse Indrek Kannik, diretor do Centro Internacional de Defesa e Segurança da Estônia. “Essas tropas não são capazes de impedir uma invasão russa em larga escala.”

Mas está surgindo um padrão, observou Kannik, no qual as ameaças russas à Ucrânia aproximam a Otan das fronteiras da Rússia. Os três Estados bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - são os únicos membros da OTAN que fazem fronteira direta com a Rússia, além da Noruega, mas não tinham tropas estrangeiras da Otan implantadas em seu solo até 2014, quando Putin ordenou que as forças russas atacassem primeiro a Ucrânia.

Agora, ainda mais tropas da estão aparecendo. “Se você força demais, o outro lado fica mais forte”, disse ele. “Acho que ele considera o Ocidente mais fraco do que nós somos.”

BASE AÉREA DE AMARI, Estônia - Com motores rugindo e riscando o céu nevado de laranja, dois caças F-15 dos EUA voaram no ar gelado acima desta antiga base aérea soviética de Amari, na Estônia, nesta terça-feira, 1º. Os caças - primeiros aviões de guerra americanos a integrarem a missão da Otan no país - se tornaram parte do esforço para reforçar o flanco leste em meio ao aumento da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia.

Os jatos dos EUA fazem parte de um contingente de seis aviões F-15 Strike Eagle que chegaram à Estônia na semana passada, vindos de uma base no Reino Unido, inicialmente para participar de um exercício programado da Otan. Agora, os aviões permanecerão indefinidamente, disse o tenente-coronel Taylor Gifford, diretor de operações do 336º Esquadrão de Caça, para reforçar a pequena missão de patrulhamento aéreo do Báltico, na única porção do espaço aéreo da Otan que faz fronteira direta com a Rússia.

O papel imediato dos caças será complementar aos quatro F-16 belgas que já estavam policiando o espaço aéreo do Báltico ao lado da força aérea da Estônia. Mas a presença inédita dos jatos americanos na missão estoniana assume um significado adicional no momento em que o presidente Vladimir Putin deixou claro que o objetivo final da pressão militar da Rússia em torno da Ucrânia é afastar a Otan de suas fronteiras.

Caça F-15 americano sobrevoa Base Aérea Amari, na Estônia; pela primeira vez, aviões de combate americano integram missão no Leste europeu. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

As exigências de Putin para desmantelar efetivamente a Otan em seu formato atual como condição para a desescalada parecem ter tido o efeito oposto. No ultimato de 17 de dezembro apresentado pelo Kremlin aos Estados Unidos, a Rússia disse que queria compromissos de que a Otan retiraria tropas dos países que aderiram à aliança depois de 1997 - ou seja, toda a Europa Oriental - e que a Otan concordasse em não admitir mais membros, incluindo a Ucrânia.

Em vez disso, a aliança se uniu para defender sua missão e seus princípios, apesar da divisão interna por interesses particulares de alguns países em relação à Rússia. A resposta coletiva do grupo à ameaça contra a Ucrânia foi o envio de reforços para a área que Putin quer que eles desocupem.

Além dos aviões de guerra dos EUA na Estônia, caças dinamarqueses F-16 estão sendo enviados para reforçar a missão de policiamento aéreo do Báltico na vizinha Lituânia. A Dinamarca também está enviando uma fragata para o Mar Báltico.

O Reino Unido disse que dobrará o número de tropas terrestres servindo com a Otan na Estônia, e o presidente Joe Biden disse que preparou 8.500 soldados dos EUA para serem enviados a curto prazo para se juntar às forças da Otan na Europa. A Holanda está enviando caças F-35 para a Bulgária e a Espanha está enviando navios de guerra adicionais, todos destinados a fortalecer a presença militar da Otan na Europa Oriental.

“O objetivo de Putin era ter menos Otan perto de suas fronteiras e ele produziu exatamente o oposto - ele está recebendo mais Otan em suas fronteiras”, disse Lauren Speranza, diretora de Defesa e Segurança Transatlântica do Centro de Análise de Políticas Europeias.

Com escalada bélica no entorno da Ucrânia, Rússia fez aliados da Otan voltarem a se mobilizar na Europa, apontam analistas. Foto: EFE/EPA/VALDA KALNINA

Para a aliança militar, o momento trouxe um "rejuvenescimento" após décadas de deriva. Nos anos após o colapso da União Soviética, as tropas da Otan se afastaram de seu teatro de operações original na Europa, embarcando em missões para treinar forças locais no Iraque e no Afeganistão, combater a pirataria na Somália e escoltar ajuda alimentar através do Golfo de Aden.

Mais recentemente, a aliança vem discutindo se deveria se engajar no combate à expansão da China, ou talvez se envolver no combate às mudanças climáticas, tudo em um esforço para permanecer relevante no mundo pós-soviético.

Mas diante do desafio de Putin, a aliança da Otan foi lembrada do motivo pelo qual foi criada em primeiro lugar - para defender a Europa.

“A última tensão trouxe a Otan de volta ao básico”, disse Speranza. “É um lembrete para os Estados Unidos e outros países-membros de que a Rússia ainda é uma ameaça e ainda precisamos pensar em termos de tanques no campo de batalha.”

A resposta da Otan surpreendeu e agradou os membros mais orientais e vulneráveis da aliança, como os países bálticos, que há muito pedem que suas próprias defesas sejam reforçadas.

“Os aliados da Otan se uniram e têm sido muito fortes em sua mensagem”, disse a primeira-ministra estoniana Kaja Kallas, em entrevista em seu escritório na capital Tallinn. “Vemos que estamos realmente mais fortes do que éramos antes.”

"Esta também é uma surpresa muito negativa para Putin", acrescentou. “Que as vozes tenham sido tão unidas.”

Kallas, entre muitos analistas e autoridades que tentam discernir o pensamento de Putin, acredita que Putin esperava poder explorar as divisões tanto entre aliados ocidentais quanto dentro de países ocidentais para fazer uma jogada pela Ucrânia sem encontrar consequências significativas.

A primeira-ministra da Estonia, Kaja Kallas. Foto: REUTERS/Ints Kalnins (04/04/2019)

A retirada abrupta e caótica dos EUA do Afeganistão e os desafios que Biden enfrenta em sua agenda doméstica podem sugerir que ele não estaria disposto a se envolver em qualquer nova agitação estrangeira. O governo britânico está se recuperando de sucessivos escândalos. A França está caminhando para uma eleição presidencial. A liderança da Alemanha na Europa caiu com a saída de Angela Merkel e a instalação de um novo e inexperiente governo de coalizão que está dividido em questões de política externa.

Biden foi criticado por não consultar os aliados sobre a retirada do Afeganistão, deixando muitos países europeus lutando para retirar seus cidadãos e funcionários afegãos às pressas. Mas ele fez “um grande esforço” para incluir aliados nas conversas sobre como responder à crise na Ucrânia, disse Kallas.

E embora tenham surgido divisões dentro da União Europeia - principalmente sobre até onde ir com possíveis sanções à Rússia e se e como enviar armas para a Ucrânia - essas divisões não afetaram a resposta ocidental geral, disse ela.

“Acho que Putin viu uma janela de oportunidade para dividir a Otan e a UE ainda mais, mas não aconteceu”, disse Kallas. “Eu realmente não colocaria ênfase nessas pequenas divergências sobre táticas que diferentes países têm. Concentre-se no quadro maior, que mantivemos a linha da Otan.”

Os reforços da aliança são pequenos em número, e os países bálticos, como a Estônia, gostariam de ver mais. Kallas disse que seu governo está engajado em negociações em andamento com o grupo sobre forças adicionais.

Nos últimos anos, os desdobramentos militares da Rússia nas fronteiras dos países bálticos tornaram-se tão grandes que “a quantidade de tropas que a Otan tem aqui é apenas para dissuasão”, disse Indrek Kannik, diretor do Centro Internacional de Defesa e Segurança da Estônia. “Essas tropas não são capazes de impedir uma invasão russa em larga escala.”

Mas está surgindo um padrão, observou Kannik, no qual as ameaças russas à Ucrânia aproximam a Otan das fronteiras da Rússia. Os três Estados bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - são os únicos membros da OTAN que fazem fronteira direta com a Rússia, além da Noruega, mas não tinham tropas estrangeiras da Otan implantadas em seu solo até 2014, quando Putin ordenou que as forças russas atacassem primeiro a Ucrânia.

Agora, ainda mais tropas da estão aparecendo. “Se você força demais, o outro lado fica mais forte”, disse ele. “Acho que ele considera o Ocidente mais fraco do que nós somos.”

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